Para começar este post, precisamos voltar alguns anos no passado: era final de janeiro de 2022 e acontecia o NewPOP Weekend, evento que acontecia de forma online pela editora supramencionada. No evento, foram anunciadas 32 obras. Entre mangás, novels (japonesas, chinesas, coreanas e tailandesas), manhwas, obras nacionais e artbook. Boa parte dessas obras foram lançadas de lá para cá, embora ainda existam algumas sem qualquer previsão de lançamento (“My Girl“, da Mizu Sahara, por exemplo).
Duas dessas obras eram a novel original e a adaptação em mangá da 1ª parte de “O Sonho de uma Apaixonada por Livros” (Honzuki no Gekokujou), cujo roteiro original é da Miya Kazuki. A novel é ilustrada pela You Shiina e o mangá, nesta primeira parte, foi feito por Suzuka. Essa 1ª parte do romance é completa em 3 volumes, enquanto que o mangá foi concluído em 7 volumes originalmente. Na época, a editora confirmou a publicação da 1ª Parte de ambos, sendo que a continuidade destes dependeria do desempenho da série.
Quem acompanhava o blog naquela época deve se lembrar que “O Sonho de uma Apaixonada por Livros” foi um dos anúncios que nós mais celebramos e comemoramos naquela ocasião por se tratar de um título que temos muito carinho: somos apaixonados pelo anime, que nos conquistou pela história da garota que reencarnou num mundo sem livros (os poucos que tem, são de acesso apenas da nobreza) e queria livros para ler, partindo para encontrar meios e recursos para desenvolver e criar os próprios livros.
Aquela era uma época em que ainda tínhamos uma boa relação com a editora em questão, acompanhávamos tudo, inclusive se sujeitar a cobrir um exaustivo evento online que durou uma semana inteira sem grandes reclamações, e não reclamava de quase nada (olhando hoje, é algo do qual me arrependo bem amargamente), coisa que foi mudando de figura com o passar dos anos, principalmente porque ela não gostava das críticas que o @rubnesio fazia para a editora (mesmo eles sempre falando que são “abertos a receber críticas”), tendo o Júnior mandando indiretas com certa frequência e arruinou tudo de vez depois de uma pataquada que a editora fez conosco (relembre esse causo nesse post). Por causa desse evento derradeiro, de Dezembro de 2023 para cá, o blog não noticia NADA relacionado à NewPOP, sequer mencionamos a editora no site, salvo raríssimas ocasiões. Hoje será uma dessas ocasiões.
Hoje em dia, o sistema de busca do Twitter/X está um horror e na época, o blog fazia lives na Twitch, que não ficavam salvas (período de 30 dias até sumirem do perfil). Então não tenho registros para colocar aqui, mas lembro perfeitamente do @rubnesio e eu comentarmos que não achávamos que a novel (ou o mangá) seriam publicados no Brasil completamente, com as 5 partes, devido a novel ir aumentando com o passar dos arcos (Parte 1 tem 3 volumes; a 2 tem 4; a Parte 3 tem 5; a Parte 4 tem 9; e a Parte 5 são 12 volumes) e sabíamos que novel não é algo com fama de que vende muito bem. E até aquele ponto, estávamos relativamente bem com aquilo, genuinamente felizes com a vinda da série e queríamos nos focar no que tínhamos de concreto naquele momento.
A previsão inicial para mangá e novel era o 2º semestre de 2022 e não aconteceu. Passou para o 1º semestre de 2023. Não aconteceu. Nesse meio tempo, a editora divulgou que o mangá sairia primeiro, para assim que ele acabasse, a novel começasse a ser publicada. O mangá também seria lançado em formato 2 em 1 (2 em 1 nos dois primeiros volumes e 3 em 1, no terceiro e último volume). O lançamento começou a acontecer, finalmente em janeiro de 2024, ao preço de R$ 89,90.



O mangá foi concluído no final de maio de 2024. E a novel, começou a ser publicada “em seguida” conforme prometido? Não. O restante do ano passou e nada da novel. 2025 chegou e se desenrolou, até que no final do ano, a editora enfim deu uma previsão: os três volumes da Parte 1 serão lançados JUNTOS em janeiro de 2026. A obra entrou em pré-venda hoje (27/12), com preço de R$ 89,90. Além disso, os volumes tem, respectivamente: 248, 272 e 344 páginas. A termos de comparação: “A Estratégia do Imperador“, uma novel chinesa laçada no mesmo formato da novel de “O Sonho” tem o preço de R$ 84,90 e 528 páginas no 3º volumes (o 3º volume, aliás, será lançado em janeiro de 2026 também).
Claro: existe uma disparidade entre o que a gente, como consumidor, espera e gostaria de um preço, e o que a editora pode ofertar dentro das condições do mercado nacional, da produção e de seus custos. Não muito tempo atrás, a MPEG fez uma live comentando sobre várias coisas e entre elas, estava a questão dos reajustes de preço e elevações do custo de produção e impressão das obras, o que tornava impossível sustentar os preços praticados por mais um ano, levando aos reajustes (em geral, os mangás passaram de R$ 39,90 para R$ 44,90). Nós sabemos disso.



Mas há alguns poréns nessa história toda: Na última live do ano da editora (feita em 22 de dezembro), ao ser perguntada sobre a série, foi dito que o mangá vendeu “abaixo das expectativas“. Não era um fracasso, mas que estava abaixo do que eles pensavam (seja lá o quanto isso signifique realmente). Agora imaginem: se o mangá (que historicamente as editoras falam que vende mais que novel) vendeu “abaixo do esperado”, que dirá a novel. E aqui, ainda podemos pensar em: que tipo de ações foram feitas pela editora para tentar reverter a situação das vendas? A editora falava ativamente da obra? Se esforçaram para encontrar ou chegar em um público que gostasse? Coisas do gênero… lançar um mangá de apenas 7 volumes (que já era de um público nichado) em uma edição 2 em 1, a um preço tão caro, era pedir para afastar publico. “Ah, mas o desconto…”, nós não podemos contar sempre com eles e por mais que hoje, sim, o mangá esteja com descontos altos na Amazon (volumes por 35-60 reais), o fato é que os volumes poderiam ter sido ofertados, a nível individual com preços mais atrativos, ainda mais considerando desconto de pré-venda (ali nos 20%, como é tradicional da editora).
Lançar 3 volumes de uma novel de uma só vez, como bem apontou o Biblioteca Brasileira de Mangás, pode até ser bom financeiramente para a editora (porque roda tudo junto na gráfica, a logística é uma só, etc…), mas para o consumidor, definitivamente não é. E lançar tudo de uma vez traz aquela grande impressão de que só querem se livrar da série, como se ela fosse uma enorme pedra no sapato. Lançar todos os volumes juntos, só tiram mais um título da fila (e entre obras anunciadas há muitos anos, a fila ainda é extensa). E 90 reais por uma edição que a gente sabe que vai ter problema textual, de correção e ortografia, pois passa ano e vem ano e isso não muda na editora… É complicado, para dizer o mínimo…
E a gente ainda pode considerar o seguinte: quanto mais o tempo passa, tudo vai ficando mais caro e a tendência é que não abaixe, pelo contrário. Em meados de 2022, a novel de “Me Apaixonei pela Vilã!” era lançada à R$ 59,90 (preço já caro na época). Se a novel “O Sonho” tivesse sido publicada na primeira previsão passada, teríamos esses mesmos volumes com um valor 25% menor. Ou seja, pela falta de organização da editora (porque sim, essas são as palavras), temos hoje um produto ainda mais caro. A editora fala repetidas vezes, como desculpa, que gostam de anunciar para que o público “não compre edições internacionais” e fique “confortável” ao saber que a obra que gostam se publicada no Brasil eventualmente, mas na prática, o que temos é: pessoas que sequer lembram que títulos foram anunciados (até hoje me deparo com gente se surpreendendo ao saber que “Ohayou, Ibarahime“, da Megumi Morino, foi anunciado por eles e esse é outro que já vai rumando para 4 anos desde o anúncio…). Fora isso, quem se lembra, se desgasta com a obra e com a espera, já que passam-se meses, anos, e nada de sair do papel. Algumas previsões são feitas, mas não são cumpridas e assim se segue.
Eu fico triste pela maneira como esta série, que tanto gostamos, esteja sendo tratada de forma tão absurda, com tamanho descaso. Claro, isso não é uma exclusividade de “O Sonho”. Outras séries da editora passam meses sem ganhar novos volumes: “My Little Monster“, Shoujo da Robico teve seu 1º volume lançado em ulho e depois disso, nenhum outro volume foi lançado (a promessa é regularizar a série em 2026); “Perfect World” teve seu 10º volume lançado em abril de 2025 e segue sem novos volumes desde então (esse a editora também promete retomada em 2026 e faltam apenas 2 volumes para terminar); “Um sinal de afeto” estava parado desde maio/2025 e será retomado em janeiro/2026 com o volume #6 (e olha que ele e “PW” a editora diz vender muito bem); “A Casa do Sol” teve 1 volume (#6) lançado em janeiro e outro (#7) só em dezembro, com a promessa de lançar o restante da obra de forma rápida e finalizar ainda no 1º semestre de 2026 (restam 6 volumes para o fim e a editora diz querer lançar mais de um volume por mês). O mesmo acontece com os Shounens, Seinens e BLs do catálogo, vide por exemplo, “Jovens Sagrados” (Seinen) que começou a ser publicado em junho de 2022 e desde então, apenas 5 volumes (de uma série em andamento com 22 volumes) foram lançados. Ou seja, quase que um volume por ano… Novamente, aquele aspecto da falta de planejamento e afins…

A autora da obra, Miya Kazuki, acompanha(va) as atualizações da edição nacional pelo blog (ela já até nos mencionou no seu blog em uma das suas atualizações) e fico triste só de pensar nela vendo (e lendo) sobre esses absurdos. Então escrevo torcendo para que ela não veja isso. Mas é genuinamente triste o descaso da editora com a obra. De novo, a gente já imaginava desde o anúncio que ela não seria publicada integralmente aqui, só não esperávamos que a própria editora faria uma publicação que minaria completamente as chances do mínimo sucesso que a obra poderia ter.
Imaginamos que já não vamos ter a Parte 2 no Brasil, mas sei lá, vai que acontece algum milagre e, na verdade, estamos errados… Aguardaremos, então, os próximos capítulos da novela.
Nota do Revisor (Rub): Opa, e aí!? Quanto tempo, não é mesmo? Gostaria que os meus comentários, depois de tanto tempo sem escrever algo para o blog, fossem relacionados a outro assunto, mas cá estamos reclamando de um tema recorrente. Desde minha saída “provisória” do blog, minha vida mudou completamente. Mas, neste espaço, irei me ater apenas à minha visão de consumidor do mercado de mangás publicados aqui no Brasil.
Até para contextualizar, desisti em definitivo do mercado de mangás BR alguns anos atrás. Para quem gastava entre 700 e 900 reais todo mês (considerando a inflação, acho que passaria de 1.000 reais se continuasse nesse ritmo hoje em dia) comprando mangás de baixa qualidade publicados por aqui, ter meses em que sequer gasto 50 pilas em compras na Amazon é uma mudança e tanto para mim. Sabe aquele sentimento de desgosto? Você olha para a situação como um todo e não vê nenhum caminho ou rumo para uma melhoria nesse nosso mercado engessado e de visão antiquada que temos por aqui? É esse o sentimento que tenho agora, vendo de fora toda a desgraça que as editoras BR fazem com o consumidor. E, vivenciando agora o outro lado de não ser mais enganado por editores fazendo propagandas de algo que jamais será cumprido em lives de horas completamente tediosas, estou mais tranquilo de forma geral. Óbvio que não dá para separar por completo minha paixão pelo colecionismo, de ter algo relacionado à obra de que gosto tanto; entretanto, estou me segurando, e os impulsos consumistas estão sob controle.
Dei toda essa pequena introdução para dizer que, mesmo eu não ligando mais para o que é publicado por aqui, ainda sou impactado por algumas notícias relacionadas às editoras BR, o que gera revolta e indignação. E sempre toda a raiva que sinto parte do mesmo ponto, repetido por todas as empresas que publicam algo de origem nipônica por aqui, que são as MALDITAS PROMESSAS: “Prometemos publicar regularmente.”, “O preço das edições será justo”, “As próximas edições não terão transparências nas páginas.”, “A revisão textual será melhor.”… Tipo, essas falas ainda ACONTECEM HOJE EM DIA. Mais de 30 anos desse mercado, e as editoras fazem essas cagadas de INICIANTES, para depois prometerem migalhas ao público, dizendo que VAI SER DIFERENTE NO FUTURO. O meu senso GRITA horrores com a quantidade de FLAGS disparadas somente nesse trecho descrito. Cansei desse relacionamento abusivo em que dou meu dinheiro para receber, em troca, algo muito inferior à qualidade oferecida por sites que publicam o mesmo material de forma “alternativa” e de graça. Vocês têm noção de que um único mangá, com preço padrão de 50 reais, equivale a assinar a Netflix no plano mais caro? Isso sem nem considerar a qualidade textual empregada nessas edições, principalmente as da NewPOP, que chegam a ser de sangrar pela bunda por conta de hemorroida inflamada (desculpa por esse comentário; foi o primeiro que me veio à cabeça com associação de dor e desespero).
E agora, puxando o assunto que o Alê comentou acima: Caralho, maluco! Não tem como fazer mais errado do que a NP fez em seu planejamento (se é que isso existe). A novel “O sonho…” era para ser algo que precisava ter destaque pela editora. É uma obra que deveria ter recebido atenção especial da NewPOP, já que seu público sempre foi restrito, inclusive nas adaptações animadas. E, devido ao nicho em que a obra se encontra, a editora JAMAIS deveria criar expectativas quanto a um alto volume de vendas nas publicações do mangá. Isso mostra que a editora não sabe nada sobre seu público ou sobre os leitores-alvo da novel (mas, para quem trouxe K, Shakugan no Shana e Zero no Tsukaima esperando sucesso, já demonstra um desconhecimento total nesse aspecto de entendimento do público-alvo). E, infelizmente, qual é o resultado disso? O dono da editora se vitimizando em lives, dizendo que é “perseguido” por haters e que a editora ESTÁ MELHORANDO. Eu gostaria de ter essa autoconfiança para falar essas coisas, mesmo sabendo que é mentira.
Vamos parar e refletir por alguns segundos. Bora lá. Dizer que “tradução de uma tradução é a mesma coisa que traduzir de um original”, só para não pagar um tradutor de chinês, porque está caro demais; falar, anos atrás, que iria aumentar a equipe da empresa para melhorar a edição na parte textual, e hoje a equipe continua a mesma (ou até menor); criar um escândalo ao lançar “selos da NewPOP”, afirmando que nunca houve outra editora no Brasil que deu “atenção ao shoujo”, e chegar a 2025 publicando menos volumes dessa demografia do que a concorrência somada; afirmar que o volume de uma obra X está pronto, faltando mandar para a gráfica, e passar dois anos sem nada ser publicado (me veio à cabeça NGNL 12, mas sei que há outros casos); prometer VÁRIOS BRINDES e EDIÇÕES ESPECIAIS para atingir um novo público com obras chinesas e sequer cumprir 10% do que foi dito, ainda se contradizendo em lives subsequentes (fãs de MODAO que o digam, com a famosa promessa da edição em capa dura e os aumentos de preço sem justificativa); Não sei, mas para mim não parece que está MELHORANDO, como foi dito (isso sem nem pesquisar; só fui listando o que lembrava. Deve haver dezenas de promessas não cumpridas).
Para algo MELHORAR, precisa MUDAR. Se não está mudando, continua a mesma coisa de anos atrás. E esses problemas vêm desde a criação da NewPOP. A não ser que o conceito de MELHORAR tenha sido alterado internamente na empresa, o que talvez explique o desconhecimento ortográfico praticado pela editora em suas publicações. Mas até para finalizar, pois prometi que seria breve nos meus comentários para o Alê, recomendo, inclusive, a NP trocar a palavra MELHORANDO por TENTANDO, que se encaixa perfeitamente, visto que TENTAR te isenta de compromissos e expectativas (palavra essa que o dono da NP parece temer por algum motivo) para entregar algo satisfatório, sendo que o próprio CEO da editora adora prometer coisas que não serão cumpridas no FUTURO, tentando disfarçar os erros da editora no PRESENTE.
