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Quem disse que não dá para resolver as coisas na porrada?

A Temporada de Outono de 2025 está começando e ao contrário da temporada passada que eu não consegui comentar praticamente nada (só dois animes), dessa vez, pelo menos, estou começando a ver os animes mais cedo e por um que não só me foi uma ótima surpresa, como potencialmente pode ser um dos grandes animes da temporada para mim! Estou falando de “Saigo ni Hitotsu dake Onegai Shitemo Yoroshii Deshou ka”, o anime cuja protagonista resolve as coisas na porrada!

Sinopse: “Scarlet já suportou a intimidação do noivo por tempo demais. O Segundo Príncipe Kyle não só é arrogante e grosseiro, como também rompeu o noivado repentinamente durante um baile. E como se as coisas não pudessem piorar, ele a acusa de um crime que ela nunca cometeu. Alimentada pela traição, Scarlet libera sua raiva, dando ao príncipe e seus nobres uma surra que eles jamais esquecerão!”


Na Temporada de Verão, tivemos a estreia de “Zutaboro Reijou wa Ane no Moto Konyakusha ni Dekiai Sareru“, um anime absolutamente adorável e que bebe desse exagero nas situações. Sempre acho divertido, porque quando a direção entende que é para ser dessa forma e as cenas são montadas tons acima, sempre fica algo (mais) divertido de acompanhar e é o que temos aqui em “Saigo ni Hitotsu”. Se lá tínhamos uma protagonista à Branca de Neve, aqui nós temos que vai na direção oposta: ao invés da figura que sofreu calada na mão das pessoas, a Scarlet pode até aguentar quieta, mas quando não aguenta mais, saiam da frente, pois lá vem socos e chutes!

A protagonista aqui é uma personagem que está naquele arquétipo da personagem pouco expressiva (aos olhos dos outros) e um tanto distante. Ela tinha o noivado com o Kyle, príncipe insuportável que sequer tinha como fugir já que esse noivado estava prometido desde antes dela nascer e que sua família não consegue romper, lhe restando apenas ter que suportar as chatices do garoto ao longo de vários anos. Mas antes fosse só uma pessoa chata, ele é arrogante, egocêntrico, um inútil e burro que não consegue fazer nada direito e que por ela ter que ficar quieta, se via no direito de humilhá-la e agir de forma abusiva. É em um desses episódios, inclusive, que o Primeiro Príncipe Julius (e irmão do Kyle) aparece e intercede por ela. Mas claro, intercede do jeito dele, já que ele não é uma pessoa “fácil” e gosta de provocar a Scarlet, rs.

A dinâmica dela com o Julius é uma coisa maravilhosa. Ele é cretino, mas isso é bom! Ele vende a fachada de perfeição, do príncipe honroso, e ele é, a certa altura, mas o que ele quer e gosta mesmo é de se entreter com o jeitinho da Scarlet de resolver as coisas (no soco). Adorei um dado momento no 2º episódio em que ele segue a Scarlet e o Nanaka, que estavam indo socar um comerciante de escravos, e ao ser perguntado sobre o motivo de ir lá, diz que está indo como uma “pesquisa de campo”, que não quer ser um rei só de enfeite, que quer conhecer a realidade do seu país e atuar para transformá-la no que ele considera como uma sociedade ideal, o que a Scarlet prontamente “Tá, mas e a verdadeira razão?” e ele responde “Ah, como eu poderia deixar passar algo tão divertido?”. O fato é que enquanto está todo mundo tentando vender uma imagem para agradá-lo, seguir condutas de ética etc., a Scarlet não gosta de injustiças e atua para resolvê-las de forma prática (no soco), o que deixa ele fascinado, além de entretê-lo.

O primeiro episódio, durante quase ele todo, busca trazer uma contextualização dos motivos que levaram a Scarlet a querer socar todo mundo e eles são convincentes na demonstração e exemplificação. Gosto da quebra de quarta parede com a protagonista conversando diretamente com o público para justificar seus atos. O primeiro trecho do episódio (antes da OP) é completamente exagerado e dramático, o que eu sempre acho engraçado e divertido de ver, e ali mesmo tinham me convencido que o Kyle merecia uns socos mesmo. Mas vendo toda a contextualização, a direção é efetiva em alimentar o ódio ao personagem, porque como disse, ele não é só chato, mas é patético e poucas coisas são piores do que homens patéticos que se acham superiores à mulheres. Agora o que me surpreendeu realmente foi a Scarlet realmente ter batido na Terenezza. Eu achei que ela só iria ameaçar e na hora, desviar o soco para acertar no Kyle, mas não! Foi porrada na garota também e eu AMEI hahahahaha. Foi uma baixaria completa, e era quase como assistir um barraco ao vivo. Me entretive bastante com aquele espetáculo. E a reação do irmão da Scarlet, o Leonardo, que achava aquilo um absurdo, em contraste com a Julius que estava se divertindo horrores foi maravilhosa!

A Scarlet realmente não tem pena de ninguém. Ameaçou? Tome um soco! Xingou, agiu de forma escrota ou quis agredir? Toma porrada também! No segundo episódio, depois de desmaiar por ter usado uma grande quantidade de poder, ela acorda com uma jovem empregada, que mais para frente, vemos que é um garoto disfarçado, em cima dela, em vias de tentar matá-la, o que ela reage com um murro na cara dela. Simples assim, rs.

O episódio 2 se desdobra para explorar mais dos nobres que fazem tráfico de pessoas e venda de escravos, sendo que o Nanaka era uma dessas vitimas, Agora que a facção do Kyle se desmanchou e diversos nobres foram presos, e assim acompanhamos ela, o Nanaka e o Julius indo atrás de informantes que saibam do paradeiro do responsável. Temos mais sequências de luta que vale mencionar que são bem feitas. Elas não esbanjam animação, pelo contrário. É evidente que tem limitações, mas eu gosto que o diretor sabe as batalhas que quer e que pode travar. Então é preferível manter os designs lindos (e são muito bonitos mesmo, além de bem detalhados) a arriscar algo que exija mais e comprometa o resultado final. Fora que, por serem batalhas menores, não acho que precise de algo super bem animado.

A Scarlet é ótima protagonista e se sustenta bem, mas acho que o anime ganha contornos e brilhos mais charmosos na maneira como eles estabeleceram a dinâmica do relacionamento da Scarlet com o Julius. Seja na maneira como ele gosta de provocá-la, deixando ela sempre irritada com algum comentário sarcástico, ou pela forma como ele age para demonstrar que ela é uma pessoa interessante, maravilhosa e realmente única.

Uma mulher inesquecível, maravilhosa, inteligente, linda…

E já que falei da animação, estou bem surpreso com o resultado que a LIDEN FILMS está entregando aqui. A LIDEN é um estúdio bem limitado, que suas produções dependem de bons diretores e que mesmo assim, frequentemente ainda sofrem com questões de cronograma e com as próprias limitações do estúdio. Mas considerando que além de “Saigo ni Hitotsu”, o estúdio ainda está fazendo outros dois animes na temporada (nova animação de “Cat’s Eye” e “Toujima Tanzaburou wa Kamen Rider ni Naritai“), o resultado entregue está positivo! Quem está na direção é o Kazuya Sakamoto, um ex-animador da Kyoto Animation, o que ajuda a explicar o nível de qualidade entregue, e que está fazendo um ótimo trabalho. Torço para que continuem a entregar tanto na parte estética/da animação, quanto no roteiro e direção, que se mostraram competentes!

Apesar de ter adorado esses dois episódios, me preocupo um pouco se a piada não vai ficar repetitiva e, por consequência, cansativa. Na prévia do episódio 3, parece que teremos a adição de mais personagens secundários no elenco e além disso, a (nova) noiva do Kyle, que sumiu depois de levar porrada no episódio 1, e parece que vai ter um papel de destaque sendo a vilã que vai levar a narrativa da obra. Então imagino que mais cedo ou mais tarde, ela vá reaparecer com algum grau de importância para mexer pauzinhos e movimentar a trama. Em todo caso, vou confiar que a autora tem balas para queimar, pois eu amei o que vi aqui! Recomendo que deem uma chance e nos encontramos em breve para mais textos de primeiras impressões aqui no blog! ^^

Bateu foi pouco pelo tanto que teve que aguentar…

1 thought on “Saigo ni Hitotsu dake Onegai Shitemo Yoroshii Deshou ka (May I Ask for One Final Thing?) #1 e #2 – Primeiras Impressões

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