Tem aparência de Madoka, cheira a Madoka, tem o gosto de Madoka, mas não é Madoka Mágica.

Tem aparência de Madoka, cheira a Madoka, tem o gosto de Madoka, mas não é Madoka Mágica.

SINOPSE: Iroha é uma garota mágica, porém não lembra do seu desejo em troca de ganhar seus poderes para defender a cidade. Em um certo momento, ela fica com a sensação de estar esquecendo de alguém. Quem seria essa pessoa? Por que ela não lembra o que aconteceu? Será que as memórias de todos foram alteradas? Na busca de respostas, Iroha decide investigar os estranhos casos de novos “tipos” de bruxa (boatos) e como essas situações estão correlacionadas com sua amnesia.

Parecia que ia bem

Olá pessoal! Estou aqui novamente para mais uma review de um anime da temporada de janeiro de 2020. Vocês leitores devem estar estranhando porque eu estou escrevendo esse texto, sendo que foi o João que escreveu os comentários semanais aqui no blog. Por motivos externos e de muitos compromissos pessoais, o João não terá tempo para fazer essa resenha, assim assumirei a responsabilidade de produzir esse post. Porém já alerto para um detalhe. Diferente do João que é MEGA fã da franquia, eu posso dizer que sou considerado como um fã entusiasta de Madoka, mas de forma bem contida. Estou fazendo essa colocação mais para situar as pessoas que esperam que essa redação seja similar aos dos textos semanais, pois irão divergir um bocado entre eles, porque o meu foco é falar de tudo do que eu não gostei de Magia Record: Mahou Shoujo Madoka Magica Gaiden.

Essa review irá parecer que eu não gosto de Madoka, sendo que é totalmente o oposto. Eu adoro o primeiro anime de Madoka e a trilogia de filmes lançados posteriormente (até já comentei no post de Psycho-Pass que foi a única obra que Gen Urobuchi acertou realmente). Foi do meu apreço de como contaram uma história sobre o peso de suas escolhas e como afetará a todos ao seu redor. Nem preciso comentar sobre a MARAVILHOSA direção do Shinbo em realçar/destacar diversos momentos com um ritmo metafórico e expansivo para os sentimentos das personagens que participam do núcleo principal. Toda a animação e a parte artística está em prol de evidenciar os estados emocionais das cinco garotas mágicas com sua fotografia e desenhos abstratos remetendo a desejos primitivos/reprimidos por quem se transformou em bruxa, e das “Garotas Mágicas” que caíram em decadência/corrompidas. Até do terceiro filme que uma parte da galera não curte, eu adorei, porque foi uma expansão de mundo em cima de uma personagem pouco explorada no anime original. E tudo é perfeitamente encaixado. Desde da sua trilha sonora maravilhosa, para um roteiro redondinho, trabalhando em prol de aumentar o máximo da experiência de quem viu o anime. ENTRETANTO, Magia Record ao tentar abordar um novo segmento e expandir esse universo, não conseguiu obter êxito nos atributos que o primeiro anime acertou perfeitamente durante a sua exibição.

Colocar mais coisas, não é sinônimo de sucesso

O meu problema com essa primeira temporada de Magia Record foi seu elenco inflado. No primeiro anime, o grupo enxuto de cinco Garotas Mágicas, dava uma tranquilidade para o roteiro cadenciar melhor o tempo de desenvolvimento das personagens, ao mesmo tempo em que constroem uma narrativa chamativa para atrair sua atenção e empatia com os acontecimentos voltados para elas. Uma história que equilibra e dar o devido espaço para cada uma das cinco das protagonistas. Aqui em Magia Record, é uma bagunça gigantesca quanto ao foco e ao que querem contar nessa adaptação.

Existe uma linha principal que é a busca da Iroha pela pessoa que acredita estar desaparecida da sua vida. Porém temos arcos paralelos aos montes a cada episódio, e que diversos momentos esqueci que a Iroha está nessa missão de descobrir a verdade. Na real, o próprio roteiro esquece que ela está aflita com o sumiço desse parente TÃO IMPORTANTE. É a lenda da escada, é a seita oculta, é fanservice com a aparição do elenco antigo, restaurante chinês, problema no templo, solidão eterna…tudo tira a tua atenção para, na teoria, o problema principal da Iroha. Nem a personagem reflete a sua devida preocupação que deveria sentir pela situação estranha do desaparecimento TOTAL de seu parente direto. O peso dramático é diluído e eu não tenho noção da dimensão do quão aflita a Iroha devia estar para sua situação. Aí vem um outro problema que é a ENXURRADA DE PERSONAGENS.

Entendo que a Magia Record vem de um jogo de celular e lá, (até para agradar todos os tipos de otakus) foram criados DAS MAIS VARIADAS PERSONAGENS FEMININAS em busca de agradar todo mundo. Porém o que era para ser “SECRETO”, mais pareceu uma CONVENÇÃO ANUAL DAS GAROTAS MÁGICAS de tantas gurias buchas de canhão que eram inseridos à moda caralha no roteiro. Não dá para entender porque eles não ‘enxugaram’ essas gurias, sendo que a maioria nem tem participação relevante para a narrativa. Só aparecem em um episódio, desaparecem e foram essas suas contribuições. Deixaram inchado algo que poderia ser mais sucinto e coeso. E depois de uma pesquisa rápida, as garotas que eu achei mais irrelevantes, descobri que elas são SUPER POPULARES dentro do game lá no Japão.

Em resumo, elas estão lá para agradar ao público que conhece o jogo de “loteria de cards” de Madoka. O roteiro foi cagado só porque NÃO QUISERAM ADAPTAR as paradas para uma outra mídia. Nem tudo que está nos games funciona para uma outra adaptação audiovisual. Outra parada que não curti foi a inserção das personagens do quinteto original na trama. Boa parte das situações, tanto faz quanto tanto fez elas estarem na história e pouca influência para a história tiveram durante as suas participações. Mais fanservice que podia ser cortado.

Uma outra coisa que não foi do meu agrado é a falta de ritmo narrativo. Com certeza tentaram pegar todas as mecânicas do jogo ali e colocaram de qualquer forma, sem organizar os fatos para as pessoas que nunca jogaram o título como eu. Diversas paradas ficaram gratuitas ou confusas desnecessariamente. Muitos dos novos ‘poderes’ que lembram muito os movimentos de party dentro de um JRPG, só apareciam e foda-se a explicação de como tal personagem tem aquela habilidade que não tinha na luta anterior. Ainda tem o negócio dos “pulos temporais” não lineares.

Já expliquei em outros posts, mas é mais ou menos quando um personagem X que estar em um local como uma casa e no frame seguinte aparece em um esgoto rumo a lutar contra um boss. Por que ela foi para lá? Como chegara ali? Por que já está transformada em garota mágica? Ela não estava conversando com as outras gurias? É defeito no episódio? Problemas na produção? São perguntas que você faz assistindo quando acontecem esses lapsos durante o capítulo. Parece que comprimiram tanto para colocar todo o conteúdo do jogo, que tiveram que sacrificar diversas cenas de ligação entre os eventos que serviriam de contextualização para o espectador. Aí tem a perda do peso dramático em que agora as Mahou Shoujo podem não se transformar em bruxas, diminuindo o senso de perigo que tinha no anime precursor. São esses detalhes que minaram a minha experiência de assistir Magia Record.

Nem as qualidades técnicas chamaram a atenção

Para quem assistiu o primeiro anime, sabe que Madoka é muito conhecido por três fatores quanto a produção. Primeiro é sua qualidade visual autoral e lindíssima. Segundo sua trilha sonora marcante e excelente. Terceiro por seus famosos frames de entortar a cabeça. Em relação a essas viradas de cabeça, CHECK. Agora quanto aos outros dois pontos…hum…não que sejam ruins, porém achei pouco inspirados em um comparativo com a série principal. Todo aquele background com diversos estilos de animação abstratas que tinham correlações aos sentimentos do elenco. No spin-off passou a ser mais superficial, sendo difícil referenciar qual foi a ideia para usarem aquele cenário de lutas ou quais relações com as bruxas com seu estado emocional que deviam ter. Tirando alguns segmentos (como a parte de dentro da solidão eterna), o anime não estabelece vínculos da sua identidade visual com a narrativa.

A trilha sonora também parece uma derivação pior do que a Kaijura compôs para o primeiro anime. Nada foi memorável ou interessante para destacar que tenha me marcado. Talvez porque a produção desse spin-off não é a mesma do original que gerou esse resultado, mas foi perceptível a queda de qualidade técnica. Fez falta a equipe antiga aqui. Estou reclamando disso, porém o anime tem seus momentos bons como a cena da maldição da escada ou quando a Iroha se isola em quarto escuro com sua outra versão. Ainda merecem ser exaltados pelo seu capricho, no entanto é muito pouco para uma obra que tinha mais potencial pelas possibilidades que tinham antes de sua estreia.

Conclusão

Magia Record: Mahou Shoujo Madoka Magica Gaiden (TV) podia ser tão bom quanto seu antecessor, entretanto, dado as diversas situações/limitações, graças as suas escolhas erradas no roteiro, ao fato de não decidirem o que queriam contar, com uma queda perceptiva na sua produção, fazem dessa primeira metade do spin-off ser totalmente mediano em toda sua abordagem, pensando de forma geral. Gostaria de ter adorado mais o anime, porém não consegui. Sendo sincero, só recomendo a assistir o anime se você for MUITO fã de Madoka. Se não for seu caso, fique com o anime original que é mais SAFE.

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