Quem apostaria que teríamos mais uma nova temporada de Overlord, dado a segunda e um pedaço da terceira temporada que a galera que assistiu não curtiu, caindo no esquecimento dos otakus que são fãs da obra. E realmente não posso discordar do consenso da maioria, pois o arco do reino dos lagartos foi bem complicado de acompanhar na época e que não teve grandes consequências naquele mundo mostrado. Mas por uma espécie de milagre, fiz um post em julho de 2022 sobre a obra, e agora estou torcendo para que a história não caia nos mesmos erros das 2 seasons anteriores.
SINOPSE: Quando um MMORPG bastante popular anuncia que será desligado permanentemente, um jogador veterano se recusa a deslogar: Momonga. À medida que NPCs começam a desenvolver personalidades e mentes próprias, ele decide usar suas habilidades para se tornar o novo chefão do jogo. Fonte: Crunchyroll
Pior que eu gosto de Overlord, principalmente pelo casting dos personagens principais extremamente carismáticos. Não é só uma variedade de personalidades, mas também de designs variados, indo de súcubos, vampiros, undeads, castores gigantes, lagartos humanoides, crustáceos, entre outros, que torna essa experiência de assistir o anime, aquela farofa descompromissada que tanto adoro de acompanhar. O anime não tenta ser sério ou com uma imensa carga dramática. Tirando algumas partes em que temos o Momonga ou seus servos trucidando de maneiras bem chamativas os vilões dessa história, 80% da narrativa é focada no protagonista tentando parecer o grande fodão rei da porra toda, com pose de vitorioso do submundo, ao mesmo tempo que precisa equilibrar e salvar maior parte das espécies que compõe aquela dimensão (que até hoje, o Momonga não conseguiu definir se ele ainda está dentro do jogo ou em um mundo paralelo que é idêntico ao que ele conhecia do game), sem parecer como benevolência, e sim um ato de um ditador tirano que deseja o controle mundial.
O primeiro episódio da quarta temporada é dedicado a essa dinâmica, do protagonista tentando convencer seus seguidores que tudo que ele está fazendo são pensamentos de um baita estrategista rei demônio, mas que ele mesmo sequer sabe o que está fazendo. O Momonga sabe que precisa controlar seu exército, pois se ele deixar geral solto, com certeza que teríamos a extinção da vida naquele planeta, coisa que ele está tentando evitar de todas as maneiras possíveis, com a justificativa que ele precisa de testemunhas vivas para presenciarem seu triunfo no controle de todos os reinos. E fica bem claro em como o Momonga está se esforçando para que seu objetivo aconteça, que ele “atua” como o maior tirano para sua galera e servos, mas que em negociações com os humanos, usa a barganha e convencimento para apelar para o lado lógico dos grupos que estão descontentes com a situação de ter um Mago Esqueleto obrigando submissão e lealdade a um Undead. Foi isso que aconteceu com os lagartos, com aquela aldeia da primeira temporada, com os guerreiros da terceira temporada e com a guilda de aventureiros que ele negociou neste episódio. Tudo ruma para uma utopia, em que o próprio Momonga expõe em falas para sua empregada. Por se sentir sozinho e não ser tratado como igual, o protagonista está tentando deixar toda a população do planeta em igualdade, fazendo assim a perda de significado de hierarquia entre os seres da mesma espécie. Já que todos devem obedecer a uma legislação, não teria necessidade de segregação ou similares, tendo, na teoria, o mundo perfeito idealizado por Momonga.
Como foi mostrado nas temporadas anteriores, terão grupos que não irão concordar com a submissão incondicional a um morto-vivo, e irão fazer de tudo para impedir que algo ocorra na sociedade vigente daquele contexto. O que não deve ser um problema para o Momonga achar uma solução para esses problemas, vide que foram poucos momentos que o protagonista foi pressionado por algum adversário. Na realidade, todas as lutas que o Ainz Ooal Gown foram massacres. Overlord é a antítese de uma boa luta. Como sempre, o seu lado é imensamente superior ao do inimigo, e todas as conclusões dessas batalhas são apenas representações visuais de um desequilíbrio evidente entre o exército controlado pelo personagem principal contra os demais. Eu nem assisto Overlord esperando boas lutas, pois eu sei que o Ainz vai vencer geral sem grandes dificuldades. O que mais me prende mesmo no anime são os personagens e suas interações em tela.
Aliás, o elenco desta obra é gigante. Eu por padrão tenho dificuldade para lembrar os nomes, e em Overlord para ficar ainda mais complicado, todos os personagens recebem denominações nada convencionais, sendo brincadeiras linguísticas do japonês com alguma outra língua estrangeira (principalmente europeia). Lembro de cabeça o Momonga e a Albedo. Os demais personagens eu preciso olhar o MAL ou Anilist para recordar como eles se chamam na história. Entretanto, mesmo eu tendo esse empecilho de memória, é muito divertido acompanhar o dia-a-dia de todos os personagens que rodeiam o protagonista. É quase um anime slice of life diferente, em que assistimos a rotina de seres fantásticos com hábitos e ações que pouco se assemelham ao comportamento humano. Os momentos cômicos funcionam graças ao nosso estranhamento das atitudes mostradas, principalmente em relação a falta de empatia que o exército do Momonga tem em relação aos quaisquer outros seres do planeta. Tudo sempre indo para o absurdo ou extremo que te causa desconforto, ao mesmo tempo que não é para levar a sério os comentários, pois é óbvio que não irá ocorrer tal atrocidade, ao menos até o momento que o Momonga mandar que o façam. Gosto das piadas de duplo sentido ou sexuais em relação alguma personagem feminina se derretendo para um esqueleto. Elas são bem engraçadas. As reações de desconforto do protagonista são as melhores.
Quanto à parte política do roteiro, nunca foi algo do meu interesse. Eu sei que é uma parte importante da história e tal, mas por ter lido o volume 1 de Overlord publicado pela JBC e eu ter percebido que o autor exagera nas descrições desse aspecto, e o anime também não foca muito nisso, acabo ligando o foda-se para um entendimento da motivação dos personagens em relação ao governo que ele está defendendo. Eu sequer lembro o alinhamento de cada um nessa parte da história. Por não ter tanto destaque assim na adaptação, eu só ignoro e faço esforço nenhum para compreender a guerra política instaurada na obra. Talvez tenha alguma mensagem sendo passada nessa parte, porém vou deixar para lá por pura preguiça de entender o que está rolando.
Quanto a parte técnica, continua igualzinho às temporadas anteriores. Direção, animação, edição, trilha sonora… A única coisa que não foi mostrada nessa estreia foi animação de objetos em CG. Dificilmente role uma alteração brusca nessa parte, mas se vocês já assistiram as temporadas anteriores, mais ou menos sabe o que vem pela frente, em todo seu “GLAMOUR” e “QUALIDADE” em fazer milhares de bonecos com movimentações NADA travadas e robóticas, com um casamento visual “IMPECÁVEL” entre o 2D e 3D.
Eu fiquei um pouco pensativo nesse fechamento do meu texto. Geralmente, como eu quase não critiquei o anime, encerraria com uma recomendação certa para quem não viu, ir logo assistir. Só que entendo que Overlord não é para qualquer otaku. Ele tem muitas particularidades e é recheada de diálogos e episódios de build-up para um evento grande mais para frente. Além de que a segunda temporada é um teste de resistência do caramba para ver se você continua ou não assistir. Vou dizer para a galera que nunca assistiu o anime, faça a regra dos 3 primeiros episódios e analise se vale a pena ou não continuar. Já contando com os episódios da quarta temporada, serão 50 capítulos ao total. Talvez seja um impeditivo para o pessoal que não tem tempo para se dedicar tanto tempo assim a uma franquia. Bem, eu curti o que eu consumi na animação, mas não tenho tanta certeza de que vale a pena para quem pensa em ver a obra hoje. Agora, se você já viu até a terceira temporada, pode ir tranquilo que o anime continua no mesmo tom.
O anime pode ser encontrado na Crunchyroll.