Um anime bem diferente sobre motos de baixa potência.

Um anime bem diferente sobre motos de baixa potência.

Olá pessoas! Estou aqui de novo para comentar de um anime sobre motos, ou melhor dizendo, uma história sobre uma guria que descobre a sua paixão por veículos em duas rodas.  Vou falar das minhas impressões sobre Super Cub e como fiquei fascinado com a produção da animação.

Sinopse:A história é centrada em Koguma, uma estudante do ensino médio em Yamanashi. Ela não tem pais, amigos ou hobbies e sua vida diária é vazia. Um dia, Koguma ganha uma motocicleta Honda Super Cub usada. Esta será a primeira vez que ela vai de moto para a escola. Ficar sem gasolina e evitar um acidente se tornou uma pequena fonte de aventura para a vida vazia de Kagura. Ela está satisfeita com sua nova vida, até que sua colega de classe, Reiko, diz que ela também tem uma motocicleta.

Uma rotina comum até descobrir uma nova paixão

Vou fazer uma pergunta para vocês leitores do blog. Já tiveram aquele sentimento quando descobrem alguma coisa nova, ou quando ganham um presente e ficam em euforia ao usar/utilizar tal produto? Exatamente isso que o primeiro episódio de Super Cub mostra para o espectador. Mas antes de iniciar o assunto, tenho que comentar que foi uma decisão corajosa da direção em fazer um episódio quase que sem diálogos. Só temos as reações, movimentos e sentimentos das pessoas sendo transmitidos na tela. Os primeiros 3 minutos e meio da estreia não teve um “a” da protagonista ou de qualquer outro na obra. Somente teve uma montagem de cenas para enfatizar o seguinte aspecto relacionado a Koguma: a sua falta de motivação para viver.

Não sou psicólogo para diagnosticar, porém a protagonista vivia em completa solidão, gerando um desânimo no ambiente que residia e resultando em ações depressivas da personagem. Até mesmo a sua visão das coisas, como a falta de força para fazer amizades ou de conhecer outros lugares que sequer ela tinha. Também é reforçado quando a própria personagem nos informa que vive sozinha e que não tem os pais, aumentando ainda mais o sentimento de isolamento. Gostei de como a direção simbolizou esse atual estado de espírito da Koguma, inserindo um filtro acinzentado simbolizando a visão da garota perante aos eventos ao seu redor. Terminou as aulas, ela sempre retornava direto para casa, sem cogitar de tentar mudar de ares ou se arriscar em descobrir novos hobbies. Tudo era sem vida e que não lhe interessava aprofundar ou criar vínculos ali na encola. Tanto que ela só procura sair da sua rotina tradicional quando a fadiga e o cansaço de pedalar por um longo e montanhoso caminho se tornou maior que antes. Ela avistou o conforto de seus colegas de irem com motos para as aulas, e foi isso que lhe deu o empurrão necessário para pensar em adquirir um veículo e facilitar sua vida ao trafegar da escola para sua casa.

E mesmo assim, tomar uma decisão dessas de comprar uma moto, principalmente considerando a situação de uma pessoa que não trabalha formalmente, é bem complicado. Novamente a produção acerta em somente usar a fotografia e expressões da personagem para demonstrar o receio que ela tinha em adquirir aquele bem. Ainda tem o lado que é a primeira vez que vemos a Koguma trocar algumas palavras com uma outra pessoa. Quase um terço do episódio tinha passado e só vemos ela conversar com outro ser humano naquele momento. Uma decisão criativa bem arriscada, mas que funcionou demais, pois o clima mais contemplativo precisava muito do silêncio para destacar a solidão que a personagem tinha no seu dia-a-dia. Aí meus amigos, como um bom sistema capitalista em que vivemos, a protagonista se “apaixona” à primeira vista pela moto de segunda mão. Até mesmo o ambiente a sua volta fica mais colorido, com contornos mais fortes e dando um novo sentido de felicidade para a personagem. Falando nisso, fiquei muito surpreso pela facilidade em tirar carteira de habilitação no Japão. Sei que é o caso de uma licença para dirigir veículos que atingem baixa velocidade, porém ela fez a prova e alguns dias depois saiu guiando sua moto de boas. Aqui no Brasil é pelo menos 1 mês para conseguir qualquer tipo de habilitação. A burocracia em terras nipônicas parecem não existirem nas legislações de trânsito de lá.

A ansiedade de brincar com o novo “brinquedo”.

Depois que a Koguma sai dirigindo a sua própria moto, a personagem até deixa o semblante triste que predominava antes, restando a alegria de ter comprado o que tanto desejava. E eu adorei de como o roteiro busca abordar outro aspecto sobre o despreparo, como se arrepender por ter gastado o dinheiro por impulso no primeiro problema que surge na frente, ou as decisões de não ter lido um manual direito e sair guiando a moto sem os devidos cuidados como reabastecer o tanque de combustível. Coisas que são comuns para quem dirige, mas para uma novata despreparada e entusiasmada ao extremo por sair dirigindo sem rumo, logicamente teríamos erros e adversidades a serem solucionadas. O resultado disso tudo é o cansaço físico e emocional por ter que resolver coisas que não estavam planejadas anteriormente. A Koguma percebe que não pode fazer as coisas sem aprender devidamente o funcionamento de sua moto e que passa a ter mais cuidado com o veículo que custou caro para ser conquistado. Em toda essa montagem, a direção e edição acertam tanto em passar todos esses sentimento, que é fascinante ver o episódio. Praticamente comprei totalmente a personalidade da Koguma graças ao que é feito nessa segunda metade do episódio.

Com apenas pouquíssimos diálogos (se teve mais de 20 linhas de diálogos, deve ter sido muito), o primeiro episódio de Super Cub entrega perfeitamente sua proposta ao espectador. Eu pensava que seria tipo um Yuru Camp da vida, entretanto depois dessa estreia, acredito que será algo bem mais introspectivo e voltado para Koguma descobrindo novos horizontes montada em sua moto. Não teremos muitas cenas cômicas na obra e acompanharemos as novas descobertas da protagonista em relação ao que ela quer para si mesma. Pela imagem promocional, ainda devemos ter mais umas duas personagens para compor o casting principal, e que talvez, teremos um foco maior em relação às amizades, uma parada negligenciada pela Koguma.

Recomendo?

A partir dessa estreia, digo que é um anime para a maioria da galera. O roteiro aparenta que irá trabalhar essa apatia da protagonista em viver e será uma jornada de aprendizagem dela valorizando as possibilidades/coisas que a Koguma possa fazer no futuro. Parece interessante a mensagem do anime e irei assistir com boas expectativas do que a história quer me contar.

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