Um misto de emoções bem conflitantes entre si...

Depois de “Spice and Wolf“, o próximo anime da Temporada de Primavera de 2024 que assisti foi “Hananoi-kun to Koi no Yamai”, ou como está na Crunchyroll: “A Condition Called Love”, baseado no mangá Shoujo da Megumi Morino (uma autora cujo trabalho gosto muito). E para a estreia eu diria que tive um grande misto de emoções e sentimentos que vão desde a raiva a emoção, com uma variação de segundos bem curta. Fato é que esse trabalho da autora precisa de tempo para ser desenvolvido. Assim trago aqui não só uma impressão da estreia do anime como também uma visão de alguém que lê o mangá e que gosta bastante de tudo que a autora trata e trabalha ao longo da série. ^^

Sinopse: “Hotaru Hinase é uma caloura do ensino médio que tem uma ótima família e amigos maravilhosos, mas não tem muita sorte quando se trata de romance… Certo dia, ela acidentalmente vê o garoto mais bonito da turma ao lado, Hananoi, sendo dispensado. Ao ver Hananoi sozinho no meio de um parque, Hotaru decide lhe entregar um guarda-chuva. Esse pequeno gesto faz com que Hananoi a convide para sair logo depois.
O que o amor realmente significa? O que significa estar apaixonado? Hotaru fica confusa ao receber esse convite de Hananoi, que quando gosta de alguém, faz de tudo por ela e morre de amores.
Esta é uma história sobre o primeiro amor entre uma garota que não entende o “”amor romântico”” e um garoto que pode ser um pouco extremo quando se trata de amor.”


Eu dividiria esse episódio e minhas emoções em diversos pequenos blocos: o primeiro minuto (antes da OP) me deu ódio. Não um ÓDIO propriamente dito, mas me irritou, pois após a abertura, os 5 minutos subsequentes, aproximadamente, me divertiram e me deixaram bem emocionado. O miolo do episódio foi… complicado e a reta final, novamente, me deixou bem emocionado. Tendo isso posto, agora eu vou explicar (ou tentar) o porquê de cada coisa e mais para o final do post eu trago mais paralelos do mangá (sem spoilers, não se preocupem).

Primeiro o porquê da cena inicial ter me dado raiva. Mesmo que você não conheça o mangá, deu para ver que aquela cena acontece mais para frente no episódio, certo? Então aquele momento era para ter um peso maior, porque era para ser um dos grandes momentos do episódio (tem três, no caso), especialmente para o Hananoi. O mangá abre com a cena do Hananoi terminando com a então namorada dele, em que o personagem fala sobre almas gêmeas e o que significa o amor para si naquele momento. Acredito que essa cena era a mais ideal, porque não só é uma abertura que não entrega o que acontece mais para frente (e que é mais importante), como também é uma parte interessante, especialmente porque serve como algo impactante e que o contexto viria logo em sequência, depois da opening no caso, e que é o que ocorre no original.

No pós OP começa a parte que mais me diverti no episódio e que tem relação com uma felicidade genuína de ver esses personagens que tanto gosto se mexendo (mesmo que travado e sem fluidez) e falando. Como breve contexto: “Hananoi-kun” é um mangá que conheço desde 2021. Foi um dos primeiros mangás que escrevi post de apresentação no blog (vocês podem ler aqui) e junto de “A sign of affection” 1 e 2 e “Switch me on” 1, Hananoi-kun (ou “À tes côtés”) foram os primeiros mangás em francês que comprei na vida. Desde ali, comprei mais e mais volumes, até o momento que consegui ficar em dia com a coleção francesa. Pouco antes de ter todos os volumes lançados, lembro de ter os volumes do 1 ao 5 + 10 (edições regular e especial) e 11. Foi a primeira série de mangá em francês que consegui ler e sem grandes problemas, ou precisar de ajuda de tradutor e dicionário para algumas frases e palavras. Até um pouco antes, “Yubisaki” ocupava o meu lugar de Shoujo queridinho do momento e o meu favorito entre os publicados na Dessert. No entanto, quando comecei a ler Hananoi, foi uma completa explosão de sentimentos (bons) com os personagens e o texto maravilhoso da Megumi Morino, ao ponto de que a cada volume que lia, o meu amor pela série só crescia. Ver essa animação com esses personagens que tanto gosto, ali, se movendo, foi algo muito especial.

Os momentos sequentes é quando “acaba” esse encantamento e eu começo a perceber que tem coisa muito errada na animação. Não só erraram na troca de momentos para iniciar o episódio, como a direção deu um peso totalmente diferente (e errado, na minha concepção) para o momento em que a Hotaru estende o guarda-chuva para o Hananoi. O que interpreto daquilo é que o Hananoi estava em mais um momento de desilusão, em que mais um relacionamento não deu certo e mais uma vez foi abandonado com sua concepção de amor não compreendida. Quando a Hotaru chega e, em um movimento de inocência e genuinidade, estende o guarda-chuva para ele, era para ser como uma explosão, de algo brilhante e cintilante, porque é o que a Hotaru vai acabar sendo para ele durante um tempo: um símbolo. E o que a gente vê da direção é uma paleta de cores sóbria, fria e escura, que passa um tom mais pesado do que é para ser ou representar. Não sei se o que penso é o que a maioria vê, mas sei lá, achei muito fora do tom com a série e com a ideia que a Megumi queria passar no mangá. Para quem viu “Yubisaki to Renren”, sabe aquela cena no final do episódio 1 que o Itsuomi manda uma mensagem para a Yuki perguntando se ele pode entrar no mundo dela, ela solta o guarda-chuva e no momento que ele toca no chão, as cores ficam vibrantes, vivas e mais animadas? Então, acho que era mais ou menos isso que deveria acontecer visualmente aqui. A neve ficar mais brilhante, até o olhar do Hananoi deveria ser mais vivo.

Na parte final eu volto a ficar emocionado com o anime. Nesse ponto é o momento mais simbólico do episódio, que é o final do capítulo 1 no mangá. Eu adoro o texto da autora e a dinâmica que ela põe em cena entre uma garota que não sabe o que é ter sentimentos românticos por alguém versus o garoto desesperado por amor. Digo isso frequentemente, porém embora a Hotaru seja a protagonista e boa parte do ponto de vista seja dela, o trabalho da obra em geral é sobre o Hananoi. A visão dele sobre o amor é completamente distorcida, o que implica em traços de personalidade tóxica e isso tem um fundo sentimental. É uma construção sobre o que ele passou durante a vida, especialmente na infância. Não entrarei em detalhes, afinal é spoiler, mas tudo que está posto é proposital e será desenvolvido pela autora. Pelo menos para mim, o Hananoi é um dos personagens mais lindos, brilhantes e narrativamente bem construídos que já vi na produção japonesa de animes e mangás.

A cena final tem um peso bem particular para mim, porque quando você chega lá mais adiante nos volumes seguintes do original, as coisas que acontecem agora nesse começo fazem ainda mais sentido narrativo. Boa parte de eu estar bem emocionado com a cena é muito por causa de tudo que sei que vai acontecer e o quanto esses personagens vão evoluir como pessoas ao longo da série.


Embora eu fique falando “no mangá isso”, “no mangá aquilo”, eu realmente detesto ter que fazer isso, porque na minha concepção o importante mesmo é o quanto determinada mídia se sustenta por conta própria. E na medida do possível, eu sempre evito fazer esse tipo de comparação, porque normalmente o comparativo é usado em um tom bem desonesto quando o fazem. Entretanto, eu genuinamente não posso evitar isso com “Hananoi-kun” já que é uma obra que gosto muito, de uma autora que eu adoro e que tem significado muito importante para mim. O problema é que mesmo se eu tentar separar mangá do anime, o anime é tão pobre, tão pouco inspirado, que fica bem complicado de defender mesmo se eu abstrair o que conheço da obra original. Isso que não estou nem colocando na equação o já citado Yubisaki. Ele só não é pior, porque está basicamente copiando e colando o mangá na forma de fazer o storyboard. É a base do mangá que sustentou esse episódio inteiro do anime.

E falando na direção, animação e storyboard, que tristeza. Eu falei ali em cima, a direção é completamente pobre. Eu diria até que em alguns momentos ela sequer existe, porque se você olha o mangá, é um copia e cola, sem grandes mudanças, em que não há nenhum esforço em criar uma composição interessante, ou mudanças na composição das cores (só teve isso uma única vez no fim do episódio). Não estou falando de animação, porque como deu para ver, o EAST FISH STUDIO é bem limitado. Mas queria quadros estáticos que brinquem com as cenas. Temos outros animes mais inventivos nesse quesito mesmo com suas limitações. A quadrinização da Megumi é tão boa, linda, com diversos quadros absurdamente expressivos e que só se perdem na adaptação. Algo que me preocupa é que o PV principal do anime foi divulgado poucas semanas antes da estreia e as únicas cenas que tinham nele eram do episódio 1, o que pode significar uma produção atrasada e que não vai se sustentar a longo prazo, sendo uma desgraça total, vide tamanha qualidade do material original.

Me enche de tristeza o tratamento qualquer que Hananoi-kun está tendo, mesmo vendendo tão bem. E enquanto isso, “WIND BREAKER” que vende menos está com uma produção incrível da CloverWorks. Não vejam meu comentário no sentido de que “WIND BREAKER” não fosse um merecedor de produção boa. Eu entendo que a Kodansha deve estar projetando ele para tentar ser o novo “Tokyo Revengers” (e não será, tenho quase certeza), mas é triste que a demografia feminina siga sendo tratada dessa forma. A Megumi Morino debutou em 2013 na Dessert e desde então, segue lá na revista como sua casa. São 10 anos produzindo mangás de sucesso para eles. “Hananoi-kun to Koi no Yamai” não tem o mesmo sucesso comercial que “Yubisaki to Renren” (que recebeu uma excelente produção), mas ainda assim, são 4 milhões de cópias em circulação com 14 volumes, uma média de mais de 280 mil cópias por volume. Uma quantia bem superior aos 3 milhões em 16 volumes de “WIND BREAKER” (quase 100 mil cópias por volume a menos). No entanto temos um tratamento muito inferior em relação a WIND.

A minha preocupação maior no momento é o quanto vão querer adaptar do material original. O arco principal da obra vai do volume 1 ao 11-12. Ao longo de todos esses volumes a Megumi Morino explora, desconstrói e quebra concepções dos personagens. O ideal em 12 episódios é parar entre o volume 5 ou 6, que tem um ponto legal. Mas meu medo é quererem enfiar o arco todo em 12 episódios e irem fazendo 1 volume por episódio. Terei que aguardar o episódio 2 para saber realmente como será adaptação e seu ritmo.

Esse não foi um post de primeiras impressões mais usual como costumo fazer no blog, mas fato é que tenho mais receios do que boas expectativas com essa adaptação. Fato é que independentemente de adaptarem lentamente ou saírem cortando tudo do material original, leiam o mangá, de verdade! É uma obra excelente e que merece mais atenção.

Qualquer coisa eu volto para comentar mais episódios do anime e a depender dos rumos que a adaptação levar, pode ser que saia um post comigo bem revoltado com essa animação. É isso. Nos vemos em breve, seja para falar de Hananoi-kun, seja para comentar de outros animes. ^^

A OP ficou linda demais! Tanto em animação, como a música é muito, muito boa!

1 thought on “Hananoi-kun to Koi no Yamai (A Condition Called Love) #1 – Primeiras Impressões

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