Um bom episódio e ótimo para refletir.
Mais uma semana de “Yesterday wo Utatte”. O anime de fato voltou a caminhar nos trilhos e tivemos um ótimo episódio (sem muita participação do Rou XD), fluindo muito bem e nos proporcionando a possibilidade refletir sobre as escolhas/ações dos personagens.
RUB – Alê, agora entramos na parte da história no que chamo de “indecisões”. Como eu li o mangá, esse arco que começou no episódio passado vai trabalhar muito com o medo dos protagonistas. Me chamou a atenção esse aspecto durante a minha leitura, já que todos os quatros não evoluem muito seus relacionamentos e desejos, porém a cada avanço na suas vidas, mais dúvidas aparecem para atrasa-los. A professora já demonstra a insegurança de forma mais acentuada. Ela convida o Rikuo para subir, demora um tempão para pegar a chave e se arrepende logo depois. A própria confirma que agiu pro impulso no primeiro momento e que desistiu da ideia por não ter certeza o que ela sente pelo protagonista. E do outro lado a mesma coisa. O Rikuo mantém uma distância “segura”, porém ele próprio criou barreiras invisíveis para, digamos, progredir o relacionamento que tenta com a Shinako. Os dois ficam nisso de pensar sempre no próximo e priorizar o que outro pensa, que ficam nesse impasse de: “O que ele vai pensar de mim?” ou “Estou agindo certo entrando na casa dela?”. São coisas de intimidade banais para o ocidente, porém são importantes para a cultura de lá. O relacionamento dos dois está sendo pautado pelo receio que eles tem sobre pensar demais no outro, não levando a lugar algum.
ALEX – A dúvida que ficou no episódio passado se ela conseguiria fazer algo e olhar para frente. No fim das contas, ela não conseguiu dar um passo, ainda. Eu acho que entendo um pouco a situação do Rikuo naquele momento, mas ao mesmo tempo eu fico pensando que fica faltando iniciativa. Relacionamentos (sejam românticos ou não) são complicados. Há sempre um limite que você deve respeitar e pegando aquela situação de forma isolada, acho que faria o mesmo por estar respeitando o espaço dela. Mas ao mesmo tempo, falta iniciativa por falta do Rikuo. A própria Shinako falou que gostaria que ele tomasse iniciativa e fosse mais incisivo. Mas ele não faz. Não é para fazer como o Rou e ficar forçando a Shinako, ou cobrando ela, mas ser mais persistente nas situações. E como os amigos de ambos disseram, eles perderam uma chance de ouro para melhorar o relacionamento deles. E por falar neles, a outra professora virou mesmo amiga da Shinako. Uma companheira de desabafo e de bebida. Ao menos algum avanço ela deu. Se lá no começo ela ficava toda desconfortável perto dela e dos outros colegas, agora consigo ver uma amizade ali (parte disso deve ter sido por a professora respeitar o espaço e dar tempo para a Shinako se habituar). E aproveitando, tem uma fala que eu adorei da Morita, que ela diz: “Será que é porque você o compara com o seu ex-namorado? (…) Além disso, você deve estar romantizando essas memórias”. Tem dois pontos nessa fala que eu adorei. A primeira meio que comprova o que eu pensava que a Shinako enxergava o Yu no Rikuo, assim como ela faz com o Rou. E a segunda e mais importante é sobre a romantização das memórias. Eu não sei muito sobre o assunto, mas dias atrás eu li um BL que tratava um pouco desse assunto. Ele mostrava que o cérebro do personagem distorcia algumas das memórias dele para parecerem mais felizes ou tristes, ou até tornar memórias boas em ruins dependendo da situação. Gostei disso porque me faz pensar que as memórias da Shinako não são tão boas assim, mas o cérebro dela faz parecer que eram. Porque nós não sabemos ao certo como foi, ainda mais que vemos os flashbacks maioritariamente pela visão da Shinako. E eu adorei o amigo do Rikuo. Ele e a esposa dele são muito carismáticos. Tiveram pouco tempo de tela, mas simpatizei bastante com eles, principalmente porque a dinâmica dos dois era agradável.
RUB – Essa questão de perspectiva é sempre importante. Como a Shinako teve todo seu primeiro relacionamento na sua infância/adolescência, sua experiência com coisas amorosas são mínimas. Ela admite que não se relacionou com ninguém depois da morte do primeiro amor. Por isso que a outra professora fala que a Shinako está romantizando DEMAIS uma coisa que pode não ter sido TÃO BOM assim. Até mesmo os flashbacks mostram ela cuidando do enfermo o tempo todo. Eram pouco momentos felizes realmente. Eram boa parte do tempo dela sentada do lado da cama do cara, fazendo companhia apenas. Querendo ou não, a situação não é algo FELIZ. Foram só responsabilidades no colo dela e a Shinako aceitando. E a outra professora vai ser uma segunda opinião excelente, até para ensinar a Shinako a como se comportar com esse furacão de sentimentos que está passando. Só que quem se fudeu mais foi a Haru. Primeiro porque o Rikuo mudou para um emprego mais estável e sua vida ficou mais atarefada. Aqueles momentos de folga vão ficar bem mais escassos. E segundo, como sua presença no cotidiano dele vai ficar menos frequente, a Haru já começou a ter seu ‘espaço’ invadido pela professora. Ela já está se contentando com o pouco que resta como ter a possibilidade de apenas caminhar com ele. Bem pouco para uma guria que desvia do seu caminho para casa, apenas para ver o cara na saída de madrugada do seu trampo. Um esforço que não está saindo como esperado por ela.
ALEX – SIM! Eu lembro até que no episódio passado, a Shinako diz que se lembra do braço do Yu sendo perfurado por uma agulha e que ela ficava observando, algo assim. E é muito interessante porque realmente ela não se relacionou com outras pessoas, então a construção dela de “felicidade” são os momentos que ela ficava com o Yu, que para ela, são momentos felizes, mas quem observa de fora, vê que os momentos realmente felizes eram poucos. Por exemplo o dia do festival, ela tem uma lembrança daquilo, mas quando nós vimos na memória do Rou, ela deixou de se divertir para cuidar do Yu. A Morita até diz para ela só sair com o Rikuo, para deixar as coisas fluírem. Mas o tempo dela parou quando o Yu morreu. A concepção dela de momentos felizes são aqueles com ele e a morte do Yu impede que ela siga em frente. E uma pergunta: a Shinako namorava com o Yu? Ou não era algo “oficial”? Porque se não for, isso me lembra muito “Given”. A relação do Mafuyu com o “Yuki” era algo que não “oficial”. O Mafuyu até pergunta se eles são namorados e o Yuki responde que era melhor do jeito de que eles estavam… No fim das contas, o Mafuyu também ficou atado ao Yuki e não conseguiu seguir em frente… Vou parar de falar de Given, se não eu vou me estender DEMAIS XD. Eu fiquei com dó da Haruzinha, coitada. Os momentos dela com o Rikuo já tinham sido reduzidos por causa do trabalho fixo. A Shinako começa a ter uma presença maior ali e “disputa” esse tempo que o cara tem e no final, o Rikuo ainda “dispensa” a Haru… É foda :'(. Eu acho muito legal dela não achar ruim de fato passar menos tempo com ele, porque ele está se esforçando para seguir a carreira e ela fica feliz. Tanto que em uma das cenas, ela vê ele todo ocupado, trabalhando e solta um sorrisão. E ainda no final, ela provavelmente saiu chorando dali. Porra Rikuo! Mas uma coisa que eu tenho que elogiar no Rikuo é a disposição dele para andar, porque porra… ele vai para cima e para baixo, acompanha a Haru até em casa, faz isso de novo com a Shinako… Eita disposição hein!? Haha.
RUB – Com relação a pergunta, a Shinako tinha um relacionamento oficial porque a família do Kou tinha conhecimento sim, já que o pai do Yu conversa de uma maneira com a Shinako que a considera como antiga namorada do filho. Agora em relação a viverem juntos, não era possível porque eles era menores de idade. Ele morreu antes de terminar o ensino médio. Não tinha como eles terem um relacionamento mais profundo. Foi mais um romance juvenil que aconteceu ali. E quanto ao Rikuo, ele fez uma escolha. Tanto que o próprio sabia que estava negligenciando o tratamento com a Haru, que tinha receio de magoar a guria. Chegou a inventar uma desculpa, que não era para ficar preocupado com ele e que cada vez mais seria impossível de se encontrar. Claramente foi uma desculpa para um fora, já que ele não estava contente em ver que ela estava se esforçando tanto para que algo aconteça, e ele só estava ‘assistindo’ o que acontecia para o relacionamento dos dois. Agora fica a dúvida: Rikuo está dispensando a Haru porque não aguentou ver o IMENSO esforço que a guria fazia para conquistar seu coração, ou que agora preferiu tentar ver se o relacionamento da professora funciona, já que os dois estão dando sinais que estão abertos para um namoro? O protagonista parece confuso porque não sente firmeza que com seu grande amor irá funcionar, porém não quer que a outra sofra ou que fique aguardando muito tempo sobre algo que nem pode acontecer. Novamente voltamos para a questão que eles PENSAM DEMAIS no outro. Pensam tanto, que ninguém toma um passo adiante. A única que pode ser dita como a mais adiantada é a Haru, porém a diferença entre eles não é tão grande assim nesse quesito.
ALEX – Hummm… Então não é semelhante ao caso do Mafuyu com o Yuki… Voltando ao Rikuo, ele até chega a comentar com o amigo da loja de conveniência que anda tentando focar no trabalho, por isso não tem falado com ela. Mas eu vejo que ele só está querendo evitar ter que se encontrar com a Haru, tanto que chega no final do episódio e temos a cena fatídica dele querendo por um “basta” ali para afastar ela… E sobre a sua dúvida, eu acho que tem um pouco de ambas as questões aqui. Ele tem noção do esforço dela, que é insistente e tudo mais. Talvez ele não ache que vá da em algum lugar. Mas também temos a questão da Shinako porque eu também não acho que ele acredite que vá dá certo com a Shinako por ela estar sempre com um pé atrás. Ele fica nesse meio, que ele não vai nem para um lado, nem para o outro. Nisso, acho que ele quis “acabar” com um dos lados para evitar um dano maior e no caso de não der certo com a Shinako, ele não machuca mais a Haru com a situação. Mas aí entra a questão de que ele também não toma iniciativa. A Haru diz que quando ele coloca algo na cabeça, ele vai até o fim. Mas com o relacionamento dele com uma das duas, está sempre atrás e sempre exitando em dar um passo à diante. E ele tem um problema sério com desviar o olhar. Não consegue encarar ninguém. Sempre que alguém se refere ou olha para ele, foca para o lado. Antes de falar alguma coisa, ele desvia olhar. Sempre tentando fugir dos olhares das pessoas. Acredito que isso se relacione com ele estar sempre exitante em tomar alguma iniciativa.
RUB – Essa parada de olhar para o lado é bem comum, em especial para pessoas mais tímidas. Já conheci muitos casos de pessoas que quando fixam o olhar em alguém perdem parte de sua eloquência em se expressar. Já conheci diversas pessoas que falam muito bem, porém fixam sua atenção a um objeto ou local em vez de ver os olhos das outras pessoas. Ou como é o meu caso que não consigo ficar focado em um ponto fixo. Os meus olhos não param um segundo e olho em tudo a minha volta enquanto converso com alguém. Olho para a pessoa, olho para pessoa atrás, olho para a mesa de escritório, olho para o computador, depois para a janela, olho de volta para a pessoa que estou conversando…tudo isso em questão de segundos. Parte disso vem da minha falta de atenção. Percebi que faço isso mais como forma automática (ou tique). Como eu tive um problema grande de dicção durante os primeiros anos de vida, noto que me concentro demais em falar, expressar e ser entendível, que acabo perdendo noção para onde estou olhando. É como tivesse uma tela preta e eu só concentrasse na conversa. Os demais movimentos meus são reflexos do meu corpo. Por isso que quando estou fazendo alguma coisa que exige minha atenção, eu acabo me desligando do mundo. Problemas de atenção e hiperfoco são coisas que eu tenho que conviver diariamente. Não estou dizendo que é o caso do Rikuo que claramente é um sinal de tentativa de fuga dele por assuntos mais delicados, mas o desviar de olhar podem ser outras coisas um tanto mais complexas que se imagina. E não é a primeira vez que o Rikuo age dessa forma. Quando ele se declarou para a Shinako, quando ele deu o bolo na Haru, quando a ex dele foi morar com provisoriamente em sua apartamento…todas as cenas mostravam que ele frequentemente olhava para o lado. Diga-se de passagem, a direção aqui está de parabéns, porque nos pequenos gestos evidenciou esse medo dele de encarar seus problemas, olhando para outra coisa. E o Rikuo faz muito isso também quando entra no estado pensativo, procurando respostas ou quando está perdido. Os animadores e a produção fizeram um puta trabalho nessa diferenciação de olhares do protagonista.
ALEX – Sim. Da minha parte, eu tenho problemas com palco. Não consigo olhar para a plateia. Me dá um nervoso dos infernos ter olhares focando em mim. Fico nervoso e começo a me perder no que quero falar. Não olho para a plateia porque só piora, então eu faço como você (em um sentido diferente). Olho para cima, para o lado, para baixo etc., tanto que eu mal consigo olhar para frente. Eu tenho uma tendência a estar sempre olhando para baixo, independente do local, ou da quantidade pessoas. Eu geralmente olho para baixo tem a ver com meu medo de palco. Na rua me dá a sensação de que pessoas estão me encarando. Em locais fechados é a mesma coisa. Em ônibus por exemplo, ou eu fico olhando pro chão, ou para a janela. Preciso focar em algum canto para esquecer um pouco essa sensação. Enfim, adoro como a direção mostra isso. É um trabalho constante na animação, e o anime consegue passar muito bem o que os personagens sentem pelas suas expressões faciais. Tanto que o anime trabalha muito com closes nos olhos, em partes do rosto em si, sempre tentando nos falar algo sem ser verbalizado. As cenas que mais gosto no anime são aquelas silenciosas, que a animação fala por si só. Eu amo isso!!! Uma cena que gosto nesse episódio é quando a Shinako está conversando com o Rikuo e ela replica a fala da Haru, porque quando a Shinako fala, os gestos são semelhantes aos da Haru e ela quase fala que foi ela que disse isso. Mas ela pensa “Por que eu quase disse que foi a Haru quem disse aquilo?”. É como se ela estivesse ajudando a “inimiga”.
RUB – E Haru também está modificando lentamente a mentalidade da Shinako. E bem, gostaria de finalizar só destacando a pouca participação do Rou e como ele não faz falta nesse roteiro XP. Falando sério, o anime vai focar ainda mais nos receios dos três e nos desencontros entre esse trio amoroso. Particularmente, foi do meu agrado no original, porém será que o anime vai conseguir se manter no mesmo nível? Já tivemos inconstâncias antes e só torço para que entreguem algo decente no mínimo e não repitam os erros do episódio 4 por exemplo, ou atrapalhar o ritmo narrativo da obra.
ALEX – Parece que o próximo episódio vai trabalhar mais o Rou. Ah sim, eu gostei bastante da ED nova. Não assisto geralmente por achar a maioria ruim, mas acabei vendo ela ontem. Gostei de ser um arcade e a Haru ser a personagem jogável. Ela começa ganhando o joguinho, mas no final, ela chega numa parte com o Rikuo e a Shinako juntos e perde a vida no final. Acho que reflete um pouco o que aconteceu nesse episódio e o que virá no futuro (?). Estou interessado, mas ainda receoso. Vamos ver se não cometem algum tropeço no caminho…