Leve, divertido, relaxante e ainda tem algo para nos ensinar ^^.

Leve, divertido, relaxante e ainda tem algo para nos ensinar ^^.

“Uchi Tama?! Uchi no Tama Shirimasen ka?” foi um anime que eu “apostei errado” rs. Isso porquê os estúdios responsáveis pela animação são a MAPPA e a Lapin Track. Quem é atento aos nomes dos estúdios responsáveis pelas animações dos animes, deve lembrar que essa dupla foi quem animou o “show” maravilhoso do ano passado intitulado “Sarazanmai”. E por essa dupla estar à cargo do anime, somado ao fato de que este seria transmitido no bloco NoitaminA (o bloco é conhecido por geralmente exibir animações de “calibre mais alto”, sendo eles mais sérios e com temáticas para um público com certa maturidade), criei na minha cabeça que o anime seria “”pesado””, com uma trama profunda e que aquela ambientação fofinha era só um disfarce… Acabou que eu quebrei a cara, pois o anime (quase) não tinha nada disso e, era um anime fofo e gostoso de assistir. MAS, “Uchi Tama?!” conseguiu ir além dessa camada fofa e nos contar, de maneira sutil, algumas coisas sobre relacionamentos humanos. Então, falemos mais do anime :).

Sinopse: “Em uma cidade em algum lugar do Japão, alguém colocou cartazes na Rua 3, com uma foto de um gato de rabo malhado e os dizeres: “Você viu o meu Tama?” Um jovem garoto observa o panfleto, mas espera – ele tem orelhas de gato na cabeça?! Acompanhe as desventuras em série dos gatos e cachorros da Rua 3, agora em forma humana! Venha dar uma espiadinha no incrível dia a dia de Tama e seus amigos.”


Apesar de eu ter dito que o anime foi como eu esperava, não vejam isso como algo ruim, afinal, isso foi uma ilusão que eu criei sozinho. E “Uchi Tama?!” se sai muito bem no que ele é e faz, sendo um slice of life (vida cotidiana), com comédia e contendo alguns toques de drama, gostoso de assistir.

O anime segue uma construção de contar de 2 até 4 histórias dentro de um episódio. Salvo engano, apenas o episódio 8 que conta uma única história (melhor episódio, vale dizer). Se ao ler a frase anterior e você estiver pensando em assistir os episódios de forma aleatória, calma lá! (sempre tem alguém que pensa assim, então não custa nada dizer -\_ ° ° _/-). De forma geral, o anime é episódico, mas algumas das histórias apresentadas seguem certa linearidade, outras você precisa ter tido um contato maior com os personagens para se importar com o que está sendo contado. Então, assista os episódios na ordem certinha, isto é, se eu conseguir te convencer a assisti-lo.

Falando dessa estrutura de contar diversas histórias durante o episódio, gosto de como elas são bem ecléticas. Variam bastante sendo algumas voltadas para a vida cotidiana dos personagens, outras são mais “aleatórias” (tipo versos de rap do nada haha) e de algo mais simples ou até coisas sobrenaturais. É muito bom. Te faz ficar interessado no que está sendo passado e não apostam sempre no mesmo tipo de história. Então, além de diversificado, deixa tudo mais interessante para quem assiste. Um exemplo simples aqui é quando em um dos episódios, o personagem Gon, quebra a quarta parede e fica conversando conosco, nos falando do seu dia a dia e de seus amigos. Um outro exemplo, é um quiz feito e da mesma forma que ele começa do nada, ele termina repentinamente. A pergunta não é respondida e encerra daquela forma, mas funciona. As situações que os personagens se envolvem, por mais absurdas que sejam, funcionam porque o anime não se prende a realidade e é por ele não se prender, que ele consegue criar essas diversas circunstâncias, sendo algumas muito engraçadas haha.

Outro aspecto legal do anime é a forma que ele trabalha com perspectiva, tanto na parte visual, quanto na relação humano x animal. Na parte visual, enquanto há humanos na cena, nos vemos os animais como eles são rs. Mas no momento que os humanos saem do quadro, os animais ganham “corpos” e essas formas já trazem algo legal que é o character design. Pegam tanto aspectos físicos (a pelagem, por exemplo), como traços de suas personalidades para compor a aparência humana. Vale ressaltar que, os animais não se transformam em humanos. Nós é que observamos eles como humanos, para tornar certas atitudes e ações palpáveis.

Já na relação humano x animal, em algumas histórias que o anime apresenta, ele nos proporciona visões diferentes de uma mesma situação. Em um momento vemos as coisas pelo ponto de vista dos animais, em outro vemos pelo dos humanos. Uma das histórias em que acontece, se passa nos episódios finais e, basicamente, o que se passa ali, são os animais conversando sobre coisas que os humanos fazem e que para eles é esquisito. O que eles vêem/consideram bizarro, para nós que estamos assistindo, são ações tidas como normais. E quando os humanos da obra aparecem ali e vêem eles todos reunidos, os humanos acham estranho. Isso me faz lembrar de “Doukyonin wa Hiza, Tokidoki, Atama no Ue.” (também conhecido por “My Roommate Is a Cat.”), que trabalha bem com essa questão da perspectiva. Só que lá, o uso disso é recorrente (o episódio é dividido em duas partes, uma sendo vista pelo humano, enquanto a outra é na visão da gata), em “Uchi Tama?!” é algo bem mais esporádico e de forma isolada.


Falando dos seus personagens, eles são bons, dentro do que o anime se propõe. Eles são bem diferentes entre si e ajuda a simpatizar com o elenco. Apesar de serem estereotipados, não se tem um exagero disso, ou não é como se o personagem fosse só o seu estereótipo. Por exemplo, o Tama vive se perdendo, o Beh é lerdo, a Momo é a idol do grupo e assim vai. Mas eles não vivem só dessa única característica. Eles se moldam de acordo com a situação diante, não perdem a essência, mas mudam a depender da circunstância. Até o Bull que é o que mais carrega o clichê dele, muda dependendo do problema. Inclusive, o personagem tem uma história muito bonita na reta final do anime. Isso é ótimo. Traz profundidade, camadas a eles.


A sutileza que me referi lá no comecinho do post, é que “Uchi Tama?! Uchi no Tama Shirimasen ka?” nos fala sobre os diferentes tipos de relacionamentos entre as pessoas, e a forma que o anime apresenta, trabalha e normaliza esses relacionamentos é maravilhoso, o que me fez gostar da obra mais ainda ^^.

Por exemplo, em um dos episódios, o Tora encontra uma garota em uma casa abandonada. Começam a interagir durante um curto período e ele acaba se apaixonando por ela. No final da história, descobrimos que ela não era uma gata e sim, um outro animal. O Tama e o Pochi se perguntam se ela era uma gata. Nisso, o Gon responde que quando se trata de amor, isso não importa. Ao meu ver, o que o anime nos diz, o que a pessoa é não importa, desde que elas se amém, não há problema algum.

E mais para frente, em outra situação, o Bull se apaixona por um gato, o Kai, que ele acreditava ser macho. Porém, outros personagens acreditavam que a personagem fosse fêmea, então o Beh diz que essa questão não importa. Eu acho maravilhoso, porque ele te joga questões como: “Isso realmente importa?”, “O gênero importa quando você se apaixona por UMA PESSOA? Afinal, você se apaixonou pelo que a pessoa é, não pelo gênero dela…”. Adorei e MUITO! E é como disseram “O Kai é o Kai”, independente de ser ele ou ela. Eu acho que é exatamente por isso que não deixam claro qual o gênero da personagem. E até mesmo se fosse “ela” de fato, não importaria para o Bull, porque deixa claro que ele se apaixonou enquanto acreditava que a personagem fosse macho… Ai como eu amo esses detalhes que me fizeram AMAR ainda mais o anime ^^.


Em aspectos técnicos, a produção é muito consistente durante todo o anime. Não há quadros tortos, ou pelo menos não vi/percebi. E eu tenho quase certeza que quem carregou essa produção nas costas foi a Lapin Track. A MAPPA está uma bagunça atualmente, atolada de projetos, sempre tendo pelo menos um anime por temporada (nessa temporada eles ainda estão à cargo de “Dorohedoro”). Desde que o fundador do estúdio saiu de lá para fundar outro estúdio (pensa em um homem que adora abrir estúdios…) está nessa confusão. A Lapin Track têm sete funcionários, mas está muito mais organizada e eu não duvido NADA boa parte da produção do anime ter sido feita por eles. Em “Sarazanmai” por exemplo, eles foram encarregados de boa parte da produção do anime.

Ainda falando da produção, eu dou destaque para a ambientação do anime. Ela é toda delicada em tons mais foscos, cores mais leves, tudo feito para combinar com o clima mais leve e relaxante do anime. Essa temporada foi simplesmente agraciada por conter diversos animes com trabalhos artísticos ma-ra-vi-lho-sos! “Uchi Tama?!” é com toda certeza um desses animes :).


Vale dizer que este não é um anime que indico para todo mundo. Se você gosta de slice of life (vida cotidiana), com comédia e toques de drama (essencial), ou até mesmo se você gosta de ver animais fofinhos vivendo, interagindo e aprendendo por aí, “Uchi Tama?!” pode ser uma boa pedida. Mas se você só gosta de animes movimentados, com cenas de ação, tramas profundas e/ou super elaboradas, este talvez não seja um anime para você. De toda forma, se você compreende o que o anime se propõe e estiver disposto a dar uma chance, eu super recomendo o anime :).

Por fim, adorei “Uchi Tama?! Uchi no Tama Shirimasen ka?” em sua essência. Todavia, um adendo: NÃO maratone o anime! Sinto que eu poderia ter aproveitado ainda mais o anime se eu não tivesse assistido boa parte de seus episódio de uma vez. Em um dos dias que eu estava assistindo ao anime, eu quase dormi enquanto o fazia. Não por ser chato, mas sim por não ser a maneira ideal de se assistir a animação. Então, assista um episódio diariamente, no máximo dois episódios por dia. Aproveite o período de quarentena (FIQUEM EM CASA se possível!!!) e relaxe enquanto assiste ^^.

O anime também tem ótimas sacadas de fotografia :).

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