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Vai do riso ao choro em uma velocidade impressionante!

Olá pessoal! Voltando para mais um post de “Senpai wa Otokonoko”! Eu deveria estar escrevendo sobre as últimas estreias da temporada (faltam 4 ou 5 animes para comentar ainda) e não estava nos meus planos um 2º post comentando episódio de “Senpai wa Otokonoko”. Porém, ao ver o segundo episódio, senti uma enorme necessidade de falar do episódio, porque foi incrível a capacidade do anime de conseguir me fazer ir do riso ao choro em questão de segundos!


Tem um vídeo muito famoso da Rita von Hunty em que ela fala sobre a vivência de pessoas LGBTQIA+ e sobre como a escola é o primeiro aparato do estado para te podar, oprimir, excluir, etc… Ela conta: “Você cresce uma criança queer, aí começam a tirar tudo de você. Não pode sentar assim, não pode falar assim, não pode gesticular assim, não pode usar aquilo, essa cor não é para você, não pode brincar com isso… E eles vão te despindo de tudo, tudo, tudo, tudo, até que não sobre nada em você…”. O vídeo continua (deixei ele linkado), mas é nesse trecho que vou me ater. Palavras falam por si e vendo o episódio, fica bem claro que podemos dizer o mesmo para o Makoto que ainda criança, já sofria por gostar de coisas fofas e que são consideradas ‘de menina’ (1ª cena do episódio, aliás).

O episódio trabalhou com duas frentes muito relacionadas e que ficaram alternando entre si: a primeira é dessas ‘pequenas’ violências que vão te moldando já na infância e a outra é sobre amizade. A primeira foi a que mais me pegou, porque sim, sabia que o Makoto tinha problemas em casa relacionados a ele ser crossdresser e ter que esconder isso, mantendo a prática apenas dentro da escola. É muito brutal como isso acontece com ele desde muito novo e antes de ter uma compreensão de mundo. Eu falo que são “pequenas violências”, porque elas não acontecem de uma forma escancarada. Não é alguém te batendo ou gritando com você. É um campo mais simbólico e sutil, e que no entanto, faz toda diferença.

Se você é LGBT+, desde muito cedo você é posto nesse campo de “estranho” antes mesmo de ter consciência de qualquer coisa. Por ser muito afeminado, desde muito novo eu sofri bullying na escola e sem entender o motivo (sabia a razão, mas o porquê daquilo não tinha sentido). Vale o mesmo para dentro de casa com meu pai constantemente me fazendo alvo de comentários muito violentos pelo meu jeito de ser.

O episódio continua a exemplificar essas violências simbólicas como agora no período de férias, o Makoto não pode mais se vestir como garota, o que por si só já é de muita tristeza para ele, mas mais que isso. Ele precisa se moldar de uma forma que não chame atenção dentro de casa. Então a entonação de voz dele muda, o vocabulário também alterar, assim como a maneira de se comportar e até o modo de sentar se moldam. A exemplo da cena em que ele se senta no sofá com as pernas fechadas e precisa deixar mais aberta. Além de ter abdicado de ter qualquer coisa que soe feminino dentro de casa para não deixar a mãe triste e ainda tem a cena da mãe absurdamente contente com a Saki contando que gosta do Makoto e que está torcendo por ela.

Outro aspecto que já tinha comentado no episódio 1 e aqui a obra traz novamente é sobre como o Makoto constantemente está se colocando nesse lugar de ‘pessoa esquisita’. Na verdade, o colocaram nesse lugar por ele não atender o esperado de um homem e ele internalizou isso. Então frequentemente se preocupa com a Saki por achar ele estranho ou mesmo manter certa distância dela para que a mesma não seja vista como esquisita por andar com ele.

São temas pesados quando você para pensar. e daí um dos motivos da minha enorme vontade de chorar, mas que a autora leva com muita leveza e mistura piadas em momentos chaves colocados muito sabiamente. Eu gosto do tom mais leve que a obra dá, porque para quem entende ou já viveu e vive aquilo, já é um soco e tanto. E a forma como é feito, deixa tanto a crítica muito válida, como a autora não pesa o clima, o que acho que não é a intenção dela deixar a obra neste momento.

Agora o outro pilar do episódio é justamente a parte mais alegre que foca no quão bonita é a amizade entre esses três. Os três começam a sair juntos durante as férias e depois de alguns encontros, a Saki dá a ideia do Makoto comprar um vestido presencialmente em alguma loja para uma festa que terá na escola posteriormente e que ele vá vestido de garota para não tornar o ambiente estranho dentro da loja. O Ryuji apoia a ideia e o deixa mais confortável com a ideia, o convencendo a ir. É absolutamente adorável quando o Makoto fica contente quando um cara o acha ser uma garota. Não é que ele não se identifique com o gênero masculino, mas a prática de crossdressing também, em partes, envolve a identificação (visual) da figura feminina.

O dia passa perfeitamente entre os 3 com eles se divertindo tremendamente, principalmente o Makoto que tem essa impressão de liberdade, coisa que não dá para ter completamente dentro da escola. É emocionante ver o quão envolvido e feliz ele está durante o dia, porque no fim, ter essa sensação de liberdade para ser quem é, sem se importar com ter alguém que o conheça por perto, é deliciosa.

“Senpai wa Otokonoko” poderia ser simplesmente uma obra sobre três amigos, sem o interesse romântico, que ela ainda seria perfeita. É um laço que há entre eles lindo. O Ryuji e o Makoto são amigos de longa data e embora a Saki tenha acabado de chegar, já ocupa um lugar muito forte entre os dois. Não só com o Makoto, seu interesse amoroso, como com o Ryuji também, o que acho bem legal da autora colocar. A autora não cria uma inimizade entre eles pelo interesse romântico comum (embora o Ryuji custe a assumir), muito pelo contrário, e utiliza disso para fortalecer a amizade. É muito bonito.

No campo dos amores, a Saki segue bem resolvida com o que sente. Deram um pouco mais de espaço para os gays panics do Ryuji que ainda não sabe lidar e aceitar que gosta do Makoto. Um dia ele chega lá (só espero que não tarde).

O episódio termina com um gancho com o Makoto chegando em casa e a mãe dele perguntando sobre a toalhinha rosa que estava escondida na cama dele. Provavelmente vem mais drama aí (e mais choro meu). Acredito que vamos ver o que aconteceu com o Makoto no Ensino Fundamental II. Ansioso e com o coração na mão!

Se leram esse post até aqui e ainda não conhecem a obra, por favor, assistam (ou leiam)! É um dos melhores animes da Temporada de Verão de 2024 e é o meu favorito. Vale a pena dar uma olhada! ^^

Eles são muito palhaços hahahahaha

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