Keiko Iwashita no começo da carreira

Estamos no começo de agosto de 2024 e conforme dito algumas vezes, ao longo desse mês estaremos celebrando o 5º aniversário do blog e para tal, estaremos publicando resenhas diárias de mangás, bem como reviews de animes também e mais algumas outras coisinhas. Um dos mangás escolhidos para a resenha foi “O Florescer do Amor”, mangá Shoujo da Keiko Iwashita, uma autora cujo o trabalho (em geral) eu gosto bastante.

“O Florescer do Amor” ou no original, “Hana o Meshimase” (花を召しませ), é um dos primeiros mangás da Keiko Iwashita. Ele foi publicado entre outubro de 2013 e abril de 2014 na revista The Dessert, da editora Kodansha. Foi concluído em apenas um volume, tendo sido lançado em 13 de naio de 2014. No Brasil, o mangá foi publicado dezembro de 2022.

Sinopse: ” ‘Você e as flores me ensinaram a beleza do amor…’
Shion é uma garota do Ensino Médio que depois de ser enganada pelo pai, um amante de jogos de azar, teve que trabalhar em uma floricultura, onde também passou a morar. Ela carregava um coração ferido pela morte prematura de sua mãe e, embora o dono da floricultura, o jovem Mamyuda, a tratasse com rigor, ele tentava entendê-la e apoiá-la. Logo começou a brotar dentro dela um interesse pelo trabalho e uma paixão pelo Mamyuda…”


  • História e desenvolvimento

A época do lançamento e até o começo de 2023 (que foi quando as pessoas começaram mesmo a receber o mangá), a recepção do título foi bem meio a meio, tendo tanto pessoas que gostaram, como gente que achou meio decepcionante para ruim. E da minha parte, eu entendo tanto quem gostou, como também quem não gostou. Fato é que “O Florescer do Amor” é uma história muito básica, bem água com açúcar e que tem muitos dos clichês que já vimos aos montes, o que no meu modo de ver, não é exatamente um problema a depender da maneira como esses clichês são apresentados e usados na narrativa e também pela forma como você vê e encara esses tipos de ferramentas de narrativas.

Eu sou uma pessoa que gosta MUITO de demografia feminina (Shoujo, Josei, Teen Love, BL/Yuri…). Obras dentro desse grupo são bem fáceis de me agradar e até hoje, são pouquíssimas obras que eu tenha lido que eu genuinamente não tenha gostado ou mesmo detestado. E sendo assim, acabei adorando o mangá pela simplicidade e sinceridade dele consigo mesmo. Ele é, como disse, um mangá de romance extremamente básico, muito simpático e adorável. Como diria Isabela Boscov: “De vez em quando, a gente precisa de um bom romance bem água com açúcar, bem sentimental, bonito, bem feito, caprichado e que não tenha nenhuma outra pretensão além disso”.

Bem, na história nós temos a protagonista, Shion, que não consegue se conectar com as pessoas e que vai encontrar nas flores um significado, algo especial. E por meio disso, vai se construir uma diferença na vida dela, mediado, claro, pelo Mamyuda, o dono da floricultura que irá trabalhar e que está ali para fazer a história caminhar, além de ser o par romântico da personagem. O Mamyuda, por sua vez, é o personagem com o ar de “mais maduro” já que ele é mais velho. Ele será o conselheiro, amigo e também aquele que dará confiança para ela, bem como os puxões de orelha quando for necessário (o que de certa forma, traz uma sensação de ‘família’ para a Shion, já que o pai dela sumiu no mundo depois de acumular dívidas de jogo).

A história segue nesse pique do começo ao fim, com a autora introduzindo e resolvendo os problemas dos personagens com certa rapidez (até por ser um volume único). Essas situações flutuam entre momentos agradáveis, de cotidiano e outros de drama, sendo eles postos de uma forma que muito me agrada. Tem um recurso bem barato que é o do brilho nos olhos, que de certa forma, acho maravilhoso. Basicamente, quando os personagens estão bem, os olhos são radiantes, brilhantes, cheios de vida. E quando aparece algum personagem inusitado ou alguma situação ruim, os olhos ficam apáticos (recurso muito tradicional, aliás) e eu amo! A autora consegue amarrar bem esses pontos.

A Keiko Iwashita é uma das principais mangakas da Dessert (revista da Kodansha) e sua carreira profissional começou no final dos anos 2000, passando a publicar seus trabalhos com maior frequência a partir de 2010. “O Florescer do Amor” é, portanto, um de seus primeiros mangás e acho bem natural que eles apresentem “falhas” ao longo da história, ou ainda por serem trabalhos mais curtos (o começo da carreira dela é cheio de mangás de 1-2 volumes), ou por ela ainda estar desenvolvendo suas habilidades. “Falho” não é bem o termo certo, porque não é que ele tenha problemas narrativos de fato. Talvez uma avaliação mais correta é que este seja um dos trabalhos menos interessantes da autora, o que talvez tenha sido um reflexo da pouca experiência dela na época.

Meu primeiro contato com a autora foi com “Kuchibiru ni Kimi no Iro” (ainda inédito no Brasil), que no Japão foi quase que lançado em sequência de “O Florescer”. Esse mangá eu li anos atrás e até hoje é um mangá que eu adoro. Tem uma história redondinha e é um dos meus Shoujos favoritos.

Capas francesas de “Kuchibiru”. Por lá, foi publicado pela Pika, editora que é a casa da autora na França.

Algo que gosto nos trabalhos da Keiko é que os personagens masculinos que ela faz são absolutamente encantadores. Todos são muito lindos (na verdade, todos os personagens que ela faz são assim), tendo uma vibe sexy e sendo a idealização de homens perfeitos. É maravilhoso!

O final de “O Florescer do Amor” me lembrou bastante o de “Kuchibiru” por uma coisinha que ela fez lá. Gosto bastante do clima dos trabalhos dela que flutuam entre comédia, slice, drama e romance muito bem. Isso é algo que ela consegue fazer excelente desde muito cedo.


  • A Autora

Como eu disse, a Keiko começou a carreira dela no fim dos anos 2000 e passou a publicar mais intensivamente a partir dos anos 2010. Ela estreou na Dessert participando de coletâneas lançadas pela revista. A primeira que se tem registro é da história “Himitsu no Kinchan!“, de 2007, lançada na coletânea “Love Kare – Gokujou Men Dokuhon! Gold“. Em 2008 ela participa da coletânea “Love Kare – Black” e em 2009, da “Love Kare – Gokujou Men’s Dokuhon! Over 20“. Em 2010 ela lança “Shoujo“, mangá em volume único que é a adaptação de um romance de mesmo nome da Kanae Minato. 2011 foi o ano que ela estreou três obras (todas na Dessert/The Dessert): “Bokkonrinri“, de 2 volumes; “Gyapri ♂“, em volume único; e “Ura! Urara“, também em volume único. Posteriormente, há 4 trabalhos de destaque: “O Florescer do Amor“, de 2013; “Kuchibiru ni Kimi no Iro“, de 2 volumes; “Living no Matsunaga-san” de 2016-2021, completo em 11 volumes e até aqui, sua obra mais longa; e por fim, “Museru Kurai no Ai wo Ageru“, que começou a ser publicado em 2022, conta com 3 volumes lançados até o momento (o 4º está previsto para Setembro) e já acumula quase 560 mil cópias em circulação no Japão.

Se vocês notarem, até “Kuchibiru” aproximadamente, o desenho dela, principalmente para arte colorida, era muito mais rebuscado e até mais ‘realista’. Depois disso, ela foi refinando o desenho dela. Continua muito detalhado, mas num tom diferente desses primeiros trabalhos dela ^^


  • Conclusão

“O Florescer do Amor” tem todos os clichês, situações e arquétipos de personagens bem comuns à romances. Acredito que se você entende isso, abraça e vai com essa expectativa, pode ser uma leitura bem gostosa de se ter. Acredito que vá muito do que você espera e do quão aberto está com a obra para conseguir aproveitar. Se for o que você procura, vale a tentativa. ^^

Bom, para esse é só. Fiquem atentos que devem sair mais resenhas de mangás variados ao longo do mês! Obrigado por lerem e até a próxima. ^^

Deixe um comentário