Parece ter mais a oferecer além de unhas, cabelos e olhos impecáveis 🙂
Primeiro post colaborativo que faremos nessa Temporada e começamos com uma boa estreia. “Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru” é um dos hypes dessa temporada (uma das poucas animações que dava para hypar, na verdade) e teve um 1º episódio muito bom, apresentando bem o clima da narrativa e seus personagens, tendo apenas poucas ressalvas a se fazer. Confira:
Sinopse: “Wakana Gojou é um garoto de quinze anos que foi socialmente traumatizado no passado devido a suas paixões. Aquele incidente deixou uma marca nele que o fez ser um recluso social. Até que um dia ele teve um encontro com Kitagawa, que é um gal sociável, que é o completo oposto dele. Eles logo compartilham suas paixões uns com os outros, o que leva a um relacionamento estranho.”
RUB: Alê, primeiro post colaborativo sobre os animes da Temporada de Inverno 2022. E não é que o pontapé inicial foi bem decente. Estamos falando de Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru. E como dissemos no post de expectativa dessa season, acabamos escolhendo esse anime pelo trailer e pela beleza da produção que aparentava ser de ótima qualidade, o que acabou concretizando nessa estreia. O anime não perde muito tempo em nos apresentar o protagonista dessa história, Gojou, e seu anseio por seguir a profissão de seu avô em ser artista de bonecas tradicionais japonesas, ramo bem exótico para nós ocidentais. Até ver esse sonho sendo apresentado no roteiro, passa a impressão de um ar de novidade, pois iremos acompanhar a fase inicial de um jovem ao seguir carreira nessa área. O Gojou fica embasbacado com os detalhes que essas bonecas tinham espalhadas na casa do seu avô. E não demora muito para ele começar a treinar a fazer seus próprios bonecos, replicando os trabalhos que seu parente fez em produtos passados. Entretanto, como também esperado, ver homens realizando trabalhos delicados não é algo bem visto na sociedade japonesa. Basicamente meninos não podem ‘brincar’ com bonecas, o que deixa o protagonista sem chão, visto que sua única amiga na época o rejeitou pelo seu hobby nada convencional. Não sei até que ponto o roteiro de Sono Bisque irá abordar esse tema, mas acredito, me baseando pela estreia, que a vergonha que o protagonista tem pelo trabalho será um tema recorrente para puxar lições como aceitação e superação de preconceitos com o que você ama. Esse começo é muito bem montado e dirigido, pois a produção do anime deixa contextualizado o espectador em apenas um minuto. Um acerto para a equipe de produção. Depois desse primeiro minuto, saltamos no tempo e estamos no presente da obra, com o Gojou no colegial, e sendo apresentado um pouco sobre o seu cotidiano em um dia qualquer. Graças ao trauma de infância, o personagem fica retraído e envergonhado sobre seu hobby, o afastando de qualquer convívio social com pessoas da mesma idade que ele. Os jovens japoneses tem muito disso sobre só terem assuntos se os dois lados fazem algo em comum. É um aspecto social bem perceptível sobre não puxarem tópicos além do que fazem na escola. Legal ter esse aspecto destacado, porque isso é o que tranca qualquer iniciativa do personagem ao puxar conversa com os demais. Até que a Marin, no melhor estilo de mangás RomCom, cai perto onde o protagonista está perto, quase o acertando, e finalmente nos é introduzido a outra protagonista carismática dessa obra.
ALÊ: Depois do desastre chamado “ORIENT” (primeiras impressões aqui), enfim vou para uma estreia com saldo bem positivo. Escolha baseada inteiramente em dois fatores principais: protagonista feminina que vendia carisma a quilômetros de distância e animação deslumbrante (sobretudo no cuidado com cabelo, olhos, cílios e unhas). Gostei do Gojou. Ele é simpático e muito fofo, com um clima inocente e bobinho ao mesmo tempo. A apresentação dele começa com o momento em que ele é criança e que fica maravilhado com a beleza das bonecas. Foi um acerto muito grande, porque é uma criança fofinha que tem ali um vislumbre de algo que ele quer fazer. E bom, a não ser que você tenha um problema muito grande com crianças, isso pega no emocional. Eu gosto de como nesses minutos iniciais antes e pós OP, coisas são passadas sem serem mencionadas claramente. Por exemplo, pelo sonho do personagem, nós entendemos o fascínio dele pelas bonecas, começando a treinar por achar tudo muito lindo, até o momento sua amiga vai e diz que aquilo não era adequado para ele por ser um homem, sendo um evento muito traumático. Isso é expressado? Não, mas vemos que ele acorda no presente e todo suado, além da expressão de tristeza que faz enquanto criança, já que aquele momento e seu interesse pelas bonecas, era o que o personagem tinha se agarrado. Posteriormente a OP, temos um take dele rezando para um altar com a foto do que aparenta ser os pais dele. Dá a entender que faleceram, daí o motivo dele viver com o avô. São pequenas coisas, mas que vão fundamentando a vivência do personagem, bem como traços de sua personalidade. Voltando um pouco, a questão dele ter ficado traumatizado é reforçada no trajeto da escola, com um cara que pula em cima dele acreditando ser outra pessoa. A reação do Gojou é de alguém muito assustado. Ele fica um tanto paralisado. Novamente é passado que depois daquele evento com a amiga de infância, ele não conseguiu interagir com às pessoas, retraído no próprio mundo, com medo dos olhares das pessoas que são sim muito “condenáveis”, e que gostam de julgar o que você é e o que você faz. A sala de aula coloca essa questão em foco quando os alunos estão segmentados nas suas panelinhas e cada um com assunto “comum” para suas idades, não dando abertura para que ele se enquadre. Se tirarmos o tempo da OP (1:30 min), são cerca de quatro minutos e meio de muita coisa já posta para quem está assistindo. Uma direção ótima, que soube trabalhar essas cenas. Depois de tudo, chegamos no ponto de encontro da Marin com Gojou, com uma entrada triunfal, por assim dizer, e para lá de exagerada (isso foi bom). O que me faz gostar mais da personagem é ela me lembrar minhas amigas do fundamental e ensino médio. Eu queria ser parecido com elas no sentido de se expressar. Eu gostava muito de estar nesses grupos, mas não conseguia ser como elas, da espontaneidade de conseguir ser extrovertido (eu era alvo de bullying, então não tinha qualquer espaço para ser eu. Só restava me retrair pela minha própria segurança). Me dá boas sensações e lembranças por esse lado.
RUB: A Marin é bem atenta aos detalhes, porque por causa da queda, quando ele viu uma mancha no braço do protagonista, logo se desculpou pensando ser a autora de tal ferimento. O que também merece destaque nessa cena é a animação. Meu Deus, o anime está lindo demais. Ter mais de dois personagens se movimentando e conversando é algo RARÍSSIMO de se ter nesse gênero de romance escolar. Em alguns momentos até a respiração dos personagens entre uma frase e outra era desenhado. O pessoal que adora sakugas deve ter pirado nesse primeiro episódio de Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru. E como acontece na introdução, em poucos segundos já temos a ficha da personagem da Marin. No flashback relâmpago mostrado em que ela deu um fora no maluco escroto, sabemos que a Marin gosta de animes, que não curte mentiras e que não tem paciência com pessoas idiotas que zoam os outros por seus gostos ou escolhas. Coitado do protagonista que o seu pessimismo floresceu com tudo, pois ficou sentindo mais inferiorizado por acreditar que era incapaz de conseguir uma amizade com outra pessoa daquela forma. Para ele, a Marin por ser bem aberta consigo mesma, foi capaz de construir relacionamentos mais fortes do que ele tinha com sua amiga de infância. Mesmo eles estando em situações bem semelhantes, o Gojou se coloca como um estranho naquele ambiente, se distanciando de qualquer pensamento empático em relação ao esforço da Marin em estar naquele contexto. Tanto que quando ela fala sobre ele estar fazendo os deveres dos outros que não é algo solidário e sim estão aproveitamento de sua boa vontade de ser permissivo com tais pedidos. Para ele foi um choque, porque o Gojou sempre acreditou em dar e não receber nada em troca, o que não sustenta uma amizade ao longo prazo. Os dois lados devem ter o mesmo nível de serem prestativos em apuros de um ao outro. Se o amigo estiver em uma merda, o outro deve estar lá para ajudar, porém o contrário tem que valer também. Esse é o ponto da fala da Marin em que ser bonzinho é bem diferente de ser usado por ser gentil demais. Ao que parece essa personalidade passiva era bem recorrente antes para o Gojou. Como tudo para ele estava bom, independente da situação, o personagem acabou deixando os colegas de classe ‘crescer’ em cima dele, fazendo pedidos bem trabalhosos, sem dar nada em troca.
ALÊ: Sim! A animação é excelente até nos mínimos detalhes (certeza que tem umas pessoas trabalhando exaustivamente nos bastidores para conseguir entregar essa qualidade, né CloverWorks!?). O caminhar dos personagens, os figurantes que preenchem a sala, ou até mesmo os quadros estáticos que recebem uma atenção ainda maior, sendo polidos e bonitos. Uma direção que sabe usar bons ângulos e que passa muito bem a noção de espaço dos cenários. Na sala de aula, tem duas questões mais evidenciadas. Uma sendo mais pelo lado do Gojou não ter quais habilidades de contato social (evidenciado mais de uma vez até o momento), então ele pensa pelo lado de que seria incômodo dele estar ali e não conseguir retribuir a troca da conversa, deixando o clima estranho. Ou indo um pouco mais longe, que poderia até piorar a situação dele na sala, caso dissesse algo considerado esquisito. Também tem o lado que você apontou e que foi dito pela Marin. Você percebe que o protagonista não tem qualquer tato, porque sequer cogita que os caras estavam mentindo para ele, mesmo sendo uma desculpa super comum. Na hora que a Marin fala isso, ele tem um pequeno choque com aquela informação, para depois se depreciar com falas como “Ah, mas pelo menos confiam em mim”. São todos sinais de alguém solitário e que realmente não tem essa troca de amizade, sendo novamente um reflexo daquilo que aconteceu em sua infância. São pormenores que vão deixando os personagens bem mais interessantes e ricos. Tudo em isso em menos de 20 minutos. Aí vem a cena de comédia certeira do episódio, com uma sequência ótima de atuações. Desde a quase queda da boneca no chão a levar o Gojo, por impulso, a falar com a boneca, seguido da expressão facial da Marin, para terminar com ela achando a boneca linda também. Uma sequência maravilhosa e muito bem animada, coisa que se mostrou padrão no decorrer do episódio.
RUB: A comédia é bem funcional e a edição contribui bastante com o timing cômico. O Gojou usa a sala de costura da escola só porque sua máquina antiga quebrou (até tive nostalgia, porque minha avó tinha uma máquina de costura muito parecida com aquela mostrada) e fica todo maravilhado com uma máquina mais atual ao que estava habituado. Tivemos toda a sequência de cada um descobrindo o segredo do outro. Um viciado em bonecas tradicionais japonesas e a outra fissurada em cosplay/coisas relacionadas a animes e mangás. Um vai complementar e treinar o sonho do outro. Novamente temos uma exibição de gala com animações lindíssimas, com destaque em especial para a movimentação da personagem feminina. E falando nela, vou puxar um outro assunto que para mim não incomodou tanto, mas para ti te tirou por completo do episódio que foi o fanservice apresentado. Bem, antes de assistir o episódio eu estava lendo um mangá que tinha muita cenas de sexo e nudismo feminino (comentarei sobre essa minha leitura em uma outra oportunidade) e talvez por isso eu estava bem ANESTESIADO com a erotização desse episódio. Tanto que a única cena assim que de fato foi bem desnecessária era a que aparece a calcinha nessa última parte do episódio. Tipo, podia ficar sem, porém se manter esse nível de fanservice, não irei me incomodar tanto. Infelizmente estou lendo o mangá de Sono Bisque enquanto eu faço esse post (capítulo 18 agora conforme mando essa mensagem). Sinceramente espero que a produção deem uma ‘segurada’ em algumas cenas que tem no original, porque o mangaká meio que vai no limite do aceitável, beirando ao ecchi puro só para cumprir tabela, sem função narrativa ter algo do tipo ali. Aliás, parabéns para os designers do anime, porque as decisões feitas para a adaptação lembram MUITO ao visual do mangá, o que é bem difícil de se fazer, principalmente se pensando em cortar custos para baratear o anime.
ALÊ: Olha só que interessante. Enquanto você estava mais “anestesiado” quanto a questão de sexualização (e acho que sei qual é esse mangá que você leu), eu estou indo no lado oposto. Dando um contexto rápido: ecchi desnecessário é sempre um problema, independente de qualquer coisa. Só que vai muito do quanto você consegue tolerar essas cenas para continuar com a obra e o quanto esse tipo de coisa vai te atrapalhar. Por uns 2 anos, eu tolerava muita coisa mesmo. Só que desde Junho de 2021 para cá, eu tenho embarcado muito na leitura de Shoujos, que tende a ter uma abordagem muito diferente do Shounen e do Seinen, em especial quando se trata de suas personagens femininas. Conforme eu tenho lido mais da demografia, tenho ficado bem menos tolerante com essas cenas, por isso que acabou me tirando do episódio. Era coisa de desmanchar sorrisos mesmo. O que terminou de ferrar foi a cena no final do episódio, que pelo menos para mim, me tirou muito do que a cena queria passar com as falas da personagem. Eu não estou falando de, por exemplo, os takes que a personagem tira a roupa, visto que é algo que estava bem claro que seria recorrente. E nessas cenas com a personagem com menos peças de roupa, o destaque é outro. É mais nesses momentos que simplesmente não tinha necessidade alguma, como a mencionada parte final do episódio. A guria toda entusiasmada falando de seus sonhos, do quão importante era aquilo para ela e do nada, páh, uma bunda/calcinha na tela. É um tanto decepcionante para mim. Até comentei no Twitter que tanto Sono Bisque (Seinen) como “Runway de Waratte” (Shounen) compartilham muitas coisas em comum. Os estereótipos dos dois protagonistas principais de ambas as obras segue o mesmo estilo (introvertido x extrovertida). Sono Bisque fala de cosplay e bonecas, enquanto que Runway vai para o lado de design, desfiles e moda. Eu meio que coloquei para mim que teríamos algo mais parecido e de certa forma, não está errado, mas em momento em algum Runway coloca a protagonista feminina ou qualquer outra personagem nesse tipo de cena. Há momentos que ela tira a roupa, porque como eu disse, é esperado para esse tipo de obra e para essas situações e os dois acertam nisso. Sono Bisque só peca nesse lado de sexualizar mesmo. Um amigo disse que o autor pesa mais a mão no começo do mangá e depois dá uma reduzida. Espero que a produção corte ou pelo menos amenize no anime (dificilmente irá acontecer, mas não custa sonhar). Falando da sequência final, eu gosto dela por ter esse encontro deles de ter alguém que o entende, em pelo menos em algo que compartilham, que no caso são roupas. É um pretexto muito bom para formar amizades e adoro dessa discrepância entre os dois. Acho que ambos têm muito a aprender e desenvolver um com o outro. E importante dizer: ela correndo e se movimentando ao redor da sala é fabuloso. Movimentos que tem peso, com expressões e um aproveitamento de espaço tão bom. Dá muito gosto de ver.
RUB: Bem, espero que o anime se saia bem, porque a história tem potencial e sinceramente espero que role algumas adaptações, principalmente considerando certas cenas que já aparecerão nos próximos episódios em relação ao fanservice do mangá. Como a temporada está fraca, sem nem ao menos um dos poucos animes promissores não corresponder, fudeu, já pode pensar na season de abril que é mais negócio.
ALÊ: Sim, com certeza hahaha. Espero pelo melhor para a série e que siga nessa pegada (com menos sexualização), e que também que consigam manter esse padrão de qualidade até o fim. CloverWoks aprendeu com sua amiga, MAPPA, e está com 3 projetos nessa temporada. Torço para que a staff não sofra tanto no processo.
Bacana! Eu estava lendo o mangá semana passada, nem sabia que haveria uma adaptação da obra já que estou por fora ultimamente. Eu sinceramente deixei de ler, não curto essa cenas de Ecchi e a história não me forçou a continar. Vou acompanhar por aqui mesmo.
Vocês estão comentando basicamente do anime, que eu achei maravilhoso, porque transmite toda a aura e arte do mangá para a tela. E não está rushado, o que vejo muito em animes que tem de resumir um volume em dois episódios.
Sobre as cenas mais ecchi, isso incomoda muita gente, e entendo. Mas essa é uma das razões dele ser bem vendido e acredito que pode ser publicado aqui no BR aproveitando hype do anime, e por ter poucos volumes (9). Os mangás como alguns falam em demografia (que em geografia me remete outra coisa) mas falo de estilos de narrativa (shounen, shoujo etc..)
E cada um tem um público, uma das poucas obras fora do meu padrão é Orange que tenho os 06 vols, gosto muito e não o vendo. Mas é a exceção na minha coleção.
E olha que não tenho e nem tenho interesse de ter naruto ou one piece….
Sono Bisque Doll tem uma das artes mais bonitas recentes de mangakás, um roteiro consistente com o estilo romcom escolar…
Imagina se você ler Good Ending de sasuga Key ou Hetakoy de Nakano Junko…. São boas e legais romcoms (uma no ens médio outra na faculdade) bem fechadinhas, mas talvez agrida seus olhos por ter muito ecchi e fan service….
Eu achava que esse anime era escrito por uma mulher.
https://www.reddit.com/r/SonoBisqueDoll/comments/rz2elq/fukuda_shinichi_being_a_wholesome_author/
E ele é. Só que não sabíamos que era uma autora quando escrevemos esse post.