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O encontro entre uma garota que gosta de comer monstros e um rapaz que adora matá-los.

Seguindo com os comentários das estreias dos animes da Temporada de Outono, vamos hoje com o “Akujiki Reijou to Kyouketsu Koushaku” outra obra que adapta um material Shoujo e que assim… poderia ter sido melhor se tivesse uma direção mais consistente.

Sinopse: “Qualquer dama nobre que se preze deve cultivar gostos refinados, e a iguaria preferida de Lady Melphiera são… monstros! Infelizmente, a sociedade desaprova tais desejos pouco femininos e a rotula de ‘Vilã Voraz’. Em um banquete, ela é atacada por um monstro, apenas para ser salva pelo temido ‘Duque Louco por Sangue’. Ele é brutal, misterioso e charmoso. Seria ele quem apreciaria seu apetite monstruoso?”


Temos aqui a história de uma nobre que tem um prazer enorme em provar a carne dos monstros que vivem naquele mundo, o que causa a repulsa da maior parte das pessoas, ao ponto da nossa querida Melphiera ser chamada de “vilã” (ou “Donzela Devoradora de Monstros”) e não ter encontrado uma só pessoa que compartilhe do seu gosto, ou que ao menos não a despreze por isso. A situação é tão crítica que ela afasta qualquer pretendente, o que não aparenta ser uma preocupação para ela, mas que incomoda seus pais. Na outra ponta, no entanto, temos o Aristide, que é um duque que, vejam só, é sedento pelo ato de matar os monstros que a Melphiera tanto gosta de comer. É a partir do encontro desses dois que um relacionamento começa…

Essa sinopse é basicamente o que acontece durante o episódio 1. O que vemos nele é toda uma apresentação da protagonista e seus gostos, a maneira como as pessoas desdenham (ou mesmo, a desprezam) por ter gostos digamos… exóticos, além do encontro dela com o Aristide, que vai ser seu par romântico. O que vai levar ao encontro dos dois é que, durante uma festa em um jardim, uma das criaturas que são chamadas de monstro aparece e causa uma enorme confusão e destruição, seguido do Aristide aparecendo para matar a criatura. Essa confusão dura menos de 10 minutos, sendo que o restante do episódio é focado em conversas entre os dois personagens.

Nessas conversas, aproveita-se para estabelecer algumas questões do mundo como a magia, poções de cura, venenos e hábitos das criaturas, sobre como é feito o preparo de certas criaturas, já que algumas delas precisam ser “tratadas” antes para que não resulte em algum problema de saúde, dentre outras coisas “menores”. É um segmento bem longo que, apesar da direção suuuper monótona, conseguiram segurar a minha atenção (e creio que nem todos vão ter essa mesma impressão).

Algo que estou adorando que nesta temporada, temos mais de um exemplo de material de demografia feminina cujo o texto não é nem um pouco sutil (a exemplo de “Saigo ni Hitotsu” que foi o primeiro anime da temporada que comentamos no blog), o que eu sempre acho muito divertido, pois em geral, as autoras assumem uma posição de exagero na condução delas, então são momentos que não são feitos exatamente para serem levados à sério, e sim, quase como uma galhofa.

A obra tem muito mais potencial do que o anime realmente entrega. O grande problema dele está na direção, feita pelo Mutsumi Takeda (segundo anime dele, o primeiro foi “B-Project: Netsuretsu*Love Call“, em 2023), que é extremamente aguada. Tem diversos momentos que, por ser uma trama meio absurda, a direção poderia ter assumido um tom igualmente mais exagerado (o famoso “deita e rola”), mas acaba ficando tudo contido. Poderia citar como exemplo, o momento que o Aristide diz que vai levar um Rowiremoudrar (uma cabra) e que poderia ser mais exagerado ou ter uma outra apresentação no tom da piada para ficar mais divertido. A comédia é diluída de tal forma que em muitas cenas, o máximo que consegui foi esboçar um sorriso.

A direção fraca acaba atrapalhando até mesmo o casal, que pode soar só sem graça (ou um pouco sem sal). A mim pelo menos, gosto deles e vejo potencial. Gosto de personagens com essa bravata de rígidos, fortes e um tanto distantes e frios, mas que na verdade, são fofos quando você sabe se aproximar. E achei a cena final do episódio, com a protagonista emotiva por finalmente ter encontrado alguém que não só não a julga, como compartilha do mesmo interesse e que tem interesse em descobrir mais sobre o tipo de culinária que ela tanto gosta.

O Asahi Productions (Teogonia; Mahou Shoujo ni Akogarete) é um estúdio limitado e muitas vezes, limitações acabam interferindo na entrega final do material. Mas aqui, a animação se sustenta ao menos para manter os designs decentes. E mesmo que as limitações fossem um problema maior, uma direção criativa ajudaria a contornar elas. O problema acaba sendo a direção que é muito chapada, sem camadas ou volumes. O @rubnesio comentou comigo que os episódios seguintes dão uma melhorada, então é ver e torcer pelo melhor…

Dito tudo isso, eu recomendo o anime? Olha, eu acho que vale dar uma olhada, nem que de forma despretensiosa. Talvez, não esperando muita coisa, que acabe tendo um sabor (rs) melhor do que realmente é.