Mais 28 episódios pela frente, só que agora a história parece que vai engrenar.

Uma segunda temporada de um anime de 2015? E que é continuação também de um anime de 2006 (esse que ainda tenho que terminar)? Complicado essa franquia em que suas versões animadas têm seus lançamentos com janelas de tempo tão espaçadas. Pior ainda se considerarmos que o anime é baseado em uma Visual Novel de mesmo nome e que existe muito mais material que aprofunda o mundo apresentado do que foi mostrado nos anime. E é nessa bagunça que eu me enfiei e que irei comentar sobre Utawarerumono: Futari no Hakuoro, tentando me convencer que agora vai e que o enredo de fato irá progredir, não sendo somente na reta final que teremos eventos importantes.

SINOPSE: Baseado no segundo jogo da série Utawarerumono, apresenta o protagonista sem nome que acorda no meio de uma vasta planície nevada que ele não consegue reconhecer. Não só isso, ele também não consegue sequer lembrar-se de quem é. Subitamente, ele é atacado por um monstro inseto, mas é salvo por uma garota com orelhas e rabo de animal. Essa garota chama-se Kuon e ela decide chamá-lo de Haku. Fonte: Crunchyroll

Antes de começar o post de primeiras impressões, vou deixar claro 2 coisas: Primeiro, eu não joguei os jogos originais que servirão de base para a nova season de Utawarerumono. Estarei comentando somente sobre o anime e não me interessa se na novel tem tal coisa e aqui não foi abordado. As mídias têm que se valer por si mesmas, sem dependência externa para entendimento completo sobre qualquer assunto. Segunda parada, é que lembro quase nada da primeira temporada de Utawarerumono (Itsuwari no Kamen). Existe a possibilidade de eu misturar as coisas, personagens e arcos quando for citar durante o texto, mas relevem e me corrijam nos comentários se eu estiver viajando em alguma situação. Dado os avisos, bora lá.

“Se um anime for bom realmente ou foi relevante para sua vida, ele fica marcado na sua memória”. Dado essa afirmação que eu sempre escutei e li em várias reviews durante anos (e que eu disse no final do parágrafo anterior), dá para deduzir que não sou tão fã da franquia Utawarerumono. E eu destaco o anime de 2015, que mais pareceu uma enorme introdução de uma Visual Novel de gameplay longa, tamanho desperdício de tempo em ficar só apresentando personagens. São quase 2/3 do anime anterior em cenas de cotidiano e momentos bobos como passear na área comercial que tem na cidade. Somente no final da temporada que temos o que a obra quer abordar, em que temos uma trama política complexa, com direito a traição e guerra de poder do reino para o controle da região. Eu sei que é importante introduzir todos os elementos antes de expandi-los em sua história, para que assim o autor só progrida com a narrativa escolhida, sem apelar para subterfúgios baratos, como inserir um personagem ou algum evento/ação que não foi mostrado antes, mas que o autor precisou de tal exposição naquele momento para justificar sua decisão criativa perante a quem consome seu produto. Só que em Utawarerumono, isso é feito de maneira muito tediosa. Tanto que quando acontece a reviravolta no último arco, parece bem abrupto, pois não tinha sido trabalhado diversos elementos necessários para preparar o espectador para a mudança de ares na animação. Assim o anime saiu de slice para debates sobre conflitos militares e do que somos perante a um conflito que movimenta milhares de vidas de uma nação. Perto do que estava antes, essa mudança de gêneros é bem-vinda, mas de como foi feita foi o problema.

E essa nova temporada começa nesse tom fúnebre de que não tem como mais voltar para o que era antes. Tem uma princesa que foi envenenada e ninguém sabe quem foi, temos os aliados do Oshutoru (na verdade é o Haku que assumiu o papel dele em seu leito de morte) se reunindo e formando a resistência ao golpe de estado, com os Grandes Generais do reino planejando a reconstrução do poder político do local, enquanto armam um plano de ataque para matar o Oshutoru e eliminar sua relevância além de seus domínios. E toda essa parte de construção de alianças até que é bem feito nesses 2 primeiros episódios (mais um anime que lançou um episódio duplo nessa temporada sem necessidade), com até uma introdução de 2 minutos em uma espécie de resumo do que aconteceu de relevante nos 2 animes anteriores (servindo para eu relembrar dos pontos mais importantes até ali). Ao menos para os mais esquecidos como eu, essa estreia foi excelente para contextualizar os perdidos e estabelecer novamente as relações dos personagens, como seu alinhamento a qual causa ele defende. Justo o que o roteiro fez, pois já se passaram mais de 5 anos do último anime de Utawarerumono.

O Haku que detestava a guerra, teve que assumir o papel de um grande líder para proteger seus amigos e que precisa esconder seu segredo a todo custo, caso contrário, tudo o que seu amigo construiu antes como as alianças feitas, serão destruídas de uma hora para outra. Então ele tem que manter a atuação, para que tudo progrida como planejado e ele consiga sair dessa situação com os menores danos possíveis, tanto fisicamente, como emocionalmente. Até mesmo a Nekone teve sua personalidade bem mudada graças aos eventos passados, em que ela precisa ser firme, mesmo que não esteja em condições para tal, e cumpra desejo de seu irmão no leito de morte. E vide a situação da princesa, ambos estão presos em cenários que não os permitem contar a verdade. Como serão quase 30 episódios, provavelmente esse segredo não irá durar, e algum momento geral irá descobrir. Devemos ter um arco exclusivo para esse momento e da recuperação da confiança de todos com o Haku.

Também vale o destaque para a princesa falsa que os Generais (ou apenas um deles que está organizando esse golpe) colocaram no lugar para apaziguar a tensão local, e que pelo que mostra na opening, todo esse teatro também terá relevância mais para frente. Muitas coisas nesse episódio-duplo foram construções para algo que vem a seguir. A própria Kuon que não quis fazer parte do conflito, ao que parece, também irá retornar no futuro e ser participativa na trama da guerra que irá certamente ocorrer. E pelo que é mostrado na estreia, nem todos os Generais sabem o que está acontecendo e existem diversos interesses políticos individuais que compõem essa disputa dentro do reito. O general de bigode é o exemplo desse cenário. Ele sabe o que está rolando, mas finge que desconhece para ver se ganha benefícios posteriores ou o controle do reino se no caso recuperar a princesa verdadeira.

Um lado bom que adorei é sobre o que eu posso esperar dessa história. Tem certos clichês que sei que irão ocorrer e tal, mas o caminho e a narrativa será algo a ser descoberto e isso é excelente. Talvez seja a única coisa boa deixada pela primeira temporada, que foi esse ar de imprevisibilidade de como esse conflito irá progredir e o que acontecerá com os personagens. Agora existe um perigo real de vida. Ainda que os aliados do Oshutoru sejam fortes, eles não são invencíveis. Se o roteiro souber trabalhar essa parte, sendo que não tem mais volta para o trajeto de desastres que irão ocorrer cada vez mais, será algo muito bem-vindo para uma história que até o momento dessa postagem, ainda não mostrou todo o seu potencial.

Comentando brevemente a parte técnica, a animação está boa. Não é visualmente chamativa, mas os designs são bem consistentes, com algumas boas jogadas de direção em que personagens estão se movimentando ao mesmo tempo que a câmara inclina verticalmente durante as exposições, ou mesmo durante as lutas, em que é valorizado o continuísmo dos golpes, mesmo que sejam ângulos fechados para serem econômicos em boa parte desse segmento. Edição e trilha sonora fazem seu papel e elevam os momentos importantes ou intensificam diálogos impactantes de acordo com o clima proposto. O que achei caído foi a opening. Não que a primeira da season anterior seja impecável, mas perto da segunda opening, existe uma diferença gritante de qualidade. Para quem já entregou aquela maravilha, eu esperava mais da música e animação da nova temporada.

Utawarerumono: Futari no Hakuoro teve um começo promissor e que aparenta apresentar melhorias em comparação a primeira temporada. O lance é que para ter um entendimento completo da história, você precisará assistir mais de 50 episódios (somatório dos 2 animes da mesma franquia) e com previsão de mais 28 vindo agora nessa season. É complicado investir tempo em assistir algo que você sequer sabe se valerá a pena no final. Talvez seja melhor para você que está lendo este texto, esperar amigos ou blogs que você curta comentarem sobre o anime daqui a 6 meses, dizendo se foi bom ou não, e assim você decidir se assiste ou esquece da ideia. Agora se você viu tudo da franquia, tente essa nova temporada. Pelo menos no papel, o anime está prometendo entregar uma história narrativa dessa vez.

O anime pode ser encontrado na Crunchyroll

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