É muito competente no que se propõe!

Outra estreia dessa temporada (a terceira que assisti e a segunda que comento no blog) foi “Loop 7-kaime no Akuyaku Reijou wa, Moto Tekikoku de Juukimama na Hanayome Seikatsu wo Mankitsu Suru” ou só “7th Time Loop”. É mais uma obra que adapta um material de demografia feminina (no caso, uma novel) e bem, tenho que dizer que eu não tinha lá muitas expectativas, mas acabou sendo uma boa surpresa pelo nível de competência de execução da sua proposta ^^

Sinopse: “Rishe Irmgard Weitzner, filha de um duque, tem um segredo: ela morreu aos 20 anos e retornou a um momento cinco anos antes, quando seu noivado foi desfeito. Ela já viveu esse loop temporal seis vezes, e viveu esses cinco anos diferentes todas as vezes, como uma comerciante, uma médica, uma criada, uma amazona e muito mais. Agora, em sua sétima chance, ela está determinada a viver até a terceira ridade e passá-la relaxando. No entanto, no momento em que ela foge do castelo com essa decisão em seu coração, ela se depara com o infame e cruel príncipe herdeiro de um reino rival, Arnold Hein! Ele foi quem a matou durante sua vida como amazona, mas agora parece ter desenvolvido um interesse bizarro por ela… e implora para que ela se torne sua esposa. Assim, para se manter viva e evitar uma guerra, Rishe utiliza suas experiências anteriores para começar sua sétima vida como a noiva do príncipe herdeiro de uma nação inimiga!”


“7th Time Loop” é aquela proposta que se você vê animes há algum tempo, já deve ter visto algumas vezes: a protagonista leva uma vida, morre e volta em algum ponto X e tenta fazer diferente para não acabar morta de novo. É algo básico e que dentro das produções de novels e mangás de demografia feminina, tem ganhado cada vez mais espaço. O que gostei nesse daqui foi o quão bem a narrativa dele é contada. Ele não tem nada de inovador ou revolucionário dentro do gênero, mas o que ele se propõe, faz muito bem! Acompanharemos aqui a vida da Rishe tentando não morrer após o seu 5º ano desde o rompimento do seu noivado com o príncipe Dietrich.

Uma coisa que gostei é o quão bem segmentado o episódio é e, ao mesmo tempo, o quão conexo essas partes são ligadas. Começamos o episódio com a protagonista nos minutos finais da sua 6ª vida, até o momento em que é assassinada pelo príncipe Arnold Hein e vale dizer, é uma cena muito bem dirigida com uma sequência de ação muito bem feita e competente. Após a morte, voltamos ao ponto de start que é o rompimento do casamento. Após isso, temos um panorama geral e de contextualização das vidas passadas que a protagonista levou até então e que ela sempre morria 5 anos depois do ponto de inicio, e normalmente morrendo na guerra causada pelo Arnold Hein.

Nesse flashback, o primeiro looping é o que mais ganha tempo, porque vai dar uma maior explicação para os eventos, afinal, é a primeira vez que a protagonista estava lidando com tudo aquilo. Quando ela encontra os comerciantes no meio do nada, achei que iam para uma tentativa de abuso ou sequestro da protagonista, mas não, pelo contrário. Os rapazes forem legais com ela e a chamaram para ser comerciante para aprender sobre ‘a arte do comércio’, o que acabou sendo uma opção muito interessante para a personagem, pois ela não só foi muito feliz, como conseguiu prosperar e a própria diz que aproveitou ao máximo a vida que teve até o momento da sua morte.

A partir da segunda vida é que eu acho que a série traz um ar muito legal para a personagem, porque na volta, a Rishe percebe que tem uma segunda chance e é o momento que dá um “click” e nota que não precisa de um casamento, que ela pode sim fazer outras coisas e ser muito feliz com isso. Na segunda vida os planos iniciais dão errado, ela vai para um outro caminho, estuda farmácia e igualmente prospera, aproveita e foi feliz. No 3º loop , ela retoma os estudos de uma pesquisa que estava fazendo. Na 4ª vida trabalhou como empregada na mansão de um duque. E na sexta vida, ela se passa por homem e se torna cavaleira. Por algum motivo, eles pulam a descrição da quinta vida, mas não importa, porque ao fim do episódio, tem um diálogo muito bom na qual ela diz ao príncipe Dietrich que ela acreditava que o valor dela enquanto mulher era o casamento, mas com todas essas vivências, o mundo se expande, e como consequência, muitas possibilidades do que ser e do que fazer se abrem. Achei muito legal ela abrindo os olhos da garota que falou mentiras dela e pelo que parece, a protagonista também percebe que o casamento não vai valer de muita coisa, pois não traz felicidade.

Adoro que quando chega na 3ª vida, ela já passa a ficar de saco cheio do Dietrich e só cai fora daquele discurso horroroso dele. Ao fim, quanto mais ela vai estudando e ganhando experiências com essas vidas, menor o príncipe se torna. O Dietrich é só patético, o típico homem hétero medíocre que quer se sentir superior a alguém por um aspecto e quando você percebe que ele é um nada, fica muito fácil de encarar. Gostei demais da protagonista!

Nesta 7ª vida, por um desvio de caminho, é que ela acaba encontrando o príncipe Arnold Hein, que direta ou indiretamente causa a morte dela. Ali é o momento em que ele fica interessado nela por causa da mentalidade. Não é todo dia que você encontra uma princesa que pula do segundo andar da mansão e quebra o salto para fazer um sapatinho, além de responder a um príncipe expondo a sua mediocridade e tendo habilidades bem desenvolvidas com a espada. O episódio se encerra com o pedido de casamento que ele propõe para a Rishe (e detalhe que no pedido, a “honra” seria dele em tê-la como esposa). Gostei bastante da totalidade do episódio.


No que envolve produção, ela está na mão de dois estúdios: o KAI e o HORNETS. Embora nunca tenha visto nenhum deles, o estúdio KAI normalmente costuma ter boas produções com boas animações. O HORNETS ajudou a Satelight em “Somali to Mori no Kami-sama“. Não é a primeira vez que esses dois estúdios trabalham juntos. Anteriormente eles fizeram “Gaikotsu Kishi-sama, Tadaima Isekai e Odekakechuu”. É um anime que eu não assisti, mas que salvo engano, dá uma bela derretida na animação.

Esse eu quero torcer para que o cronograma esteja em dia e não tenha grandes problemas no decorrer do anime. A animação não é exuberante como alguns outros trabalhos do KAI, mas seguram as pontas nesse episódio. A primeira cena do anime é excelente. Um ótimo trabalho de animação e de direção, e espero ver mais cenas com esse nível de animação e de fluidez (não necessariamente voltadas para ação). A direção é do Kazuya Iwata que já dirigiu “Koi wa Sekai Seifuku no Ato de”, um anime de romance com um pouco de ação bem divertidinho e já trabalhou como diretor de episódio, diretor assistente e storyboarder em diversos animes de romance, drama e ação, como “Seishun Buta Yarou” (dirigiu as EDs e foi diretor assistente), “Garo: Honoo no Kokuin” (diretor de episódio) e segunda temporada de “Kakegurui” (storyboarder). Então ele tem experiência e pelo que vi nesse episódio, estar sabendo usar bem!


Tem um assunto que está além de “7th Time Loop”, mas que queria aproveitar e falar, porque provavelmente vai ser um discurso sendo usado por uma parte dos otakus que é a quantidade de obras Otome Game de reencarnação voltadas para mulheres que estão tendo adaptação em anime. O mercado está saturando com várias obras, desde o “boom” do gênero causado pelo anime de “Otome Game no Hametsu Flag“. Mais e mais são adaptas para anime e não é culpa delas que sejam adaptadas em massa, causando essa sensação de repetitividade. Na verdade, eu fico bem triste delas serem tratadas meramente como produto (e não como obras) e lançando produções baratas para ver se há um retorno monetário para as produtoras. Mas fato é que nunca irei julgar previamente os trabalhos vindos de demografia feminina, porque: 1 – já é difícil ter adaptações de obras Shoujosei; e 2 – embora a base de onde elas partam seja a mesma (uma reencarnação, seja de vida como aqui em “7th Time Loop” ou em um jogo como vilã como em “Otome Game”), as histórias conseguem em geral, trazer nuances e explorar coisas diferentes. Eu não assisti muitos desses animes, mas o Rub (ex-redator do blog) já e ele comenta sobre elas e é perceptível que elas variam, tem um grau de personalidade, coisa que acho muito diferente das obras de demografia masculina que quando um sucesso estoura, eles não só replicam a fórmula da história a exaustão, como até os designs de personagens também (vide os Kirito’s que vemos até hoje).

Obras voltadas para mulheres serão julgadas independentemente do que sejam. Podem ser divertidas, românticas, variadas ou não, sólidas no que se propõem, básicas ou elaboradas em seus roteiros, não importa. Sempre serão desmerecidas por serem feitas por e para mulheres. Então jamais irei julgar essas produções pela quantidade, mas pelo que elas têm a oferecer e se são boas no que estão se propondo. E sinceramente? Os que vi ou ouvi até agora me parecem muito competentes! ^^


Enfim, fica a recomendação do anime e quem quiser seguir a autora da novel (Touko Amekawa) no Twitter/X, a conta dela é @ameame_honey. Espero conseguir comentar mais alguns animes dessa temporada. Para todos os efeitos, até breve! 🙂

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