Mais uma temporada do anime que fala sobre problemas da nossa sociedade em animais antropomorfizados.

Mais uma temporada do anime que fala sobre problemas da nossa sociedade em animais antropomorfizados.

Olá pessoas! Mais um post de uma continuação nessa temporada e mais um esforço pessoal meu em fazer um texto sem dar spoiler para o pessoal xP. Fiquem tranquilos que só focarei em comentar o que ocorreu no primeiro episódio e falando bem por cima sobre o que aconteceu na temporada passada. Inclusive, fiz um post sobre a primeira temporada e está publicado no blog (Link aqui).

SINOPSE: Em um mundo onde convivem animais de todo tipo, um lobo manso começa a descobrir seus instintos predatórios justamente quando acontece um assassinato na escola. Fonte: Netflix

Muito mais do que simples animais em CG

Como já afirmei no post da review da temporada passada, eu amo Beastars. E olha que ter animais “humanizados” nunca foi de minha preferência, principalmente por achar o conceito de ‘furry’ muito além da minha compreensão e aceitação. Sei lá, sempre achei distante essa ligação afetiva que parte específica do público otaku tem com animais agindo como seres humanos. Vocês leitores já perceberam que no começo eu tinha uma resistência e preconceito com o anime sem sequer estrear. Tinha uma barreira na minha cabeça para ser superada e eu conseguir curtir o anime sem qualquer julgamento precoce. Ainda tinha o fato da animação ser totalmente CG e não temos muitos bons exemplos de obras japonesas e que são um desastre total ao utilizarem essa técnica para animar os personagens. Tudo estava se alinhando para eu detestar Beastars, porém foi totalmente o oposto que ocorreu aqui.

O roteiro da obra é maravilhoso, cheio de mensagens e reflexões sobre o indivíduo viver em comunidade, o preconceito com as minorias por serem diferentes, os relacionamentos entre um homem e uma mulher, as diferenças sociais e de gênero em um comparativo direto com a nossa sociedade humana, a transformação da adolescência para a fase adulta, seus compromissos e obrigações morais… são várias questões estabelecidas e debatidas claramente nas interações dos personagens que é espetacular de assistir. A autora sabe o que quer discutir e mostra para o espectador sobre esses assuntos na sua obra. Tanto que os maiores arcos de desenvolvimento são focados no Legoshi. Ele passa por vários eventos que o fazem ficar pensativo sobre sua participação e quais as consequências dos seus atos em todos a sua volta, visto que o personagem tem um desejo arrebatador de caçar suas “presas” a todo momento.

Outro aspecto que Beastars foca é sobre o seu “eu” interior. Até quando e como você pode mostrar sua “verdadeira” personalidade? Vivemos em comunidade e que devemos abdicar vários dos nossos impulsos para habitar em harmonia com os seus semelhantes. Não vou entrar muito nesse papo de ID, Ego e Superego, mas a obra desenvolve esse conceito filosófico intrinsecamente, fazendo o paralelo dos protagonistas serem animais e que seus instintos estarão em sua essência a todo instante os tentando como fossem dependentes de alguma droga viciante. O que você pode fazer para controlar esses impulsos? É correto escondê-los? Mas não só estará entrando nos moldes de uma sociedade que não te aceita como você é? O que é você para os outros que convivem no mesmo local? São questionamentos levantados em diversas ocasiões pela autora usando o Legoshi como objeto para externar esses pensamentos mais profundos sobre as diferentes visões de alguém sobre a sociedade como um todo.

E a estreia da segunda temporada foi muito boa

Eu sempre achei muito estranho (inclusive enquanto eu lia o mangá), sobre a autora ter deixado de lado a questão do assassinato que aconteceu na escola. Achei bizarro, principalmente considerando que foi morto um personagem, que na teoria, era muito importante para todo mundo do elenco da obra. Parecia muito jogado, pensando em todo o cuidado que ela teve em vários pequenos detalhes explorados e toda a construção narrativa que a autora construiu até ali. Agora sabendo o que virá a seguir na história, fez todo o sentido ela ter deixado de lado esse mistério e focado em outras linhas de narrativas antes de retornar para esse caso.

E basicamente o primeiro episódio foi para lembrar o espectador que o assassinato do primeiro episódio ainda não foi solucionado. Temos ainda um predador a solta e que pode ter relações com algum dos protagonistas ou com a pessoa morta. A única coisa que se sabe é que o Legoshi não é o assassino (para quem está assistindo, pelo menos). Mas quem foi e suas motivações estarão diretamente ligados ao protagonista. No decorrer dessa temporada acompanharemos a descoberta de novas pistas e de como o Legoshi irá absorver tal informação. Inclusive vai fazer sentido nos próximos episódios essa parada de “assombração” que surgiu agora nessa segunda temporada. Em linha gerais, essa estreia teve um ar mais cômico, até mesmo em momentos mais reveladores como a cena do Louis vivo. Também será trabalhado mais adiante sobre o personagem criado pelo Louis para sua própria sobrevivência e em escapar da emboscada dos mafiosos mostrado no último episódio da season passada do anime.

Apesar de um começo mais tranquilo, essa temporada não vai ser tão suave assim como aparenta. Inclusive temos algumas brechas deixadas nessa estreia, como por exemplo a questão do Louis e no que ele se transformou para sobreviver, do Legoshi com suas reflexões sobre o seu eu interior, da Haru em sua busca de ter um companheiro que a vê como ela é e não como apenas um objeto de desejo, o misterioso assassinato… está tudo se moldando para estabelecerem as consequências irreversíveis que virão posteriormente. Aliás, tem uma cena que eu quero destacar em especial. Ela foi o momento da conversa do Legoshi e da Haru na escada. A Haru pedindo para o protagonista conversar mais, falar sobre seus problemas e aflição com ela, pois com DIÁLOGOS que se chega em um resultado e crescimento emocional. Todo esse segmento é maravilhoso, porque o Legoshi é muito retraído por causa de sua personalidade e a Haru jamais teve uma conversa franca com alguém. Ambos têm dificuldade em falar de seus sentimentos com o próximo, tornando toda essa sequência muito mais complexa do que aparenta ser. Mais para frente veremos como esse relacionamento dos dois será construído na tentativa de entendimento mútuo de ambas as partes. Tudo está sendo desenvolvido bem calmamente, porque os acontecimentos dessa temporada mudarão a vida dos 3 protagonistas para sempre.

Conclusão

A primeira temporada tem na Netflix, então sem desculpa. O anime é fantástico, com personagens complexos e uma história fantástica. A minha recomendação é mais do que óbvia para vocês irem assistir o anime, porque vale muito a pena. É uma baita obra e que o tempo investido fará sentido no final como experiência adquirida.

Deixe um comentário