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Depois de assistir tudo, sai satisfeito do resultado em geral.

Depois de assistir tudo, sai satisfeito do resultado em geral.

SINOPSE: 4 garotas estão cursando uma escola de treinamento militar, com o desejo de se tornarem caçadoras no futuro e enfrentarem seres criados das trevas. No entanto, existem pessoas que querem perturbar o equilíbrio do mundo, gerando uma guerra de interesses para quem comanda os poderes da escuridão e da luz naquele universo.

Um começo MUITO DIFÍCIL

Para quem não conhece, Monty Oum era um animador famoso pelos fóruns por fazer clipes utilizando personagens conhecidos em uma animação 3D. Apaixonado por games e animes, ele criou esse projeto de utilizar técnicas de animações japonesas para fazer uma obra totalmente sua, porém utilizando softwares de vetores tridimensionais em vez de desenhos a mão. Todo o escopo era indie, com pouco investimento e uma precariedade em sua produção, precisando recorrer a universitários cursando cursos de modelagem/animação e dubladores iniciantes para participarem do começo desse projeto. Pode parecer impressionante dado o esforço do Monty em colocar sua ideia em ação, mas na prática…

Apesar de tentar evitar dar spoilers nas minhas reviews, aqui comentarei certos acontecimentos (não os twists do roteiro em si, fiquem tranquilos) para utilizar como argumento do que eu gostei e não gostei dessa produção americana. Primeiro de tudo, a animação utilizada vai ser uma barreira a ser superada aqui para quem busca assistir RWBY. Semelhante ao Uncanny Valley, a movimentação travada e robótica das personagens gera uma estranheza logo de cara. Entendo que para baratear o máximo possível, pois a verba era quase nula, eles utilizaram de ferramentas para “industrializar” toda a produção de animar a série. No entanto, É BIZARRO PARA UM CARALHO. Múltiplas vezes, eu ficava mais prestando atenção no quão “não natural” o movimento dos personagens realizava, do que na história por si só. Tinham uns momentos que nem o movimento natural de respirar era colocado nos bonecos (um ragdoll fudido), me tirando total da imersão de estar assistindo um “anime”.

Ainda tem a ausência de efeitos especiais em explosões e cenas de ação, episódios de 3 minutos de duração apenas, dessincronização labial com o movimento desenhado, as dubladoras serem “OVER” em suas atuações, dando total impressão de amadorismo quando as cenas exigiam alguns tons emocionais específicos, a trilha sonora destoante com os momentos de ação, além do roteiro ser MEGA CLICHÊ E ÓBVIO durante as 3 primeiras temporada (ou volumes, como queiram chamar) de RWBY. Pouca coisa era digno de elogio, dado a meta que queria ser batida, com o que era nos entregue como produto. Entendo que é um projeto ambicioso e feito com um pessoal despreparado no início. Mas não posso deixar de comentar esses aspectos, porque existe UM ABISMO daqui em diante para a qualidade da série de forma geral da quarta temporada em diante.

OPA! HOUVE UMA MELHORA AQUI

Não sei se foi a saída do criador original, (Monty morreu durante a produção da terceira e quarta temporada) ou no remanejo da equipe criativa responsável, ou se houve mais investimentos no projeto, porém é nítido a evolução em todos os quesitos técnicos da 4ª temporada para frente. Mudaram os designs das personagens (ficou BEM MELHOR do que as roupas que elas tinham no começo da série que aparentavam ser uns pijamas), a animação ganhou ‘corpo’ com sombras e efeitos melhores encaixados (não gerando mais a estranheza inicial que tive) os movimentos de todos ficaram mais naturais e menos ‘duros’, as dubladoras finalmente estavam atuando suas falas e, principalmente, o roteiro DEU UM SALTO DE QUALIDADE ABSURDO em comparação a narrativa que era contada nas primeiras temporadas (ainda não é aquela coisa maravilhosa, porém, sem dúvidas estar melhor agora).

No começo, todas as informações eram jogadas de formas desconexas, dificultando o entendimento do que caralhos era aquela realidade que as protagonistas estão. Chegou em um momento que as motivações das 4 principais não estava clara para mim e já estava no final da terceira temporada. Não haviam desenvolvimentos dos personagens, como apenas eles só reagiam ao que estava acontecendo. Ocorre uma invasão, as protagonistas iam lutar sem ter ligação direta ou emocional com aquela ocasião. Era uma mistura de Slice o Life com os dois primeiros filmes do Harry Potter, só que mal feito. Para não dizer que não nos foi contado nada, as únicas informações relevantes foram o passado da Blake, junto com o preconceito contra os faunos (muito rapidamente) e a relação da Pyrrha e Jaune. Todo o resto de que seria importante, só é nos entregue nos episódio finais da terceira temporada. Tipo, mais de 30 episódios só temos apresentações de personagens e deles interagindo dentro da escola. SÓ. A partir da quarta temporada, aí sim que o enredo progride e expande seus conceitos. O que eu não entendia, começou a fazer sentido naquele momento. Foram criados motivações e passados para a maioria dos personagens. Intrigas políticas ganhou mais complexidade, não ficando na obviedade. Os conflitos de causa e seus efeitos foram consolidados e é coerente com os eventos em cascata que surgem na trama. AGORA, DE FATO, parece que uma história está sendo contada ali (mesmo não sendo inovadora e tão boa quanto eu gostaria), e finalmente, tem cara de um “anime” sendo feito, como deveria ser desde o começo.

Outra coisa que chama a atenção são as lutas. Mesmo na primeira temporada, posso dizer que as coreografias das cenas de ação SÃO FODAS PARA CARALHO. Não só a porrada de forma isolada, como o conceito das armas de corpo-a-corpo poderem virarem armas de fogo, é irado. Nesses momentos que RWBY brilha realmente. Nem o xodozinho dessa temporada para quem curte lutas, The God of High School, consegue entregar algo semelhante com tamanho dinamismo. Nem falo só da criatividade da luta, como a coreografia e os golpes fazem todo sentido com o que a personagem faz e com o que o oponente também consegue fazer, principalmente por envolver diferentes estilos de artes marciais nos momentos de trocas de golpes. Para os fanáticos de ação, RWBY entrega muito mais que diversos animes por aí conseguem fazer.

Ainda temos uns deslizes

Indo para o elenco, a Yang é a minha personagem favorita. Não só pela personalidade, como sua atitude forte me chamaram a atenção logo no trailer de apresentação dela (e é a única personagem em que a dubladora achou o tom certo para dar a ela desde o começo, casando-se muito bem com a sua caracterização). E admito que eu tenho shipp dela com a Blake. Claramente não estava no roteiro desde da sua concepção e surgiu dentro do fandom esse shipping. Entretanto, adorei que o roteirista comprou a ideia, insinuando que realmente existe algo além de amizade entre as duas no decorrer do enredo. Acho meio triste que as analogias aos preconceitos contra os faunos sejam tão jogadas no roteiro. São apenas pinceladas e que poderiam render algo a mais, correlacionando com a nossa realidade, mas ficam só no superficial. A Blake é a personagem mais densa do grupo. Boa parte do que acontece ao redor das 4 protagonistas, ela tem algum tipo de envolvimento. Desde seu passado enfrentando a exclusão social praticada contra os faunos, a entrar para um grupo rebelde e se arrepender, para decidir ser uma caçadora, mesmo tendo o medo de perder seus entes queridos. É a personagem que carrega mais carga dramática e a que mais evolui nessas 7 temporadas da animação. Teve altos e baixos em seu desenvolvimento, mas é a que mais se destaca nesse quesito das demais.

Já a Weiss, também deveria ter essa importância dado ao background de sua família, no entanto, sua história é negligenciada nas três primeiras temporadas, tendo relevância maior somente nos arcos atuais. É uma pena, pois a personagem tinha diversos aspectos a serem trabalhados e que foram muito simplificados durante toda a trama. Agora a Ruby é a mais apagada de todo o elenco (incluindo os personagens secundários). Não sei se é uma referência aos protagonistas de shounen que são unidimensionais em seus adjetivos, porém a Ruby, tirando o lance do mistério da mãe e de seu poder com seus olhos prateados, ela não tem mais nada desenvolvido para sua persona. Ela começou de um jeito na temporada 1 e terminou da mesma forma na sétima. Até o time JNPR tem mais relevância no roteiro que a nossa protagonista, o que está muito errado. Só para não dizer nada de bom dela, a Ruby tem uma foice IRADA para combate (juro que não consegui pensar em nada mais além desse detalhe xD). O restante do elenco é funcional e operante, com todos tendo alguma importância em momentos chaves na história. A Nora merece meu destaque pela simpatia da personagem. Tanto que é nos momentos em que ela participa que o timing cômico funciona. Diversas piadas em outros momentos, são TOTALMENTE sem graça, se tornando uma vergonha alheia de assistir.

Vale a pena maratonar?

Vou até fazer um comparativo direto. O anime de Reborn é conhecido por ter um começo horroroso/péssimo, para depois melhorar da água para o vinho mais adiante em sua história. É igual em RWBY. Você vai ter que passar por três temporadas tenebrosas, para só lá na frente ser recompensado por ter acompanhado essa jornada das 4 personagens principais. Ainda vão ter lutas sensacionais nesse início, mas os demais aspectos DEIXAM MUITO A DESEJAR. Eu demorei mais de um ano em terminar a primeira temporada, sendo que a maioria dos 16 episódios, têm menos de 8 minutos. É difícil e diversas vezes vai surgir a dúvida do porquê não dropar. Pode confiar em mim que melhora e muito do volume 4 em diante. Não vai ser a melhor obra que você vai assistir, mas dá para passar o tempo. Então, se você tiver paciência e curte um “anime” de ação, RWBY é a minha recomendação para você acompanhar nessa quarentena.

3 thoughts on “Review de RWBY (até a 7° Temporada)

  1. Uma boa opção é ver a adaptação japonesa, em que deram uma boa enxugada nas 3 primeiras temporadas e reduzem pra 13 episódios de 20 minutos cada. Algumas coisas são perdidas, mas no geral torna a experiência bem menos arrastada.
    Tem até disponível no Crunchyroll como ‘RWBY Volume 1-3: The Beginning’

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