Uma das melhores estreias da Temporada!

Uma das melhores estreias da Temporada!

Vamos comentar sobre”SABIKUI BISCO”, anime que não tínhamos grandes expectativas além dos elogios pelo autor de “Saihate no Paladin” gostar bastante da novel original. O anime enfim estreou e ele se mostrou uma enorme surpresa dessa temporada. Gostamos tanto que cogitamos comentar o anime semanalmente aqui no blog (comentem o que acham). Confiram nossas impressões ^^

Sinopse:Em um futuro distante, um desastre conhecido como “Vento Enferrujado” transformou a maior parte do Japão em um deserto árido e deixou a civilização em frangalhos. Depois que seu professor se torna vítima da ferrugem, o indomável Bisco Akahoshi embarca em uma jornada pelos desertos arenosos para obter um cogumelo conhecido apenas como Rust Eater, que supostamente cura a doença. Junto com o arrojado jovem médico Milo, a dupla terá que enfrentar o ambiente implacável e seus companheiros errantes para voltar com vida.


RUB: Alê, e temos uma surpresa nessa temporada. Era um anime que demos votos de confiança por causa do autor de Paladin, porém que nos surpreendeu positivamente. Estou falando de Sabikui Bisco, cujo o anime era aquele que comentei no post de expectativas que estava receoso da minha tripofobia atacar forte assistindo ele. Ao menos na estreia não tive grandes problemas. Mas vamos por partes. O primeiro elogio que eu tenho é da produção dessa adaptação. Não é algo tão encantador visualmente como Sono Bisque e Akebi, entretanto nos demais quesitos foram excelentes. Do roteiro, passando pela edição até a direção. Foi algo excelente. Primeiro pela ousadia de começar o primeiro episódio com duas timelines distintas que aconteciam em dias diferentes. Acompanhamos o Bisco tentando entrar em um deserto, e do outro lado temos um médico super gente boa, Milo, que trata a maioria das pessoas pensando em ajuda-las em vez de usar seu intelecto para ganhar riquezas. Até para contextualizar, estamos em um mundo pós-apocalíptico nessa história. Parece que houve uma guerra nuclear que não sabemos quem começou, se foram os humanos ou uma outra raça fora do nosso planeta, mas que fuderam por completo o relevo da região do Japão, deixando solos desérticos e cidades tendo que serem realocadas com os sobreviventes, tendo sua maioria populacional vivendo na extrema pobreza. E fiquem tranquilos leitores que essa estreia deixa de fato muitas perguntas no ar, como por exemplo, o que houve para outros animais se mutassem e ficassem gigantes, como caranguejos e lagartos que aparecem momentaneamente com a câmera exibindo a realidade da cidade com os sobreviventes de Tóquio que se formou no local. Mais uma coisa que eu tenho que comentar e elogiar é a identidade visual dos habitantes. São únicos, em que apenas alguns segundos assistindo qualquer um do elenco, podemos traçar toda a ficha de personalidade de cada um. E não só os personagens falantes, como também os figurantes ou os demais seres que compõe cada cenário. Sério, tem certos detalhes que você vai pegar somente quando assisti um segunda vez, tamanho cuidado que tiveram para deixar harmonioso o mundo que o anime estar mostrando. Até como um outro exemplo, o próprio dialogo do Bisco com a guarda da muralha. São poucas linhas de falas que deixam aberturas para MUITA COISA. Sabemos o protagonista é procurado, que é um mundo arcaico, com a necessidade de usarem tecnologias mais antigas, que os monges tem passe livre entre as cidades, que a religião é importante nesse contexto, que existem cientistas que buscam a cura para algo que está contaminando o ar, entre outras coisas que daria para tranquilamente puxarmos uma linha de raciocínio e seguirmos apenas nela que renderia um texto só sobre isso. Esse mundo mostrado transpira “vivência”. É algo tão crível, que chega a assustar no quão imersivo ele é. Tem uma cena bem rápida sobre com um pai e filho junto com Milo. Ele comenta que contraiu a doença por necessidade e sobrevivência. São profissões expostas ao perigo. Mineradores e carvoeiros sofre disso na nossa realidade. É uma carreira MUITO curta e que mesmo assim trazem consequências pesadas pensado na saúde desses individuos. E é uma cena de 30 segundos. Sabikui Bisco tem um mundo muito rico nesse inicio.

ALÊ: Entre grandes decepções com animes da Temporada (você mesmo, Baraou no Souretsu) e estreia que seguiram a linha do que eu já esperava (Sasaki to Miyano; Sono Bisque Doll), tive uma ENORME surpresa com “SABIKUI BISCO”!!! Enquanto os outros animes eu tinha mais ou menos alguma ideia, seja para o bem ou para o mal, SABIKUI não tinha nada definido realmente. Eu sequer tinha lido a sinopse dele. Estava indo ver completamente as cegas. O maior direcionamento que eu tinha antes de ver esse episódio, era ter visto um dos PVs e inclusive, não sei se você chegou a notar, mas o estilo de animação dele, ângulos, contornos e até a forma de sombrear, lembram muito “ID: Invaded“, um anime mediano de 2020. O diretor e designer de SABIKUI é o mesmo de “ID” e não só ele, como um bom pessoal do NAZ (estúdio de ID) está envolvido nesse projeto. Tanto que o NAZ é creditado no final do episódio. Esse cuidado com os designs dos personagens me lembra a “Violet Evergarden”. A Akiko Takase (designer do anime) pegou para fazer a série. Não é atoa que ela não conseguiu se envolver muito com o restante da produção. Nesse caso aqui, o diretor do anime, Atsushi Ikariya, também é designer dos personagens. Ele parece bem entusiasmado e cuidadoso com o projeto, para que tudo casasse com o restante do cenário da série. “Riqueza” é a palavra define essa estreia de SABIKUI e é por isso que estou tão empolgado com a série. Cada cena é absolutamente bem feita! É um encontro primoroso de direção e roteiro (tanto do original como do compositor de série) que me deixa verdadeiramente encantado. Indo desde o episódio transitar entre duas vertentes em dias distintos e de pontos de vista diferentes, focado no Bisco tentando entrar na cidade e o outro mostrando a rotina do Milo atendendo os doentes do lado de dentro da cidade. Diálogos excelentes que me fazem pensar que o autor pegou para fazer críticas a construção da sociedade e isso claro, tem relação com o capitalismo, como no momento que o governador da região se encontra com o Milo e o indaga sobre o porquê de continuar ajudando aquelas pessoas que vão morrer logo e sem receber ‘nada em troca’, quando com seu talento poderia muito bem estar ganhando horrores. É uma estrutura que prega a miséria e no fim das contas, se morre um, dois, centenas, tem mais de onde aqueles vieram. Ou a própria situação que você menciona, sobre o cara precisar trabalhar do lado de fora, caso contrário não consegue dinheiro para sobreviver. Dá até para trazer para a nossa realidade. Recentemente saiu uma notícia de que a renda salarial média caiu e significa que estão surgindo mais empregos que pagam menos e que são mais precários. É uma das essências do capitalismo, precisar de gente desesperada por dinheiro. Essas pessoas não tem escolha. Ou ela fazem aquele trabalho, ou morrem. Tem MUITOS detalhes que realmente rendem uma conversa longa sobre os temas abordados ou meramente deixados no ar que resultam em uma ótima dissertação.

RUB: Foi bom você citar o capitalismo, porque mesmo criticando esse sistema, eu acho que o foco do autor estar mais para o lado desesperado do ser humano e de como ele se vira em situações extremas. No começo do episódio, o Milo estar atendendo pacientes no meio de um bordel. Visto a intimidade dele com a dona do estabelecimento, evidencia que o personagem não ganha muito, porque não tem escritório e que vive de acordos para continuar ajudando a população. Só que reparem em uma coisa. A dona do local manda as próprias ’empregadas’ a serem atendidas pelo doutor, enquanto vai contando história sem nexo para as demais que estão na fila. Ela está CAGANDO E ANDANDO para as gurias. Só interessa que elas não tenham ‘ferrugem’ (nome da doença que está atingindo a população) e que continuem disponíveis para os clientes. Ela até oferece um atendimento ‘especial’ para o Milo como forma de pagamento, porque dinheiro ela não vai dar NEM FUDENDO. Prefere trocar mercadoria do que dar algum valor para o segundo protagonista. Até dão a entender que ela cobra uma espécie de pedágio para o pessoal que quer consultar, mostrando novamente sua ambição em conseguir mais verba para si. Tem um momento cômico lá entre o Milo e piadas de duplo sentido envolvendo cogumelos e ‘enfiar com força’ que até funcionam pelo ambiente que os personagens estão e que achei engraçadinho (não recordo, mas esse foi o único momento com alivio cômico da estreia, né?). Mas voltando ao assunto anterior, o próprio senhor que cuida da barraca de comida na esquina, faz contrabando de cogumelos, mesmo sendo esse o responsável por espalhar ferrugem no ar. Tem gente que paga muito só para botar na comida e correr o risco de ser contaminado. Mais uma coisa que deixam em aberto, porém deve ter ausência de várias especiarias no Japão, faltando os demais temperos que dão o gosto a comida, resultando com que o cogumelo seja algo de luxo. Até mesmo a força de segurança é uma coisa que tem um grande índice de periculosidade, porque estão expostos a ataques de cogumelos entre a guerra dos terroristas com os governos e que é refletido na irmã do Milo, que está tomada pela ferrugem e que corre o risco de morrer a qualquer momento. E nessa parte, o Milo teve que se vender ao contrabando e aos instrumentos tecnológicos que só o Governador tem acesso para continuar sua pesquisa. Só vimos o lado pobre dessa cidade, porém como de praxe dessas distopias, devem ter as moradias dos ricos e que tem uma qualidade de vida melhor. Um detalhe que tomei susto e gostei para caralho foram as mascaras de coelho dos seguranças do governador. Adorei. Sei lá, me lembrou Hotline Miami… vai saber porque me recordei disso agora. xP

ALÊ: Sim! Acho que ele quer mostrar mais o que essas situações levam as pessoas a fazerem. As condições que elas têm que viver e o que se sujeitam a fazer em troca da sobrevivência. Acho importante ressaltar isso, porque provavelmente o autor deve trabalhar mais que é: o ambiente das pessoas pobres da cidade. Elas não vivem e só sobrevivem. Não só pela questão da doença Ferrugem, mas pelas condições de vida, sucateamento, ou as próprias estruturas da cidade (que naquela região parecem ser subúrbios). O dinheiro é curto, então o próprio tratamento da ferrugem feito por laboratórios (porque com certeza tem) devem ser absurdamente caros e restritos a parcela rica da população. O Milo quem acaba viabilizando um tratamento e como ele mesmo diz, o remédio tem mais um efeito de retardar os efeitos da doença do que de curar propriamente. E falando da Ferrugem, um dos primeiros momentos que fiquei maravilhado com a obra foi por causa dela. Para quem não sabe, eu tenho um interesse grande em biologia. Estudo ciências biológicas na faculdade e Ferrugem é uma doença que atinge plantas e é causada por um fungo. Toda a construção da doença é envolta da elevação e potencialização dessa doença que passou a afetar pessoas. Não só a doença, mas como estudos de cura são conduzidos através de cogumelos, que também pertencem ao mesmo reino dos fungos (Fungi). Ou seja, todo o tema envolto do problema e da possível solução é fundamentada nesse reino e o que me deixa encantado nisso tudo, é que o autor não só potencializa essas pontas (ferrugem afetar pessoas) como também ele pegar um reino um tanto “esquecido” para fundamentar sua história. Não é muito comum usarem cogumelos e fungos para construir narrativas apocalípticas (ao menos nas obras que assisti). Pelo que foi apresentado nessa estreia, é um conteúdo muito bom e tem seus fundamentos na realidade e essa mistura fantástica casa muito bem. É exagerado, mas que tem um esforço para fazer sentido dentro daquele universo com base científica real ali por trás. Isso me empolgou demais. Fora que além da questão dos fungos, ainda tem um mistério envolvendo a criminalização dos cogumelos em si, com o lance deles serem quase que vistos como drogas e acredito que vá além de culinária ou medo dos esporos que causam a Ferrugem nas pessoas, visto que o Bisco encontra o Milo e ele parece estar interessado nos remédios dele. Acredito que ainda teremos desdobramentos envolvendo a doença em si e que nem tudo é exatamente o que parece. As máscaras de coelho são daquelas aleatoridades que dão um charme XD. Também gostei daquilo. Não tem sentido algum, mas é um diferente legal hahaha.

RUB: Como falamos anteriormente, até tivemos outras obras famosas que usam os fungos para mudar os alicerces da sociedade, resultando em mudanças drásticas e que a partir dali a história se desenrola. O exemplo máximo é jogo best-seller The Last of Us do PS3. Só que diferente de Bisco, o fungo de lá transforma os humanos em zumbis. Foi baseado em um fungo que cresce no cérebro de insetos, os controlando depois do contagio, dominando a maior parte da massa neural dos bichos, os fazendo de marionete em busca de propagar mais esses fungos para outros insetos, direcionando-os para contaminarem os insetos saudáveis. No jogo é a mesma coisa. Contaminados vão atrás dos saudáveis para propagar o fungo para geral. Vendo o anime Sabikui Bisco e quando citaram fungos, me lembrei de The Last of Us de cara. Temáticas parecidas como criticas sociais e humanas bem presentes, porém com desenvolvimentos narrativos bem distintos entre eles. Fica mais como um comentário avulso, porque o anime vai ter uma pegada bem de ação daqui para frente, principalmente se considerarmos que o protagonista Bisco é considerado um terrorista, chamando por brigas contra o governo e dado a cena luta que tivemos na reta final, vamos ter mais momentos de lutas durante a temporada. Nos PVs davam a entender essa pegada, mas que a estreia meio que nos deu uma base do que esperar daqui para frente. E esse trecho da luta é muito bem feito, tanto no dinamismo como no ritmo acelerado e exótico da cena. Onde já se viu um anime em que uma das armas é fazer crescer cogumelos gigantes como defesa contra as armas de fogo? Só me lembro do jogo Mario e ele nem usa dessa forma os cogumelos. Novamente essa mistura de conceitos diferentes entre si, mas que casam bem no enredo, sem causar aquela estranheza no espectador sobre essas loucuras temáticas inseridas em apenas 20 minutos. E o gancho no final é excelente, porque na mesma sala temos o Bisco, o Milo e um velho no canto, que apareceu do nada. O que o Bisco procura? A cura para o velho? O que tinha na carruagem? Como ele sabia das regras e normas dos bispos e que quase conseguiu passar pela fiscalização? E essas flechas? Será mesmo que a Ferrugem é gerada pelos cogumelos do terrorista ou são outros cogumelos controlados pelo governo que soltam esses poros? Tem intriga politica, mistério, critica social, elenco carismático, ação… é um prato cheio esse anime Alê.

ALÊ: Sim, sim. Parece que os dois vão sair da cidade e provavelmente devem ser vistos como procurados. Imagino que o ponto em comum que vai levar os dois a se unirem será a cura do Ferrugem, mas quero entender onde o Bisco de fato entra nessa história, quais são suas intenções e objetivo, porque ele chega colocando o terror na cidade. Nas cenas de ação, eu só estranhei um pouco o CG, que tem alguns momentos que destoa bastante do 2D, como no crescimento dos cogumelos gigantes, por exemplo. No demais, tudo está muito bom e eu espero que o cronograma do anime esteja indo bem. O OZ é um estúdio novo e por essa estreia, tem uma staff excelente e poderosa aqui. O autor soube dar um bom ar de novidade a trama. Tem muitas coisas que ele incrementa a paradas batidas e que mistura com o cenário que criou. Armas de fogo? Não, vamos com um arco e flecha que faz crescer cogumelos gigantes. Militares de terno? Humm… coloca máscara de coelho. Ao invés de jipes e carros, vamos colocar animais gigantes. E de fato, há muitas questões envolvendo os rumos da série daqui para frente. Resumo, um episódio MARAVILHOSO!! Muito bem dirigido, escrito e montado. Vejo MUITO potencial e torço muito para que mantenha esse nível até o fim. Para terminar o combo da perfeição, a OP do anime é cantada pela JUNNA, simplesmente maravilhosa!!! Essa foi a estreia da Temporada de Inverno que mais gostei até o momento. Fica a recomendação ^^

1 thought on “SABIKUI BISCO #1 – Primeiras Impressões

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