Olha só! Aqui estou eu para mais um texto de “Senpai wa Otokono”. Assim como o 2º episódio, eu não tinha pretensão de escrever esse post, mas depois de assistir, achei que valia a pena. Mais uma vez, um episódio lindo e emocionante para a série.
Eu estou “devendo” 4 posts de primeiras impressões (Minha Amiga Nokotan é um Cervo, Wistoria, Na Nare e ATRI), mas confesso que estou numa preguiça enorme de escrever e como já gravamos vídeos para cada um (serão lançados entre esse fim de julho e o comecinho de agosto no canal do blog no YouTube), é bem provável que eu não escreva. No máximo pode ser que saia texto para “Wistoria” (que eu gostei muito) e “ATRI – My Dear Moments” -, que eu achei intrigante. Enfim, indo para “Senpai wa Otokonoko”, ele começa no ponto onde parou no episódio anterior com a mãe do Makoto o questionando sobre o lencinho rosa que achou e se ele tinha voltado a usar ‘coisas de garota’ como na época do Fundamental II.
Tem dois pontos muito importantes nesse começo do episódio que são: 1- A relação do Makoto com a mãe e como ela usa de chantagem emocional com o filho; e 2- A figura do pai do Makoto nessa história. O primeiro deles é o que achei de mais violento no anime até agora. No episódio 2 vimos as pequenas violências que o personagem sofria desde muito cedo e como isso serve para “podar” aos poucos os traços de personalidade do protagonista e aqui temos um confronto direto. A chantagem emocional acaba por ser algo muito pesado, porque no fim das contas, vai ressoar como se a culpa fosse dele. “A mãe estar chorando é por culpa do Makoto”, seria um de seus pernsamentos. Por exemplo, a relação com minha mãe é ótima, somos muito amigos e tal, mas já houve momentos (em uma situação muito diferente do Makoto) em que ela se utilizou de chantagem emocional para conseguir algo ou me desmotivar fazer alguma coisa e sempre que isso acontece, é muito difícil dissociar uma coisa da outra e entender que o problema não está na gente, mas sim nela. Muitas vezes o que vamos processar primeiro é a ação (choro) e não a causa. Ressoa como culpa em um primeiro momento e no caso do Makoto, ele não quer ser aquela pessoa que foi a responsável por fazer a mãe ficar triste.
Eu comentei em live com o @rubnesio (está disponível no YouTube) sobre como é mais fácil você criar distanciamento quando alguém (seja parente ou não) só te odeia ou faz uma violência física, porque é mais fácil de processar e entender a dor, e assim criar distanciamento. Agora quando a violência vem por algo mais psicológico ou nesse caso, por chantagem, é muito difícil, porque normalmente o que vamos ver é uma pessoa se colocando como vítima e sendo aquela que “só quer o seu bem” (e pode até querer, porém a forma como isso é feito é nociva).
E nisso entra o aspecto 2 que é o pai do Makoto. Ele aparece já no cenário em que a mãe entra no quarto justamente quando o Makoto ia vestir uma saia e causa o maior alvoroço. O Makoto corre até o pai, porque não sabe o que fazer e nesse momento eu achei que ele ia levar o maior escorraço do pai, mas foi o oposto! O que ele encontra ali é uma solução, e do modo dele, uma palavra de apoio. O pai pergunta se o Makoto quer ser uma garota. O Makoto diz que não sabe e ele só gosta de coisas fofas. Então propõe que o filho vá para o Ensino Médio em uma escola escolhida (a escola que ele estuda agora, no presente) que ele conversou e que permitiria que o Makoto se vestisse como gostaria (seguindo o uniforme) e que nesse caso, só teria que manter segredo da mãe para não causar esse tipo de situação. O que o pai faz é o que mais poderia ser feito na vida real: ele (o pai) pode até não entender completamente, mas é o filho dele e o que é mais importante é que o filho descubra o que quer. Ao invés de podar e cortar o filho, ele incentiva (da maneira que pode) que o filho vá atrás de se entender e descobrir o que ele quer para si. É muito lindo!
É interessante nesse cenário que quem traz uma solução e um conforto para o Makoto é o pai dele e não a mãe, já que o mais comum de ver (muito por estar ligado a masculinidade tóxica) é o oposto. A mãe ser a compreensiva e que te abraça, enquanto que o pai é o agressor. Longe disso ser uma regra, mas é o que vemos de mais comum. Aqui em casa, por exemplo, é assim.
Já na escola e de volta ao presente, o Makoto decide que não irá mais se vestir como garota, a chantagem funcionou, e que aquilo que ele tinha tido de experiência, especialmente tendo tido a chance de sair vestido de garota com os amigos. Já era o suficiente para ele e que a partir dali voltaria a ser “um garoto normal”.
A autora também denuncia a hipocrisia das pessoas. Enquanto o Makoto se vestia como garota, ele não tinha amigos, todo mundo o via como esquisito, ninguém se aproximava e até era alvo de piadinha entre os alunos, além de uma discriminação por parte do(s) professor(es). A partir do momento em que ele passa a se vestir como garoto na escola, a se encaixar dentro do “padrão”, tudo muda. Rapidamente os garotos começam a puxar assunto para conversar, as garotas começam a achá-lo interessante (romanticamente) e até mesmo o professor o trata como “normal” ou como um igual. Quer dizer, nada nele mudou essencialmente, no entanto a relação das demais pessoas ao redor mudaram drasticamente. Agora que ele se porta como a norma, é percebido, sendo até convidado pelos colegas para jogue no time de basquete e o personagem era bom antes disso (!!!).
A autora divide as reações da Saki e do Ryuji. Com a Saki não aceitando e acreditando verdadeiramente que ele está mentindo sobre achar suficiente, enquanto que o Ryuji vai em uma linha de “despreocupado”. Se o Makoto diz que está tudo bem, por ele, tudo bem também e o que importa é a vontade do Makoto. Eu acho isso interessante, porque além de ser uma amostra que vai ser usada para recurso de romance (com a Saki sendo mais atenta aos detalhes, enquanto que o Ryuji tende a ver apenas o que está na superfície), mas também uma diferença na maneira dos dois de serem amigos. Não necessariamente a diferença entre eles é ruim, porque de certa forma, os dois demonstram preocupação (de formas diferentes) e estão ali para o que o Makoto precisar.
Nesse momento de ‘impulso’, o Makoto até fala para a Saki se ela não gostaria de namorar com ele, o que ela prontamente sai dali, porque não é algo genuíno. Não que seja forçado, entretanto não é algo que ele refletiu prontamente e apenas está se esforçando para que seja tido como ‘normal’, pensando até mesmo em agradar sua mãe. Mais para frente, uma outra garota começa a se aproximar dele e o próprio até vai correspondendo.
Uma cena dolorosíssima é quando o Makoto vai até o seu armário para jogar fora tudo que ele juntou com todo carinho. Brinquedos, lenços, apetrechos, o salto alto e até mesmo o vestido, que até rasga na hora, se abdicando de tudo para seguir o se espera de um “garoto normal”.
Creio que desse ponto em diante, é só choro. É um garoto que sofre por causa dos olhares dos outros ao seu redor, mas principalmente sofre por causa da reação da mãe. Os demais, acho que ele até consegue lidar bem, porque são pessoas que não estão relacionadas com ele diretamente e o Makoto tinha o Ryuji para todos os efeitos. Mas lidar com esse tipo de coisa vindo da própria mãe, é um soco e tanto. E é durante a tão sonhada a esperada festa que ele reflete sobre e quer saber, não importa o que os outros pensam. O que importa é o que ELE quer e sente, decidindo assim ir atrás da Saki para conversar (depois de “”roubar”” a peruca da garota que estava dando em cima dele).
A cena do Makoto e da Saki na praia é linda. Ele enfim gritando que gosta de se vestir como garota (e é bom botar para fora o que sentimos), a Saki ali prontamente para ouvi-lo e até cede as suas roupas (sempre naquele tom desesperado e divertido dela) para que ele vista e a mesma coloque o terno dele, finalizando o episódio com os dois dançando na beira da praia sob um lindo luar. Um encerramento deslumbrante! ^^
Agora, quem segue dormindo no ponto é o Ryuji que continua não processando que ele gosta do Makoto. Na minha conversa com o Rub, o que parece é que quem a autora quer levar para ter um romance com o Makoto é a Saki. Porém não acho que isso vai ser tão simples (parte de mim não quer admitir isso, porque gosto mais do Ryuji) e creio que a autora se utilizará disso para criar conflitos amorosos, pois quando o Ryuji enfim aceitar que gosta do Makoto, pode gerar momentos mais dramáticos na série. Aguardemos para ver…
Para terminar, vale dizer que a autora começou a publicar um prequel de “Senpai wa Otokonoko” há alguns meses e nele conta sobre o período do Makoto no Fundamental II. Ou seja, o começo de quando ele começou a se vestir de garota.
Gostaria de dizer, também, que estou preso na ED do anime desde o 1º episódio. É MUITO BOA!