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Mais que amigas, ~friends~

Estamos nos aproximando do final do 2/3 do mês de Agosto e seguimos a todo vapor na produção e publicação de resenhas do nosso pequeno especial de aniversário! O post da vez é de “Girl Friends”!

“Girl Firneds” (-ガールフレンズ-), é um mangá escrito e ilustrado pela Milk Morinaga. A obra foi publicada entre Outubro de 2006 e Agosto de 2010 na revista Comic High!, revista Seinen da editora Futabasha. O mangá foi concluído em 5 volumes no total. A obra é um grande clássico para o mangá Yuri, sendo uma das obras mais lembradas por quem é do fandom, mesmo já tendo quase 20 desde o início da publicação no Japão! O mangá foi anunciado no Brasil em Janeiro de 2022 e começou a ser publicado em meados de Fevereiro de 2023, sendo que o último volume foi lançado em Outubro do mesmo ano.

Sinopse:Mariko é uma colegial tímida e introvertida, séria e diligente nas aulas, mas sem amigos e participando pouco da vida de sua turma. É então que ela conhece Akiko, uma colega de classe cheia de energia. Esta última pega Mariko na mão e a apresenta com entusiasmo às alegrias da moda, maquiagem e horas passadas conversando com garotas. É o início de uma amizade entre as duas colegiais através da qual seus sentimentos vão amadurecendo para se transformar pouco a pouco e de forma perturbadora em amor…


  • História e Desenvolvimento

Nesta história, temos a Mariko (que chamarei de Mari), que é uma garota introvertida, com pouco traquejo social e que não tem amigas na escola. Ela passa seus dias sozinha, fazendo coisas comuns, estudando ou lendo algum livro no trajeto de casa (ida ou volta) e passa os dias assim, na maior monotonia. Um dia, porém, a Akiko (que chamarei de Akko) puxa papo com a Mari completamente do nada e se convida para que elas vão embora juntas para casa. As duas, muito por impulso da Akko, acabam formando uma amizade, que vai se tornando cada vez mais íntima…

O que temos aqui é aquele típico caso da personagem que é introvertida e que não leva jeito para se relacionar com outras pessoas e que acaba sendo “levada” por outra personagem, que é a extrovertida e juntas, elas formam como se fosse uma ‘dupla dinâmica’. Esse encontro das duas vai levar a Akko a convencer a Mari a ir cortar o cabelo com ela – coisa que ela sempre fazia com a mãe -, o que levou a um corte diferente do que ela estava acostumada a fazer e a um aumento de autoestima também. Fato é que a Mari é muito passiva e não consegue tomar muitas decisões por si própria, sendo uma personagem que frequentemente precisa de empurrões ou aquela que algum outro personagem precisa levar ela para servir de estopim para alguma mudança, é algo que acontece com o protagonista de “10 coisas para fazer antes dos 40“, cuja resenha sairá no blog daqui uns dias e é uma coisa muito legal para mim, porque acabo me identificando bastante com isso.

Esse encontro entre as duas acaba por ser muito benéfico para a Mari, não só porque ela passa a ter amigas, além da Akko, ela ainda faz amizade com a Tamamin e com a Sugi – amigas da Akko -, mas também porque ela passa a criar uma certa independência dos pais. A Mari cortava o cabelo no salão que a mãe marcava para ela, bem como as roupas dela eram compradas pela mãe, ela nunca tomava suas próprias decisões e mesmo ainda tendo certas dificuldades com traquejo social, afinal, não se muda do dia para a noite, ela passou a visitar lugares, sair mais de casa, desviar o caminho da volta para casa com as amigas, a viver, de certa forma.

Acompanhamos o dia a dia do grupo, especialmente da Akko e da Mari, se preocupando com provas, trabalho, emagrecimento (sendo que já são muito magras), roupas, moda, se divertindo juntas, cada uma a sua maneira e na sua pluralidade de serem. E aliás, sendo um grupo diverso (a Sugi, por exemplo, tem um ar mais de adulta e sensual, enquanto que a Tamamin é a louca dos mangás), cada uma forma um contraste entre e embora elas tenham gosto particulares bem diferentes, alguns aspectos unem o grupo e permitem que elas mantenham uma ótima relação e nesse aspecto, a autora acerta bastante na obra!

Esse mangá ele brinca bem com o título dele. As meninas, do que vi falar, não chegam a um relacionamento propriamente (assumido ou firmado), mas ficam nessa linha de amigas muito íntimas, por isso “Girl Friends” separado no título.

Gostaria de dizer que elas inventaram o nude nesse mangá

Das resenhas que fiz até aqui ao longo do mês de Agosto, ou seja, as 20 já publicadas e mais outras 5 que eu já escrevi e ainda estão por lançar, “Girl Friends” foi o mangá que menos gostei. Porém, não se enganem com essa minha impressão, pois isso é em grande parte, culpa minha mesmo. Eu não sou uma pessoa que gosta de saber muito do que um mangá se trata ou do tom que ele tem, prefiro eu mesmo descobrir o que ele pode me proporcionar enquanto leio e nisso, eu acabei criando um outro tipo de expectativa. Na verdade, a obra está em grande parte, em um espectro de obras que eu normalmente não gosto: um grupo de garotas amigas que fazem “””garotices””” (não estou dizendo isso em tom pejorativo). São aquelas obras slice of life em que amigas se juntam e fazem coisas muito banais e essa banalidade não é exatamente o problema. Para exemplificar, no campo de animes, durante muito tempo, o estúdio DogaKobo foi um especialista nesse tipo de obra e lançou muitos grandes sucessos nesse estilo, tais como “New Game!”, “Wataten”, “Houkago Teibou Nisshi”, “Koisuru Asteroid” e por aí vai. São animes que eu já sei que muito provavelmente eu não vou curtir, então passo longe. Aconteceu mais recentemente com “Na Nare Hana Nare” (primeiras impressões no YouTube), em que eu foquei em um aspecto específico (ter uma personagem brasileira) e esqueci da proposta do anime.

Ou seja, o ponto que quero chegar é que a obra não tem problemas de execução, muito pelo contrário! É ótima dentro daquilo que está se propondo, porém, não é o meu estilo de obra. Felizmente para mim, esse aspecto de uma obra de um grupo de garotas vivendo suas vidas fazendo coisas tipicamente “de garotas” (nesse caso, atrelados à moda, estética etc…), é muito presente até cerca de metade do volume, já que das metade para o final, a autora abre espaço para trabalhar com dramas, o que tornou as coisas genuinamente mais interessantes para mim. Ainda que não chega a ser um grande drama, até pode ser, mas a autora abre a possibilidade para explorar a partir do volume 2 do mangá, mas ainda assim, a segunda metade do volume tem um tom que eu preferi bem mais do que na primeira metade.

Esse também não é um mangá bom para se ler de uma vez. O primeiro e o segundo capítulos, em especial, foram bem complicados para eu conseguir passar, então o que recomendo é ler aos poucos, porque creio que a estrutura da obra peça isso também. Mas tirando isso, para quem gosta de um slice of life, com bastante comédia, é uma excelente pedida!


  • A Autora

A Milk Morinaga nasceu em 27 de Janeiro, não se sabe exatamente o ano, mas ela está na ativa desde o final dos anos 1990, sendo uma especialista no mangá Yuri. Como ela já publicou muita coisa, eu vou dar uma passada em algumas obras dela, mas irei deixar o link de um cast do Kono-ai Setsu em que eles falam do anúncio de “Girl Friends” e que elas falam da autora também ^^. Enfim, os primeiros trabalhos da autora – entre os que se tem registros – são Doujins Yuri, ou seja, fanzines Yuris e os primeiros mangás em revista são de a partir de 1997, sendo um deles “Study After School“, um volume único lançado pela editora Core Magazine. Em 2000, pela Wani Magazine ela publica “Nikurashii Anata e“, outro volume único e este sendo uma coletânea de histórias. “Milk Shell“, é lançado em 2002 pela Core Magazine, sendo outro volume único reunindo histórias curtas da autora. Algo importante de se dizer é que principalmente esses trabalhos antes de “Girl Friends” tinham uma pegada mais erótica, o que é quase o oposto de GF.

Em 2005, ela lança o volume único “Kuchibiru Tameiki Sakurairo” pela Yuri Shimai/Comic Yuri-Hime, da editora Ichijinsha e anos depois, em 2011, ela publica a sequência “Kuchibiru Tameiki Sakurairo (II)“, pela Comic High!, da editora Futabasha (que reeditou o mangá anterior, por sinal). 2006 ela estreia “Girl Friends” e o publica até 2010, o que não a impediu de lançar outros mangás nesse meio tempo, como “Himitsu no Recipe“, que estreou em 2009 na revista Tsubomi/Tsubomi Web Comic, da editora Houbunsha, e foi concluído em 2 volumes. Outros dois trabalhos que merecem destaque são: “Hana to Hina wa Houkago“, publicado entre 2015 e 2016 na Comic Action, da editora Futabasha e concluído em 3 volumes; e “Watashi no Kawaii Koneko-chan“, que está em publicação desde 2017 na revista Galette, da editora Galette Works, e conta com 2 volumes lançados.


  • Conclusão

Embora não seja um mangá que me agrade tanto assim pelo estilo dele, não há como negar que é um bom mangá, sendo muitíssimo competente na maneira como ele é executado. Definitivamente não é um mangá ruim, muito longe disso e para quem quiser ter uma pequena noção de como é um Yuri de meados dos anos 2000, é uma ótima pedida, ainda mais sendo tão curto.

Como eu disse no começo do post, o mangá é considerado um grande clássico para o mangá Yuri e conforme fui fazer umas pesquisas para montar algumas partes desse post, achei um texto de 2017 da Yuri Navi (o maior – creio eu – site dedicado ao Yuri no Japão) falando do lançamento do 3º e último volume do então novo mangá da Milk Morinaga, chamado “Hana to Hina wa Houkago” e lá, eles deram uma panorama geral sobre algumas das obras mais emblemáticas da autora, passando claro, por “Girl Friends”. Lá, é dito algumas coisas bem interessantes, como o fato de “Girl Friends” ter sido publicado em uma época que não haviam muitos mangás Yuris e ele acabou sendo muito significativo e famoso a época, sendo este um trabalho considerado como obra-prima da autora. Vale lembrar que até hoje não temos um número grande de revistas dedicadas ao Yuri, então esses mangás normalmente são lançados em revistas Shoujo (caso de “Sono Uruwashiki Hito wa“, da Zakana Mame), Josei (“Kakeochi Girl“, da Battan e “Tsumetakute Yawaraka“, da Ami Uozumi), Shounen (“Bloom into You“, da Nio Nakatani) e Seinen, como o próprio Girl Friends. Ainda segundo o site, a autora comentou que a demanda pela obra no exterior foi ainda maior do que no Japão, para se ter um pouco da importância da obra para o Yuri.

O que acho muito triste no mercado brasileiro é que muito frequentemente, o trabalho de autorAs não é explorado, então quando vem uma obra, é muito comum que só aquela obra da autora seja lançada por aqui. Por ora, não há sinais de mais mangás da autora serem lançados no Brasil, nem mesmo os mais recentes (o que seria bem interessante para ver o que mudou na escrita e desenho da autora ao longo de quase uma década), mas espero que ela volte a ser publicada no Brasil, tal qual outros países fizeram no passado.

No demais é isso e obrigado por lerem. Creio que ainda neste mês deve sair mais uma resenha de Yuri no blog (não direi qual) e os convido a lerem outros textos de resenha que já publicamos ao longo do mês e até o próximo post! ^^


  • Ficha Técnica
  • Título original: Girl Friends (-ガールフレンズ-)
  • Título nacional: Girl Friends
  • Autoria: Milk Morinaga
  • Serialização no Japão: Comic High!
  • Editora japonesa: Futabasha
  • Quantidade de volumes: Completo em 5 volumes
  • Formato: 12,8 x 18,2 cm, capa cartonada
  • Quantidade de páginas: 184
  • Papel: Off-set 90g
  • Preço de capa: R$ 32,90
  • Compre em: Amazon

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