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Infelizmente não tem jeito, vai ter que sacrificar!

“The Beginning After the End” é originalmente uma web novel estadunidense que ganhou uma adaptação em webtoon no Tapas e que conseguiu se tornar popular no ocidente (nos grandes mercados), mas mais do que isso, ele conseguiu o feito de ser popular no Japão ao ponto de render uma adaptação em anime! E embora seja um feito realmente grande considerando o quão longe a obra conseguiu ir, a adaptação é um terror, show de horrores, não chegando nem perto de representar ou expressar mesmo que minimamente o potencial da obra.

Sinopse: “Após uma morte misteriosa, Rei Grey renasce como Arthur Leywin no continente mágico de Dicathen. Embora ele comece em sua segunda vida como um bebê, sua sabedoria da vida anterior permanece. Ele começa a dominar a magia e a forjar seu próprio caminho com o passar dos anos, buscando corrigir os erros de sua vida passada…”


Essa adaptação é um desastre! Eu preciso começar falando isso. Tudo é muito ruim: os personagens, as situações, o desenrolar do episódio, a direção, a animação, o ritmo, a montagem… TUDO! Ele é um trem desgovernado ambulante que eu nem sei por onde começar a falar…

Vamos colocar os pingos nos i’s e dizer: o Grey era um tirano genocida. A cena que abre o anime é com ele aniquilando uma cidade (?) inteira com mísseis e até mostram os cadáveres das pessoas no chão (acho maravilhoso que os prédios são todos destruídos com as bombas, mas as pessoas ficam inteiras, ai ai). E isso é importante, porque após a reencarnação do personagem como Arthur, o anime quer te convencer com aquela velha história de que ele era uma pessoa que cresceu sem amor, que não conhece os sentimentos de carinho e afeto, que nunca teve família e que por isso cresceu como uma pessoa fria e distante, e que ó meu deus, foi isso que o levou a ser como um tirano genocida. E só. Por mais que eu já tenha visto várias obras usando esse mesmo recurso, elas pelo menos levam algum tempo para relativizar um ato ruim feito por algum personagem não fazendo isso no PRIMEIRO EPISÓDIO. E mais do que isso, o ideal não é relativizar a ação, porque o erro está no ato, porém sim reconhecer a falha e trabalhar em cima dela para que não se repita, sem nunca se esquecer das dores que causou (embora nesse caso, um genocídio é algo bem complicado de você trabalhar nessa ideia).

Como tudo nesse primeiro episódio do anime é ruim e chato (foi um martírio conseguir chegar no final desse 1º episódio) não dá para se apegar aos personagens de forma que lá no final, quando tem toda aquela cena que deveria ser emocionante com os pais do Arthur, é só… sem graça. E acho que isso define bem o anime como um todo. E meu deus, não consigo conceber um garoto que sabe ler, mas não consegue dizer um “A” (nem um “pai” e “mãe”) e ninguém achar estranho. E ELE TEM 2 ANOS. DOIS. Uma criança nessa ideia já fala alguma coisa.

Eu acho que os episódios de “SHOUSHIMIN” duram muito e são um horror de assistir, passando devagar, entretanto “The Beginning After the End” conseguiu elevar isso para outro nível. São 20 minutos INTERMINÁVEIS. Tem algumas sequências tão mal executadas que fiquei encarando para a tela meio incrédulo com o que eu estava vendo. O anime além de tudo é muito feio! Eu não li o webtoon, não conheço a história, mas tenho um amigo que adora e deve estar chorando com essa adaptação, e já vi algumas artes e é algo bonito, interessante visualmente e que se esvai completamente na transposição do anime.

E o anime ainda foi cretiníssimo em copiar algumas cenas de “Mushoku Tensei”. Se vocês procurarem no Twitter, vão achar algumas comparações entre TBATD e Mushoku, como no momento em que o Arthur acorda e olha para os pais no começo do episódio, ou quando ele está treinando para concentrar a magia. São cenas tão semelhantes e que a grande diferença é que “Mushoku” ao menos tinha uma staff que sabia fazer montagem de cena, além de ter uma animação bonita nesse começo do anime (detesto Mushoku, mas isso eu não posso negar), coisa que é totalmente o oposto em “The Beginning”.

Quem dirige o anime é o Keitarou Motonaga, que dirigiu “Date a Live” e “Higurashi” (o antigo) e aqui faz um trabalho péssimo. Pouco expressivo, com um ritmo ruim e nesse campo não dá para dizer que é limitação da staff propriamente. É um problema de direção mesmo. O humor fica completamente questionável com as piadinhas de arroto e peido do Arthur como um bebê incapaz de controlar o corpo. E a animação é do estúdio A-CAT que fez “Maougun Saikyou no Majutsushi wa Ningen datta” recentemente. É um estúdio limitado e que aqui mostra na prática. Tem um quadro que achei pavoroso e que ilustra bem a situação dessa produção: a cena é logo após o nascimento do Arthur. Está a mãe, o pai e ele bebê em cena, a cabeça do Arthur é do mesmo tamanho (talvez até maior) que a cabeça dos pais dele.

Talvez, e aqui, eu suponho que seja, a apresentação da história e dos personagens da trama seja melhor no webtoon, no entanto julgando pela animação, o resultado é tenebroso. Mesmo que o anime fosse bem animado e tivesse recursos no campo visual, ainda não salvaria da direção ruim ou do texto que aqui se mostrou super genérico. Vou acreditar no que meu amigo disse e falar que se vocês forem querer conhecer “The Beginning After the End” mesmo, é melhor ir para o webtoon, porque esse barco aqui já nasceu furado e só vai afundar.

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