O que fazer da vida? Tentar fazer algo para mudar? Ou deixar como está?
Essa postagem de “Yesterday wo Utatte” está saindo excepcionalmente hoje, por causa do JBM e do @willyvinicius12, que perguntaram se faríamos comentários sobre o anime. Então eu me senti na obrigação de acelerar as coisas e postar o mais rápido possível (me deixou muito feliz ^^).
Sinopse: “Após a faculdade, Rikuo Uozumi, um rapaz sem muita ambição na vida, assume um emprego em uma loja de conveniência. Os dias passam sem novidades para Rikuo, até que ele encontra sua ex-namorada e colega de classe, mas sobretudo graças à incomum Haru Nonaka, e seu animal de estimação, um corvo…”
Rub – Alê, tivemos boas estreias de animes no último sábado (dia 03/04). E diga-se de passagem, foi o melhor dia de estreias desde que começou a temporada, sendo a maioria tiveram primeiros episódios muito bons. Só que iremos conversar sobre um anime que não chamou atenção de muitas pessoas, só que superou o que eu estava esperando dele. Yesterday wo Utatte é um drama e slice of life que acompanha a vida estagnada do Rikuo. Falo assim porque ele está somente vivendo, sem expectativas de futuro, de estudar, ou de trabalhar e seguir carreira (coisa muito valorizada na sociedade japonesa e apontada por ele próprio em um monologo interno). Então, ele meio que já demonstra sinais de falta de motivação e energia, sintomas de principio de depressão, que é bem comum nos japoneses mais jovens hoje em dia. Não contente com a vida que leva, mas não fazendo nada para mudar, ele está num marasmo emocional forte. Se ele não tivesse em um círculo social e não interagisse com amigos, ele estaria pronto para ser um hikikomori nato. E tipo, isso foi o que do episódio? No primeiro minuto do capítulo? Foi uma das coisas que adorei no episódio. Ele te apresentou um personagem, contextualizou toda sua persona, e ainda sim já mostra como ele sente somente com a direção controlando e passando essas emoções. Esses minutos iniciais são precisos para o que é esperado de um anime mais dramático. E nesse inicio, ainda temos a introdução da Haru, que logo de cara, já gostei dela e de seu carisma.
Alex – Sábado foi bem lotado (ainda atrasado com diversos animes, inclusive com os posts de primeiras impressões), mas em compensação, foi recheado de ótimas estreias, amenizando esse começo bem fraco de temporada. Já falando da minha expectativa, o pessoal (é de você que eu estou falando, Lucas!) colocou um bom hype no anime, sendo que eu estava bem aquém da coisa toda. Com certeza era um dos que eu iria assistir, mas não era uma das hypes. Eu adorei esse episódio inicial. Muito bem aproveitado, introduzindo personagens e um pouco da vida de cada um de forma excelente. O círculo social do protagonista “salva” ele de estar em uma situação pior. Ele não só poderia ser um hikikomori, como poderia levar a uma depressão mais aguda, ocasionando (possivelmente) suicídio, que é algo bem recorrente com japoneses. Eu gosto de como a trama consegue te prender nos personagens de forma tão rápida. Todos os três personagens apresentados tem coisas que me deixaram bem interessados para saber mais sobre eles, principalmente a Haru.
Rub – Teve uma coisa que fiquei na dúvida, e talvez seja algo cultural…é normal dá comidas para corvos silvestres? Vendo ele dando o ben-to para os bichinhos, foi um tanto estranho para mim. Não lembro de ter visto algo assim nos animes que assisti e é a primeira vez que vejo algo similar. Além disso, a Haru ter um corvo de estimação (que tem uma perninha com um problema) também foi um tanto diferente. Se o anime não te pegar no começo, ele vai chamar a atenção pelo inusitado. E eu gosto da Haru por ela ser “para frente”. É daquelas que tem coragem para fazer as coisas que ela quer e que não aceita ficar presa em um conjunto de regras ou situação. Meio que dá a entender que foi por esse desejo que ela decidiu sair da escola. Talvez não conseguia mais aguentar pressões ou convenções sociais e precisou sair. Ainda tem mais coisas, pois ela meio que esconde o segundo motivo que a fez sair. Entretanto, diferente do Rikuo, ela não aceita muito bem a zona de conforto estabelecida pela sociedade. Parece que a Hary quer mais do que consegue atingir na cidade e quer a companhia do Rikuo a todo custo. Até cortar o cabelo ela fez para chamar atenção do interesse romântico. Já estou torcendo por ela, sem nem hesitar. XP
Alex – O Rub lembrar de nomes é uma coisa assustadora, os papéis estão sendo trocados aqui haha. Quando vi o Rikuo dando aquele ben-to para os corvos, eu sinceramente pensei que estavam estragados, porque é comida de uma loja que ele trabalha. Parecia que fosse por isso, mas aí veio a Haru e ele deu um para ela também. Vai ver que dar comida para corvos faz parte de alguma superstição para trazer sorte, ou algo do gênero. Fiquei curioso. É beeeeem incomum se ter um corvo, mas nessa temporada tem um anime de uma Gal morando com um dinossauro (em breve, primeiras impressões). Então ter um corvo de estimação é fichinha XP. Se eu, ano passado, estava reclamando da pressão da escola, imagina no Japão que é bem rígido com essa questão, sempre forçando as pessoas a darem o sangue nas matérias, sofrendo por causa disso e desmaiando de tanto estudar. A pressão social para ir para a faculdade, deve ser muito pesado. Eu gostei de como a Haru não só não gosta de estar atada a essas regras, mas também fez o Rikuo tomar iniciativa e se declarar para a guria que ele gosta, que não lembro o nome. Acho que vou gostar bastante da dinâmica dos dois e acho que vai ser ela que fará ele ir atrás, ou melhor, ter motivação para almejar alguma coisa (“Rikuo”… Eu vou ter um puta problema para lembrar como se escreve esse nome).
Rub – Vou admitir aqui que estou com o Myanimelist aberto na outra tela, porque sem cola, nem por 1 milhão de reais eu ia acertar os nomes deles xP. E o nome da professora é Shinako. Que inclusive, revendo algumas partes do episódio, percebi que a Shinako faz comentários muito maternos para o Rikuo. Ela é quase uma mãe ou irmã mais velha (ela age dessa forma, talvez para esconder os sentimentos por ele) e parece que ela gosta dessa estagnação que o Rikuo está. Ela, em momento algum, incentivou a ele mudar de percepção. Pelo contrário. Dava a impressão que ela gostava de como estava o relacionamento deles, e que não quisesse que o status quo mudasse. Não sei se ela tem medo que a relação mudasse se um deles se declarasse, ou foi ela negando a si mesma dos sentimentos. Tem algo envolvido sim, porque o Rikuo foi se declarar para ela e a professora estava apreensiva, mas ao mesmo tempo não queria que eles se separassem. Não sei ao certo, mas certeza que vão explicar mais para frente esse conflito interno dela.
Alex – Está explicado o problema de memoria ter sumido XD. Já que estamos falando dela, eu acho que ela esconde algo, talvez uma coisa mais profunda. É como você disse, ela tem uma postura e mantém ela para sustentar a relação como está. Se eu não me engano, o Rikuo diz que ela sabe dos sentimentos dele, mas ela não diz nada para não mexer nas coisas e apenas deixar tudo como está (Oregairu tudo bom?). E eu digo que ela esconde algo mais profundo, porque na hora da confissão, ela fica um tanto em choque (?). Uma troca de olhares, com uma direção maravilhosa vale dizer, e pelos poucos movimentos que ela faz (desviar olhar, “apertar as mãos”), apreensão….E depois, mais para o final do episódio, ela fica olhando da janela. E ela igualmente sabe mais sobre a Haru. Estou curioso para ver o que os personagens escondem.
Rub – Não sei se o original aborda também, mas queria saber como a Shinako e a Haru se conheceram. Sei que a Haru foi aluna da Shinako, só que parece que tem muito mais ali do que foi contado. Agora falando mais dos quesitos técnicos, o anime se saiu bem. Claramente é uma tentativa de sair da sequências de anime de garotinhas bonitinhas, e uma foi bela mudança de ares. Curti os designs dos personagens em geral, e meu destaque fica para a Haru. A trilha sonora não se mostrou muito presente, fazendo o silêncio ser predominante, mas gostei de como o anime foi bem dirigido nessa narrativa inicialmente. Só espero que o anime corresponda a esse começo que foi muito bom, e que o drama desse possível triangulo amoroso, seja bem desenvolvido.
Alex – Também estou interessado nisso. Acho (espero na verdade) que vai ser trabalhado no decorrer do anime. Doga Kobo não fazendo animes de garotas fofinhas é MUITO estranho. Agora fazer um anime com tons melancólicos é ainda mais incomum. E na Temporada de Verão, eles terão mais um anime fora dos padrões do estúdio. A produção está ótima, e lembro que o KVin (acho que é assim que se escreve) fez tweets sobre uma sequencia inicial de animação. Falava de como a movimentação tinha peso e dava sensação de toque, os sons e a própria movimentação da animação, que dá uma sensação natural. Eu gostei também do estilo de arte que foi usado nos flashbacks. Mais rabiscados e com tons mais apagados, mas que ainda conseguem se destacar. É uma sensação estranha, não sei explicar hahaha. Também espero um bom desenvolvimento dos personagens e estou com boas expectativas para os próximos episódios.
Espero que tenham gostado dos comentários. Sempre bom lembrar que iremos comentar os animes, (talvez) até no máximo o terceiro episódio. Após isso, voltaremos apenas na review que será postada em algum momento no decorrer da temporada que vem :).
Este episódio foi decerto uma tentativa — um grande acerto, na verdade — de trazer um ar realista, muito utilizado em narrativas literárias para fisgar um leitor (perdoem-me, não consigo dissociar literatura do que assisto). A situação em que Rikuo se encontra acaba por se mostrar palpável o bastante para que consigamos sentir suas aflições — ou como no meu caso, ficarmos assustados com a verossimilhança entre a minha vida e a dele — e sem sombra de dúvidas cativa aqueles que passam ou passaram por estes momentos.
Adorei o review comentado de vocês e mal vejo a hora das próximas postagens (sejam deste anime ou de Arte).