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Bookworm é um isekai muito diferente do convencional!!!

Bookworm é um isekai muito diferente do convencional!!!

“Ascendance of a Bookworm” ou no original “Honzuki no Gekokujou: Shisho ni Naru Tame niwa Shudan o Erandeiramasen“, foi um anime que desde o seu primeiro episódio nos prendeu e agradou muito. No decorrer dos seus episódios, o anime só melhorava, se tornando rapidamente um dos nossos animes favoritos da Temporada de Outubro/Outono de 2019 :). A seguir, nós traremos um pouco das nossas opiniões baseadas no que o anime nos proporcionou!

Rub – Alê, você fez um post sobre primeiras impressões ano passado sobre o anime da guria dos livros. Agora, terminado essa primeira parte, você continua com a mesma opinião?
A minha experiência com esse isekai (um tanto diferente) foi bem peculiar. De todos os animes que eu estava acompanhando, o Honzuki no Gekokujou era um dos meus favoritos. Só que eu já sabia o que iria acontecer por seguir pessoas no Twitter que já tinham lido o original. Ainda sabendo de boas paradas da trama, fiquei bastante entretido com a jornada da Mine em busca de fabricar seu próprio livro. E esse objetivo ainda não é alcançável (até onde a primeira temporada terminou), visto suas limitações financeiras e situacional em que a protagonista se encontra quando ela “renasce” naquele mundo. Os três primeiros episódios são basicamente apresentações desses obstáculos, ao mesmo tempo que mostra como aquela realidade funciona e suas regras/leis que são regidas naquele país.

Alex – Posso dizer que não continuam exatamente as mesmas, mas mantenho sim minhas opiniões que fiz naquele post. No decorrer dos episódios Bookworm, foi incrementando mais coisas e no fim, acabou transcendendo algumas considerações que eu achava e foi maravilhoso. Na minha opinião, o anime só foi melhorando no decorrer da série. Os episódios finais foram maravilhosos. Eu gosto muito de como a obra explora essas dificuldades. Se considerarmos a situação, soa bem “realista” o contexto era medieval. A Mine procura diversas formas de fazer seus livros, falha repetidas vezes e tenta de novo. Não é como em muitos isekais da vida que tudo aparece de mão beijada, ou tudo é muito fácil de se fazer/conseguir. Aqui não! O mundo é bem explorado e fazem questão de mostrar o quão “primitivo” aquele mundo é. Tem magia? Tem, mas não são todos que podem usar e não é como se você pudesse fazer os caralho a 4 com ela. Ascendance of a Bookworm acerta e MUITO no que ele apresenta e faz.

Rub – Isso que é bacana. Mesmo a protagonista sendo uma “fonte” de magia quase infinita, sua doença é terminal graças a esse exagero de mana que ela tem no corpo. Legal o enredo estipular uma serie de limitações até para justificar as ações da Mine em tentar contornar todos os tipos de situações em que se depara. Também gostei de saber que a Mine não reencarnou da maneira tradicional dos animes do tipo, como renascer do “vácuo”. Ela assumiu o corpo de uma guria que tinha família e amigos estabelecidos antes da troca (O anime não evidencia o que houve, mas chuto que a Mine anterior veio a falecer por causa da doença e a Urano, nome verdadeiro da protagonista, tomou o lugar). Então foi uma boa ideia de relacionar o desconhecimento do espectador junto com a da própria personagem em se contextualizar com toda essa avalanche de novidades e de como ela teve que aprender do zero a se adaptar com sua nova vida (ainda tendo alguns conhecimentos que foram utilizados para a Mine conseguir atingir seus objetivos).

Alex – Sim, o corpo dela é frágil e ela vive precisando de ajuda ou fica de cama. Também gostei da forma que ela reencarnou. Foi bem pensado da parte do autor, porque assim ele consegue construir o mundo com a própria Mine se aventurando nele. É uma exposição justificável, ainda mais que ela é uma criança, então seria normal ela não saber das coisas (mesmo morrendo adulta na outra realidade). E eu adoro como essa exploração do mundo é feita. É muito dosado, com um pouco de cada vez, ela vai aprendendo e nós vamos absorvendo as informações muito bem graças a esse fato. E da para ver como aquele mundo é rico, dentro daquela pequeno espaço que nós vimos, o anime apresentou tanta coisa. Cada episódio, ele tinha algo para nos dizer de novo, seja a escrita, roupas, eventos, limitações tecnológicas, leis etc. Muito bem feito.

Rub – Falando em questões tecnológicas, a jornada dela em tentar fazer seu livro, é deliciosa de ter acompanhado. Para fazer um misero papel, se torna uma verdadeira saga dado que ela não tem maquinário ou utensílios para fabricar nem 2cm² de uma folha para escrita. Interessante toda a história ser tematizada em um contexto medieval, porque não foi só as adversidades de materiais que complicou sua vida em tentar realizar o seu novo sonho de escrever algo e realizar uma impressão encadernada. O acesso aos livros é restrito aos nobres, e quase a totalidade da população não sabe nem ler ou escrever. Complica demais a difusão de livros entre as pessoas mais carentes. Livro é um artigo de luxo e toda sua fabricação é realizada artesanalmente. São poucos exemplares e o conhecimento fica restrito as classes que detêm poder e riqueza na região. A Mine ter que colher a arvore que precisa para fazer o papel, ela ter que negociar com os comerciantes (principalmente com o Benno) para conseguir as ferramentas, ser dependente do Lutz para os esforços mais braçais, o preconceito e desconfiança do sucesso da familia e de amigos, o desencorajamento por todos para ela seguir uma carreira mais condizente com a sua situação, a própria igreja com seus dogmas… Tudo virou contra ela em algum momento nessa primeira temporada para ter sua publicação autoral de um livro de contos.

Alex – Isso tudo somado ao constante perigo de morte, são diversos os fatores que atrapalham o sonho dela de criar seus próprios livros. Os materiais são escassos, se tem dificuldade de criar materiais, somado a falta de dinheiro e as limitações corporais. A Mine me ganhou no momento que ela “declarou” ódio aos nobres hahaha. Adorei isso! Geralmente não se vê muito essa questão de forma tão pertinente. Temos uma linha entre nobres e pobres e isso não se limita só as questões monetárias. Até a magia é de acesso à nobres e a Mine tenta ir ao máximo contra isso. Tanto que ela tenta diferentes formas de fazer papel com os materiais que ela tem disponíveis ou que são encontrados na natureza. E eu vejo um certo conformismo da população. Se você nasce ali, você morre ali basicamente. Até a questão das profissões, é como uma casta. Tanto que quando o Lutz fala que quer ser comerciante, a família dele vai contra, porque eles querem que ele siga como os membros da família.

Rub – Sim. É interessante ver essa divisão de classes e como influencia no cotidiano de cada um ao redor da Mine. A irmã da protagonista é um exemplo. No momento em que ela tem que decidir por uma “carreira”, escolhe justamente uma profissão que disseram que seria a ideal para seguir pelo resto de sua vida. Desde de criança, existe uma pressão para escolha de um ramo profissional com algum viés familiar ou que exige esforço físico maior (como trabalhar na fazenda ou colheita). Como se todos já fossem destinados a uma única possibilidade. Tanto que o Lutz só muda de ideia quando a Mine o convence a seguir seu próprio sonho, mesmo não tendo aprovação da família e experimentando o ambiente que o Benno convive diariamente, que é o comércio. Até as “famas” de cada caminho profissional é citada. Se vai virar mercador, é um filho da puta mentiroso. Se vai se envolver com a igreja e for pobre, vai virar escravo ou vassalo pro resto da vida. São conceitos legais que fazem um paralelo com a nossa realidade tanto antiga como atual. Até mesmo o sistema econômico é desenvolvido de forma condizente com a lógica empregada. Aprendam aí SAO e Bonde das Maravilhas a como construir um mundo coeso. XP

Alex – É aquilo, quando você nasce e convive em um meio isolado. Aquilo que você absorve passa a ser natural. Então, se você passa a vida ouvindo que você vai ser isso, quando chega o momento, é “normal” (cultural) que você faça aquilo que você viveu ouvindo que você deveria fazer. Quando a Urano entra no corpo da Mine, ela não faz parte daquele meio, então ela começa a mudar as coisas e decide o próprio caminho. Ao menos, a família dela (depois de um certo tempo) aceitou e respeitaram a vontade dela, coisa que não estava acontecendo com o Lutz. Só foi mudar mais para a reta final dessa primeira temporada. Por isso as pessoas acabam não questionando nada e claro, aquela igreja tem a ver com esse conformismo. Quando você tem uma religião rigorosa, geralmente ela guia o povo (oi igreja Católica na Idade Média) e aqui, acredito que seja semelhante. Como você falou, também adoro essas correlações com nosso mundo. É uma ótima forma de introduzir conceitos ali e que fazem ou fizeram parte da nossa sociedade. MUITOS isekais tem o que aprender com Bookworm.

Rub – Exatamente. O anime tem uma narrativa mais lenta por justamente construir todo cenário da protagonista, para tentar deixar o mais crível possível, dentro das nossas percepções de como funciona o nosso mundo. Não é um anime cheio de ação ou conflitos acontecendo a todo momento. Boa parte da temporada, é composta por divergências situacionais enfrentadas pela protagonista no seu dia-a-dia. Não existe um vilão ou uma trama genérica de dominação mundial. Viver em sociedade se torna o “inimigo” a ser batido no anime e o que torna o anime fabuloso. E falando de forma geral, Bookworm é um anime com alguns momentos de comédia com eventos de cotidiano, com uma pitada de drama para completar o pacote. Também todos os personagens são adoráveis. Muito difícil ter uma animação que me faça gostar de boa parte do elenco. Todos são simpáticos e carismáticos. Sendo que, pelo que eu vi dos spoilers, o Ferdinand (o nobre de cabelo azul que trabalha na igreja) vai ser mais um dos personagens que vamos gostar mais adiante (ele só apareceu no começo do primeiro episódio e nos últimos três episódios, em participações bem pequenas).

Alex – Exato!!! Bookworm não tem um grande vilão maligno nem nada do tipo, esse é um dos fatores dele ser maravilhoso. Não precisa disso. Viver em sociedade, sobretudo em uma sociedade arcaica, somado aos problemas daquela sociedade gerados por questões culturais, é o “vilão”. Enfrentar essa sociedade e seus problemas é uma das questões trabalhadas aqui. O elenco é tão maravilhoso e não tenho do que reclamar. Até os personagens que aparecem pouco, acabam sendo bem simpáticos. Exemplo é a esposa do Otto. Tirando o Bispo, ou seja lá o que ele seja, não lembro de outro personagem que eu não goste. Os personagens são simples e não são estereotipados. Todos parecem orgânicos dentro da trama. Confesso que achei o Ferdinand diferente do que eu esperava. Como víamos ele bastante nas previews dos episódios, eu imaginei que ele fosse diferente do que foi apresentado. Vai ser um dos personagens de destaque do próximo arco. Veremos se vou gostar mesmo dele.

Nojo! Myne está mais que certa em odiar nobres!

Rub – É que já peguei spoilers e sei o que podemos esperar daqui para frente com esse personagem. Agora, quanto as partes mais técnicas, não tenho muito o que destacar. O anime não faz feio e tem uma animação bem consistente durantes seus 14 capítulos. A direção, fotografia, edição, trilha sonora, tudo bem operante. Não erram e cumprem suas funções decentemente. O que posso tecer elogios é o elenco de dubladores escolhidos e o character design. Todo mundo foi escolhido a dedo para cada papel no roteiro. A dubladora da Mine mandou muito bem. . Quando a cena pedia, ela entregava. E gosto demais do visual empregado no anime. As openings e as endings são boas, mas admito que não lembro delas agora. Como vi o anime todo ano passado, já estou começando a esquecer de certos detalhes do mesmo. Lembro da historia de forma geral, porém enquanto estamos conversando, estou passando rapidamente pelos episódios, relembrando algumas das paradas. Lembrei do nome da amiga da Mine, a Frida, revendo algumas cenas aqui.

Alex – Sim, a parte técnica é bem “ok”. Gostaria que fosse melhor, porque merecia MUITO. Mas ao menos não temos uma produção caindo aos pedaços ou coisas tortas e melhor: Temos uma segunda temporada confirmada! Gostaria que fossem adaptados todos os arcos. Nesse primeiro cour, eles adaptaram a primeira parte que tem apenas 3 volumes. A segunda tem 4 volumes, que é o que deve ser adaptado na próxima temporada. A terceira parte tem mais 5 volumes, a quarta parte tem 9 volumes e a obra ainda está em andamento. Fico triste porque acho que só devem adaptar a segunda e devem parar por ali. A segunda temporada nem começou, mas já queria uma terceira, quarta etc., Hahahah. E pior que a obra não deve chegar ao país. Então né… Mas fico contente de ter essa segunda temporada pelo menos ^^. A Frida quando apareceu, eu achei que ela fosse ser uma “vilã”, mas passou bem longe disso. Acabou sendo mais uma ótima adição ao elenco dos personagens e mais. Aquela questão das pessoas aceitarem seus destinos, reflete muito bem na Frida. Casar com um nobre por interesse (está certo que ela “precisava” disso para poder bancar o item mágico), isso é outra coisa que tivemos muito na nossa sociedade. A autora está de parabéns.

Rub – Também outra camada que o anime mostra. Ela também sofre da mesma doença da Mine e precisa de certos objetos para conter essa geração de mana desenfreada. São esses pequenos detalhes que me fizeram curtir o anime horrores. São coisas que a primeira vista não são importantes, mas que constroem os personagens da forma correta, sem abusos de diálogos toscos ou de explicações expositivas para caralho. São dezenas de personagens interagindo com a Mine, contribuindo para deixar mais rico e vasto essa história que está sendo contada. Ansioso para a segunda temporada também. Quem ainda não assistiu (e leu esse post por algum motivo sem ter visto o anime), deve assistir o quanto antes, porque Honzuki no Gekokujou: Shisho ni Naru Tame ni wa Shudan wo Erandeiraremasen, foi um dos melhores animes da temporada passada fácil.

Alex – Só li fatos. Concordo com tudo. Diria que Bookworm mostra uma vertente diferente do isekai. Ele vai para um lado diferente da grande maioria dos isekais, focando mais em questões sociais, cotidianas, culturais e nos próprios desejos da personagem, do que enfrentar vilões para salvar o mundo e coisas que já estamos bem acostumados. Sem dúvida alguma, Bookworm foi um dos melhores da temporada de outubro. Vi poucos animes da temporada passada e faltam terminar/começar diversos ainda, mas afirmo com toda certeza que ele foi um dos melhores. Provavelmente, vai ficar no meu top 3 da temporada passada.

Rub – No aguardo para Abril para voltarmos a “visitar” esse mundo novamente. XD

Alex – Ao menos já estamos bem perto. Faltam pouco. 2 meses até esta maravilha retornar para nos encantarmos novamente.


Confesso que chorei nessa cena :’)
As ilustrações de fim de episódio são lindíssimas.
Quando você é colecionador de mangás (ou de qualquer outra coisa).
Nada vem de graça…
Eu te entendo…
Esse vai ser o meme da minha vida hahaha.