Um anime com uma premissa boa, entretanto errou em diversos pontos, deixando essa estreia no 'quase lá'.

Um anime com uma premissa boa, entretanto errou em diversos pontos, deixando essa estreia no ‘quase lá’.

Olá pessoas, como vão indo!? Sei que faz tempo que não faço post, mas tive uma mudança de emprego e de rotina que me quebrou bonito o tempo que tinha e fazia os meus hobbies. Mas estarei voltando em breve, principalmente com uma ideia ‘diferente’ que aparecerá no blog daqui algumas semanas. Vamos ver como se sai o meu próximo post opinativo. Porém não são de ideias que irei falar aqui e sim comentarei junto com o Alê as nossas impressões do anime Jouran. Fiquem com a nossa conversa sobre o que achamos da estreia do anime.

Sinopse: Ano de 1931. O príncipe Yoshinobu Tokugawa está com 94 anos e detém controle total do Japão. Resquícios da cultura da era Meiji podem ser vistos pela cidade, mas o recente surgimento de novas tecnologias e do Onmyodo dão ao lugar um teor mais moderno. Contudo, por trás de todo o glamour, o grupo dissidente Kuchinawa planeja o assassinato do príncipe e a derrocada do regime. Sawa Yukimura é membro da Nue, uma organização governamental encarregada de exterminar dissidentes. Sua família inteira foi morta pelo chefe da Kuchinawa, e ela jurou vingar a morte deles.

RUB: Alê, tivemos mais uma estreia nessa temporada de Primavera 2021 e assistimos Jouran: The Princess of Snow and Blood. Já conversamos previamente sobre o anime e eu te falei que esperava uma outra parada dessa animação. Os trailers e a primeira sinopse disponibilizada te leva para uma outra ideia sobre o que será a história e que quando eu terminei de assistir esse episódio, fiquei com um sentimento estranho em relação as minhas expectativas. Tipo, parecia que seria algo mais histórico, mostrando antigos eventos importantes sobre o Japão há dezenas de anos atrás e que teríamos uma espécie de mulher RONIN fazendo justiça em terras nipônicas. Só que é uma parada totalmente diferente essa narrativa. A introdução do episódio já mostra que não tem nada a ver com o que foi vendido anteriormente. Começa o anime em um cenário praiano e com a protagonista fazendo uma espécie de transformação ala Super Sentai, virando um só com um pássaro (não consegui identificar qual ave, mas chutaria ser uma águia), para em seguida partir para cima de uma criatura que lembra muito um demônio. Aí que começa minha critica, porque esse início a animação estava um tanto esquisita e travada. Jurei ser problema no arquivo que eu baixei para ver o episódio. Só que eu dei uma olhada na versão de streaming e realmente foi uma escolha estética e de ritmo esse descompasso da luta, com as falas e o som ambiente. Fiquei bem incomodado com essa entrada. A partir daí eu só sabia que tinha a protagonista guerreira que “tem” poderes dos ‘transmorfos’ e que luta contra essa espécie por algum motivo pessoal. Vago para caralho e mesmo até o fim desse episódio, eu não entendi a função narrativa dessa cena. Pode ter lá no futuro um motivo para inserirem aqui essa luta logo de cara. Só que agora, podia ter tirado esse minuto inicial e com apenas alguns ajustes, a revelação junto com o impacto de descobrirmos que tem seres além da compreensão humana nessa história, seria bem maior quando tivesse a segunda luta dela com outro transmorfo. Essa edição foi bem esquisita, porque precisaram colocar infodumps em textos na tela depois da introdução para contextualizar, pois somos jogados para um evento do cotidiano japonês antigo em uma realidade alternativa misturada com um pouco de steampunk que é bem impressionante, mas te deixa perdido, sem saber ainda o que está rolando.

ALÊ: Pois é. Eu não sou de ler sinopses de animes. Às vezes por mera preguiça ou às vezes por querer ir de surpresa no anime mesmo. Minhas escolhas tendem a ser por PVs que eu vejo eventualmente, ou por visuais que aparecem pelas contas que sigo no Twitter e que cobrem animes de temporada. “Jouran” me despertou atenção pelo visual e mesmo a sinopse da Crunchyroll te vende algo mais histórico e voltado para a realidade: “Em um 1931 alternativo, o xogunato Tokugawa ainda governa o Japão. E lá, uma jovem alimenta sua sede por vingança…”. Confesso que gostei da estreia. Estou bem dividido com algumas coisas que se passaram no episódio, porque como você bem disse, te jogam na trama e seguem contando a história a partir daí. Não há bem um contexto. No decorrer dele vemos que a protagonista (Yuki) faz parte de uma organização para combater algo. Ela quer se vingar, fazendo parceria com um cara e uma garota (maravilhosa ela, diga-se de passagem). Até metade do episódio passamos sem saber das criaturas e aí que morre a surpresa, por causa daquela cena inicial. Eu não sei o que vem acontecendo com animes, porque parece que está sendo algo muito comum ter cenas iniciais que te mostram algum momento do passado ou futuro. Fazem um corte em seguida e começam a contar a história de fato. Na maioria das vezes dos animes que vi essa decisão criativa, a execução disso é pavorosa, porque ou mata algum momento futuro (como aqui), ou simplesmente não tem função. A minha impressão é de que colocam essas cenas para preencher tempo de tela. Mas enfim, graças a esse começo, tínhamos uma ideia da transformação da protagonista. Quando acontece da 2ª vez, apenas não tem a graça. O fator surpresa morre ali e o que era para ter um peso mais “WOW”, acaba sendo um “Ah, legal” :/

RUB: Não vamos esquecer da personagem da irmãzinha. Assim, ela é outra personagem que não sei bem o que ela representa. Parece ser bem simpática e gentil com a protagonista, fazendo todos os afazeres da casa. Só que em um dialogo mais lá para frente no episódio, parece rolar uma insinuação que essa garotinha não é uma irmã de verdade da protagonista e que tudo é de fachada. É outro desses momentos em que o anime não explica direito certos detalhes, deixando as coisas muito nubladas, sem uma definição concreta do que realmente quer contar. Depois tem uma piada sobre fazer comida com dois ingredientes. mais uma parte mostrando o jantar e pula para cena seguinte da Yuki dentro de uma loja de livros só para apresentar um “possível” interesse amoroso, e que no final só servia para o twist no encerramento da 2ª luta. Novamente não dá para ter uma noção completa dos pesos dos personagens dentro da história. É um tanto esquisito não termos um começo que de fato nos apresente todos do elenco devidamente. Dá muita impressão de superficialidade, diferente de toda a ambientação do mundo do anime que é muito boa. Gostei que existe rebeldes na rua contra o atual governo vandalizando os aparatos públicos. Também curti que em poucas cenas mostram a dificuldade feminina nesse contexto do anime, como por exemplo a Yuki dar prioridade para ensinar a irmã a cozinhar para casar futuramente; daquela cena em que tem um “mostruário” de queixas (semelhantes as vitrines de garotas de programas em Amsterdã) cheio de caras escrotos avaliando as gurias pelo porte físico, julgando como fossem animais; ou da cena dentro do prostíbulo que tem um dialogo da protagonista que ela afirma ser muito difícil uma mulher ter um futuro independente considerando os costumes e o governo estipulados ali. Toda essa ambientação e esses pormenores que deixam rico o enredo, dando mais linhas de pensamentos aparecerem no roteiro de forma mais orgânica e não simplesmente jogada na sua cara. E assim, quando aparece a Elena foi mais uma dessas paradas estranhas para mim. Quando ela surge é até de certa forma impactante, porque ela está transando com um “cliente”. Desprevenido, logo vem o espanto de vermos essa intimidade toda na tela. Só que ao receber a missão secreta, ela mata o maluco simplesmente. Não podia apagar ele somente? Era necessário cortar sua garganta? Mais uma cena que eu ficava pensativo se era realmente essencial ser daquela forma a abordagem. Parecia muito um exagero dramático e que o diretor não teve um tato para tomar uma decisão melhor. Depois desse segmento, meus amigos, o anime vira um filme de James Bond só que com japoneses no lugar. O anime salta em questão tecnológica subitamente. Eles tem até GAGDETS especiais maluco. Se eles puxassem uma caneta explosiva, seria a confirmação total da referencia dessa organização secreta contra o governo em relação ao MI6.

ALÊ: Pelo que pareceu, essa irmã dela é adotada e o irmão de sangue foi assassinado, aparentemente por aquele cara que estava tocando uma música vilanesca no fim do episódio. Eu estava achando essa irmã meio perdida ali. Tudo bem que é a irmã da protagonista, que é simpática e (parece) prezar muito por ela. As cenas da guria não pareciam ter algum propósito. Mas no fim, foi bom ter aquelas cenas, porque o grande gancho do episódio foi muito interessante. “Será que ela vai tentar matar a própria irmã?”. “Ou será que é só um ‘bait’ para outra coisa?”. “O que vai acontecer???”. Isso eu acho que funcionou bem pegando o todo. Concordo bastante sobre a ambientação. Esse contexto histórico de como as mulheres são vistas e as dificuldades enfrentadas por elas dentro disso é bem interessante. Querer casar/achar um pretendente para a irmã mesmo ela tendo, sei lá, uns 10 anos (chutando), como o suposto pretendente da Yuki. Eu não sei o que a produção queria realmente fazer com ele. Porque assim, o cara apareceu durante uns 2 ou 3 minutos e era um completo porre. As investidas consecutivas em tentar dar em cima da protagonista (assédio) foi um saco de aturar. Só que como ela rejeitava ele completamente, sem mudar tom de voz ou mudar de expressão, cheguei a acreditar que queriam passar a ideia de que ela não quer ceder para esse sistema, por mais que a própria tente casar a irmãzinha logo cedo. Só que chega no fim do episódio durante a luta, parece que tentaram fazer um drama com a morte do personagem, com a Yuki hesitando em matar ele. O problema é: eu não conheço o personagem. A apresentação dele durou dois minutos e quiseram fazer drama. E essa introdução de 2 minutos dele mais fez eu ter desgosto do personagem do que qualquer outro sentimento. Sobre a guria ter matado o “cliente” lá, pelo que eu entendi, ele fazia parte do grupo que eles estão atrás, porque ela leva documentos consigo e se for isso, como o cara faz parte dos inimigos, matar ele ali não faz diferença mesmo, mas que poderia ser um problema para cuidar mais tarde. Eu levei um susto com o quão explícito foi aquilo. Não mostram genitálias, mas tem a mulher sentando em cima do cara e foi bem… Impactante, eu diria. E como sabem, eu sou sedento por uma farofa. Quando chegou na cena final e a guria transformou o guarda-sol (?) numa Besta (arma), eu achei MARAVILHOSO! Ali eu realmente me empolguei. Não era algo que eu esperava, mas nossa, funcionou muito bem comigo. E não parou por aí, ainda tivemos direito a espada laser. Sensacional! XD

RUB: Quando o maluco puxou um sabre de luz vermelho, me lembrou Star Wars de cara. Se ele tivesse defendido as balas com aquela espada, aí sim o negócio seria uma cópia completa de obras ocidentais. E obviamente estamos trabalhando com o material que essa estreia nos fornece, porém fica claro que teremos duas linhas narrativas sendo contadas nesse anime. A primeira é essa história de vingança da Yuki para a morte do seu irmão e sua caça sobre quem matou ele. A segunda linha seria essa guerra entre o governo autoritário com a organização secreta que eles participam. Por enquanto apareceram só os três personagens e mais o chefe que dá as ordens. Só que considerando toda a parte estrutural que foi apresentada dessa organização, aparenta ser uma parada com muitos mais “colaboradores” do que mostraram nesse momento. Apesar de lembrar muito os filmes do 007, com certeza essa “MI6” japonesa terá mais um viés libertário lutando contra o governo, em vez de ser algo para proteger os interesses dos comandantes da nação japonesa. Eu gostei mais da luta final do que a primeira, porque me pareceu mais interessante visualmente e deu para entender o que estava acontecendo como as próprias motivações da protagonista. Foi melhor executada toda essa cena de batalha, tendo uma animação mais consistente. Também não curti muito esse twist do maluco ser um dos interesses românticos dela, como não entendi a hesitação dela em matá-lo. Tipo, não fica claro o suficiente que ela gostava dele, mesmo que pouco. Simplesmente temos que completar essa lacuna e acreditar que era realmente a intenção do roteirista criar esse laço entre os dois personagens. Bem ruim foi essa construção de forma geral. E você Alê falou que gostou da cena final, mas eu achei tudo bizarro, pois eu não vi alguma cena anteriormente nesse episódio que deixa alguma sensação de estranheza ou desconfiança em relação a irmãzinha. O único momento deslocado foi quando ela corta o dedo na cozinha e fica olhando fixamente para ferida. Essa é a cena que eles estipulam que algo está errado com a garota. Só que fora isso, nada mais. Então ela puxar a faca ala Jason matando jovens no Crystal Lake parecendo uma ameaça para a protagonista, fiquei muito mais perdido do que surpreso!? “Oi??? Perdi alguma coisa? Dormi?”. A única coisa clara para mim é que a garotinha tem segredos e pode ser do agente do governo. Fora isso, a cena em si é mais uma parada que jogam na tela e o espectador que se vira para compreender.

ALÊ: Acho que vamos seguir mais ou menos essas duas linhas até o fim. Acredito que vamos ter algum plot envolvendo os outros dois parceiros da equipe e o que levou eles a se unirem contra o governo. Eu gosto de deixarem ceninhas curtas com outras pessoas protestando da sua forma contra o sistema ali. Ainda há muito para se entender sobre o que é tudo aquilo, as criaturas e que outras ainda existem por aí. Eu gosto bastante da 2ª luta. O estilo de traço muda durante esses momentos. Os traços ficam parecendo pinceladas, os contornos são mais grosseiros e a direção artística brinca mais nessa cena. Vão ter um aspecto visual mais interessante. A transformação da protagonista e a segunda luta passam bem essa ideia. Espero que consigam manter para os próximos episódios, porque gostei muito disso. A produção no geral está bem competente. A paleta de cores é mais fria, os tons são opacos na maioria das vezes e que combina bastante com o tom apresentado pela série aqui. Eu acho que estava tão ’empolgado’ com a farofona da luta que apenas comprei a cena final hahaha. Apesar de eu gostar do episódio, a direção e roteiro parecem estar meio perdidos e não sabem como introduzir ou montar as cenas, o que que prejudica muito o episódio. Eu só torço para que seja ajustado nos próximos episódios e o quanto antes, porque se continuar assim, os clímax muito provavelmente serão prejudicados e podem não funcionar, como foi o drama desse episódio.

RUB: Concordo. Pode aparentar que não gostei do episódio, mas eu curti ele. Só que essas paradas que apontei durante a conversa me incomodaram muito a ponto de se tornarem irritante enquanto eu acompanhava o capítulo. São erros que podiam ser evitados facilmente e que tornaria a experiência de assistir Jouran bem melhor. Ainda o anime está com saldo positivo, porém não consigo recomendar 100% para todo mundo assistir. Tentem uns 2 ou 3 episódios e vejam se vão curtir a história. Qualquer coisa que não te agradar, drope sem medo e tente uma outra animação dessa temporada, porque não vai faltar opção de coisa boa vindo por aí.

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