A Chizuru é a melhor personagem de todo o anime.

A Chizuru é a melhor personagem de todo o anime.

Olá pessoas! Bora comentar sobre uma obra que eu gosto muito, no entanto não posso de deixar de comentar certas coisas que não foi do meu agrado nessa narrativa “romântica”.

SINOPSE: Depois de um término de namoro abrupto e inesperado, Kazuya que está frustrado com a sua situação, decidiu contratar os serviços de uma “namorada de aluguel” em que é disponibilizado modelos femininas para servirem como acompanhantes de homens solitários. Mas, pelas coincidências da vida, ele precisa apresentar a Chizuru como sua VERDADEIRA namorada para a família. Agora, ele tem que sustentar esse relacionamento de mentira para todos que ele conhece.

O assunto das namoradas de aluguel

Cheguei a comentar no meu post de primeiras impressões sobre o anime da ‘Kanojo, Okarishimasu’ (link aqui), de que o anime soube acertar no tom da adaptação e que eu estava tranquilo nesse sentido de que a produção não iria errar em cima do enredo (até porque adaptar um romance não exige um grande esmero ou técnicas elaboradas para que a adaptação funcione). Nesse ponto posso dizer que qualquer coisa relacionada a produção, não tenho do que reclamar quanto aos erros ou sugerir possíveis melhorias. Ok até aqui relacionados a esses aspectos. Então o que sobra para discutir? Só resta a história por si só para levantar algumas questões importantes.

Quando eu fiz o texto anterior, estava evitando ao máximo o spoiler, mesmo querendo alertar sobre algumas coisas que considero problemática no roteiro. Com a primeira temporada finalizada, posso finalmente falar abertamente sobre o que gostei ou não nessa parte. Estou meio cansado dos mesmos estereótipos nessas obras haréns com foco no público masculino. Vi tantos animes e mangás desse gênero que enjoei foda e ultimamente evito qualquer coisa que MENCIONE mais de um interesse amoroso para o personagem principal. Mas por que eu fui ler o mangá? Além do vídeo documentário no Youtube mostrando um dia da vida do autor dessa obra, fiquei intrigado pela trama se passar em um ambiente de ensino superior e que a protagonista tem como emprego ser uma namorada de aluguel, profissão totalmente inusitada para a nossa realidade brasileira e subjugada na sociedade japonesa com preconceitos. É semelhante aos tratamentos que os otakus de anime tem por lá pelo seu modo de vida e a hostilidade para os fanáticos. Então eu queria ver como seria abordado essa perspectiva pouco mostrada para o pessoal de fora do país, além das reportagens superficiais.

Não se engane, porque a ideia parece MUITO INOCENTE, em que gurias são contratadas para suprir a carência de contato feminino de vários homens japoneses que trabalham demais, sem tempo para relacionamentos ou para jovens tímidos que não conseguem interagir normalmente com alguém do sexo oposto. No papel é MARAVILHOSO, só que na prática, evidencia algo muito presente no cotidiano deles que seria a objetificação das mulheres dentro de todos os contextos sociais. Vamos por partes, porque vou usar exemplos de como o anime “levanta a bola, porém não corta” e que podia ser uma crítica muito interessante a ser realizada.

No próprio primeiro episódio quando o Kazuya fica irritado por saber que o encontro era uma encenação, culpando a Chizuru de ter sido falsa durante suas interações; ou quando a própria personagem afirma ter aprendido autodefesa por causa de várias situações perigosas que se meteu relacionados ao seu trabalho; ou em que temos o protagonista seguindo a Chizuru durante o dia inteiro, com as justificativas mais tangenciais imagináveis (‘Temos que proteger ela a favor do nosso TIME DE CLIENTES APAIXONADOS pela Chizuru’); ou em diversos momentos que ele pensa das gurias como VERDADEIRAS interesseiras, que só ficariam com um cara bonito e rico… todas essas questões que poderiam virar uma crítica/análise ou gerar algum debate (inclusive o roteiro aborda esses assuntos com esse tom mais opinativo), são deixados completamente de lado, ficando aquele gostinho de que poderia ter ido muito mais longe nessa abordagem.

Também rola muitas contradições de ideias. Vou pegar o mesmo exemplo do protagonista seguindo a Chizuru por impulso. Tem todo o fato que o próprio personagem sabe que está cometendo um crime ao fazer tal ato, entretanto o roteiro em múltiplas vezes, busca justificar aquela ação como algo benéfico e pensado no bem-estar da amada. Só que no minuto anterior o tom era totalmente outro. A história quer mostrar o quão ingrato é essa profissão para as mulheres, mas ignora ou esquece desse senso crítico, passando adotar uma postura de normalização. O protagonista até reflete sobre esses questionamentos, porém nada muda para que a trama siga em frente em direção a um harém de qualquer forma. E muitas dessas “esquivas” que o autor faz de assuntos problemáticos, são abusando da comédia nessas situações para amenizar o teor dessas colocações e apontamentos. Não curto essa ideia, porque o anime normaliza esse tipo de comportamento nocivo como algo legal, apesar da Chizuru dá uns cortes no protagonista que dá até gosto de ver.

Eu ainda consigo me divertir vendo Kanojo, Okarishimasu

Não se engane que eu não gostei do anime. Eu adoro avaliar tudo o que eu vejo e quais as mensagens sendo passadas ali. Só porque eu amei uma coisa, não significa que vou ignorar seus defeitos ou não debater certas questões que poderiam ser melhoradas. E muito desse meu apreço com a obra vem da personagem da Chizuru. Ela não foge muito de ter as características de uma waifu preferida entre os otakus, porém sua personalidade mais forte, incisiva e decidida, me fez ficar interessado com o que será mostrado nessa narrativa e no seu arco que ainda está por vim em uma possível segunda temporada. Muitas das cenas engraçadas que gostei foi envolvendo ela diretamente. Desde dela mandar indiretas ou xingar de diferentes formas o protagonista de idiota, até ela dar vários foras nele com lições de morais condizentes. Obviamente sabemos que no que vai dar essa parada toda, mas ver um contraponto para as atitudes imbecis do personagem principal é um refresco para mim.

As demais garotas do harém são detestáveis ou irritantes. A Mami com seu jeito obsessiva e maldosa, a Ruka grudenta e manhosa, fechando com a Sumi que é passiva e quieta aceitando tudo que lhe é proposto. Faz sentido ter todas essas personagens para agradar diferentes públicos, porém não dá para mim. Geralmente eu odeio apenas uma ou duas das 10 pretendentes para o protagonista, porém aqui se esforçaram para colocar EXATAMENTE tudo que não suporto em uma personagem de anime. Vai de cada um, mas os vários pontos baixos dessa história, sempre alguma dessas três personagens está envolvida. Desde de fanservice ou comentários nada a ver, até enrolação na história para não concluirmos os arcos principais de imediato. Encheção de linguiça, basicamente.

Ainda não começou o verdadeiro arco da Chizuru em conseguir realizar o seu grande sonho e acredito que será iniciado apenas na segunda temporada, se acelerarem a adaptação do material original. Até para vocês que só acompanham o anime, depois que inserem a Sumi na obra, a história cria uma barriga muito irritante por vários capítulos no mangá. Então se preparem para nada acontecer durante boa parte da próxima season do anime. E se você não curtiu o que viu na primeira, é bom dropar, porque vai demorar para ter alguma progressão no desenvolvimento da dupla de protagonistas. Para efeito de comparação, imagina a peça de teatro que teve em Nisekoi no capítulo 50 e que depois foram mais de 100 capítulos de um grande nada… exatamente é o que vai acontecer aqui. Se o pessoal da produção for inteligente, sairá metendo a tesoura em quase tudo desse meio e colocava logo o arco da Chizuru para manter o interesse do espectador. Suponho que não vai ocorrer, porém não custa torcer.

Mesmo reclamando de toda a enrolação (Eu creio que só bastava a Chizuru e a Mami como a rival no roteiro que a obra iria ter o mesmo efeito…socaram mais gurias no meio e vão colocar mais ainda pela frente…sinto cheiro de Nisekoi 2.0), gosto do clima do anime. Consegue ser bem divertido de acompanhar. Não é para todos os públicos e acredito que a obra teria mais alcance se o protagonista não fosse um idiota completo, ou também se retirassem todas as cenas de fanservices. Aí teríamos algo muito agradável de ser consumido, pensando de forma geral.

A produção mandou bem

Indo para aspectos mais técnicos, como citei, a direção, edição, animação e a trilha sonora não fazem feio, tendo alguns momentos genuinamente bons, dignos de elogios. Destaques foram o flashback da Ruka mostrada dentro da ending com fotos da sua situação emocional em diferentes estágios de sua vida, relacionando a sua condição de saúde, ou da brincadeira de fazer um documentário para introduzir a Sumi no penúltimo episódio. Uma outra coisa que gostei é de como a direção deixa toda a situação da masturbação deprimente. Não estou afirmando que se masturbar é errado ou coisa do tipo. Só estou falando que geralmente tem aquele sentimento de tristeza por causa do pico hormonal do nosso corpo sendo liberado depois do ato. Obviamente não é um ambiente muito “feliz”, sendo exatamente a reação do protagonista a mais comum. É algo muito evidenciado na produção em não, digamos, enaltecer a masturbação e retratar como é junto com as suas consequências disso. Se eu tenho que reclamar de algo, vai pelo fato do ecchi ser bem mais acentuado no anime do que no mangá. Não é gritante, entretanto já não curto o fanservice da obra e ainda potencializam a coisa toda, que detestei ainda mais todos esses segmentos.

Recomendo?

Difícil, porque alerto que o anime não é para aqueles que não curtem um romance harém. Talvez vocês sejam iguais a mim, em que uma personagem seja suficiente para te manter interessado com a história. Aconselho a verem os três primeiros episódios e se gostarem da Chizuru, vão tranquilos, porque a personagem vale a pena. E até recomendo irem atrás do mangá nesse caso, porque a leitura é muito mais rápida e em poucas horas ficarão atualizados com os capítulos mais recentes do original, sem se preocupar com spoilers posteriormente.