As expectativas já eram baixas, mas…
Começamos a Temporada de Inverno de 2022!!! Os novos animes começaram a serem exibidos hoje (dia 5) e daremos início as postagens de primeiras impressões aqui no blog com “ORIENT”, adaptação do mangá de mesmo nome, escrito e ilustrado por Shinobu Ohtaka, mesma autora de “Magi”. E para um trabalho da autora, o resultado apresentado aqui foi bem aquém do que eu esperava. Falemos mais dessa estreia a seguir.
Sinopse: “Na nação de Hinomoto, há 150 anos, os humanos servem aos onis, que acreditam ser benevolentes. Os únicos que ousam enfrentá-los são os Bushis, guerreiros de outrora, agora discriminados. Enquanto fingia treinar para servir aos onis, Musashi praticou a arte da espada em segredo para se tornar um Bushin, como seu amigo de infância Kojiro, para que juntos possam partir em busca da liberdade!”
Apesar de eu mencionar a Shinobu como se eu já tivesse lido “Magi”, não é essa a realidade. Na real, nunca li nada dela. O meu contato máximo com “Magi” foram com suas capas, lindas por sinal. Acontece que tantod amigos próximos, como meu namorado já leram a obra e dizem gostar bastante do universo dela. Em conversas com meu namorado no ano passado, ele comentou comigo que ORIENT era bem mais preguiçoso que Magi. Não era tão interessante quanto o trabalho anterior da autora e menos bem explorado. E vendo esse episódio, acabou se mostrando como verdade. Na introdução, temos uma breve narração sobre o que aconteceu algumas centenas de anos atrás, com os Onis invadindo a Terra e travando uma batalha contra os humanos por décadas, permanecendo até os dias atuais. Os únicos que podem lutar contra essas criaturas são os Bushis. Corta para o tempo atual dentro daquele universo e temos uma pequena virada de roteiro.
Musashi é o nosso protagonista e ele trabalha em uma mineração. O “ponto de virada” é que ao invés da imagem dos Bushis ser perpetuada como de heróis, eles agora são os inimigos e são hostilizados pela população. Se nota a presença de estátua, ídolos e a adoração à Kishin, o Deus protetor daquela região. No decorrer do episódio, vamos vendo que alguém criou aqueles deuses e os usou para induzir a população a acreditar que aqueles eram seus salvadores, enquanto que os Bushis eram os vilões. Gosto e sempre acho bem-vinda obras que se propõe a explorar a religião como forma de controle populacional. Essa pequena parte do episódio é o que considero como a mais positiva da estreia.
Porém tem algumas lacunas que são deixadas, como por exemplo, evidenciam que a profissão de mineração é uma das mais prestigiosas daquela localidade, porque tem relação direta com a proteção do Deus, sendo perpetuada e repassada para os filhos. Mas a questão é: como que é definido quem vai ou não ser um minerador? Não podem ser todas as crianças que nascem, pois assim não teria como gerar a troca de gerações, ainda mais que quem chega no momento de ir para o dito Paraíso, não deve voltar mais, caso contrário, tal organização já teria sido vazada para os outros habitantes. Então há coisinhas aqui e ali que me causam estranhamento, porque vão gerando buracos no que fundamenta a base apresentada no episódio.
Acredito que só essa pequena ponta do roteiro poderia ter sido estendida por pelo menos mais dois episódios, destrinchando melhor o tema, de onde veio a criação da figura de Deus, em que momento começou a alienação das pessoas e em que ponto os Bushis passaram a serem vistos como os errados. Tem muitas camadas que poderiam render ao menos um arco, para só então, o Musashi se rebelar e passar a matar os Onis. Pode ser que o assunto volte a ser trabalhado? Pode sim, já que não temos muita noção de como está a organização do mundo, porém dentro daquela cidade, não acho que será um tema debatido, pois pela forma que se encerrou o episódio, parece que os dois personagens terão que cair fora dali para outro local, por irem contra o que está estabelecido. Acho triste o início ter desperdiçado um assunto que poderia ser mais aprofundado se a autora quisesse e soubesse discutir.
Agora de resto, é o básico do básico. E mesmo esse feijão com arroz, ele ainda peca em muitas coisas. Os personagens são muito desinteressantes e manjados. Eles seguem estereótipos e não fogem muito desses papéis. O Musashi é aquele garoto sonhador. Quer ser um caçador de Onis junto de seu amigo (Kojiro), mas ele tem que ir contra o sistema e ao passar tantos anos ouvindo as mesmas coisas, cria um medo de se rebelar. Enquanto que o Kojiro quer que seu amigo tenha uma vida feliz e não quer que ele passe pelas mesmas coisas que precisou passar por ser filho de um Bushi. No pilar Musashi temos a característica da espontaneidade e do fator ‘tomar iniciativa’. e no pilar Kojiro, temos aquele mais contido, preocupado, mas que vai nas ideias do amigo. Eles são aquilo e não demonstram ser muito além disso. Mesmo as apresentações de problemas que os personagens passaram são muito mal feitas. É mostrado que o Kojiro sofreu na infância, aí usam uma cena dele criança com pessoas distorcidas, como se dissesse “Olha, veja como ele sofreu” e fica por isso mesmo. Muito raso! Eu posso até estar sendo precipitado, mas a autora vai muito rápido e perde muitas brechas para trabalhar, desenvolver e tornar seus personagens mais interessantes.
O episódio em si, mas principalmente a 1ª parte do capítulo, é CHATO, justamente por tudo ser muito previsível, mas especialmente pelos personagens nada carismáticos. E a previsibilidade vai afetar o final do episódio. Então terminamos num conjunto que nada me prende realmente à animação, entretanto pode melhorar nos próximos? Pode, claro. Mas a questão é: há pontos que me leve a essa expectativa? Não, não tem. ORIENT está na clara linha do Shounen de lutinha padrão e ressalto: não é necessariamente um problema da obra, Público mais jovem (ou sem espírito de velho como eu, rs) pode gostar muito. Esse tipo de história não costuma me agradar tanto e “ORIENT” segue exatamente o protótipo que tantas outras do mesmo estilo fizeram anteriormente e com uma execução melhor. Acredito que ORIENT tenha tanto um problema de roteiro, porque soa muito preguiçoso, como de direção por não conseguir transmitir ou tirar melhor proveito do original. O ambiente por si só é muito manjado e a produção não consegue passar uma sensação mais empolgante para mim. Infelizmente não colou comigo e é bem provável que os próximos episódios continuem na mesma :/.
Por fim, deixo aqui minhas considerações sobre a animação: ela é polida e merece destaque quando tem quadros pertos e ângulos próximos à câmera. Nesses trechos os designs são bonitos e detalhados. Porém é só se afastar um pouco ou precisar se mexer que esse brilho se esvai. Uma direção pouco expressiva, que não consegue ao menos dar um pouco de emoção as cenas que, supostamente, deveriam ter impacto. E no demais, a animação não deve ir muito além do que vimos na estreia. Na verdade apostaria até na piora da qualidade…
Em conversa com amigos, vi que houveram mudanças quanto a condução do roteiro, alterações de personagens e quem fala tal frase. Isso é um indicativo inicial de que podemos ter verdadeiros problemas na composição de série do anime.
Eu queria ter começado as postagens de primeiras impressões do blog com críticas positivas, mas não foi dessa vez. Não recomendo o anime a não ser que você espere isso: obra padrão. Acho que teremos problemas de roteiro pelos indícios apresentados. Não tenho vontade de continuar após essa estreia, mas ainda darei o braço a torcer e vou até o episódio três para ver no que dá. No demais, recomendo ficar de olho no blog, porque com certeza vai aparecer animes melhores ^^.
3 thoughts on “ORIENT #1 – Primeiras Impressões”