Uma estreia excepcional!

Uma estreia excepcional!

E chegou o momento de comentar uma das grandes hypes da Temporada de Primavera desse ano: Fumetsu no Anata e. E não é atoa. O anime teve uma estreia simplesmente EXCELENTE, com diversas discussões e aberturas para abordagens futuras na série. Destrinchamos o episódio inicial na postagem. Então venha conosco se aventurar nessa animação que promete ser incrível!


RUB: Alê, agora teremos que ir com calma, porque a estreia de agora foi formidável e eu quero tentar abordar o máximo de assuntos possíveis desse episódio. Estou falando de Fumetsu no Anata e para os desavisados. Vou tentar meio que seguir a ordem cronológica do episódio, porque senão vou viajar demais nas minhas considerações e tenho que me manter focado. Reforço também que não sei nada do original. Só fiquei sabendo que é da mesma autora de Koe no Katachi e só. Então falarei muito de expectativas e suposições com base na estreia e nada mais. Se eu tiver errado na minha interpretação, azar, acontece. Bora lá então. Alê, o anime começa com um personagem narrando (ele não aparece, mas foi a entidade que criou aquela esfera “aprendiz”) uma fila de acontecimentos desde da origem de uma vida especifica a partir de uma bola celestial, por assim dizer. Esses dois minutos é muito louco, porque podemos associar com a evolução da vida, com o ciclo vital de um ser, adaptabilidade para sobrevivência, a origem do universo, religião e as crenças bíblicas do cristianismo com esse ser superior que tomou a decisão de criar algo que evolui constantemente ao contato de outro ser vivo… esse inicio pode ser metáfora para tantas coisas que enriquece ainda mais o roteiro, o deixando ainda mais atraente aos olhos curiosos do espectador. Inclusive, essa esfera consegue mimetizar as paradas dado uma condição específica, em que o ser vivo em questão nos seus momentos finais estava desejando alcançar algo. No caso do lobo ao morrer com a ferida na coxa, ele desejava retornar para casa e rever o seu dono. No caso do jovem, ele queria rever sua família e amigos. É uma parada complexa, porque envolve sonhos, desejos, solidão, condicionamento e ambiente para que essas ideias cresçam na cabeça da pessoa. Tanto que quando o jovem (ele fala o próprio nome no episódio?) rever o Joan (o lobo dele) não é algo momentâneo e fraco. É algo intenso e carinhoso. FORAM 2 MESES sem ver o seu companheiro. Existem estudos que o ser humano, até mesmo aqueles que adoram ficar sozinhos, sofreriam psicologicamente se não visse mais nenhum outro humano ao seu redor por um longo período de tempo. Somos uma espécie que convive coletivamente e que para manter um certo nível de sanidade ou razão, precisamos interagir com outras pessoas para não sofrermos mentalmente com a solidão. E o guri estava a um passo de realmente ter um estalo para enlouquecer e ser incapaz de viver em comunidade depois. Ele estava no limite. Ao ver o seu companheiro, ele ganha mais um folego de esperança em reencontrar sua família ou qualquer outra pessoa na sua frente para saciar sua vontade de contato humano. Assim a montanha que ele menciona é um ponto longínquo que o faria encontrar outras pessoas indo para lá de acordo com os contos que escutava do seu tio.

ALÊ: Opa! Então só vamos, porque adorei MUITO essa estreia! Também não conheço ‘nada’ do mangá. A única coisa que li dele foi o 1º capítulo (adaptado nesse episódio) anos atrás, em meados de 2018 (provavelmente). Sim, se você reparar, a primeira fala da narração do episódio é: “No começo, era uma esfera”. Na Bíblia temos uma passagem com algo mais ou menos assim: “No início, Deus criou o Céu e a Terra”. Eu ouvi essa pequena frase, pensei nesse trecho da Bíblia. Antes de partir para o garoto e o lobo, acho legal pontuar que gosto bastante da narração do episódio, porque funciona tão bem. Narrações geralmente são um recurso narrativo bem pobre para expor seus roteiros, mas aqui a “coisa” não fala demais e foi ele quem criou a “coisa”. Ele vai te dando o contexto em momentos chaves, o que torna a narrativa bem interessante. Em momento algum a “coisa” diz uma parada desnecessária. É apenas o guri, as reações dele na forma de lobo e o próprio narrador encaixando os comentários em momentos chaves. Foi um recurso muito bem utilizado nesse episódio. Acho interessante que a “coisa” passou um bom tempo como uma pedra, sem ter qualquer sentimento, reação ou consciência. Quando ele passa para o lobo, ali é o momento em que a criatura passa a ter consciência, reações ao ambiente, tem que aprender a andar ali mesmo. É o momento em que ele sente dor pela primeira vez e vai seguindo apenas movido pelo desejo do Joan original, por assim dizer, de voltar para casa. Quando ele chega lá, é uma completa confusão para ele. São tantas coisas dentro daquele lugar, cheio de sensações. E a produção é precisa em mostrar como ele se sente confuso. Focam nos olhares, as orelhas mexendo, pelos arrepiando… Por mais que a narração esteja ali te auxiliando, por si só o visual consegue passar esses sentimentos. Um dos aspectos que mais me pegaram nesse episódio é que basicamente vemos a decadência do garotinho (não falam o nome dele nenhuma vez no episódio). É exatamente como você falou. Por mais que possamos gostar de ficar sozinhos em dados momentos (e faz bem até), o ser humano não consegue ficar sozinho completamente. Ele precisa conversar com alguém para se manter são da cabeça. E se tu pegar a partir do momento que o Joan retorna, ele não para de falar com o lobo, sempre se agarrando a uma ponta para não pirar de vez. Acho fabulosa essa construção.

RUB: Toda essa cena do Joan aprendendo as coisas dos arredores, também dá para fazer um outro paralelo a de um recém-nascido. Antes de sair do ventre da mãe, não sabemos nada. Desconhecemos, cheiros, tato, conceitos, visões, lugares… e até mesmo não temos consciência do que somos. Na real, vamos moldando a nossa personalidade a partir do que vimos, do que aprendemos com outras pessoas (professores, pais, instrutores…), do que convivemos e do local que nos dá toda essa experiência sensorial, e consequentemente, formando as nossas características individuais próprias. Somos um livro em branco e que no final de nossa vida é o momento que escrevemos o nosso epílogo. O lobo seria o começo e o jovem seria o fim da nossa vida. No caso do guri é ainda pior, porque mostra que nem sempre os nossos sonhos podem ser realizados totalmente. Ele quer ver alguém, não importa quem. O lobo apenas é um espectador da jornada de escolhas que o jovem toma até pensar em abandonar sua moradia. Não temos um idealismo de ações ou desejos impossíveis. Apenas ações sendo feitas visto o objetivo que foi traçado pelo guri. Tudo é reforçado em uma cena antes deles partirem em busca de outras pessoas, quando o jovem está desenhando na parede de sua casa o rosto de todo mundo que conheceu. Mais uma analogia aos primeiros registros históricos que os homens faziam quando ainda não existia a ideia de uma língua escrita formalmente, que são os desenhos rupestres. E como o próprio jovem reforça a ideia por já estar há muito tempo sozinho, ele não pode esquecer dos familiares. Assim “anotar” quem viveu ali é uma forma de deixar uma memória atemporal para o próximo humanos que passar ali aprender mais sobre o local. São conceitos abstratos do tipo em que a sua morte e corpo perecem com o tempo, mas as suas ideias não. Elas irão ficar registrados para todo o sempre no momento que você o transfere da sua mente para o meio material, como paredes, papel ou até mesmo o que estamos fazendo aqui escrevendo nossa conversa e postando para todos que quiserem, lerem depois. Como se tem a incerteza de voltarem para o local de origem, faz sentido ele deixar registrado quem morou lá antes de partir na jornada. Aí quando eles saem de casa rumo a montanha, é só porrada da vida. Novamente, mais uma metáfora para o momento de enfrentarmos a vida adulta, decidindo o que fazer, se sustentar, sair da proteção dos pais ou sobre o sentimento de viver independente. Seria o que você pode realizar quando vivo ou o que você deixa como marca para a próxima geração? Complexo, porque a vida não é fácil, já que uma simples queda em um rio congelado pode lhe custar sua vida mais tarde.

ALÊ: Siim, concordo! Acho que a ideia dele querer desenhar quem ele conhece é para ele não esquecer delas. Acredito que vá naquela linha de se agarrar em cada pedacinho para não enlouquecer naquelas circunstâncias. Por mais que o Joan não fale, nem tenhamos alguma forma de pensamento dele, ele está sempre observando e de alguma forma, tu sente algumas reações vindo dele. Ele mostra que não entende muito bem o que está acontecendo, mas quando ocorre alguma merda, ele tenta ajudar o garoto. Mesmo que ele não tenha muita noção das coisas, ele parece se apegar ao garoto no decorrer do episódio. E uma coisa bem evidente durante todo o episódio, o guri tenta ser o mais positivo possível. Se algo dá errado, ele sorri e fala com o Joan que está tudo bem. Ri disso, tenta de novo e conversa mais. Quando ele ouve o barulho vindo da casa dele, automaticamente o personagem já pensa que pode ser uma pessoa e nós vemos o quão desesperado ele está para encontrar alguém. Ele quer poder falar com um semelhante. Ele quer ver uma pessoa, não importa quem seja e está sempre naquela esperança de que quando chegar em casa, vai ter alguém o esperando. Tudo isso torna o cenário ainda mais tenso para quem está assistindo, porque conforme vai avançando o episódio, as coisas vão só piorando, com ele cada vez mais longe de casa e a nevasca que não para, sem qualquer sinal de vida. Quando ele machuca a perna, já dá aquele sinal de que fodeu. As coisas continuam dando errado e cara, que chuva de sentimentos… A essa altura eu já estava no mais puro choro. Tinha momentos que só de ver a cena na tela, sem qualquer fala, as lágrimas só vinham. Eu também acho que o garoto tem certa consciência de que ele não vai aguentar ficar naquele lugar por muito tempo. Não que ele tenha noção de que vai pirar, mas pelo próprio lugar que é um completo deserto. Não sobrou ninguém além dele e do Joan. As últimas senhoras que viviam ali morreram há algum tempo. Então era sair e tentar encontrar alguém na última tentativa, ou ficar sozinho. E pelo que o guri comenta, não foi a primeira vez que ele tentava sair dali, mas ele sempre voltava para lá. É o medo de sair ou do que está além, pois apesar dos pesares, ali é o porto seguro dele. Como você disse, somos criados pelos pais e dentro de casa temos certa segurança. Quando chegamos na fase adulta, passamos a encarar nossos próprios problemas. Então a ida dele para tentar chegar em algum lugar, pode representar esse contexto e esse trajeto não foi fácil, cheio de problemas e só deu tudo errado.

RUB: E quando sempre dá muito merda, só nos resta voltar para um local conhecido. O guri percebendo que está caindo em desespero e que sua condição não é nada boa, ele prefere “descansar” em sua casa do que apenas cair ali no meio de um gigantesco deserto de gelo, sem de fato ficar em paz consigo mesmo. Novamente o roteiro evidencia um certo aspecto em que não importa quais caminhos você escolha. Se a jornada foi fácil ou difícil, sempre você terá algum local para voltar quando precisar. Ele até inventa que está preocupado com o Joan, só que ele sente que nas atuais condições de saúde, não iria muito longe andando naquela tempestade de neve constante. Por isso o regresso de volta para casa, porque ele tem como referencial o local que viveu feliz, e que foi naquela vila abandonada. Ele até comenta que experimentou doces, mas não lembra. Outro paralelo ao desconhecido. O personagem ainda não sabia nada ou tinha conhecimento além daquele local. Tudo que ele sabe sobre comida, caçar, artesanato, armas e construções é o que ele via e recordava. O mundo é gigantesco e ele tinha conhecimentos de apenas uma fração de tudo o que o planeta tem nos a oferecer. É humanamente impossível sabermos de todos os assuntos possíveis e visitarmos todos os locais desse planeta. O ecossistema está sempre se adaptando e você só presenciará/vivenciará um pequeno intervalo desse tempo. Dificilmente veremos carros voadores Alê. Talvez nossos netos irão ver… Talvez… Não dá para saber. Como o próprio jovem que tem a gana de saber mais coisas sobre o mundo e experimentar novamente o gosto de um doce que ele esqueceu por ser ainda muito criança, sua vida teve um fim prematuro. Uma casualidade. Uma ferida maltratada. Ele se foi, mas deixou o que sabia nas paredes de seu quarto e indiretamente para o seu animal de estimação com uma capacidade mental de adaptabilidade muito rápida. E como o Joan ou a coisa (ou Fushi, que será o seu nome mais para frente) não tem essa limitação física de envelhecer, ele terá toda uma eternidade para continuar no seu caminho de aprendizagem. O anime irá focar muito sobre um ser desconhecido, que ele mesmo não sabe o que quer, só que terá a possibilidade de ver o final de toda a vida na Terra. Será um observador, um aprendiz eterno, ou como a ciência adora, um ser em constante adaptabilidade com o ambiente em que estará inserido e em comunicação com diversas criaturas pensantes com o seu jeito de ser (os humanos) descobrindo novas experiências de vida.

ALÊ: E não é só voltar para um lugar familiar. Como ter em mente que alguém pode voltar para casa e ele tem que estar lá para receber eles (desespero). Ele tem a percepção de que deu muita merda e é o momento que ele desaba. Pela primeira vez durante o episódio ele chora. Conforme a perna ia inchando, as mãos ficando avermelhadas/roxa e ele chega em casa, tudo só vai piorando até o momento de sua morte (nessa hora só sobrou o choro). Sim, não importa o quanto você viva e aproveite seus anos de vida, ou o quanto de conhecimento que você absorva, não passará de uma fração de tudo que há por aí. Sempre tem alguma coisa nova acontecendo, alguma transformação, algo novo surgindo. Até por isso normalmente ouvimos dos pais para aproveitarmos a vida e o que queremos fazer enquanto podemos. A vida é muito curta e sempre há tanto para se ver, experimentar e sentir por aí… Eu não sei o que a obra vai trabalhar, mas agora a “coisa” é um garoto, um homem que raciocina. Acredito que ele irá desbravar esse mundo nessa obra. Dá para ver até pela prévia do próximo episódio que a criatura irá encontrar outras pessoas. Teremos o primeiro contato dele com alguém igual ao seu porte físico e como o narrador diz: “Dois serem que querem viver”. Um irá aprender a fazer isso e o outro já quer fugir para poder viver. Como o próprio título da obra sugere (“To Your Eternity” em inglês e “Uma Vida Imortal” em português), ele é um ser imortal. Vamos ter um longo caminho com ele interagindo e aprendendo sobre pessoas, sobre ser humano, ou melhor, o que é ser humano? E considerando que ele não tem contato com outras pessoas, essas experiências e sentimentos devem ser muito… Esqueci a palavra… Exaltados??? Enfim, serão sentimentos grandes.

RUB: Enaltecidos talvez seja a palavra que você está buscando Alê xP. Porém considerando o que eu vi, Fumetsu no Anata e foi uma puta estreia nessa temporada. Como não conheço nada do mangá, tudo para mim será novidade. Assim durante as próximas 19 semanas serão novas experiências que terei assistindo essa adaptação. Obviamente recomendo a geral ver, porque vai valer muito a pena assistir a obra com suas reflexões da vida e sobre o ser humano.

ALÊ: Acho que antes de encerrar, preciso fazer um breve comentário da produção que está muito certeira aqui. Não sei o que aconteceu com o Brain’s Base, mas os projetos mais recentes deles estão ótimos! O design dos personagens é mais ‘simples’ na maior parte do tempo, mas em takes mais próximos, os detalhes aumentam e quando precisa, a animação entrega! Destaque também para a trilha sonora que está excelente. Recomendo DEMAIS que assistam. O mangá começa a ser publicado em Abril-Maio pela NewPOP como o título “Uma Vida Imortal”. O importante é dar uma chance e o anime é uma boa introdução para esse cenário. Daqui para frente será tudo novo para mim, então hype nas alturas. Vamos ver onde essa história irá nos levar ^^

Pelo menos no final ele conseguiu encontrar sua família :’)

É isso que achamos da estreia de “Fumetsu”. Vale dizer que se o anime tiver um ritmo bom e com muito conteúdo a se comentar, tal qual esse episódio, estaremos analisando a animação no blog de forma semanal. Portanto fiquem de olho no blog. Nunca falamos isso, mas comentem aí o que acharam do episódio ^^

Deixe um comentário