“BUCCHIGIRI?!” é o novo projeto original da Hiroko Utsumi, que anteriormente criou e dirigiu “SK8 the Infinity” (na BONES) e que é mais famosa por ter dirigido as duas primeiras temporadas de “Free!”, na Kyoto Animation. A Utsumi é uma diretora de muita personalidade, e tal qual em SK8, temos aqui uma trama que segue totalmente a carinha dela, com muita excentricidade nos personagens, ora absurda, ora divertida ^^
Sinopse: “O reencontro de Arajin Tomoshibi com seu antigo amigo Matakara Asamine toma um rumo inesperado quando eles se envolvem em uma briga com os caras mais durões da cidade. E quando pensamos que as coisas não poderiam ficar mais esquisitas, um gigantesco gênio decide aparecer. Prepare-se para o confronto final. É a colisão entre o estilo e a magia!”
A Utsumi começa sua carreira dentro da Kyoto Animation e passou anos dentro do estúdio sendo seus trabalhos mais importantes a direção das 2 primeiras temporadas de “Free!” (em 2013 e 2014). Após o período, ela sai do estúdio (em bons termos, vale dizer) e começa a sua vida como freelancer. Nos anos seguintes, ela faz participações em diversos animes como storyboarder e diretora de episódio, mas em 2018 retorna ao cargo de diretora principal em “BANANA FISH” na MAPPA. Depois de “BANANA FISH”, a Utsumi começa uma nova etapa na carreira dela e em 2021 lança “SK8”, o primeiro projeto original dela e que é um completo sucesso. Com a segunda temporada de “SK8” anunciada (e por enquanto, sem data), ela lança “BUCCHIGIRI?!”, retornando a MAPPA para mais esse projeto original.
A Utsumi é uma diretora de muita personalidade e que é bem característico de quem passa pela KyoAni, mas projetos adaptando o trabalho de outras pessoas, não é a praia dela. A presença da diretora é tão forte, que ela se encontra realmente nos projetos autoral. E tal qual “SK8”, “BUCCHIGIRI?!” não só mostra essa presença marcante, cheia de aspectos que ela gosta e evidenciou em outros projetos dela, como também temos mais um anime divertido de assistir.
O anime é mistura de brigas de gangues, com um garoto (um tanto idiota) que quer perder a virgindade, sendo baseado (ou releitura) do clássico conto de 1001 Noites. É muito bom que, depois de ter assistido ao anime anterior dela, você começa a ver esse e automaticamente vai vendo uma série de coisas que são bem do gosto da diretora. As situações absurdas (a começar pela proposta de misturar 1001 Noites com gangues juvenis) e até mesmo o título do episódio (Fusão?! Paixão com um Frango Bang Bang da Sorte!), que coisa maravilhosa! Fiquei tão encantado com o título antes mesmo de começar o episódio, que passei uns 2 minutos encarando ele.
Falando do anime propriamente, o que temos aqui é o Arajin que acabou de se mudar e para a cidade que ele vivia na infância, tem a esperança de conhecer alguma garota bonita, se apaixonar e transar (partindo do pressuposto que alguma iria se interessar pelo protagonista). Apesar dele ser muito idiota, propositalmente idiota, me encanta o quão emocionado o garoto consegue ser. Ele tem aquele jeito meio alegre e ao mesmo tempo desajeitado, e que por causa disso, acaba facilmente se metendo em roubada (isso quando não colocam ele em roubada, rs).
Nesses primeiros dias, ele conhece a Jin Mahoro que tem aquela energia de princesinha da sala, ainda mais que todo o restante da turma é de delinquentes, e que claro, leva o Arajin a se apaixonar no mesmo instante. Papo vai, papo vem, desencontros e armações de delinquentes, ele acaba esbarrando no Matakara, que nada mais é do que o seu amigo de infância, e que embora o próprio Matakara tenha boas recordações com o Arajin, o mesmo não parece ser da parte do Arajin. Tanto que mais para frente no episódio, é evidenciado que ele tem algum trauma da época de infância e que sempre que fica nervoso, com dor de estômago de nervoso.
O Matakara é como uma geladeira Eletrolux 2 portas (em tamanho), mas com aquela carinha de amorzinho e carinhoso. Tem uma feição doce, e mesmo seja chefe de uma das gangues e bom de briga, tem sempre aquele respeito, honestidade e doçura em como trata e lida com as pessoas. Seu reencontro com o Arajin acaba sendo uma boa surpresa para ele, e claro, Utsumi que não é nem boba e nem inocente, já cria aquele clima entre os dois personagens.
O ponto principal desse episódio é o Arajin ter acertado um tiro em si e despertado o Senya, que é quase um gênio da lâmpada, só que ao invés de uma lâmpada, temos quase um “piercing” na cabeça do protagonista. O Senya se propõe a conceder um desejo ao Arajin e passa a acompanhar ele até que (de novo) o Arajin se meta em uma encarrascada, já que o irmão da Mahoro, o Marito, líder da outra gangue, aparece (e eu acredito que propositalmente) e dá uma surra nele. Até o momento que pela raiva ou desejo, ele ‘ativa’ o Senya e se fundem. Isso de se fundir, não fica muito claro em que nível é essa representação, mas o que gosto desde já, que existe um ‘outro gênio’ tal qual o Senya (de cor azul) e que acredito fortemente que está com o Matakara. Ou seja, mais sugestividade para shipp, uma das especialidades da Utsumi, rs. Mas assim, toda vez que aparecia na legenda que o Arajin queria “perder o cabaço”, eu queria me enterrar no chão. Muito cringe para mim.
A Jin Mahoro será um meio de articulação para o desejo do protagonista, mas não sei. Tenho a sensação de que a existência dela em si não é lá muito necessária. A impressão que passa é que embora ela sirva como meio de conexão para levar a outros acontecimentos, ela parece meio perdida na trama. Pode melhorar mais para frente e a Itsumi ir malabarizando a personagem para conectar tudo? Pode sim, mas pelo menos por enquanto, é uma personagem que existe. MAS eu queria MUITO que essa figura dela fosse só uma faixada (e até tem uma pequena cena que dá a entender que é isso), porque ela é muito sonsa, não parecendo combinar com o restante, então adoraria que fosse uma faixada para fazer os homens de idiota e brincar com eles.
Adorei a mãe do Arajin. Ele é descompensada e como o próprio Arajin diz, é uma safada. Gosto que ela assiste uma novela entre uma freira e um monge (meu deus Utsumi) e incentiva o filho a ir tentar transar. Vejo potencial para render mais cenas de humor de constrangimento.
Enfim, “BUCCHIGIRI?!” é de muita personalidade e de um exagero que é delicioso de assistir (e às vezes vergonha alheia). Ele acerta naquilo que alguns animes dessa temporada que tem esse tom cômico, mas acabam indo para um lado de querer se levar a sério, não sendo nem um pouco convincentes. Ele tem esses exageros, mas sempre indo para o lado da pataquada, porque ele é uma farofona e a diretora dirige o anime dessa forma.
Em SK8 tem seus momentos dramáticos e BUCCHIGIRI?! com certeza terá os seus. A OP evidencia esse aspecto, afinal o que gosto é que ele consegue delimitar bem esses limites entre as temáticas e ornar com todos muito bem. Adoro a Utsumi como diretora e vamos ver o que ela tem para contar nesse daqui e quais personagens de personalidades fortes ela vai colocar na trama, rs. Infelizmente o anime está na MAPPA e logo na estreia está com cronograma atrasado com uma ficha IMENSA de créditos na ED. Daqui para frente só deve piorar. Não sei se a animação vai derreter, porém a Utsumi tem bons contatos, incluindo antigos colegas da KyoAni que também saíram do estúdio. É bem provável que vejamos animadores reclamando das condições de trabalho e que sofra atrasos no decorrer da exibição.
De todo modo, fica a recomendação do anime ^^
