O anime pode ter nascido morto...

O anime pode ter nascido morto…

A Temporada de Outono está começando e como já é tradicional do blog, começamos com nossa leva de primeiras impressões dos animes da Temporada. Estarei iniciando minhas postagens solo com “Sankaku Mado”, anime BL que tem muito potencial de dar errado (por ter sido apunhalado pela produção). Irei discorrer minhas impressões nesse post 🙂

Sinopse: “O recepcionista tímido da livraria Kosuke Mikado tem a capacidade de ver fantasmas e espíritos, uma habilidade que ele deseja não ter, já que o que vê geralmente o aterroriza. Rihito Hiyakawa, um exorcista cujos poderes sobrenaturais são tão fortes quanto suas graças sociais são fracas, não parece temer nada, mortal ou não. Quando esse casal estranho se reúne para resolver os casos bizarros que surgem, seus métodos de trabalho podem não ser totalmente seguros para o trabalho!


Apesar de animes BLs sempre me deixarem muito interessados, afinal são pouquíssimos os adaptados e menos ainda os que são animes para TV. Porém Sankaku Mado não me deixava comprar de vez essa adaptação. Uma staff pouco expressiva em um estúdio mediado para menos e que aparentava ter um orçamento quase negativo, fizeram com que eu mantivesse minhas expectativas lá embaixo e no fim das contas, foi muito bom eu ter feito isso. Ao fim desse episódio, posso dizer que aparentemente o anime foi “sabotado” por quem está bancando o projeto, mas antes de falar melhor o porquê disso, vamos comentar melhor o episódio 🙂

Primeiro de tudo, eu gostei do episódio em alguns pontos, mas ele poderia ser bem melhor se tivesse algumas coisinhas, em especial, se tivesse TEMPO. O primeiro episódio foi muito corrido e pelo que já sei, cortaram material. Eu não li o mangá, mas um amigo me passou que retiraram várias coisas do original. Os eventos aconteciam um atrás do outro e a montagem não era muito boa. Sabe quando tu espera alguma coisa maior da situação, mas ela acaba rápido demais? Então, é basicamente isso. Pós o encontro dos protagonistas, eles vão visitar a casa que era assombrada e exorcizam o morto. Até aí beleza. Cortam para outra cena, eles acabam com o defunto, corta de novo para eles comendo no restaurante, tem uma conversa breve, para logo depois vir mais um corte, aí vamos para o que vem a ser o caso principal do episódio. São cortes cecos e fica aquela sensação esquisita conforme vamos assistindo que o episódio está atropelando as coisas. Não é atoa que a sensação só melhora da metade para frente, que segue uma única linha de narrativa.

E isso me preocupa porque assim, o mangá foi concluído em 10 volumes (vai ter continuação, mas isso é outra história) e sendo uma história fechada, meu medo é que tentem adaptar os 10 volumes em 12 episódios. É MUITO material para pouco tempo. Pode ser que tenham corrido com esse primeiro capítulo para fechar ele num ponto mais interessante e instigante (o que de certa forma, funcionou), porém enquanto eu não ver pelo menos os próximos episódios, ainda ficarei com o receio de tentarem enfiar os 10 encadernados em apenas uma temporada.


Agora sobre o episódio em si, eu não gosto da primeira metade por causa de ser muito rápido. Acho que as informações acabam sendo atropeladas por causa dessa pressa toda. Uma coisa que poderia solucionar isso é que o episódio tivesse o dobro do tempo. Normalmente eu sou bem contra episódios de estreia com quase 1 hora de duração, mas aqui poderia ser uma ótima solução para conseguir introduzir os personagens, como a situação que cada um deles se encontra, explorar melhor cada um dos takes que foram cortes de no máximo 3 minutos, sabe? Se dar tempo mesmo. Não é como se o episódio não tivesse isso, pelo contrário, ele tem. Só que o X da questão é ser tudo muito acelerado. Um problema disso é que, por exemplo, o policial meio que só brota ali. Você precisa aceitar que o Hiyakawa já era amigo dele e que ele só entrega os casos na mão do cara, sem uma introdução apropriada do personagem. Entretanto, ainda dou muito crédito ao diretor que mesmo assim, ainda conseguiu fazer a relação dos protagonistas funcionar e a interação deles ser boa, sustentando e te prendendo no episódio, apoiado ao texto que conseguiu ser constrangedor e que isso foi ótimo!

O anime passou a me agradar mais da metade para frente, como mencionei mais acima. Com um único caso e é a parte que consegue ter uma linha de pensamento mais extensa. Todavia, ainda tenho um pequeno problema em como se deu a investigação dos protagonistas que os levaram até o local com o cadáver. Só mostram pequenos flashs deles procurando e andando pela cidade, mas fica um tanto esquisito, porque não tivemos uma demonstração de buscas antes. Eles conversaram com fantasmas? Perguntaram para pessoas em volta? Pessoas que conheciam as vitimas ou que pelo menos viam elas com frequência? Essa cena não é muito intuitiva.

Uma coisa que gostei foi a ideia do policial não acreditar em nada que ele não veja com seus próprios olhos, não sendo afetado pela assombração. É uma ideia bem interessante, bem ao estilo de “O que os olhos não veem, o coração não sente”. Além disso, achei legal o espírito/alma/fantasma delas ser desfigurado, porque como foram unidas, parte do espírito também foi, deixando ela com aquela aparência monstruosa (embora não mostrem o rosto). Também gosto de como retratam o medo do Mikado durante o episódio, com ele preferindo não usar óculos para que os vivos se misturem com os mortos e ele não sinta tanto medo, ou com ele no final, depois de ter enfrentado algumas assombrações, ainda achar assustador. Quero ver como prosseguirá daqui em diante.

O episódio termina com um gancho muito interessante já que a pessoa citada – Erika – aparece no fim do episódio com um ar muito misterioso (para dizer o mínimo), com as vozes repetindo a frase: “Eu te amaldiçoo”. Pelo que entendi, ela é como a forma de um espírito?? Não sei o que ela é realmente e isso deve ser abordado nos próximos capítulos. Segundo um amigo, essa personagem deve movimentar bastante a trama daqui para frente. Outro aspecto muito interessante dessa sequência final foi o Hiyakawa engolindo alguma coisa vermelha relacionado ao corpo costurado das garotas. De forma geral, ele é muito suspeito, embora eu goste da interação dele com o Mikado. O Hiyakawa tem um ar de quem esconde coisas. O papo dele sobre destino, um olhar meio vazio… Desconfio do personagem. Acho que podemos ter alguns twists envolvendo a criatura. Veremos.

Não confio em tu moço

Antes de partir para comentários mais gerais sobre a produção, preciso dizer que adorei o texto do exorcismo. É muito maravilhoso as conversas de duplo sentido e o quão erótico consegue ser hahaha. Na cena que o Hiyakawa morde o Mikado, ele ainda lambe o guri. Uma pena que tenham cortado isso XD. O exorcismo em si, com aquela coisa roxa, acho meio vergonha alheia, mas o texto com toda a malicia compensa muito essa parte, rs. Inclusive, foi muito bom (no sentido de ser divertido) ver os otakus abandonando o anime, porque não sabiam que era um BL e como são tudo preconceituosos, não gostaram das cenas com “teor yaoi” (enterrem esse termo, pelo amor). Enfim, coloque mais cenas dessas produção. Manda mais que está pouco XP

Ui gata

Agora sobre a produção, ela está um pouco melhor do que eu imaginava. Eu não gosto muito dos designs de personagens. Não é tão fiel quanto no mangá e não tão expressivo, porém dentro das limitações do estúdio, eu achei o resultado ok. O problema mesmo é por não ter tempo. O diretor precisa fazer os ditos cortes secos, o que acaba sendo bem ruim. Ainda não tenho certeza, mas partindo do pressuposto de que vão adaptar os 10 volumes do mangá no anime, se isso não acontecesse, ou se pelo menos tivessem 24 episódios, com um cronograma melhor e uma staff que desse para exigir cenas mais trabalhosas, acredito que o diretor mandaria muito bem. Ele aparenta saber fazer o clima da série, só que as limitações não deixam ele brincar com as cenas, precisando fazer tudo de forma que desse para entregar os episódios a tempo. Nem devem ter animadores que conseguem fazer cenas elaboradas ou complexas. E por ele ser um diretor novato, dificilmente ele teria alguns contatos de bons animadores para trazer ao projeto. É uma pena, principalmente porque o anime poderia ser muito melhor se tivesse 20 e tantos episódios. Espero que no próximo trabalho do diretor, ele consiga uma staff melhor. Ele tem muito potencial.


Eu acho um pouco difícil recomendar ou não o anime por essa estreia. Apesar dos pesares, a staff ainda conseguiu lidar bem com os problemas. O roteiro é um pouco confuso, apressado e come informações/eventos do mangá, entretanto ainda deu para entender a essência da série. A questão é: eles vão conseguir manter isso nos demais episódios? Se vão adaptar os 10 volumes, acho muito difícil o resultado ser positivo. Acho que pode valer a pena arriscar, nem que seja nos 3 primeiros episódios. Deve ficar mais nítido a qualidade da produção nas próximas semanas. TALVEZ (e só talvez) eu volte a comentar o anime no blog se o anime melhorar. Então fiquem de olho que pode aparecer uma outra postagem comentando mais episódios da animação ^^

Adorei que panfletaram outra obra da autora (Tomoko Yamashita) no anime hahaha.

1 thought on “Sankaku Mado No Sotogawa wa Yoru (The Night Beyond the Tricornered Window) #1 – Primeiras Impressões

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