Masaomi Andou enfim está de volta!

Masaomi Andou enfim está de volta!

Seguindo com as primeiras impressões da Temporada de Outono, vamos com “Gyakuten Sekai“, ou “Rumble Garanndoll“, como é chamado internacionalmente. Anime original “da Lerche” com direção de Masaomi Andou e design de personagens por Keiko Kurosawa. E bem, para uma estreia, ela foi até consistente, só que não era bem o que eu esperava e não é necessariamente um problema do anime.

Sinopse: “A história se passa em 2019, pouco antes da mudança nas eras históricas do Japão. Uma fenda para outra dimensão de repente se abriu nos céus, revelando um mundo alternativo de “mudanças profundas” chamado “Shinkoku Nippon”. Essa versão paralela do Japão manteve seu militarismo e permanece estagnada na era Showa. Shinkoku Nippon invadiu nosso Japão com suas armas de gás “Genmu” (sobre as quais nossas próprias armas modernas não têm efeito) e armas humanóides “Garan” gigantes.”


Para quem acompanha o blog em algum tempo ou segue meu Twitter pessoal (@AlexsanderdeO12), deve ter se deparado com essa pessoa que vos escreve exaltando (enlouquecidamente) por Masaomi Andou, porque ele é meu diretor favorito (e um dos poucos que faço o possível para acompanhar tudo que é feito por ele). Meu primeiro contato com o diretor foi com “White Album 2” (2013), animado pelo Satelight. Assisti o anime entre o fim de 2017 e o começo de 2018. Não me lembro bem, mas acredito ter sido nessa época. Fato é que não recordo muito do anime e só de ter gostado do que vi. Minha paixão com o diretor veio com “Kuzu no Honkai” (2017) que assisti em meados de Julho-Agosto de 2018.

O primeiro anime que ele dirigiu na Lerche foi “Gakkougurashi!” (2015) e a partir dali, podemos dizer que ele encontrou no estúdio sua casa, já que todas as produções dirigidas por ele foram lá. Masaomi se tornou o grande destaque por lá e junto da Keiko Kurosawa (que atua como Character Design/Diretora de animação), formam grande dupla dentro da Lerche e claramente é para eles que o estúdio dedica mais mão de obra. Um exemplo disso seria que na Temporada de Julho de 2019, a Lerche estava trabalhando com “Kanata no Astra” (Masaomi Andou) e “Given” (direção feita por Hikaru Yamaguchi) ao mesmo tempo e é evidente que os recursos foram para Astra que tinha o “ás” na direção (nota: há de se considerar também que o Masaomi já está há anos na indústria e tem seus contatos, enquanto que a Hikaru era novata).

Passam-se anos e até hoje, ainda acho que ali na época de 2017 sua ápice no trabalho dele como diretor. Não que os que vieram posteriormente como “Kanata no Astra” (2019) e “Jibaku Shounen Hanako-kun” (2020) tenham sido ruins ou inferiores. Mas para mim, Kuzu no Honkai tem uma coisa muito especial que vai desde o roteiro a até o cuidado na hora de selecionar as cenas que iriam para a animação, além da delicadeza nos designs e forma que a direção dele casou perfeitamente com o tom da obra. É uma junção tão única e especial para mim, que simplesmente acho fabuloso tudo que vi no anime. Desde o momento que vi Kuzu e revi no ano seguinte – quando já tinha um pouco mais de maturidade para compreender alguns detalhes da obra -, eu passei a acompanhar tudo que tinha as mãos de Masaomi e passei a ter para mim que tudo que ele pega para dirigir, tem um roteiro bom e que preciso consumir. Dado esse contexto, posso começar a falar de “Gyakuten” ^^

Sendo bem sincero, eu achei Gyakuten bem confuso. Eu não costumo ler sinopses dos animes que vou ler (cof por preguiça cof). Tanto que minhas escolhas para assistir algo normalmente são feitas com base de visuais liberados, alguns nomes da staff (diretor, estúdio etc…) ou se caso o PV me chama a atenção. Sendo assim, normalmente vou ver esses animes na surpresa, deixando que a própria obra mostrar por si só a que veio. E o que posso dizer é que o anime não te dá um contexto muito bem do que está se passando na história. Ele começa com uma tentativa de chamariz, que eu não gostei por sinal, e dali ele vai te apresentando o personagem principal, Hosomichi. O trabalho dele, um pouco de sua vivência e que ele tem uma dívida para pagar. O episódio vai passando, surgem máquinas/robôs com formas de animais e em momento algum, é dito o que elas são e qual a missão delas. A história caminha como se você já soubesse a base dela e já tivessem apresentado tudo para quem está assistindo, só que isso não acontece. Quando terminei o episódio, vim montar esse post, eu parei para ler a sinopse e só ali que a proposta fez mais sentido.

Como está escrito no começo desse post, uma fenda temporal se abre repentinamente e provoca mudanças no mundo. A Era Reiwa (que começa em 2019) nunca chega e o mundo é tomado por militares que pilotam robôs com forma de animais. Porém essa invasão nunca foi mostrada no episódio, nem mesmo é mencionada a dita fenda temporal. Por isso quando eu finalizei o episódio, tudo parecia muito confuso, porque é como se eu não estivesse vendo uma estreia e sim tivesse pulado diretamente para o 2º ou 3º episódio, sendo tudo já estando estabelecido. Não é à toa que o anime sequer se passa em 2019 como é dito na sinopse, mas sim em 2029, ou seja, 10 anos depois da suposta invasão. A imersão é muito prejudicada por não termos uma base mínima nessa introdução. É quase o mesmo problema de “The God of High School“, anime do ano passado que não deixava nada estabelecido. Só acontecia as coisas e o contexto pouco importava 🙁

Acompanhamos o protagonista até que é determinado por esses militares que destruam Kabukichou. Nisso o protagonista é salvo por um desses robôs que vão contra o governo autoritário. A sequência da metade até o final do episódio é basicamente um duelo do protagonista dentro desse outro robô contra os inimigos em meio a um conflito que, bem, como eu posso explicar… Assim, aparentemente o anime trabalhará com a ideia de marginalização dos otakus. Em um dos momentos, um cara é preso por estar com um jogo de anime e é comentado sobre como aquilo é coisa do passado. Assim sendo, a cultura dos animangás parece ter desaparecido (ou ser quase inexistente), sendo conhecida por poucas pessoas e as poucas que sabem, são perseguidas. O Hosomichi tem até uma música de anime como toque de celular e tem essas ideias de animações que servem de força para mover os robozinhos. A obra parece conversar com “aceite suas fantasias e tá tudo bem”. Essa é a impressão que tenho.

Não ficou muito claro (assim como nada trabalhado no episódio), mas TALVEZ, o anime venha para criticar um pouco os moldes do Japão e o militarismo de forma geral, além de alguns tipos de opressão gerados por eles. Pode ser também que a mensagem seja de “fantasias são legais”, sendo um fundo mais galhofeiro, e de fundo, tenhamos algumas mensagens mais densas. Não sei, apenas um palpite. Ou melhor, algo que desejo puramente por ser do meu diretor favorito. O episódio termina dando indícios de que existe uma organização que vai lutar contra os militares e o protagonista deve acabar se juntando a eles. Apresentam também uma possível pretendente romântica para o personagem e é isso…

Masaomi é muito versátil. Ele sabe lidar com os mais variados estilos de anime, mas para mim, o grande brilho dele está nos animes dramáticos. O diretor sabe conduzir perfeitamente essas histórias. Eu acho que Gyakuten vai ficar numa linha de comédia. Essa é a impressão que ele me passa com essa estreia. É bem cedo para poder afirmar alguma coisa e como a “especialidade” do diretor são dramas, eu não ficaria surpreso se um clima mais pesado começasse a ser desenvolvido a partir da metade do anime.

Eu falei, falei, falei do Masaomi, mas serei bem sincero com vocês: esse não parece um anime dirigido por ele. Uma das características mais tradicionais das suas direções é fazer quadros sobrepostos (exemplo abaixo). Ele faz uso desse recurso desde momentos cômicos, aos momentos mais dramáticos e não há nenhuma cena desse tipo nesse episódio. É muito estranho, porque mesmo que não seja algo usado muuito frequentemente, é normal aparecer ao menos uma vez por episódio. Toda a direção e a forma como foi feita, nada me soa parecido com a essência do diretor. Tudo bem que não sou especialista dessa parte técnica e tal, mas não parece um trabalho dele, com a sua personalidade. Espero que isso melhore nos próximos episódios. Não estou dizendo que direção é ruim, longe disso. Ela é funcional. Os problemas estão na condução e no roteiro que não soube explicar as coisas. Talvez aqui fosse legal fazer um episódio duplo. Não sei se no próximo episódio vão trabalhar melhor a construção do mundo.

Dois quadros de cima: “Kuzu no Honkai“. Dois debaixo, respectivamente: “Kanata no Astra” e “Hanako-kun.

Sobre a animação, ela está boa. Como disse lá em cima, essa dupla são o ‘ás’ da Lerche. Normalmente tem um investimento/atenção do estúdio. O que me chamou atenção mesmo foram os robôs que estão absurdamente bem feitos. Os movimentos estão ótimos e as modelagens muito bem feitas. Por diversas vezes, eu achei que eles estivessem em 2D. Sério, está impecável. O designer da parte robótica, Tomohito Hirose, está fazendo um ótimo trabalho. O diretor artístico – Kouhei Honda – também está realizando um ótimo trabalho. A paleta de cores são vibrantes e combina com o restante do acabamento do anime. Para um primeiro episódio, tudo está muito bem feito.


Não tenho o que comentar muito mais além do que já disse até aqui. Gastei mais tempo exaltando Masaomi Andou para no fim, como deu para notar, a estreia ser bem aquém do que o meu hype sugeria. Talvez melhore para frente, mas até o momento, não consigo recomendar. A estreia foi muito confusa e sendo bem sincero, não acho que o diretor vá explorar muito os temas. Pode acabar sendo divertido, mas reitero, que não vou recomendar o anime. Minhas esperanças quanto aos rumos da história se dão mais pelo meu desejo de que esse seja mais um bom anime do diretor do que qualquer outra coisa. É provável que comente os episódios no meu Twitter, então podem ficar de olho lá. Se melhorar, eu devo falar. De resto, volto para fazer a review em algum momento. Até qualquer post ^^

Isso foi o mais próximo de sobreposição que o episódio teve :'(
Pelo menos ainda tenho takes que gosto muito ^^

1 thought on “Gyakuten Sekai no Denchi Shoujo (Rumble Garanndoll) #1 – Primeiras Impressões

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