Alexsander começa a se aventurar no mundo dos doramas...

Alexsander começa a se aventurar no mundo dos doramas…

Olá meus queridos!!! Hoje vamos comentar sobre uma mídia diferente, não só para o blog, como para mim mesmo, isso porque “Life Senjou no Bokura” foi o primeiro Dorama (dramas televisivos realizados pela televisão do Japão) que consumi :). Eu nunca tive interesse na mídia. Na verdade, estou cada vez mais me afastando do consumo de filmes e séries com pessoas faz séculos e já tem um bom tempo desde que assisti algum filme. Fato é que estou mais apegado atualmente com os animes (Por mais que eu tenha preguiça de vê-los, rs), e eles por si só já consomem um bom tempo. Além disso, tem o fator de não me atrair por séries que geralmente tem uma duração mais longa. Então eu só passava longe hahaha. Porém, por volta do dia 24 de agosto, estava perambulando pelo meu Facebook, quando entrei no grupo do Blyme (@blymeyaoi) e me deparei com uma pessoa comentando sobre Senjou no Bokura. Por algum motivo, eu tive um leve interesse no assunto. Pesquisando sobre, eu descobri que ele tinha a duração de um anime comum – média de 25 minutos – e o melhor: eram apenas 4 episódios. Sem ler sinopse nem nada, eu apenas embarquei nesta trama e para um primeiro contato, digo que o salfo foi muito positivo ^^.

Sinopse: “O sério Itou e o infantil Nishi encontram-se por acaso durante um jogo para um jogador de “White Line Game” a caminho da escola. Apaixonando-se, Ito fica frustrado com o fato de que eles só se encontram na linha da amizade, então ele beija Nishi.
Do ensino médio, faculdade e depois à idade adulta, um trabalho profundamente comovente que descreve a vida de dois homens que estão loucamente apaixonados por sentimentos imutáveis em mudanças de realidades.”


Sendo sincero, eu gostei mais das questões sociais que evidenciam na série, do que qualquer outra coisa. Não estou dizendo que não gostei, pelo contrário. Foi uma ótima experiência com diversos momentos divertidos e emocionantes para a minha pessoa, mas o que me ‘saltou os olhos’, foram os aspectos da sociedade em que vivemos e as mudanças que são geradas ao longo do tempo. Esses detalhes foram um ponto chave para me fazer gostar mais da obra ^^.

Um dos aspectos que gosto, são as passagens de tempo. O dorama foca em passagens da vida dos personagens, então ele não se prende muito a um período exclusivo da vida deles ou tem grandes saltos temporais. Aqui, normalmente as passagens ocorrem entre 3 anos em média. O foco maior em um período é logo no começo, onde somos apresentados aos personagens quando eles tinham 17 anos. Ali vemos eles se conhecendo e como uma linha entrelaça a vida dos dois. Aproveito para dizer que a proposta inicial dessa obra é completamente ‘idiota’, mas é tão maravilhoso! De início, eu sentia um pouco de vergonha alheia deles brincarem (e levarem tão a sério) a brincadeira de andar só na linha, porque se pisarem fora dela, um tubarão irá comê-los, ou serão mortos por facas, dentre outras situações. Ao mesmo tempo, eu vi minha infância sendo retratada (quem vê falando assim, pensa que já sou um senhor XP). Andar na beirada da calçada era TUDO para mim e alguns parentes meus da mesma idade… Bons tempos… Mas enfim, passado vergonha alheia, eu achei fofo. É idiota? É, mas quem se importa? Eles estão felizes, isso que importa. Estavam fofinhos brincando ali e é o importante ^^

Assim como um bom clichêzinho, Senjou no Bokura é gostosinho de acompanhar. O tempo flui muito bem. O casal é fofinho e tem seus toques de humor. E falando no humor, na maior parte do tempo é agradável e tem um bom timing. São bem pontuais os momentos cômicos da obra e em suma, focada em eventos do cotidiano ou em dramas dos personagens. Mas houve um momento em específico que não ficou tão bom. Salvo engano, essa cena ocorre ainda no primeiro episódio e nela, dois amigos de um dos protagonistas, esboçam uma reação de surpresa um tanto espalhafatosa. Soou meio forçado para mim. São aquelas cenas que funcionaram melhor em outras mídias, como no próprio mangá ou em uma adaptação animado, já que nesses dois casos, elas podem usar a arte para deixar caricato e assim gerar o fator cômico. Em uma situação com pessoas de carne e osso, não funciona tão bem, rs.

O drama passa a existir da metade para o final, quando começam a existir conflitos internos causados por dúvidas. Essas questões surgem por estarmos em uma sociedade maioritariamente homofóbica. E é nesse aspecto que a obra começa a ganhar mais atenção e predileção para a minha pessoa ^^. Não é a primeira e nem será a última obra que já vi trabalhando com questões sociais envolvendo homofobia, mas talvez por este ser meu primeiro dorama, por ser a primeira vez (mais recentemente) que vejo a abordagem do assunto com pessoas, talvez tenha mexido comigo de uma forma diferente hahaha. Nessas partes chorei de tristeza, motivado por pensamentos relacionados ao tema. Enquanto assistia chorei de felicidade, por ver que não é tudo perdido, que pessoas mudam e que nunca é tarde para tal, desde que esteja disposto a fazer.

Eu vou tentar não falar detalhadamente para não dar spoilers do que acontece realmente, então eu vou tentar dar uma geral na cena, só para servir de base para quem não viu/não conhece :). Começando por um desses aspectos sociais que me chamam atenção, é de como os japoneses se importam com o que o outro pensa. Isso pode não parecer nada demais, até porque, pode ser algo muito familiar para alguns. E não está errado e não é algo que se restringe apenas à sociedade japonesa. Puxando para o meu lado, eu tenho um problema meio sério com a imagem que os outros têm de mim. A forma como eles me vêem e de como pensam que sou, é algo que construí ao longo de muitos anos, graças ao meu desempenho na escola ser acima da média (na visão dos professores). Então eu criei essa imagem de “perfeição” e os outros compraram isso também. Com o tempo eu passei a ter medo de desapontar os outros e tenho receio de comentar ou postar certas coisas no meu Twitter. Rede social esta que eu criei com a intenção de desabafar e comentar sobre coisas que não posso falar em outros momentos por N motivos. Esse problema é tão grande em mim que semanas atrás, eu dei RT comentando uma cena de sexo em um BL que leio e estava conversando com meu namorado e um amigo lá tranquilamente, até que uma pessoa que eu nem sei/não lembro quem é respondeu meu tweet com “apaga”. Atrevido da parte da pessoa? Totalmente, afinal o Twitter é meu e sou livre para postar/comentar o que bem entendo (desde que eu não seja um ridículo escroto. Aí tem total direito de tal), mas aquilo ficou me corroendo por horas, me incomodando. Nessas horas eu não consigo tirar da cabeça… Resultado: eu apaguei o tweet.

Voltando ao assunto, a questão com os japoneses sobretudo com os mais velhos, que parece algo mais intrínseco, mais “agressivo” e a força motriz disso nessa história é a mãe do protagonista. Eu posso dizer que parte das “desgraças” que acontecem nessa história estão relacionadas a ela hahaha. Exemplificando aqui, há umas três ou quatro passagens que deixam claro essa visão. Vou pegar a mais simples delas: a irmã do Itou queria ir para uma faculdade em Tóquio e a mãe deles era completamente contra isso. Ela queria que tivesse uma “vida normal”, com um “emprego normal”. Ou seja, ela queria que eles permanecessem ali, sem almejar algo a mais para a vida deles. Coisa que a irmã dele não queria e almejava algo maior para a vida dela. Inclusive, lá no final da série ela aparece novamente com uma outra pendência envolvendo algo que ela quer, mas a mãe dela é contra. Chega a ‘argumentar’ dizendo: “Os vizinhos vão comentar.”. É evidente que há toda essa preocupação com a visão do outro.

Fofos! *-*

E pelo que tudo indica, a irmã do Itou tinha um certo problema com ele por ser “a cadelinha da mamãe” (vou colocar assim, porque definição melhor não há!). Enquanto ela ia contra o que a mãe deles dizia e queria, pensando no que achava melhor para a vida dela, por outro lado, o seu irmão fazia tudo o que ela queria. O Itou até comenta mais para o final que deixou de fazer as coisas que ele queria, para atender às expectativas que sua querida mãe tinha, ainda mais que ela “marginalizava” a filha por querer fazer o que achava melhor. Essa sensação de que a Hitomi – irmã mais velha – tinha esse problema com seu irmão é reforçada quando ela descobre que seu irmão está namorando com o Nishi. O Itou fica preocupado por ela descobrir seu namoro, mas indo contra a reação que ele esperava, ela fica feliz por estar seguindo um desejo que vem DELE. ELE quer algo, no caso, estar com o Nishi e ter essa percepção, é muito importante para os rumos da trama.

Porém, como nossa sociedade está MUITO LONGE de ser composta de apenas flores, os espinhos estão cheio de problemas enraizados que entram em cena para atrapalhar o casal, e claro, envolvem preconceito (maldito). Não é nada novo. Temos essa consciência do preconceito (ou ao menos deveriam ter), mas é sempre um assunto pertinente, já que estamos inseridos em sociedades parcialmente, ou maioritariamente preconceituosas. Muitas relações ‘precisam’ ser mantidas em segredo, porque vai além da vontade do casal. Não sabemos como ter uma relação aberta pode impactar na vida de cada um.Pode acarretar em uma perda de emprego, dificuldade para conseguir um novo, etc. Eu com Enzo (meu namorado), eu tenho uma relação aberta com ele no Twitter. Falo que ele é meu namorado e tudo mais por lá, mas segue sendo segredo para a minha família e para boa parte dos meus amigos. As vezes, de forma meio periódica, fico pensando sobre essas questões, porque por enquanto eu não trabalho e comecei minha faculdade. Por mais que o mundo esteja mais interligado por conta internet e certas questões possam ser espalhadas de forma mais rápida, ainda fico pensando “O que será da minha vida?”. Eu não consigo abandonar essa questões e sinto que não devo, porque não se sabe o que o futuro me reserva…

Por isso ter representatividade em mídias é muito importante, porque se você cresce ouvindo que gostar de uma pessoa do mesmo sexo é errado, ao mesmo tempo que você só tem um acesso à casais héteros na TV/filmes/cinema, pode ser que a pessoa passe a se achar a errada da história. Aí você tem papo de hétero escroto que dizem: “Ai, mas é lacração.”, “Fica forçando isso.”, “Não tem que passar na TV porque influencia as crianças.”, “Estão destruindo as famílias.”, sendo que passamos a infância INTEIRA cercado por casais héteros em filmes, novelas, comerciais e estamos aqui. Seguimos como somos e não somos héteros por consumir a exaustão esse tipo de material. Eu amo romance, leio mangá hétero demais, mas nem por isso eu quero namorar uma mulher. É um negócio tão sem sentido, que minha nossa… Nessa história de se sentir como errado/anormal, que começa uma retração e contração de si.

Voltando a Senjou no Bokura, porque já falei demais da minha vida, esse medo e insegurança do Itou cria o núcleo do drama, que gera o conflito que move a trama ali da metade até o final. Não vou entrar em grande profundidade por motivos de spoilers, mas digamos que o Itou vai atrás de tentar ser “uma pessoa normal” e tenta se convencer de que a partir daquele momento, está tudo bem e que agora tudo está como deve ser… Porque essa maldita sociedade não deixa as pessoas serem feliz com quem elas amam. Eu sou extremamente revoltado com isso, porque além de muitas pessoas LGBT+ morrerem diariamente no Brasil e no mundo, esses acontecimentos poderiam não existir se as pessoas parecem de ficar dando pitaco sobre a vida amorosa alheia e passasse a cuidar do próprio c*. A sociedade já seria muuuito melhor. Tem TANTAS questões que são realmente importantes para serem levantadas como… Sei lá… O meio ambiente, que por sinal, está uma tristeza só. Mas não. Esse povo prefere achar errado com quem que o outro se relaciona. Eu não consigo entender! Na verdade, eu entendo sim, mas ainda acho algo muito “????”. Sabe, é um pensamento tão atrasado que não entra na minha cabeça, por mais que eu tenha noção do motivo.

Porém, apesar dos pesares, é sempre bom lembrar que nada está perdido e que sempre é tempo para se mudar de pensamento, desde que você esteja disposto e com a mente aberta. O preconceito foi construindo culturalmente e sendo uma construção social. Ele pode ser mudado e acabamos lutamos contra a maré. E no dorama, há um momento em específico que eu chorei muito, mas não de tristeza, e sim de satisfação. Acho que essa é a palavra que melhor define meu sentimento. Na ocasião, o Nishi resolve contar para a sua mãe que ele é gay, porque ele já vinha tendo uma pressão para casar e ter filhos. O Nishi esperava uma reação negativa vinda de sua mãe. Entretanto, para a surpresa dele, a mãe dele não só aceitou muito bem, como estava interessada na pessoa com quem ele estava saindo e em coisas como ele casar, sugerindo ir para algum país da Europa e até adotar uma criança, já fazendo pesquisas sobre esses assuntos. E vale dizer que há um tabu quanto a adoção de crianças no Japão, porque muitos tem a mentalidade de “Se não foi eu que fiz, não é meu filho”.

O mesmo acontece com o Itou. A reação da família dele embora não tenha sido das melhores em um primeiro momento, com o tempo o pai e amãe passam a aceitar melhor e compreender. Ressalto que a mãe do Itou tinha aquela IMENSA preocupação com que o vizinho pensava ou comentava de sua família, que tudo tinha que ser mantido às aparências e mesmo ela mudou isso com o tempo. Entendeu as vontades de sua primeira filha, além de aceitar o relacionamento homossexual de seu filho mais novo *-*. Surpresa também foi que o pai dele encarou tudo de uma forma muito mais amistosa do que sua esposa. Confesso que me arrancou uma reação de surpresa, porque de forma geral, eu espero compreensão primeiramente da mulher, só depois do homem. Tenho esse padrão em mente que bem, tem sua linha de fundamento. São situações assim que me fazem pensar que vai chegar o momento que não teremos que nos preocupar com aceitação, porque no presente momento, se assumir é algo muito difícil (e ‘fugirei’ por mais algum tempo…).


Concluindo, “Life Senjou no Bokura” me trouxe um experiência bem agradável com seus toques de humor e de drama, sendo que consegui ver os 4 episódios em uma tacada só ^^. Ele usa seus clichês muito bem e conseguiu me emocionar em momentos pontuais, me arrancando algumas lágrimas, seja de tristeza ou de felicidade. Para um primeiro contato com doramas, eu curti muito. Não prometo que verei mais ou que trarei mais reviews para o blog, porque já tenho animes demais para assistir (muitos atrasados e que estou devendo review para o blog), porém, se quiserem deixar alguma recomendação para este novato aqui, estou aberto :). Ah sim, só aceito recomendações de doramas de romance no momento. É o gênero que mais me atrai e não me importo se será hétero ou com temática LGBT+.

“Life Senjou no Bokura” (Life 線上の僕ら) adapta um mangá de mesmo nome escrito e ilustrado por Mika Tokokura. A obra foi publicada em 2016 na revista Hanaoto da editora Houbunsha e ganhou o primeiro lugar na categoria de Melhor Comic do Awards da Chil-Chil de 2018, um importante site de BL no Japão. O título possui apenas 1 volume e foi inteiramente adaptado no dorama, que estreou no dia 19 de junho deste ano e possui 4 episódios no total. A termos de curiosidade, o mangá original já foi publicado na França (editora Taifu Comics), Polônia (Kotori) e Alemanha (Kazé). A obra segue inédita no Brasil.

Na ordem: capa japonesa, francesa (as duas de cima), polonesa e alemã (as duas debaixo).

Print aleatório, apenas para mostrar como este homem é gato! *-*

1 thought on “Review: Life Senjou no Bokura (Life ~ Love on the Line)

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