A Temporada de Outono de 2024 está começando e já vamos falar do nosso primeiro anime… sim, ainda em Setembro. Cada vez mais essas temporadas de animes estão começando mais cedo (para meu ódio e tristeza), mas vida que segue. O 1º anime que irei comentar no blog é a adaptação animada de “Uzumaki”, baseado no grande clássico do Junji Ito!
Sinopse: “O cotidiano da cidade tranquila de Kurozu-cho sofre uma mudança inesperada quando, um após o outro, seus habitantes começam a manifestar um interesse muito mórbido em espirais. Mas esta morbidade começa a se transformar em transtornos obsessivo-compulsivos reais, que pressionam aqueles que são afetados para a autodestruição. Mas qual é a origem dessa sinistra loucura coletiva? Essa simples auto-sugestão nos leva a perceber distorções mesmo na própria natureza e nas leis da física? Ou haverá uma verdade muito mais simples… quão ineficiente e relaxante?”
“Uzumaki” é um dos trabalhos mais famosos e emblemáticos do Junji Ito que é visto como o grande mestre do horror. Tradicionalmente, o Junji é um autor de mangás Shoujo e grande parte da sua obra foi publicada em revistas femininas. “Tomie” (que tem resenha resenha no blog) é um dos seus trabalhos mais emblemáticos e é um mangá Shoujo, publicado nas revistas Gekkan Halloween e Nemuki+, da editora Asahi Sonorama. Poucas foram as vezes que o autor saiu das revistas Shoujo para ir para alguma de demografia masculina, mas uma dessas vezes foi para publicar “Uzumaki”. A obra foi publicada no Japão entre Janeiro de 1998 e Agosto de 1999 na revista Big Comic Spirits, da editora Shogakukan e sendo amplamente publicado no Ocidente, incluindo no Brasil, que chegou em uma 1ª edição em 2006 pela Conrad, e anos depois, em Julho de 2018, em uma nova edição em volume único pela editora Devir.
A adaptação em anime de “Uzumaki” foi anunciada em Agosto de 2019, com produção da Production I.G. em parceria com a Adult Swim. A estreia da animação foi sendo adiada por diversas vezes e ao longo de anos, até estrear agora. Adaptações em anime de obras de Junji Ito sempre causam reações, porque elas possuem uma tendência a serem ruins ou não conseguirem chegar no tom do mangá, então é uma produção capenga, uma direção pouco eficiente e por aí vai. Uzumaki, porém, tinha alguns fatores diferentes, como o diretor ter sido escolhido pelo próprio Junji Ito – é o mesmo diretor de “Mushishi” e “Aku no Hana” -, sendo um diretor que o Junji gosta do trabalho, e a produção seria da Production I.G., um bom estúdio (quando não está abarrotado de projetos e/ou com cronograma apertado), apesar dos atrasos, isso poderia passar uma impressão de que no fim, o produto final sairia com um saldo positivo, e vendo esta estreia, eu diria que sim, conseguiram entregar algo bacana e bem competente.
Como não se tinham informações quanto a duração dos episódios, eu imaginei que fossem ser 4 episódios de 40 minutos a 1 hora, mais ou menos, até para conseguirem adaptar cada um dos contos etc., porém, são 4 episódios de apenas 20 minutos, o que me deixou bastante preocupado, porque embora eu não goste de episódios longos, aqui eu realmente sentia uma necessidade de ter capítulos mais longos, afinal, são 3 volumes para adaptar, o que não é pouca coisa e, no entanto, não é que acabou saindo algo realmente bom daqui?
O mangá é todo segmentado, então durante boa parte da história cada capítulo conta algum causo envolvendo uma espiral, que vai crescendo e escalonando, até a virada (ou loucura) final, que termina com aquela história. O anime pega essa estrutura e a muda de forma que os contos, que antes aconteciam isoladamente e um de cada vez, passem a acontecer simultaneamente. Não todos, claro, mas há sempre duas ou três histórias sendo construídas, o que dá uma fluidez bem interessante ao anime, ao mesmo tempo que deixa ele sempre muito movimentado e muito tenso, já que tem sempre esse exagero dos personagens, com eles acima do tom, e como já está todo mundo ficando maluquinho das ideias, torna as coisas mais divertidas de acompanhar, no fim das contas.
Eu já li e reli “Uzumaki” umas 3 ou 4 vezes e mesmo após tantas vezes, minha relação com o mangá é sempre de algo que causa muita aflição, especialmente pelas coisas que o Junji Ito coloca em cena, mas com o anime, o que senti em partes foi algo que tenho com a série “Premonição”: depois que você assiste algumas vezes, ele passa mais a te divertir do que te assustar propriamente. E como os personagens, nos momentos de surto, gritam e tudo é muito rápido, acaba tendo um toque um pouco diferente do mangá. Não é algo que eu veja como ruim, mas é uma experiência diferente, realmente.
Por mais que eu goste de cada conto original e sinta falta de algo um pouco mais lento para ter toda aquela construção e escalonamento de cada situação, eu não posso dizer que não gostei ou que achei ruim o que tentaram fazer para o anime. Com o tempo limitado, creio, inclusive, que foi a melhor opção!
O PV do anime quando vi parecia muito travado e até um pouco mal polido, mas vendo o episódio de estreia (e que continha boa parte das cenas do PV), eu achei tudo bem fluido e muito funcional. Tem uma cena ou outra que fica um pouco mais estranha, mas em geral, está tudo muito bonito! E a decisão mais acertada em termos de estética, foi ter mantido em preto e branco, isso realça muito as cenas e creio que para esta obra, o colorido teria mais a tirar do que contribuir propriamente, especialmente se fosse uma paleta mais vívida ou que não estivesse “na medida certa”.
Enfim, gostei muito da estreia e estou bem interessado – agora com expectativas mais positivas – no que irão fazer para os próximos episódios. Em breve devo voltar aqui para contar o que achei do anime como um todo e fiquem de olho, pois irei comentar outras estreias da Temporada de Outono! Obrigado por lerem e até a próxima ^^