Essa review foi postada anteriormente no Reddit há meses atrás, mas eu trouxe aqui para o blog. E se alguém não conhece o livro do Youtuber Marco, PARABÉNS! Você conseguiu escapar de uma das piores experiências literárias que podia se ter. Fiquem com a review.
Depois de muitos incentivos de amigos e do pessoal do Twitter (fui pressionado literalmente), li finalmente a obra do Youtuber Marco Abreu, publicada ano passado, 2018, em versão digital na loja virtual da Amazon BR. Admito não ter ido com expectativas positivas do que esperar, visto o autor já demonstrar limitações textuais no seu blog pessoal de animes, quanto a posts mal escritos e um vocabulário muito limitado, cheio de vícios de linguagens e erros ortográficos gritantes. Mesmo tendo essa noção, fui surpreendido (negativamente) por um produto literário (não gratuito na loja) de conteúdo horrível, preguiçoso e de péssima qualidade quanto ao seu valor agregado.
Primeiro, um “pequeno” resumo do livro e depois comentários mais “pontuais” sobre algumas coisas que estão presentes no livro.
Resumo da história
Sinopse oficial: “Um garoto acordou sem suas memórias perto de uma estrada do Sul. Com ele, apenas uma espada em condições ruins, mas com propriedades anormais. Ajudado por uma família, e depois por membros de uma guild, ele logo constatou que todos que ficavam perto dele acabam sofrendo, e se isolou.
Felizmente, ele nunca estava sozinho, uma fantasma, estava sempre a seu lado. Nos seus momentos mais felizes, e nos mais tristes, ela sempre estava lá para apoiá-lo. E com ela, ele seguiu, em busca de um sentido para sua vida, e respostas para os mistérios que o cercavam.
Um dia, finalmente conseguiu uma forma de obter respostas sobre si mesmo, ao entrar em uma missão, que, teoricamente, era para ser simples. Mas a missão não era o que aparentava. O que começou como uma escolta, virou algo sem precedentes na história do seu mundo.”
Se você leu a sinopse acima, a impressão que fica é: o livro vai contar a história do Arian nessa missão, em busca do seu passado perdido, enfrentando perigos ao longo do caminho, correto? E se eu disser que a história PRINCIPAL só começa depois do capítulo 20, onde ½ do livro são arcos periféricos que não agregam em nada a narrativa? Pois então…Vou tentar ser muito sucinto nessa parte, até para não alongar muito o texto, que já vai ficar grande para um caralho.
Começamos o livro com um arco de apresentação. Até aí tudo bem, porque é o que se espera do começo de um livro. Introduzir os seus personagens antes da grande aventura que irão enfrentar. E a sinopse dá entender que iria começar o capítulo introdutório com o passado do protagonista após acordar na beira da estrada. Então…não é bem assim que acontece de fato.
O primeiro arco começa em um bar, a partir da visão do segurança(???) do local, com seus pensamentos descritos pelo narrador do livro (a escrita é em terceira pessoa). Você já começa a torcer o nariz com aquele mundo, graças a inserção de vários conceitos avulsos e perdidos que não condiz muito com a realidade relatada. Aquele universo lembra muito o período medieval/feudos da nossa história antiga/idade média. Porém, o que nos foi apresentado é um mundo em que temos:
· Um sistema militar hierárquico e organizado, onde temos patente e divisão de funções bem definidas.
· A função/emprego de segurança em locais privados como bares(não são militares e sim pessoas normais sem treinamento específico).
· Sistema econômico complexo (conceitos avançados), com noções de valores e mercado financeiro (só faltou citar a inflação no livro).
Entre diversas coisas que geram certa estranheza e uma bagunça dentro das próprias regras estipuladas nas descrições. Vamos relevar por enquanto essa confusão de ideias e prosseguir com o livro.
Voltando ao resumo, esse primeiro arco é basicamente uma forma de apresentar a GRANDE FORÇA “OCULTA” que o Arian tem no quesito poder. E qual a situação que o autor escolhe para demonstrar isso? Uma cena de ESTUPRO 🤦♂️(já vou abordar esse assunto mais para frente). Tudo se passa com uma MEIA-ELFA (enfatizo a palavra denominada, porque é a motivação principal do Arian são essas mestiças inter-raciais), junto com o segurança (namorado dela), em que ambos são atacados por militares MALDOSOS e SÁDICOS (adjetivos usados pelo autor a exaustão para todos os vilões desse primeiro livro). São salvos pelo protagonista aparecendo no momento previsível e oportuno. Depois do resgate, o Arian parte para outra jornada. Acabou o primeiro arco, e nisso, já se foram seis capítulos do livro. Enfim, um arco ruim e tosco que só serviu para apresentar três personagens que são de fato úteis para o enredo: o Arian, o Cavaleiro Negro que o auxilia no resgate e na batalha (falo mais sobre ele depois), e da <E>(nome da fantasma que está na sinopse e esquecida pelo autor por quase todo o livro).
Em seguida, temos um segundo arco cheio de clichês até no talo. Um TORNEIO DE COMBATE está acontecendo, com a óbvia participação do Arian, é claro. Para quem vivia reclamando de histórias shounen, são mais dos mesmos, crianças como protagonista e sei lá mais o quê, o próprio Marco utilizar essa mesma estrutura de uma competição/torneio como arco seguinte da introdução semelhante a Dragon Ball, Naruto, Black Clover, entre outros mangás famosos de porrada, é no mínimo esquisito, bizarro, para não dizer contraditório. E somos apresentados a mais três personagens no final do campeonato: Marko, Kadia (ela consegue ler as mentes das pessoas a sua volta) e Dorian que farão parte da party dele.
Já se foi quase 20 capítulos até aqui dos 44 presentes no livro vol. 1. Estou perto da metade do livro e quase nada da sinopse foi citada ou trabalhada no enredo? Sim. Exatamente esse sentimento que fiquei conforme lia. É uma enrolação que não chega a lugar nenhum, falando em termos de história que está sendo contada. Foi uma introdução GIGANTESCA e INFLADA para aparentar que o livro é rico em detalhes ou informações (que não é verdade), elevando o número de páginas sem uma boa justificativa para tamanha demora em entrar na trama principal. Parece um trabalho acadêmico escrito por um universitário preguiçoso, que tinha um número de páginas mínimas para fazer, só que ele não estudou suficiente para isso, e enrolou preenchendo com dados inúteis para alcançar os requisitos exigidos para a entrega e avaliação.
Mas agora parecia que ia entrar na trama da MISSÃO IMPORTANTE dita na sinopse. Mais personagens foram introduzidos e dava a impressão que agora ia para o rumo central, do que supostamente o livro devia contar. Só que não é isso que acontece. A Kadia, personagem que citei anteriormente, decide ler a mente do Arian e temos MAIS TRÊS CAPÍTULOS SOBRE O PASSADO DO PROTAGONISTA. Tipo, já se passaram mais de vinte capítulos e não começou a missão principal ainda??? Sim. É isso mesmo. Mais uma fuga do tema para contar mais alguma história paralela sem função para o enredo principal. (Se fosse no Enem, era zero certeza)
Resulta que temos um terceiro arco sobre o passado do Arian, após ele acordar na beira estrada com a <E>. Prefiro não detalhar esse trecho, porque dos supostos três capítulos que servem para desenvolver o Arian e o que aconteceu com ele, dois desses capítulos são dedicados exclusivamente a descrever cenas de ESTUPRO com muito “entusiasmo”. Nada do que é esperado de um arco que apresenta o background do personagem principal, foi feito aqui. Foram capítulos inúteis que só tinham o propósito de CHOCAR. Até existe uma tentativa de elaborar um conflito interno do Arian, só que é jogado fora completamente, porque no presente(em relação a passagem de tempo no livro), ele não sofre mais com essa indecisão mostrada nesse trecho. Mais tempo perdido de leitura.
E finalmente, depois de três histórias pouco produtivas, chegamos no quarto arco que é a missão de escoltar a Lara com um objeto poderoso. Já passou metade do livro e a jornada só começou ali. Tranquilo. Parece que vai engrenar, AGORA SIM. E vou lendo… e lendo… e mais lendo…. e nada de interessante acontece. Não é exagero. São vários capítulos deles cavalgando e dialogando entre si, enfrentando uns bandidos fracos, conversando mais um pouco, portais bidimensionais abrem e sugando tudo ao redor(???), personagens se salvam do perigo, conversam mais ainda do que antes…São 8 capítulos dessa forma onde não temos coisas acontecendo ou eventos que movimentam a trama. É só eles indo por uma estrada até seu destino.
Talvez até o autor deve ter percebido isso e que o livro estava ficando chato, coisa e tal. Então, ele decidiu deixar as coisas mais EMPOLGANTES. E qual foi a tática que ele usou para movimentar a trama? Colocar mais ESTUPROS. Né…Insinuar estupros com crianças de 6 anos de idade não choca mais como antigamente(sendo irônico aqui).
Temos mais lutas para defender as MEIAS-ELFAS do destino cruel que é a escravidão e os abusos sexuais, mais poder “oculto” do protagonista, mais Cavaleiro Negro (ele surge do nada em diversos momentos do livro) na jogada e termina a batalha sem grandes consequências para ninguém.
Não satisfeito, o autor foge novamente da trama principal e insere uma side-quest em que o Arian e a Lara vão fazer, com o objetivo de matar os mortos vivos que estão na floresta daquela região próxima. A missão que é mencionada como a PARTE A MAIS IMPORTANTE do enredo que modificaria o mundo, e que iria mudar o Arian para SEMPRE, foi novamente jogada para escanteio e o foco se voltou para uma parada nada a ver DE NOVO.
Nem sei se classifico como quinto arco ou capítulos de fillers essa missão secundária, porque nada o que ocorre nesses capítulos, tem grande relevância ou repercussão nos personagens ou movimenta a trama, dita como a central. É mais um jeito de enrolar e esticar uma história que podia ser contada em poucas páginas. Para acelerar o processo de resumir o livro, o arco é uma missão que começa fácil, complica a situação, aparece Goblins, rola MAIS ESTUPROS (Goblin Slayer manda um abraço), eles lutam com milhares de Goblins, são salvos por uma deusa que não apareceu em nenhum momento anteriormente no livro (Deus Ex Machina fudido), e voltam para o grupo principal para completar a missão. É isso tudo que acontece nessa missão. Temos mais algumas informações (inúteis) sobre o passado do Arian e só.
Percebi que estava terminando o livro. Faltam menos de cinco capítulos e pensei: ‘Assim que vai terminar?’ Vou complementar o meu apanhado dizendo que, desde do capítulo 37 até o 43, só são descrições de lutas durante toda a narrativa. Porque mesmo voltando para o grupo principal, a cidade em que estavam todos da party do Arian, sofria uma invasão liderada pelo Cavaleiro Negro. Sim! Aquele mesmo Cavaleiro que salvou o Arian em vários momentos do livro anteriormente. E descobrimos que esse Cavaleiro Negro era o melhor amigo do protagonista na época em que ele estava na Guilda da cidade que se hospedaram.
O que era para ser uma reviravolta de roteiro ou um plot-twist, acaba se tornando uma situação vazia, já que esse suposto amigo do Arian, aparece em duas páginas no máximo do livro e não é estabelecido esse suposto vinculo de confiança entre os dois. Só mais uma situação jogada ali para nada. E novamente, seguindo o padrão de resumo do livro: lutas acontecem, vários personagens aparecem, mais lutas, mais pessoas surgem do nada, mais lutas com descrições confusas, mais gente aparecendo subitamente, lobisomens que podem se transformar em URSOS(???), gente voando para trás, se dissipando, humanos normais, (vocês vão entender o que foi esses exemplos mais adiante no texto), mais lutas, mitologia grega e nórdica, dragões bidimensionais, portais pandimensionais, deuses aparecendo do nada, mais lutas, pessoas (a party do protagonista) sendo salvas no último minuto por personagens aleatórios, mais Deus Ex Machina ali, mais lutas, mais um pouco de Deus Ex Machina que não foi o bastante…enfim. Foi uma mistureba de eventos que aquele mundo caracterizado no inicio do livro, nem se parece mais com o que foi descrito no final. Tudo é inserido ali a moda caralho, sem trabalho de construir algo coeso e que seja factível para existência desses elementos naquele universo.
Logo após essa lambança, o último capítulo (44) é dedicado exclusivamente a explicações (que já deviam ter sido feitas nos capítulos anteriores) e informações que eram necessárias (ou não) para dar base a estrutura daquele mundo no livro. Mas imaginem por um segundo, vocês lendo uma monografia cientifica, em que o texto daquele documento foi feito por completo no dia anterior, às pressas pelo autor. Pois é. Nas Crônicas do Arian, coisas são simplesmente ditas no final e que devemos aceitar porque o autor está dizendo. Foda-se que não faz sentido ou que não foi estipulado anteriormente, ocasionando a impressão de “termina de qualquer jeito, porque não é um capítulo de luta”. Foda-se tudo que é importante para construir uma boa história.
E temos finalmente o epílogo, em que o Marco tenta fazer um “joguinho com leitor”, escrevendo sete mini histórias que ocorrem antes dos acontecimentos do livro, sem a menção dos nomes dos personagens principais durante a escrita, para que o LEITOR TENTE adivinhar “A QUEM PERTENCE AQUELE PASSADO”. O resultado é algo idiota porque, você utilizando um pouco lógica e a técnica de exclusão de opções, você já sabe quem é quem nesse epílogo medíocre. É uma tentativa fracassada de tentar terminar o livro de uma forma diferente do comum. Se não consegue nem fazer o básico, não inventa.
Comentários Gerais:Erros de português
Já esperava uma qualidade questionável quanto a escrita do livro, principalmente voltado a parte gramatical e semântico de forma geral, porém fiquei surpreso com o que eu li(Sou horrível em português e ainda sim fiquei chocado). Primeira coisa a ser apontada foi a presença de 3 REVISORES DIFERENTES para a publicação. Tem editoras grandes que nem conseguem duas pessoas para revisar os textos publicados em seus livros/mangás/revistas…imagina 3 pessoas para revisar algo. E quanto mais gente melhor, não é mesmo? Errado. Mesmo tendo distintas pessoas revisando a redação literária, incluindo o próprio autor que afirma ter revisado diversas vezes seu próprio texto, o livro ainda apresenta erros ortográficos gritantes. E não são poucos. São MUITOS. Chegando ao absurdo de ter mais de três erros grotescos na mesma frase. Contei 934 erros em 384 páginas, incluindo a parte dos agradecimentos, que também continha deslizes gramaticais. (Cheguei a contar até certo ponto certinho, mas me perdi na contagem, deixando passar outros erros sem adicionar no montante. Aposto que passa de mais de mil erros, sem exageros).
A variedade dos erros vai de frases começarem no plural, mudarem para o singular e voltarem para o plural (vice-versa) incorretamente, conjugação dos verbos nos tempos errados, ausência de acentos nas palavras, o uso excessivo das vírgulas em diversos momentos e da falta delas em outros (passa a noção que o Marco não sabe utilizar as vírgulas):
“…governava aquela área, e habitava, normalmente, um castelo, na maior cidade…”
É um exemplo de vários trechos semelhantes que o livro apresenta.
No entanto, esses não foram os destaques do conjunto de ERROS. Teve uma coisa que chamou mais a minha atenção: as repetições de palavras dentro de um pequeno trecho. Fica a dica para qualquer um, aspirante a escritor, que a diversidade do vocabulário é muito importante em um livro, para deixar a leitura mais natural e “fluída” para o leitor que irá consumir sua produção e que tenha a experiência mais agradável possível enquanto ler seu produto. É tão bom ler linhas de um texto em que a narrativa é envolvente não só pela história sendo contada, como as palavras que estão sendo utilizadas para transcrever os cenários imaginados. É muito prazeroso.
Contudo, no livro do Marco, as restrições dos conhecimentos do autor em termos ou sinônimos de várias palavras, deixa a leitura truncada, cansativa e nada convidativa a continuar lendo, porque o leitor fica exausto por ter que parar a leitura e reler diversos trechos do livro, na tentativa de entender o que está acontecendo ali. Nas descrições das lutas, é um show de horrores. Como um autor tem a coragem de escrever uma luta dessa forma:
“Desvia, bloqueia, desvia, bloqueia, desvia, desvia…”.
É um cheat isso??? É um Fatality do Scorpion do Mortal Kombat??? Sei lá o que seja isso. DESCREVA A LUTA CARAMBA!
Ele adora muito a utilização de vários vocábulos. Gosta tanto, que utiliza diversas vezes a mesma palavra, e na mesma frase inclusive: “…fazendo com seu CORPO seja jogado para trás, abrindo diversas feridas em seu CORPO….eram muitos CORPOS caídos ali”. E nem é só a palavra “corpo” que ele repete direto. ”Mudando de assunto”, “Falando nisso”, “sendo jogado para trás”, “dissipou”, “capuz”, “bracelete”, “sádico”, “humanos normais”, “arremessado”, “vários metros para trás”, “força do golpe”, “chances de isso acontecer”(é quase o vídeo dele de chances de nova temporada de um anime qualquer)…tenho uma lista enorme de palavras que se repetem múltiplas vezes em diferentes trechos do livro. Destaque para os “humanos normais”, que parece ser a única métrica que o autor conhece para estipular um comparativo entre os níveis de poder dos personagens. “Ele é tão forte, que sua força é equivalente à de 5 humanos normais”, “Ela quebrou o escudo do seu adversário, que aguentaria a força de mais de 10 humanos normais.”, ”…aquele guerreiro aparentava ter a força de 8 humanos normais.”, seja lá o que for a força de um HUMANO NORMAL naquele mundo. Além de ser um comparativo vazio, já que a dimensão de forças é baseada em humanos (sendo que eles são humanos do nosso mundo, ou são humanos com outros fatores mágicos? Não diz ou fica claro) que não foi detalhada ou descrita no livro, fazendo com que o leitor tenha que completar diversas lacunas deixadas pelo autor em ambientar, de forma mais clara, o que CARALHOS acontece ali. Falando em lacunas…
Personagens
Sou grande fã de desenvolvimento de personagens. Aprecio tanto, que diversas obras audiovisuais que curto, tem esse apelo ou essa característica marcante durante sua exposição dos eventos. E ler esse livro, onde TODOS OS PERSONAGENS SÃO UNIDIMENSIONAIS, me dá uma preguiça inacreditável.
– O protagonista está numa peregrinação em busca de salvar meias-elfas, levando-as para cidade prometida. E tem o passado do protagonista. – Alguém fã dele vai dizer.
Sim, temos o objetivo moral dele de resgatar as meias-elfas e do Arian que está buscando recuperar suas memórias perdidas. Mas e quando ele tem acesso a esses fragmentos importantes sobre sua história, o que acontece? NADA. O personagem não cresce ou se desenvolve de nenhuma forma ao saber dessa informação. Nem impacto ao redor é sentido quando coisas acontecem ou são reveladas. Todos os personagens são apresentados de um jeito e terminam o livro da mesma forma. Não temos arcos de construção, nem mudanças no status quo de alguém. Não temos nenhuma mensagem querendo ser passada durante a leitura, nem construção decente de interesses românticos aqui (coisa supervalorizada pelo autor).
Sabem os animes haréns, em que o protagonista sem graça consegue atrair diversas gurias (as mais atraentes da região) para serem possíveis namoradas dele no decorrer da temporada? Então…acontece a mesma coisa nesse livro. Personagem apelão, não bonito, misterioso, CAPAZ DE ESPANCAR UMA MULHER QUEBRANDO SUA PERNA E BRAÇO (aconteceu no torneio esse momento de GENTILEZA), tem o seu CHARME para as personagens femininas dessa obra. Parece simplista? Com certeza é. Esqueça das camadas de personalidades que os humanos têm. Quanto mais clichê e simples for o personagem, melhor. Não interessa que o Arian gosta de meias-elfas (loiras, olhos azuis, corpo chamativo), nem dessa busca do próprio passado, ou do trauma que a Kardia tem com a morte da figura paterna dela. Nada ameniza a péssima construção de personagens, principalmente das femininas.
E falando nas personagens femininas do livro…
A banalização do estupro (e da violência geral com as mulheres do livro)
Já comento que não sou purista ou coisa parecida. Não me importo que tenha cenas de estupros ou de violências extremas com personagens femininas nos animes, filmes, novelas, seriados, ou outras formas de entretenimento. Sou critico quando essa situação é usada para BOSTA NENHUMA (SÓ PARA CAUSAR). Antes de começar a descer a lenha NESTA PORRA DESSE LIVRO (eu estava calmo, mas aqui não dá…), vou devolver qualquer replica ou contra-argumentos que possa vir sobre a minha opinião com apenas três perguntas. Essas três perguntas são um teste básico (famoso) para ver se alguma obra utiliza a ferramenta do ESTUPRO de forma NÃO SEXUAL ou BANALIZADA:
- O estupro ocorre do ponto de vista da vítima?
- Essa cena de estupro, ela possui proposito de desenvolvimento da personagem em vez da trama ou narrativa?
- O abalo emocional da vítima é desenvolvido depois?
Se por acaso, durante a execução desse teste, houve UM NÃO como resposta para qualquer uma das três perguntas, podem ter certeza que a cena em questão, foi escrita só para CHOCAR de FORMA GRATUITA o espectador ou o LEITOR. Então, posso dizer que o livro do Marco Abreu, é uma síntese da MISOGINIA redigida em formato literário. É um NÃO para as três perguntas acima com facilidade, analisando o livro como todo e a representação dessas cenas que são mostradas.
Conforme eu ia lendo, não me chocava com o fato acontecendo em si, e sim da forma que foi descrita toda a violência. Primeiro de tudo, todas as 6 cenas de estupros do livro (sim, em apenas um VOLUME, temos tudo isso da utilização desse artificio), ocorrem a partir da visão do Arian, personagem masculino. Já começa totalmente errado. Segundo, os estupros só tem a finalidade de servir como fator motivacional do protagonista para agir contra os agressores. As vitimas são deixadas de lado para exaltação do feito heroico do nosso protagonista, HOMEM, em salvá-las do perigo. Terceiro, depois que são violentadas, as personagens NÃO APARECEM MAIS NO LIVRO. ELAS SOMEM. NÃO HÁ DESENVOLVIMENTO PARA ELAS E NEM CITAÇÕES POSTERIORES EM OUTROS CAPÍTULOS. Fica na mensagem: “Mais uma donzela é salva. Vamos para a próxima em perigo.”. É muito ruim isso. Quarto ponto é o EXAGERO NAS DESCRIÇÕES quando tem uma mulher na cena em comparação a um homem sendo agredido da mesma forma. Dou até um exemplo. No flashback do Arian, rola estupro da mãe e da filha da família que o acolheu quando ele perdeu as memorias. Mas o que aconteceu com o PAI da família? É simples. O vilão desse flashback tem “senso de justiça” e antes de começar a torturar as duas, ele vira para o pai e diz: “Você é muito bonzinho para ver o que vai acontecer daqui para frente”. Facada no coração dele e morre o HOMEM da família. Em um parágrafo, o pai é morto e o vilão, por ALGUM MOTIVO, executou o pai em vez de TORTURA-LO, terminando por aí a violência contra ele. Mas para AS OUTRA DUAS NÃO FOI ASSIM. É nojento, porque foram páginas e páginas de violência contra as duas, com as maiores descrições possíveis (da melhor maneira que o Marco consegue descrever algo), desde de dentes quebrados no soco, facada na perna junto com assinatura do agressor na barriga da vítima com uma espada, fratura no braço, estrangulamento, estupro, morte… É um capitulo inteiro dedicado a somente isso. Serve para alguma coisa??? PARA NADA. Só serve para chocar ou punheta do leitor (talvez do autor também, não descarto a possibilidade).
E quem dera se fosse só nessas cenas polêmicas. Até nas lutas, o lado “SADISTA” do autor aflora quando tem mulher na parada. “Ele toma uma espadada nas costas e cai morto no chão”, para o caso masculino. Simples e rápido. Agora para o outro gênero: “A espada perfura sua armadura atingindo seus peitos, com o agressor torcendo a bainha, fazendo com que a espada destrua seus órgãos internos, jorrando sangue e agonizando em dor. Ela tenta proteger seu amado enquanto é agredida em seu rosto por socos.” no caso feminino. Detalhado e exagerado. Tenho minhas dúvidas se ele não faz isso de proposito por causa de um rancor amoroso que ele teve no passado.
Também tem a forma que é introduzida todas as personagens femininas no livro. É de ficar batendo cabeça na parede de arrependimentos por ainda continuar lendo isso. “Kadia, com cabelos longos (tara do autor) e pretos, corpo escultural…”, “Lara, loira, olhos azuis, um corpo que chama a atenção dos demais homens enquanto passa.”, “Joanne, mesmo dentro de sua armadura(???), dava para ver sua beleza incomparável a de outras mulheres normais, com um corpo que exalta beleza.”. Já deu para sacar que o primeiro atributo descrito das personagens femininas nesse livro é seu corpo ou beleza. Supostamente, de acordo com o autor, temos personagens femininas fortes no livro. Só que o “forte” para o Marco é no quesito físico, porque NENHUMA DELAS tem características marcantes ou independentes a figura masculina. Nem no teste de Bechdel, as personagens passam. É idiota e superficial. Fica parecendo que estou lendo uma fanfic escrita por um adolescente de 12 anos que nunca interagiu com alguém do sexo oposto.
E puxando o assunto interações…
Diálogos
Aqui fiz um seção especifica para o desastre total que o autor faz pensando que isso seja um dialogo normal entre duas pessoas. Tem muitas conversas nessa história, até demais por sinal. Vai desde de diálogos expositivos onde os dois personagens sabem da informação ou o que está acontecendo, e mesmo assim verbalizam a situação explicando novamente o que houve, para até diálogos dignos de animes ecchi genéricos lançados por aí no Japão. Chega ao absurdo de ficarem três páginas inteiras discutindo sobre qual a raça de cavalo é mais rápida. PARA que quero saber isso?
No entanto, a parada que mais me irritou é a falta de naturalidade na fala de cada personagem. Explico o que eu quero dizer. Quando temos o conhecimento de como os personagens são, como adjetivos, vícios, problemas, comportamento, e outras partes que compõem a persona deles, adquirimos a noção de como o personagem irá falar. Se for tímido, ele vai falar pouco e ocasionalmente na história. Talvez até pausadamente, pensando duas vezes antes de se pronunciar. Se for extrovertido, vão ser linhas e linhas de falas dele, com uma desenvoltura mais solta ao se expressar e verborrágico ao extremo. São exemplos simples e fáceis de entender.
No livro do Marco não se tem isso. Todo mundo fala igual e da mesma maneira. Não há distinção entre um e outro. Se a narração não identificar quem está falando o que, você fica perdido durante a discussão. Apesar da ficha de descrição de cada um dos personagens ser uma linha única, na teoria são todos distintos entre um e outro. Entretanto, quando vão conversar, todos aparentam serem as pessoas mais racionais e calculistas do universo. Pensam demais, teorizam demais, explicam demais:
“Você é muito impaciente Lara. Não se precipite ao atacar”.
Duas linhas depois:
“Devemos atacar a caverna pelo lado direito, discretamente, e aguardar, até os Goblins saírem de perto das prisioneiras, derrubando um por um, assegurando a situação das mulheres – disse LARA”.
A mesma personagem que na teoria é a IMPACIENTE do grupo, arma um plano, calcula probabilidade, é fria/apática ao que está vendo, e tem toda a calma do mundo para explicar um plano para outros personagens sem partir para ignorância de uma vez. As personalidades de todos são iguais, sem distinção alguma. É algo nítido, visto o linguajar extremamente informal e racional que todos assumem na maior parte do tempo.
Em suma, se você já viu vídeos do Marco, vai perceber maneirismos, vícios de expressões e vestígios da personalidade dele nas falas dos personagens do livro. É praticamente o leitor acompanhando um grupo de personagens iguais ao Marco da vida, conversando entre um e outro, sendo os mais prolixos ao falarem, realizando uma missão de escolta para uma cidade qualquer.
Referencias (ou plágios???)
Referencias não é algo ruim. De maneira nenhuma. Muitas obras excelentes, partem de sua ideia inicial de outras histórias já contadas anteriormente. Ter algo para inspirar na sua criação, é bom para sua produção e desenvolvimento.
Não posso dizer que o livro do Arian fez isso de forma “saudável”. Apesar de apresentar algum diferencial em sua estrutura, têm muitos elementos copiados de outros animes ou filmes bem descarados. Desde do passado do Arian ser extremamente parecido com a do Goblin Slayer, à personagens serem muitos semelhantes com obras favoritas do autor, como Akame Ga kill, SAO, Tate no Yuusha,…Tudo é muito familiar, chegando ao ponto de deixar todos os eventos do livro previsíveis. Cheguei a tuitar enquanto lia o livro, chutando o que iria acontecer mais para frente e quase todas as vezes eu acertava o que ocorria, porque tudo era manjado. No momento em que você já assistiu a maioria dos animes citados acima, tudo parece mais do mesmo. A história contada aqui, não tem uma identidade própria.
<E>
Fiz uma seção especial para a personagem, para fazer uma simples pergunta. QUEM É <E>?
-Ué, mas você não leu o livro?
Li, e é por isso que surgiu a minha dúvida. Ela SUPOSTAMENTE é importante para o protagonista e RELEVANTE para o enredo do livro, conforme citada na sinopse. Então, por que ela não faz NADA durante o livro? Ela serviu para alguma coisa, além de ser um “alivio cômico” em momentos pontuais? Não é atoa que ela é um fantasma, já que é invisível até mesmo para o autor que esquece de mencionar ou narrar o que está fazendo. Ela só é lembrada quando o Arian está abraçando alguma mulher, e faz cara de emburrada (piada de comédia romântica) ou quando o PROTA está ferido gravemente, e ela tem o semblante de preocupação. Só nessas ocasiões que lembram que ela existe e que precisa interagir com a situação. Fica ainda mais crítico depois que começa a batalha dos Goblins. Um quarto do livro ela some, mesmo tendo sido dito que a <E> fica grudada com o Arian 24 horas por dia. Nem citar o que está acontecendo ao redor dela ocorre durante as descrições das lutas. Ela é totalmente descartável nesse primeiro volume. Ela estar ali ou não, faz diferença nenhuma para o enredo. E que nome é esse? É uma tag HTML?
Mais alguns detalhes incomodativos
Vou fazer uma lista para agilizar, até porque já passou de 4 mil palavras e estou tentando colocar tudo nesse texto do que eu não curti durante a minha experiencia de leitura das Crônicas de Arian.
· A tara do protagonista com Meias-Elfas (alvos primários dos estupros no livro). A justificativa é porque elas não são puras no quesito racial e vivem na margem da sociedade. Porém, só acontece a desgraça com elas. Os MEIOS-ELFOS nem citados são direito, os coitados.
· Duas páginas escritas para inserir a informação de que bosta de cavalo serve para espantar os Goblins do local, e isso não ser utilizado para nada até o final do volume. Foi só encheção de linguiça.
· A alternância de visões dos personagens no foco narrativo entre os capítulos. Não fazia diferença se o capítulo era na visão do Arian ou da Kardia, ou do Dorian, ou da Lara. Tudo levava para o mesmo resultado, sem ter nenhum tipo de aprofundamento enquanto fazia esse tipo abordagem.
· A utilização de palavras pouco usuais da língua portuguesa. Ele ia de uma escrita informal, para formal, depois para cientifica, e seguida voltava para informal. E vários momentos que ele empregava termos mais complexos, era de maneira totalmente errada. Se não se garante nem no básico, não arrisca no difícil.
· Já citei, mas vou reforçar. As descrições rasas de locais e personagens secundários, chegando ao ponto de nem citar o nome de pessoas que estão com o foco durante a narração para parágrafos depois, ele nomear os ditos cujos, que até aquele ponto, eram referidos com alguns pronomes pessoais ou pela cor de sua vestimenta.
· “Chances baixas de ganharmos.”, “Ele tem chances baixas de vencer”, “As chance são baixas de sobreviver”…era um saco isso a toda hora. Parecia que estava vendo um vídeo do Marco de “Chances de nova temporada para anime tal”.
· O Arian de capuz o tempo todo. Calor de quarenta graus e a criatura não pode tirar o capuz da cabeça, senão perde o ar de MISTERIOSO que ele deveria ter no decorrer do livro. Não faz sentido nenhum essa parada.
· As frases filosóficas baratas: “Não tenha medo de errar, repita até ficar melhor, e saiba admitir a derrota.”, “A morte não te ensina nada. Mas se permanecer vivo, pode aprender com seus erros e saber como ganhar da próxima vez”, “Confie em mim, entendo de mulheres, se não se impor um pouco, ela nunca vai te ver como homem. Agora vai lá e joga umas verdades na cara dela, e não aceita um não como resposta”. E são muitas frases. Todas idiotas e nada fica de aprendizagem delas.
· As regras econômicas daquele mundo. Você ganha 100 moedas de bronze por dia trabalhado. Com 10 moedas de bronze não é possível nem comprar um pão, porém com cinquenta moedas, dá para comer bem durante o dia todo(???). Não foi afirmação minha. Está descrito no livro. Além de nenhuma noção de economia, o real valor das moedas é um foda-se gigante. Se não tem condições de elaborar um sistema monetário decente, não menciona.
· A personagem Lara saber mais coisas sobre a infância do Arian e não contar, é uma conveniência do caralho. E ela fica numa frescura. “Eu conto mais uma coisinha se você fizer tal coisa”. Sendo que ela foi proibida de dizer algo. É um saco e chato. Muita enrolação.
· As insinuações sexuais com crianças. Há cinco momentos no livro que isso acontece e é complicado. De novo, quando aparece, você fica refletindo o motivo de continuar lendo o livro.
· O esquema de “pagamentos”. É igual Darker Than Black (quando ativa o poder, tem que fazer algo em troca), só que aqui é pior. A Kadia tem o pagamento de se masturbar(???). O Marko(personagem…sim, o autor se auto referenciou aqui) tem que transar para fazer o pagamento. A Lara vira uma LOLI (linda, de acordo com livro) como pagamento. Só coisas escrotas e sem função narrativa. Eles não podiam só ficar exaustos quando utilizassem muita mana? Tinha que ter essa mecânica de pagamento? Certeza que não vai servir de nada posteriormente.
· O código de barra da missão. Maluco chega numa vila ISOLADA, longe da cidade e me mete essa: “Viemos pela missão 568844EW” WHAT??? QUE BAGULHO É ESSE? É uma chave única de acesso a algum banco de dados? É senha de segurança de cartão de crédito? É a senha automática gerada no caixa eletrônico quando você vai sacar dinheiro? Que negócio ATUAL. Eles estão em um mundo MEDIEVAL, onde não tem comunicação ou troca de informações em tempo real, porém cada missão criada no planeta inteiro, vai ter uma ID única, referente ao local que foi estipulada, e vai valer para todas as cidades, ao mesmo tempo? Como eles validam isso? Que controle eles têm, sendo que não tem um servidor para fazer essa operação? QUE PORRA FOI ESSA?
· Há duas menções, bem rápidas, a homossexualidade no livro inteiro. A primeira foi durante o primeiro estupro, onde o chefe/vilão do momento se vira e fala para seu capanga: “Você não gosta de homem? Vai se divertir com o segurança desmaiado”. Momento seguinte, o Arian chega e mata todo mundo. Segunda menção foi uma piada que soltaram no quarto arco: “Se fosse um menino de seis anos, aí deveríamos ficar preocupados”. O dialogo se refere a um amigo do Arian, gay, que recebeu a missão de escoltar uma garota de seis anos para a cidade prometida. Basicamente, a imagem de pedófilo/estuprador pode ser associada aos gays por tabela, junto com a mensagem de preconceito sendo passada. NADA machista e preconceituoso. IMAGINA. Só é IMPRESSÃO.
· Lobisomens que se transformam em outros bichos, não em lobos. E ainda sim, são denominados lobisomens. Lobisomem = Druidas no livro basicamente.
Conclusão
Já dá para notar que não vou recomendar o livro a ninguém. Principalmente, partindo que ele está sendo cobrado para ser adquirido legalmente. Tem no site também, mas a forma comercial está valendo para essa comparação que estou fazendo aqui.
Existem muitos problemas nesse livro, e vários desses poderiam ter sido facilmente resolvidos se tivesse alguém, ou algum editor que confrontasse o autor, demonstrando onde precisa ser melhorado, apontando onde é necessária uma reescrita, tentar novas abordagens na história, etc. Porque parece que o editor é um limitador, censurador, que restringe a criatividade do autor, sendo que na maioria das vezes, ele está tentando ajudar o escritor a organizar melhor suas ideias e sugerindo melhores formas de coloca-las no papel.
A ausência desse tipo de pessoa nessa publicação independente é muito sentida. O livro é uma bagunça. A ideia central da história está perdida num montante de conceitos jogados ali de qualquer forma, personagens sem desenvolvimentos adequados, repetições de conflitos ou de problemas enfrentados pelo grupo principal (estupros), a falta de preparo e de revisão ortográfica que atrapalha demais a leitura, a falta de originalidade para que transformasse o livro em um diferencial entre os demais, e o principal problema que é a falta de noção dos próprios defeitos que o Marco tem como escritor. Os comentários dele no final do livro deixa nítido a situação. Ele admitir que escreve mal não é o bastante. Durante todo o volume 1, não percebi nenhuma melhora ou tentativa de mudanças. Parece que está falando só dá boca para fora, mas não está fazendo nada para corrigir esse defeito. Só treinar escrevendo não ajuda em nada. Tem que estudar sobre o assunto, se aprofundar em conceitos de como construir uma boa história, ler outros tipos de livros, memorizar as regras da língua portuguesa (muito importante para ele) e não só ter a noção/consciência dos defeitos, e ainda assim continuar repetindo eles durante a escrita do livro.
Não recomendo ninguém a comprar ou ler o livro As crônicas de Arian volume 1. Nem por diversão vale o tempo.
EDIT 1: eu só quero deixar claro que a minha REVIEW É DO LIVRO 1. Pouco me importa das ilustrações do livro 2 porque eu não li e nem é o foco desse post. Antes de comentarem coisas que o Marco saiu dizendo por aí, LEIA O TEXTO ACIMA.
Eu admiro MUITO a tua paciência pra ler o volume 1 inteiro, tentei ler ano passado enquanto tava disponível no site e achei um tédio total.
Não fazia ideia do quanto era ruim esse livro. Vários pontos são totalmente péssimos, mas acho que a banalização do estupro foi o ápice da repugnância. Não consigo acreditar que esse conteúdo está presente na Amazon para compra, sério.
Me diverti demais lendo a review, pois ao mesmo tempo que ela faz uma ótima crítica, é muito bem humorada (ao menos pra mim, heh). Dá pra sentir seu ódio borbulhando no texto, eu adorei.
Que bom que gostou. Tentei deixar o texto mais convidativo (humorado) porque sabia que tinha muitas coisas para falar do livro e que seria longo. E escrevi o texto, eu estava tranquilo. A única parte que escrevi com ÓDIO mesmo, foi quando eu estava falando dos estupros. Aqueles momentos no livro eram ridículos e aquela banalização me estressava enquanto lia. Tirando isso, os demais problemas tentei levar mais no tom de brincadeira.
Realmente fiquei feliz que você curtiu o texto. Valeu.
Texto muito no , vai me poupar tempo , não tendo que ler esse livro, mas discordo completamente de você quanto ao “estupro” , não li esse livro então não vou cita-lo , vou usar Goblin Slayer como exemplo ( ja que você citou ele no texto e eu assisti esse anime) . Em goblin slayer eu discordo completamente da sua afirmação de que o “estupro esta la por estar , sem motivo algum , gratuito” , como você mesmo disse nesse texto o estupro nesse anime e em vários outros foi utilizado simplesmente para chocar o leitor , causar desprezo do leitor para com o vilão, então não fui uma citação inútil, o próprio fato de você ficar puta com oa estupros provam que essas cenas estão cumprindo o seu papel , te deixar com raiva. Você também citou 3 regras para se poser representar um estupro , oque também discordo , porque você está limitando o uso desse artifício para um único propósito ( no caso a trabalhar o “estado mental” do personagem afetado), mas como já disse em vários animes esse não é o objetivo e nem sequer combina com a obra trabalhar essas coisas. Por último quero deixar uma reflexão, porque estupros são considerados tão problemáticos e não podem ser usados para chocar o leitor enquanto assassinato e tortura pode ? Porque só o estupro não pode ser usado para chocar o leitor?
Vamos lá:
1 – Eu não entendo esse teu comentário já que você reafirma o que acabei criticando na minha review. No momento que você fala que os autores utilizam os estupros como somente algo para CHOCAR, você está confirmando que é raso e artificial só pelo EDGY somente. Se não existe algo planejado, logo é jogado de qualquer maneira na narrativa, que resulta em uma única coisa: O AUTOR NÃO ESTÁ PENSANDO NO QUE ESTÁ ESCREVENDO. Ele só está escrevendo e foda-se construir uma história boa, com bons desenvolvimentos de personagens. Basicamente, o autor não precisa mais pensar no que escreve do que jeito que você colocou no teu comentário. E eu não fiquei bravo com os “vilões” do livro e sim por quem escreveu essas cenas em que claramente, envolvia fetiches pessoais do autor.
2 – Se você realmente leu minha review (porque parece que não foi o teu caso), vai reparar que eu não falo só dos estupros, e sim de toda a violência e dos exageros nas descrições envolvendo as personagens femininas no livro do Marco. Quando envolve mulher na parada, a escrita do Marco muda totalmente e vira algo grotesco/repugnante. E tudo fica extrapolado ao extremo com todos os tipos de violência envolvendo as personagens nesse livro. O lado SADISTA dele é só com elas. Agora, quando envolve qualquer personagem masculino, é numa simplicidade inacreditável. Uma linha de texto e foi toda a “violência sofrida” por esses personagens. E não são 3 capítulos inteiros de descrições de estupros e torturas contra as personagens femininas.(E um adendo. Parece que você separa tortura e estupro como classificações diferentes. Só quero lembrar você que estupro é uma forma de tortura pela lei brasileira. Só para te alertar tá!?)
3 – Em momento algum falei que não pode usar o estupro nas obras por aí. Só enfatizo que esse tipo de violência não pode ser tratada de forma tão leviana assim como o Marco faz no livro dele. E demonstra uma limitação criativa já que a única forma do autor chocar o leitor é quando envolve estupros. Não existe intrigas políticas, a doutrina religiosa, seres mágicos agressivos, os perigos de dragões (ou qualquer animal de grande porte) em ceifar vidas e causar confusão para chocar o leitor. Só são os estupros que ele utiliza para mostrar a maldade humana. Parece que os vilões não tem nenhum outro desejo além do carnal.
4 – E para finalizar, no momento em que você escreve “Eu não li o livro” você perde toda a credibilidade no seu argumento a favor do autor. Como você vai defender algo que você nem leu ou assistiu? Para tentar discordar do meu ponto, NO MINIMO, deve ter conhecimento do mesmo objeto avaliado pela minha review, que no caso é as Crônicas de Arian. Quando você defende algo que nem SEQUER sabe do que se trata, sua defesa se torna vazia e rasa.
Espero que agora eu fui claro nos meus pontos que abordei na minha review. E leia a minha review realmente. Você vai ver que os estupros é a ponta do iceberg no mar de merda nesse livro que o Marco escreveu.
Desculpem a intromissão, eu vi o debate e queria acrescentar algumas coisas.
Em Goblin Slayer, as cenas de estupro são fetichizadas. Não é porque é mostrado que as garotas estão sofrendo que a cena está correta, principalmente pois as faces podem ser associadas a ahegao e há uma preocupação em mostrar as curvas dos corpos das vítimas em posição sexual.
E, bem, se o objetivo é chocar, por que quando o cara foi esquartejado a atenção aos detalhes foi bem menor? O abuso sexual foi claramente tratado como mais banal que essa violência.
Eu fui ver o primeiro capítulo do livro para ver o quão fundo esse poço fedorento ia. Além do começo da história (péssima, por sinal), acabei lendo alguns comentários para saber qual era a impressão que o público dele teve com o material. Deixando os elogios e críticas de lado, percebi ao ler várias impressões que, originalmente, o epílogo dos “7 passados misteriosos” era o PRÓLOGO, tão repudiado até pelos seus fãs que obrigou o Marco a retirá-lo, mas parece que, no final das contas, ele ficou com dó de jogar aquilo fora e ainda usou no final, genial.
desculpa gostei da analise(?) mas eu queria dizer que o título e o texto meio que não combinam? e que eu achei que vc ia citar as tais 10 cenas mas na verdade uma analise/crítica 😦
Foi uma piada com os títulos que o autor desse livro costuma usar em seus vídeos de Youtube. Como ele gosta de fazer TUDO uma lista ou um TOP qualquer, decidi ironizar esse aspecto dele no título do post dessa review.
Discordo de duas das 3 perguntas sobre estupro em obras, acredito q só a segunda é realmente indispensavel, (se bem q da mais peso a terceira então é uma qualidade forte). Adorei a review bem divertida de se acompanhar, acho q é o primeiro blog q me da vontade de se acompanhar.
Valeu mano.
Quanto as perguntas, não fui eu que formulei elas. Esse questionário é uma derivação do Teste Bechdel em que são perguntas para avaliar o papel (ou a importância) das personagens femininas na história. Eu só apliquei esse teste no livro do Marco e ele fracassa em todas. E são perguntas mega abrangentes, que são O MINIMO que qualquer autor devia ter consciência enquanto escreve alguma história que irá publicar.
Fico feliz que tenha gostado da review.
Amigo meu me recomendou e vim correndo porque qualquer coisa falando mal daquele arrombado e dessa obra nojenta me deixa feliz, entretanto SINTO MUITO por tu ter tido que ler aquilo.
Fiz o texto no intuito para poupar o tempo de quem está curioso para saber como é o livro e não perder tempo lendo essa história de qualidade bem abaixa do esperado. Ler o resumo que eu fiz, já pode ficar por satisfeito. E fique tranquilo que eu passo bem, mesmo tendo tido essa experiência de leitura tenebrosa. xD
Olá!
Não sei se você vai ler esse comentário (ou mais alguém), porque já fazem uns dois anos da publicação desse artigo e só percebi isso agora, kek. Mas eu quero comentar mesmo assim.
Eu concordo com sua review. Achei a escrita pobre, fraca, apelativa e demorada.
Na minha opinião, o livro inteiro mais parece um brainstorm (que intencionalmente deve ser sem sentido), mas ficou por isso mesmo e o autor achou boa ideia jogar qualquer coisa no ar como a versão final. Se ele ainda tivesse escrito todas essas merdas e depois fizesse uma filtragem séria, vendo os pontos onde poderia mudar, onde não poderia, o que encaixaria em que momento do livro…
Eu sou aspirante a escritor e já li muitas light novels, romances ocidentais e opiniões de pessoas do meio. E uma coisa é fato: você nunca escreve o seu livro UMA só vez. Quero dizer, você reescreve umas três, quatro ,cinco… recorta, tira, deleta, inclui… Acaba que a versão final do seu livro fica MUITO diferente do que ele foi originalmente, ainda que com o mesmo enredo, e você até se assusta.
Por exemplo, o arco do passado do protagonista que durou o livro inteiro. Ele podia ser reescrito como um documento a parte em posse do autor, apenas, e aí ir colocando como mini-flashbacks ao decorrer da história nos momentos certos (o que eu ainda acho chato, mas, ainda assim, mais eficiente).
O Marco diz que esse livro é uma light novel, mas ele não pareceu ler light novel alguma. Livros possuem prosa, um ritmo diferente da mídia audiovisual. Você pode seguir os eventos num livro como se fosse um anime (até acho mais fluído, dependendo da intenção da história), mas não escrevê-los literalmente como tá acontecendo num anime.
Sobre cenas de estupro: detesto. Existe maneiras muito mais eficientes de chocar o seu público usando de violência. Eu tenho a impressão de que se usa de ódio pessoal e retraído quando se escreve sobre estupro… Sei que nem sempre é assim, é só uma impressão que tenho mesmo. Então nem vou comentar…
E ter personagens femininas na história só pra serem bonitinhas ou o tesão do protagonista é rancoroso, nojento e subversivo. Isso eu nem preciso falar nada, né?
Gostei bastante da parte em que você disse sobre buscar referências, isso é muito saudável porque, se parar pra pensar, todas as histórias já estão contadas, praticamente. Parece que o Marco quis reciclar seus gostos numa espécie de fanfic sem pé nem cabeça. E achou que o jeito de escrever um livro é o mesmo que desenhar um storyboard…
Queria fazer uma menção honrosa ao combo do Street Fighter: “desvia, bloqueia, desvia, bloqueia, desvia, desvia…” Porque existe uma maneira de isso funcionar… Como se fosse o personagem pensando após uma batalha exaustiva, tipo “sempre é assim…. desvia, bloqueia, desvia…”. Esse é um bom uso das técnicas narrativas.
Posso pensar que, no caso do Marco, faltou um planejamento sério da sua história e elaboração de rascunhos. Em alguns vídeos, ele fala que tem “a história na cabeça”. Esse é o problema. Não pode ficar tudo na cabeça. Deve ser anotado, deve ser modificado, detalhado… planilhas do Excel estão aí pra isso, por exemplo. Dessa forma, você não vai jogando tudo na moda caralha e achando que tá bom. É claro que, com a experiência, pega-se o jeito de escrever e planejar, e tem muitos escritores por aí que não fazem exatamente isso (mas é sempre bom). Não tem jeito… é rascunhar, excluir, reescrever, editar, rascunhar, brainstorm…. e aí você revisa tudo, vai deixando o texto mais polido e com as técnicas narrativas apropriadas, que vem com a leitura constante.
O texto é longo e cansativo porque também se pensa existir a necessidade de explicar tudo (e eu tenho isso, às vezes), mas… cara, não precisa. Se a gente mora no Brasil, não precisa ter um parágrafo inteiro falando que a nossa moeda é o Real, tá ligado? A gente mora no Brasil, a gente sabe, lol. Eu entendo, dá a impressão de que a gente não vai sacar certas coisas automaticamente, mas vai sim.
Em resumo, pra mim, a obra do Marco é um grande rascunhão cagado.
Não tem problema algum os rascunhos serem cagados, porque é rascunho e é só você vai ver, você tem que saber que aquilo não vai ser a versão final. O problema é lançar os rascunhos cagados como versão final. Tenho CERTEZA de que, desses pouco menos de 50 capítulos, daria pra enxugar uns 25, e sem alterar o fluxo da história, só tirando explicações desnecessárias, cenas fora de hora, diálogos improdutivos (que possuem seus momentos certos, inclusive) e transformar em uns três ou quatro volumes com menos páginas e mais fluído.
Obrigado por ler até aqui xD
(PS: eu achei esse link por acaso. kkkkkkkkkkkkkk Gostei do blog :3 )
Concordo contigo. Como você almeja ser um escritor, fico feliz que você saiba do básico de como escrever um livro, porque com certeza, você já está na frente de muitos outros autores que estão no inicio de carreira. E bem isso mesmo, em que você deve praticar, estudar mais fundamentos, ler outras obras, até de outros gêneros que você não consome muito, para você criar uma base cultural e criativa, que irá te auxiliar em construir uma história interessante que irão fazer outras pessoas a terem curiosidade e lerem sua produção literária. Torço para que você consiga atingir o seu sonho de ser um escritor e consiga publicar suas criações por editoras ou de forma independente. xD
Papo reto: essa foi uma das melhores reviews que eu já li na minha vida. Eu e um amigo estávamos vendo a desgraça que parece ser esse livro e procuramos alguma análise aqui, e de longe a sua é a mais detalhada. São raras as vezes que por um texto dá pra sentir alguém ficando progressivamente mais e mais nervoso com isso, genial.
De verdade, meus parabéns.