Uma bola de neve de problemas pode acabar prejudicando a execução do anime…
Mais um episódio e neste tivemos mais uma história fechada sendo contada, que diga-se de passagem, foi ótima. Porém, devido aos problemas advindos de outros episódios, está gerando um efeito dominó nos episódios seguintes. Falamos mais disso na postagem ^^.
Rub – Alê, já disse para ti de manhã, eu li o mangá de Yesterday no decorrer da semana e agora estou com uma outra ótica do que está acontecendo no anime. Pode parecer bizarro, mas esqueci totalmente que a obra começou na década de 90 e tem o enredo também se passando nessa mesma época. Lembrei disso porque eles quase não usam celular e mais fazem ligação no orelhão. Também tem o fato de que o hábito de fumar era muito comum e que seus malefícios eram poucos difundidos (tanto que estranhei o Rou e a Haru fumar no original…muito esquisito). Entretanto, evitando spoilers, uma coisa que logo me chamou atenção foi como a produção do anime organizou o roteiro. O episódio dessa semana era para acontecer em paralelo com o da semana passada, tipo uma brincadeira da situação de antigas paixões ressurgirem na vida do Rikuo e da Haru. Aí intercalavam entre as visões dos dois para mostrar o desconforto de ter, digamos, que negar antigos envolvimentos ou rejeitar declarações amorosas. Não achei ruim a ideia do arco tanto do fotografo quanto da pianista ser separado. Porém, e talvez, se seguissem como foi feito no mangá, aquela impressão que tivemos do episódio 4 para o 5, aquela mudança abrupta, fosse amenizada porque a transição no original desses arcos foi muito mais natural. Falando mais especificamente do episódio 6, não sei se foi uma boa brincar com a timeline agora. Já tínhamos ficado confuso no começo do anterior e de novo a produção joga uma cena futura, da ex do Rikuo dormindo na sala, e depois volta para o passado para contextualizar. Nos primeiros segundos fiquei cagado que eles estavam deixando “complicado” de novo algo simples. Ainda bem que não foi o caso e souberam organizar melhor esse começo do que na semana passada. E pior que me simpatizei com ela logo de cara. O jeito dela de ser espaçosa e ao mesmo tempo carismática, foi muito interessante. Só não gostei que a coitada fuma que nem uma chaminé.
Alex – Eu lembro que até comentei em um dos nossos posts sobre o modelo dos telefones, que remetiam a algo bem mais antigo. As TVs também eram bem antigas e até fiquei me perguntando em que época o anime se passava hahaha. Interessante você falar dessa organização, porque agora eu vou olhar um pouco torto para esses dois episódios. Acho que se a produção soubesse conduzir essa narrativa, as histórias que aconteciam em paralelo, funcionariam de uma forma bem melhor do que como ocorreu, sendo contadas individualmente. Eu comentei com você em OFF que eu estava com um pouco de medo de como seguiria daqui para frente, porque já era a segunda vez que eles apresentavam uma história e fechavam no mesmo episódio. Me passou a impressão de que estavam preenchendo espaço/enrolando com esses dois episódios, por mais que em ambos tenham sido contadas duas ótimas histórias (cof melhores que a do Rou cof). Lembro até que falei no episódio passado que a trama já estava bem encaminhada e me perguntava se eles tinham material para contar aquela história durante todo esse tempo. Aí esses dois episódios acabaram dando um reforço nesse meu pensamento. Então não gostei muito dessa mudança e seria melhor se fosse como no original, ao menos no meu ponto de vista. Fora que essa brincadeira ficaria interessante, justamente por trabalhar com o passado de ambos e mostrar a maneira que cada um deles lidam com os relacionamentos do passado. Mas enfim, voltando ao anime, não sei o que anda acontecendo, mas parece mais frequente ficarem brincando com o tempo. Diversos animes vêm fazendo isso, mostrando algum trecho do passado/futuro e avançando/voltando no tempo. Nesse caso aqui, não ficou ruim, porque o episódio começa com uma cena que realmente chama atenção, afinal, temos uma garota que até então não sabíamos quem era, dormindo no kotatsu dele e é um bom chamariz para o que vai acontecer. Agora, se era algo necessário, eu não sei dizer haha. Quando o anime volta no tempo, vemos a Yuzuhara Chika e ela manda “Ah, nos vimos por acaso/foi o destino”. Eu fiquei bravo e já pensei “Porra, o anime vai ficar trabalhando com conveniência direto agora?”. Ainda bem que mais na reta final do episódio, ela esclareceu que contaram onde o Rikuo trabalhava.
Rub – E a Chika é uma baita personagem. Como todo o elenco, ela também não concretizou algo no seu passado. Até mesmo quando ela consegue o emprego de ensinar piano, fica toda receosa e até temendo um pouco do que viria, já que voltar a tocar piano remete aos pais dela, coisa que foi obrigada quando criança a aprender. A Chika sabe que tocar instrumento foi útil, mas ela mesma acha irônico em como algo detestável, se tornou uma vantagem posteriormente. E como ela tem um desapego as coisas. Troca de namorado como trocamos de roupa. Já demonstra uma fragilidade e carência gigante que nunca foi suprida com apenas um relacionamento duradouro. Quando ela fala que largou o Rikuo para ficar com um ouro garoto na escola, soltei uma risada de tão inesperado foi a resposta. A Chika fala na maior naturalidade, fugindo daquele padrão japonês de cortesia nas conversas. Ao que também dá a entender, ela terminou com um outro cara recentemente. Estabilidade na vida dela é ZERO. Fiquei com o gostinho de querer saber mais sobre ela até aquele momento na loja de conveniência. Uma pessoa aberta e enigmática nos foi apresentado.
Alex – É bem irônico e acho até que ela não deve gostar muito dessa ideia de tocar piano para sobreviver, mas é o que tem por hora, então isso vai ser sua “arma” no momento. Fico imaginando o Rikuo pensando durante meses sobre a razão do término deles. Acho que as palavras “Você não me entende” devem ter ficado martelando a cabeça dele durante um bom tempo. No final das contas, sequer tinha significado hahahaha. Mas gostei muito da ideia dela porque é ruim ter que negar coisas/pedidos. Eu mesmo tenho essa dificuldade de dizer “não” (preciso começar a dizer isso…). Ela inventar alguma desculpa para ter que fugir daquilo é verdadeiro. Não se prender aos relacionamentos, mas gostar que digam que gostam dela (parece comigo em um outro aspecto), é uma ideia muito boa para a personagem. Tirando o Rou, que foi o mais precário, os personagens que foram apresentados até aqui tem um grau de ideias e conceitos MUITO bons. E você vê, que ela que saiu mal falada na história. Os caras se confessavam, ela aceitava, namorava até perder o interesse e sai como a “ruim” da história. Homem é uma criatura que pelo amor de Deus. Ainda mais que pelo que é mostrado, ela não traía ninguém e terminou com o Rikuo para ficar com outro cara. Liberdade dela, mas não pode fazer com o cara, já que é “dada”. Achei engraçado o cara da loja de conveniência falando que o Rikuo que ele tinha a Shinako, a Haru e agora a Chika na vida dele. E depois quando o Rikuo pergunta porque ele está empolgado, ele só joga um “Porque não é comigo” hahahaha. A vida dos outros é interessante de se observar XD.
Rub – Realmente é um ponto a se pensar. Os boatos dela ter sido uma guria fácil foram de perspectivas de ideias bem masculinas. Ela não saia com vários homens, porém as fofocas potencializaram uma mentira. É muito da cultura japonesa escolher uma pessoa “certa”. Separar diversas vezes não é bem visto pelos demais. E existe a possibilidade dela ter mandado aquele “Você não me entende” por justamente geral julgar ela sem a conhecer. Talvez ela própria criou essa “parede” para se proteger dos demais que comentam sobre sua vida. Muita dessas mudanças de locais e de namorados pode vim por ela não ter se encontrado como pessoa. Como ela foi sempre a julgada, nem ela tem certeza de sua própria vida. Pode ser que ela também esteja procurando um objetivo ou rumo para tomar como norte. Mas o que eu queria comentar é sobre a professora. Queria saber de você Alê se você comprou a ideia da mudança dela rejeitar o Rikuo por sofrer pelo antigo amor e ainda sim, ficar com ciúme pela Chika que está na casa dele? Tipo, no anime, não mostra essa mudança de pensamento de forma clara. Fica muito no subentendido e não consegui comprar dela estar chorando a dois episódios atrás por um outro cara, mas está fazendo caras e bocas por uma suposta rival. Como se passaram meses, só que não vimos o que aconteceu, me parece muito jogado essa parada. A Haru entendo pelo susto de chegar na casa do protagonista e ver outra mulher. Agora a professora…sei lá…não vi isso ser construído.
Alex – É semelhante a aquela crença antiga que viúva atraía coisas ruins. Se o homem fosse viúvo estava tranquilo. Se fosse a mulher já era sinônimo de coisa ruim. Isso que você levantou à respeito dela, de não ter se encontrado como pessoa, pode ter vindo de algo mais lá atrás com seus pais. Ela menciona que foi forçada a fazer aulas de piano, mas será que foi só isso? Será que aquela maneira comportada, “certinha” de agir, não era apenas como os pais dela queriam que ela se comportasse? Porque a sociedade japonesa pega MUITO pesado nessa questão de bons modos com os alunos, então não duvido que a maneira que ela é hoje, é um reflexo desses elementos, entende? É apenas uma teoria, mas é legal começar a pensar nisso. É uma pena que assim como Minato, ela tenha sido só uma personagem passageira. Sobre a Shinako, há coisas que eu compro, há coisas que eu não consigo tankar direito e outras que estão me deixando puto. Indo por partes, eu entendi a parte dela querer mudar. Foi ok. Gosto muito dela tentar sair com amigas. Inclusive, na cena que ela está na casa da outra professora (?), está interagindo de forma mais natural, MUITO diferente do que aconteceu lá no comecinho do anime. Também gostei dela ter consciência que está usando o Rikuo quando lhe é conveniente. Até lembra das palavras da Haru que era maldade da parte dela querer ser amiga dele. O problema é que não mostraram esse processo, o que levou ela a querer mudar, a querer seguir em frente e o PIOR, não estão voltando para o passado para mostrar o que aconteceu entre o fim do episódio 4 e 5. Nem parecem que vão mostrar isso e fica foda você só aceitar que ela mudou quando (como você disse) ela estava chorando pelo amado falecido há dois episódios atrás. E outra. Supondo que vão trabalhar essa questão daqui sei lá, 1, 2 ou 3 episódios, eles (a produção) deveriam estar mostrando como ela está agora. Fica difícil de engolir que ela só mudou, se não mostram o que levou a esse resultado. Se forem trabalhar nos episódios futuros, você acaba “destruindo” toda uma sequência de um bom caminho até chegar na explicação. E eu até achei engraçado ela sentir ciúmes e até a Haru meio que se juntar com ela para compartilhar esse sentimento. Mas agora, depois que você pensa nisso, meio que não faz sentido, porque a Haru disse que era maldade a Shinako manter uma relação de amizade com o Rikuo. Era a Haru quem deveria estar questionando a postura da Shinako agora e não se juntar com ela nessa história.
Rub – Pois é. Não gosto de comparar, porém nesse caso, é bom até informar para o pessoal que até o episódio 6, o anime adaptou 4 volumes de 11 do mangá. E agora eu vi que eles estão tirando muitas parte, inclusive diálogos importantes que completariam essas lacunas deixadas pelo roteiro apontadas nos nossos posts. A produção está sacrificando muitas cenas de transição e explicação de como estão os sentimentos dos personagens. Um bom exemplo é que antes da Chika chegar na casa do Rikuo, a professora iria encontrar com o protagonista umas duas vezes para conversarem sobre coisas banais. E como não tivemos esses momentos de “sossego”, parece mais corrido a narrativa, não tendo uns respiros apropriados no roteiro. Vendo agora por outro lado, o anime está fazendo de tudo para adaptar todos os eventos importantes. Então eu creio que vão rolar mais alguns sacrifícios para termos um final fechado. E o episódio terminou com a Chika refletindo sobre a sua vida até ali depois da conversa que teve com a professora. Como ela mesma se denomina uma sanguessuga, pode ser um reflexo de sua auto imagem. Como ela não tem um local, a Chika se acha um estorvo, um problema a sua volta. E com essa parada dos pais que você comentou, também possa explicar esse sentimento deslocado que ela tem mesmo na casa do Rikuo.
Alex – Eu também não gosto de comparar e prefiro separar o máximo possível uma mídia da outra. Mas nesse caso, acho bem válido e é importante comentar. Como eu falei contigo hoje (domingo) de manhã, mesmo o anime tendo 18 episódios, 11 volumes ainda são muita coisa para ser adaptado, ainda mais que Yesterday aparenta ser mais carregado de diálogos, então enxugar as coisas deve ser mais complicado. Nesses dois episódios (5 e 6), eles precisavam contar uma história em cada um e você ter cerca de 20 minutos fechados para contar algo é difícil. Gostaria que animes tivessem um pouco mais de liberdade com as suas durações. É muito “limitado” devido à grade horária de exibição no Japão, que limita muito e acaba “estragando” o episódio. E a Chika deve mesmo se ver como alguém que sobrevive “às custas dos outros”. Fica pulando de galho em galho, tanto que no fim do episódio, sai sem dizer nada e sabe-se lá para onde ela foi… Agora, eu PRECISO falar, exaltar e elogiar uma cena maravilhosa desse episódio, que é quando o Rikuo chega em casa com febre. Que cena PERFEITA! Novamente não temos uma trilha sonora, com apenas os sons gerados pelos personagens e pelos seus movimentos. Como cada passo, a queda tem peso, tudo parece real. Parece que os personagens estão pressionado algo, e é muito palpável. E a Chika achando que ele estava com segundas intenções, quando diz que não tem problema. Acho que ela acaba mostrando um pouco de outros relacionamentos. Talvez essa falação dela tenha gerado algo do tipo, então talvez ache que sexo é tipo uma compensação do transtorno que ela causa, e é fabuloso. Fora a direção da cena, que é maravilhosa!!!
Rub – Vamos ver como a adaptação se segue a partir de agora. A direção consegue se segurar em diversos momentos, mas será por quanto tempo? Torço para que a produção consiga se moldar e contornar essa limitação dos episódios no roteiro. Pelo que eu li do mangá, a tarefa não é difícil, mas não é algo que não tenha uma certa complexidade, principalmente envolvendo uma obra mais focada em pensamentos humanos. E te prepara Alê porque vai vim mais Rou pela frente. Bem que podiam cortar as cenas dele. XP. De resto, agora sabendo do que está pela frente, só espero que adaptem decentemente o material original e sabiam dosar mais certos momentos importantes para o enredo.
Alex – Exato! Fica difícil a situação, porque ao mesmo tempo que eu volto a me animar com o anime, quando vejo o episódio, o erro de um impacta no seguinte e isso está gerando uma bola de neve bem grande. E essa questão “até quando?” é muito válida, porque se eles não souberem contornar as coisas, vai ir crescendo e crescendo, e uma hora isso vai dar merda. Mas espero que o anime se saia bem no que ele tentar fazer na adaptação, embora eu não esteja tão animado com o que vem por aí… E estava tão bom sem o Rou (por mais que seu episódio tenha gerado problemas no episódio seguinte), mas é o que temos para hoje, fazer o quê? Hahaha.