No fim, o grande problema da série foi o técnico.
Semanas atrás, fiz uma postagem com a minha visão geral do que vinha achando de “You’re My Sky”, um drama BL tailandês (leia o texto aqui). A adaptação terminou no último sábado (26), tendo 12 episódios no total e venho aqui fazer um balanço do todo da série, como encerrou, as coisas que gostei, desgostei, odiei, e o que poderia ter sido melhor 🙂
Na postagem de impressões dos episódios 1 à 7, eu comento que da forma que estavam os casais da série, parecia um ponto antes da virada deles passarem a se resolver. Naquele cenário, o Thorn e o Fah tinham se beijado, o Sean×Aai foram até mais além do que se beijar, e o casal Dome×Vee era o que não tinha como se resolver naquele momento, uma situação bem mais complexa e que demanda mais tempo para ser devidamente desenvolvida.
O episódio 8 é como grande clímax. Todos os 3 grandes conflitos da série são postos aqui e vão sendo desenvolvidos de forma intercalada. Thorn e Fah com o jogo, sobre tentar ganhar do time do técnico maldito e o Fah desistir ou não de concorrer a vaga para um time profissional. O Dome e Vee sobre a questão deles se gostarem, mas o Dome namorar com a irmã do Vee. E o Sean e Aai com a discussão de tentar ou não namorar a distância. E meu grande destaque desse capítulo foi para a discussão do Sean e do Aai. Creio que não seja puramente o meu favoritismo pelo casal, mas por um conjunto de fatores. Naquela altura, a questão do técnico já estava me enchendo o saco e o processo do desenrolar do núcleo do Vee era mais lento e precisava ser dessa forma. Nesse interim, o Sean e Aai conseguia trazer climas de tensão excelentes, mas também a velocidade e o processo de entendimento deles, bem como o partir para tentar encontrar uma solução eram mais ágeis, em um ritmo agradável, mas não bagunçado e atropelado. Isso acabava me encantando mais no casal e era o que me fazia ansiar pelas cenas com os dois. O episódio 8 fecha esse lado do Sean com o Aai, ‘explode’ o problema do Vee com o Dome e fecha parcialmente o principal problema que fazia a trama do Thorn com o Fah girar, isto é, o treinador. No capítulo seguinte, é o ponto que a “história morre”.
Indo por partes, o oitavo episódio termina com um ‘climão’ de que o Thorn supostamente teria tido uma lesão grave, com o episódio terminando com o personagem dizendo algo como não conseguir mover a perna. Já no 9º capítulo, vemos que não era TÃO grave quanto deram a entender, o que me causou certa decepção, mas ok, e de fato não podia jogar durante um tempo, mas não era como se nunca mais pudesse praticar ou coisa do tipo. O X do problema com isso eram os jogos que a equipe teria que passar sem ele poder jogar e tocar no assunto JOGO, seria meio incômodo pelo Thorn estar daquela forma, e vai se montando um ambiente ruim. Com isso, é criado um grupo entre os jogadores especificamente para falar de jogos e de como fica o Thorn nessa situação, tanto no contexto de que ele não pode jogar, como pelo lado de que acham melhor não falar, praticar e coisas relacionadas na frente dele. Ele acaba descobrindo e a bola de neve vai crescendo. E principalmente no caso dele, como jogador, tempo é algo muito crucial, dado que a ‘vida útil’ de um atleta ser menor. Claramente é um problema e que vai ser tratado episódios mais a frente (já chego lá). Fato é que esses pequenos incômodos ao longo do episódio criam algo maior no fim das contas. Entretanto, You’re My Sky tem algo que gosto muito que é os personagens conversarem bastante sobre o que sentem e o que os incomoda. E é dessa forma que eles se resolvem. E não só a nível de relacionamento amoroso, como de amizade também. Todos os membros do time sentam juntos e discutem sobre o que estava havendo e chegam em uma solução.
A conversa continua para os outros dois casais. O Aai que estava se sentindo incomodado com o Sean evitando o personagem o dia inteiro, chegando a pensar que no fim, ele que tinha desistido de namorar quando na verdade o Sean só estava preparando uma surpresa para o amado, uma declaração que o próprio considerasse como digna para o Aai e nossa, que momento fabuloso!!! Sem dúvida alguma é uma das cenas que mais amei da série. Eu gosto que o Sean não quer apenas “falar e pronto”. Ele quer demonstrar sempre que possível e fazendo o melhor para criar momentos maiores, que causa impacto e lembrança para agradar o amado dele. O Aai não consegue se expressar muito bem. É tímido, tem vergonha e não é bom com as palavras. Até por isso a dinâmica dele com o Sean é tão boa, porque o personagem acaba sendo aquele que “puxa” o Aai. Ele não tem dificuldades em falar o que pensa e sente, e acaba levando o Aai a seguir seus passos, mesmo com maior dificuldade. O Sean sabe disso e ajuda o Aai. É um relacionamento de companheirismo e é absolutamente precioso!
Naquele ponto, tanto o Thorn e o Fah, como o Sean e o Aai estavam de fato resolvidos. O que havia ficado era o Dome e o Vee, que precisava de um pouco mais de tempo para finalizar a trama dos dois. A partir dali que começam os problemas. Como eu disse, não sobrou muito o que trabalhar. Só que ainda faltavam 3 episódios para o fim, sendo que o último seria a formatura dos personagens e tal. O que eu acreditei que aconteceria nos episódios 10 e 11 seria um tipo de enrolação em que não há conflitos diretos, brigas ou coisas do tipo, e fosse mais focado nos casais aproveitando seus dias, principalmente porque alguns deles iriam se formar e tomar outros rumos. Mas não acabou sendo isso que se passou nos episódios. O episódio 10 ele retoma assuntos que já haviam sido trabalhados e que já haviam sido RESOLVIDOS. Por exemplo, retornam na questão do relacionamento à distância no episódio 9 e voltaram a abrir o tema no episódio 10. Mais uma vez temos uma pequena briga, depois os personagens sentam e conversam, resolvendo o problema. Com esse episódio, foi a terceira vez que falam desse assunto. Não era muito melhor que mostrassem os dois curtindo os poucos dias que tinham para ficarem juntos?
O único núcleo que não sofre com isso é o do Dome com o Vee, porque não tinha sido fechado. E no 10º episódio, eles continuam a trabalhar as consequências do beijo que eles deram no fim do capítulo anterior. Passam a lidar com a irmã do Vee saber de tudo, a distância entre eles aumenta, com uma série de nuances que vão sendo passadas. E quando você espera que fosse feita uma continuação desses eventos no penúltimo episódio, não é o que acontece.
O episódio 11 surge com um problema que, assim como ele vem meio que do nada, ele ‘desaparece’ rapidamente. Se no núcleo Sean e Aai, eles retomam 3 vezes a questão de namoro a distância, no núcleo do Thorn e Fah, quem volta é o técnico dos infernos. Quando eu achei que estava livre daquela praga, ele retorna para mais um grande dramalhão. E como se não bastasse, eles passam um episódio INTEIRO nisso. Os dois casais nem aparecem direito. É como se não existissem. Eu conversei com uma amiga no Twitter (beijinho Karlly) sobre o que achamos desse episódio e do final, discordamos de algumas coisas, mas no geral, não gosto desse episódio, porque na minha visão ele vai muito contra ao que havia sido construído para os personagens ao longo dos 10 episódios anteriores da série. É uma mudança um tanto brusca de visão, principalmente por levarmos em conta a evolução dos personagens até então. E de novo, o grande problema é o técnico. Primeiro ele havia sido tratado como um vilão caricato e nos episódios 9 e 10, é dito que não é bem assim. Quando chega no 11, não só trazem ele de volta, como retornam a tratar ele como uma espécie de vilão, como alguém que, de certa forma, representa um mal, uma forma errada de jogar e que “influencia os outros para o caminho errado” (com muitas aspas aqui).
Eu não acho o casal ou os personagens ruins (tudo bem que nesse episódio, eu estava com ranço do Thorn), e principalmente: não acho o TEMA ruim, pelo contrário. O peso de não poder jogar durante meses, um tempo preciosíssimo, faz o Thorn sentir que está ficando para trás enquanto o namorado segue avançando. Temos questões de ansiedade e depressão, temas esses que foram muito evidenciados durante as últimas Olimpíadas. Tudo isso é muito bom. O meu grande e principal problema é a maneira que isso foi feito, pois como eu disse, o obstáculo aparece repentinamente e é resolvido de forma rápida também, porque o episódio em si é literalmente um tapa buraco que a produção precisava preencher. Tenho um ódio tão grande desse episódio, porque ele mais destrói do que constrói e precisa dar muitos passos para trás antes de progredir. E ainda progredi de forma mal feita.
Não é atoa que quando chego ao último capítulo, me dava um certo nervoso ver o Thorn e o Fah na tela por justamente eles terem tido um episódio inteiro para os dois e eu sequer ter visto os demais casais. Quanto mais tempo de tela era dado para o casal principal, mais apreensivo eu ficava, porque eu tinha muita curiosidade de saber dos outros dois e como iriam interagir naquele final.
O final do Dome com o Vee, embora seja aberto, é muito condizente com o momento que eles estavam vivendo. Eles não estão juntos, mas dá aquela brecha para que no futuro isso mude. É uma perspectiva que funciona bastante para o caso deles. Já o Sean com o Aai fui de momentos de “Yay, se encontraram” e “NÃÃÃÃO!!! Porta maldita do caralho”, nas primeiras cenas, e as frustrações com um certo anel que não foi entregue e que poderia MUITO BEM estar dentro do papel que era uma passagem de avião. Enfim, casal lindo, perfeito! Química de milhões!! Apenas vivo na supremacia deste casal e como comentei no Twitter, aceitaria MUITO um spin-off dos dois juntinhos no Japão em altos momentos gays. Seria minha serotonina <3
Quando gosto muito de um casal, sempre quero ver mais deles, mesmo que o final tenha sido perfeito. Dá aquela sensação de querer ver mais deles juntos e felizes, vivendo suas vidas (talvez seja uma projeção de como eu queria estar e não estou? Talvez…). Um time skip seria muito bem-vindo
No fim das contas, têm episódios na série que realmente não precisavam existir. O episódio 11 cria um conflito súbito, enquanto que no anterior, é mais uma repetição de coisas que já tinham sido solucionadas. Porém, apesar dos pesares, eu ainda acho a série muito boa de forma geral. Têm momentos excelentes, os personagens são ótimos e tirando as deslizadas pontuais, principalmente no final, ainda valeu a pena ter assistido. Para quem não assistiu e leu essa postagem até aqui, recomendo assistir ^^.
(Agradecimento especial para a Steh que comentou (cof reclamou cof) e surtou comigo no Twitter ao longo dos episódios da série <3 )