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Dá para definir como um grande "quentinho no coração"! ^^

Ao longo de dezembro de 2025, o blog está se propondo a resenhar obras de cunho nacional que tenham essa veia no mangá. Começamos o mês com a resenha de “SENSE LIFE”, do Glitch Tellend, seguido de “O Ladrão de Mundos”, da Sayuritake. Hoje, resenhamos “Cosmico”, do Caio Yo!

Cosmico” foi escrito e ilustrado por Caio Yo. O mangá brasileiro foi publicado de forma independente no Tapas entre abril de 2021 e fevereiro de 2022, com uma história bônus sendo lançada na plataforma em janeiro de 2023. A obra foi anunciada pela JBC em junho de 2023, durante uma live no canal da editora no YouTube. A obra foi lançada em dezembro do mesmo ano. Eu tenho essa edição desde o lançamento da obra, foi pré-lançado na CCXP de 2023, com a minha querida amiga Helena (@zuraaco) tendo pego o volume para mim, e gentilmente levado para o autor autografar. A obra ficou com ela durante 1 ano, até vir para as minhas mãos neste ano. Hoje, eu finalmente resenho o mangá. ^^

Sinopse: “Marco é um empolgado aspirante a barista e Theo, um introspectivo estudante de astrofísica. Eles vão se conhecer em uma noite morna e estrelada, e descobrir como eles se completam. Cosmico é uma história sobre como o amor pode ser encontrado em qualquer parte – dos confins do universo à borda de um copo de café.”


  • História e Desenvolvimento

Temos aqui o início do relacionamento entre dois jovens: o Theo, que estuda astrofísica e está em completo desespero com o andamento do seu projeto de doutorado na sua área de estudo, e o Marco, o barman do restaurante que o Theo entra em uma dada noite. Eles se encontram nesse contexto e uma conexão rápida se mostra ali, com um jeito um pouco tímido, mas já entregando alguma química. Os dois falam um pouquinho dos seus sonhos, com o Marco querendo fazer um curso de barista para melhorar suas habilidades, enquanto que o Theo, bem, fala da área dele nos detalhes mais minuciosos, o que me identifiquei, já que quando começo a falar de plantas, fico do mesmo jeitinho. O melhor nesses casos é quando a pessoa com quem falamos das nossas paixões não só demonstra interesse, ainda que não entenda muita coisa (ou nada), como também fica feliz pelas nossas paixões. ^^

O Caio Yo coloca em cena um romance encantador. O autor consegue me convencer do interesse romântico dos personagens em cerca de 30 páginas e transmite bem a sensação de encantamento que um sente pelo outro nesse primeiro encontro.

Eu conheci brevemente o Caio durante, se bem me lembro, o Anime Friends de 2023 (ele não me conhecia, nem o blog (creio eu)) e lembro de ter comprado uma sacola furta-cor de “Cosmico” que era belíssima. Lembro que estava nas últimas unidades (se a que comprei não era a última, era a penúltima) e fiquei apaixonado quando a vi a Pachi (que trabalha na JBC e é redatora do Blyme Yaoi) usando. Tinha que comprar. Fiquei triste quando a alça arrebentou e não pude mais usar, mas durante o tempo que foi possível, fui feliz com ela (e minha mãe também). Enfim, histórias aleatórias à parte, voltemos à resenha…

No posfácio da edição, o Caio Yo comenta que fica contente quando vê comentários de pessoas que sentem uma sensação de aconchego e acalento ao ler “Cosmico”. Eu não só concordo com isso, como atribui parte dessa sensação ao uso de cores quentes na obra. Só pelo desenho do autor, a obra transmite essa sensação de calor, que é maximizada pela narrativa e seus personagens que são adoráveis.

A gente tem aqui um drama que corre ali de fundo: o Theo precisa entregar uma versão do projeto dele, porém os prazos estão bem em cima e ele não está conseguindo chegar lá, naquele ponto de um trabalho genuinamente interessante e com alma. O motivo desse atraso é que seu colega de quarto, o Michael, que o Marco pensou ser o namorado do Theo, que age de forma abusiva com ele, o forçando a fazer todos os trabalhos em nome de uma suposta amizade. Entre a dupla de protagonistas em si, não temos um grande motivo de conflito. É uma obra que trabalha mais com a realidade de cada personagens e seus dilemas, sendo que essas situações, de certa forma, vão servir como força motriz para que consigam se aproximar.

É um mangá bem slice of life, gostoso de ler, com personagens carismáticos e que, como eu disse, emanam um calor e aconchego que é reconfortante. Antes da metade da obra os dois já estão até bem resolvidos, passando a segunda metade explorando mais do começo de um relacionamento mais íntimo.

Gosto muitíssimo do Theo indo até a casa do Marco e conhecendo a mãe dele quando ainda não são namorados e a mãe reage de forma super positiva, gostando do rapaz e torcendo para que venha a se tornar o namorado do filho. Ainda que não entre nos pormenores, o autor não deixa de pincelar sobre o medo da rejeição por causa da sexualidade e coloca na mãe do Marco, uma figura de apoio e acolhimento, o que é sempre prazeroso de se ver.

Em outros aspectos, tenho três outros pontos a comentar: o primeiro é a personagem da Nia, que trabalha no café junto do Marco e que é uma figuraça, maravilhosa, divertida e que vai servir quase que de ponte (e cupido) para o Marco. Adoro ela pegando e falando que o Marco é biscoiteiro por postar fotos sem camisa (aka, mostrando o shape) nas redes sociais. O segundo ponto é a presença de muitos termos e conhecimento científico bem estruturado na obra. Eu não sou da área (tenho pavor, na real), mas o texto me pareceu convincente e fiquei me perguntando se o próprio Caio é da área, se possui algum interesse aprofundado, ou se apenas contou com a ajuda de alguém nessa parte. De toda forma, achei ótimo. E o terceiro é que em dada altura da obra, vemos também um outro personagem que age de forma maldita e é ele, também gay (quero dizer, pelo menos é LGBTQIA+), mostrando que temos gays malditas nesse mundo, rs.

A obra tem um final bem estruturado. Eu gosto que o autor deixa “em aberto” a vida dos seus personagens, no sentido de que eles estão trilhando seus caminhos e tentando realizar seus sonhos e desejos. Eu gosto desse aspecto, porque deixa esse livro de possibilidades e eu não acho ruim quando os autores trabalham com a ideia de imaginar o destino dos personagens (seja no mangá, anime ou novela). Só que se antes eles estavam separados, agora eles trilham um caminho juntos. E como é bem dito e trabalhado na obra. Agora o Theo e o Marco são como estrelas binárias. ^^


  • A edição da JBC

A JBC publicou o mangá no formato 15 x 21 cm, com capa cartonada fosca com orelhas e verniz localizado (logo, título, nome do autor e personagens). A obra possui 192 páginas, todas coloridas, impressas no papel pólen. O preço de capa é de R$ 79,90. A edição inclui marca página de brinde. Abaixo, vocês podem ver o vídeo mostrando a edição da JBC em detalhes:


  • Conclusão

“Cosmico” é uma ótima pedida para os fãs de BL, principalmente aqueles com pegada bem soft, ótimos para ler durante uma tarde agradável junto de um chazinho. Mas também avalio que ele é uma boa pedida para quem nunca leu ou leu pouco do BL e quer começar de algum lugar, ou para quem conhecer um pouco da produção nacional. E fico feliz que seja um trabalho que faça muito sucesso, digo isso considerando que a JBC já fez reimpressão da obra, mesmo depois de quase 2 anos do lançamento original, mostrando que a demanda continua existindo.

Recomendo a obra com força e nos vemos nos próximos dias para a resenha de outro trabalho nacional. ^^


  • Ficha Técnica
  • Título: Cosmico
  • Autor: Caio Yo
  • Serialização: Tapas
  • Editora nacional: JBC
  • Quantidade de volumes: Volume único
  • Formato: 15 x 21 cm; capa cartonada fosca com orelhas e verniz localizado
  • Preço de capa: R$ 79,90 (impresso) / R$ 47,90 (e-book)
  • Compre em: Amazon/Loja JBC