Um anime que começou bem, porém foi perdendo força com o passar do tempo.

Um anime que começou bem, porém foi perdendo força com o passar do tempo.

EDIT: Também fiz a review do OVA que lançaram na Crunchyroll na última madrugada, dia 02/09/2020. Link da review aqui.

SINOPSE: “Um jovem adolescente, Kisaragi, estava esperançoso em conseguir um romance em vida escolar o mais rápido possível. E a oportunidade aparece quando sua melhor amiga de infância e a presidente do grupo estudantil o convida para sair em um encontro. Porém, nada acontece como previsto e tudo vira de ponta a cabeça quando uma terceira garota se declara para ele.”

Caindo que nem a bolsa de valores brasileira

Afirmei no post de Bokutachi wa Benkyou ga Dekinai publicado semana passada, que já estava farto da mesmice dos animes haréns feitos hoje em dia e que gostaria de novidades ou algum diferencial fosse apresentado nessas obras para despertar meu interesse. E era o que parecia que Ore wo Suki nano wa Omae dake ka yo tentaria fazer. Sua estreia passava essa imagem de uma obra subversiva, irônica e paródica dos animes do gênero de um protagonista sem graça rodeado das melhores garotas da escola.

E meu amigo, o primeiro arco entrega, com excelência, o que se propõe. A piada de ser o melhor amigo do protagonista o foco das paixões das gurias e ele ficar com “a mais esquisita” (pelo menos é isso que o anime tenta passar), gera boas cenas cômicas. Fazer o banco da praça como referencial da desgraça é sensacional. Todo o clima construído nesses 2 primeiros episódios era excelente e a produção parecia que entendia o que devia fazer para dar destaque aos pontos fortes, de maior qualidade, da LN na medida certa.

Porém, o anime não conseguiu manter o mesmo nível de qualidade da sua estreia. O primeiro sinal da sua decadência foi a resolução do arco 1 no episódio 3. Toda a construção do enredo teve como resultado aquela cena de diálogos expositivos entre o Taiyou e Sumireko explicando TUDO das acusações que o Amatsuyu sofria até então. Foi muito ruim tudo aquilo. Além de apressado, parecia conveniente demais o Taiyou abrir o jogo que ele é o culpado e que forjou todos os problemas para o protagonista. Praticamente faltou desenhar com uma ilustração infantil explicando todo o plano maléfico da forma mais didática possível. Ainda o Taiyou fez um tipinho de vilão de novela mexicana com caras e bocas exageradas, chegando a ameaçar Pansy de estupra-la (???) ali na biblioteca. Assistindo o anime, a mudança de tom foi tão abrupta, já que o anime não tinha mostrado esse tom mais frio em nenhum momento anterior, que cheguei a pensar que tinha pulado algum episódio.

CORRE DAÍ GURIA! DENUNCIA PARA A ESCOLA, POLICIA, PARA TODOS OS LUGARES POSSÍVEIS.

Depois que tudo foi solucionado e o culpado assumiu a culpa das informações falsas espalhadas na escola, tudo ficou bem e todos VOLTARAM A SEREM AMIGOS COMO SE NADA TIVESSE ACONTECIDO NADA. MEU JOVEM…HOUVE COAGIMENTO E AMEAÇAS DE ESTUPROS…NÃO É PARA ESTAR TUDO BEM NEM FUDENDO. No mínimo, tinha que ter rolado alguma punição como expulsão. Houve uma AMENIZAÇÃO DOS ATOS ABSURDO AQUI.

Ainda assim, eu estava dando uma chance pro anime porque o começo foi genuinamente bom e ainda tinha esperanças que Oresuki ia se recuperar desse “deslize”. Triste engano. O anime foi decaindo aos poucos conforme foi passando os episódios que chegou lá pelo episódio 10, eu só estava assistindo Oresuki para cumprir tabela e por faltar apenas dois episódios para assistir. Estava contando como obrigação terminar ele.

Os pequenos problemas começaram a ficar maiores

Sou daqueles espectadores que vai assistir qualquer tipo de entretenimento como uma espécie de balança. Se os pontos positivos tiverem em grandes quantidades e de muita importância para o enredo em comparação aos defeitos, passo a ignorar os diversos problemas do anime intencionalmente, para curtir mais a experiência de assistir à obra. Agora, quando os defeitos/problemas se sobressaem demais, não consigo não reparar neles e passa a ser um incomodo enquanto eu consumo essa midia audiovisual.

O primeiro problema foi o que citei já nessa review que é a suavização dos atos do Taiyou. Inclusive, o Taiyou ser tratado como uma espécie de companheiro é estranho demais para mim. TODOS sabem o que houve, porém é como fosse terça-feira e, incluindo todas as garotas, tratam ele normalmente sem receio ou medo de um sujeito que ameaçou a abusar sexualmente de sua colega de escola. Apesar das piadas envolvendo um possível shipp entre o Jouro e Taiyou serem engraçadas, essa porra ficou martelando na minha cabeça que acabei tendo ojeriza pelo esportista.

E falando no nojo, eu não entendo as atitudes do Jouro durante o anime. A princípio, ele passou por um desenvolvimento de personalidade e de repensar suas ações no primeiro arco, que ele parecia ter tido uma evolução a respeito de seus preconceitos e de sua índole distorcida a respeito das mulheres. Só que ter o primeiro arco ou não ter, pouca importa já que NÃO INTERFERE EM NADA na persona do protagonista. Entendo que não modificar o Jouro é para manter o tom irônico e cômico da série. Só que é estranho ele achar IMPORTANTE a amizade de suas amigas e ainda sim denomina-las de puta, burra, peituda ingênua, entre outros comentários que nenhum amigo de verdade iria fazer para suas amizades. É contraditório essa situação, pois era para ter um relacionamento mais sincero entre ambas as partes depois dos três primeiros episódios. Só que não é isso que acontece, parecendo pouco importar as consequências de um arco para o outro.

Outro empecilho que tive foi a imagem que o anime quis vender com a Pansy. Tentam forçar a barra dela ser “feia” e stalker (essa característica é esquecida após o terceiro episódio). Só que a guria só TIRA os óculos e abri dois botões da camisa vira a DEUSA da beleza em pessoa. Os bustos da Pansy são maiores que a cabeça dela. COMO ELA CONSEGUE OCULTAR SUAS MEDIDAS COM AQUELE UNIFORME COLADO NO CORPO? Tirando o fato que a guria é um prodígio intelectual na maior parte do anime, mas quando precisam, ela fica vulnerável para o protagonista brilhar. Muito inconstante e não dá para comprar o que eles tentam passar para a imagem da Pansy.

O enredo acompanha o declínio do anime também. Temos no primeiro arco com uma possível consequência de isolamento do protagonista caso as acusações sobre ele prevalecessem. Temos um perigo de grandiosidade X e que pode perturbar a vida escolar do Jouro. Aí temos o segundo arco sobre um boato de que ele é o “garanhão” do colégio. E a consequência seria a reprovação de um grupo especifico de alunas. Agora a medida quantitativa caiu para 1/100 do perigo em relação ao arco anterior. E o terceiro arco é sobre a recuperação do livro da Pansy. Essa É A URGÊNCIA desse arco. O “perigo” que já estava baixo, se tornou irrisório. Até tentam dar uma justificativa que é uma lição de moral que o Jouro está aprendendo e que o protagonista é “bonzinho” na verdade. Mas como eu escrevi nos parágrafos anteriores, a evolução do personagem não é perceptível e não aparenta qualquer crescimento para melhora de sua personalidade.

A direção tenta, mas não consegue salvar

Vou reforçar que a produção do anime é muito boa. O diretor se esforça em tentar deixar um tom mais marcante e fazer um diferencial com a adaptação, como uma fotografia mais arrojada com planos e ângulos pouco usuais para elevar a cena, referências bem encaixadas a cultura pop como os filmes de faroestes antigos e de Star Wars, as quebras da quarta parede bem utilizadas como falar o nome da dubladora da personagem ou de criticar o autor original pelas desgraças que acontecem com Jouro amaldiçoando-o, entre outras coisas bem feitas pela equipe do anime.

A trilha sonora é ok. Faz a função dela, mas não é marcante. A OP e a ED são medianas, mas esquecíveis. A animação está decente e consistente. Se fosse criticar alguma coisa, seria o roteirista por justamente não ter conseguido equilibrar as causas e consequências no anime. Até poderia culpar a adaptação, no entanto o autor da LN é o roteirista do anime. Logo, foi o próprio autor que não soube dosar as coisas e fazer os ajustes necessários na transposição das mídias. Então, posso criticar a obra original por essa desatenção em construir uma narrativa mais sólida.

Mais alguns comentários

O resto do elenco de Oresuki só está ali para fazer volume. Todas as personagens inseridas no enredo, tirando a Pansy, tem a função de serem mais uma para o harém do Jouro. Inclusive, eram tantas minas na parada, que não tinham tempo de tela para dar destaque para todas. Algumas são claramente jogadas nas graças do protagonista sem nenhuma explicação e dane-se desenvolver esse relacionamento com calma. A guria que trabalha no restaurante (Chiharu) é um exemplo. Ela aparece lá pelo meio da temporada, dá umas dicas óbvias para o Jouro e encerra a participação dela no anime. Quem é ela? Qual a personalidade dela? O que ela gosta ou não? Como é a amizade com os outros colegas de classe? Sei lá, porque não mostra. A jornalista (Hina) é outra que é deixada para escanteio depois do segundo arco. A novata (Kimie) que quer ser amada por todos e chega nos 45 minutos do segundo tempo. A presidente (Sachika) e a melhor amiga (Aoi) do Jouro que mais parece elenco de apoio do que outra coisa (sendo que elas são as personagens principais). A guria que trocou o corte de cabelo (Asaka) para agradar o Jouro é outra que nem para ser engraçada nas interações entre os dois foi. Nada evolui ou engrena…é uma tentativa de agradar a todos os públicos fãs de algum estereotipo feminino, mas não “atende” ninguém no final.

Falando na Asaka, tivemos o MALDITO EPISÓDIO DE PRAIA (foi na piscina, mas o objetivo é ter as personagens femininas de biquini). Se teve esse fanservice e o anime já não está lá essas coisas, começa a perder muitos pontos para mim. E ainda tem o ecchi deslocado EM DIVERSOS MOMENTOS. Mano, cena de calcinha em drama NÃO DÁ PARA ATURAR.

O anime melhora no episódio final, lembrando os aspectos que o fizeram ter algum destaque lá na sua estreia. Só que já era tarde demais, porque a obra já tinha me perdido com os episódios anteriores. Uma pena, porque depois de terminado, a sensação que fica é de potencial desperdiçado.

Conclusão

Eu adoraria recomendar Oresuki porque eu gostei do seu começo. Mas o anime foi decaindo, decaindo e decaindo cada vez mais conforme a temporada passava, que foi de um anime que era muito bom no começo, para um anime medíocre que não lembrarei os nomes de ninguém daqui a um mês. A dica que dou para quem ainda quer ver Oresuki é ir assistir o anime não tendo altas expectativas e não esperar algo espetacular. Seguindo esses conselhos, talvez você curta o anime.

1 thought on “Review de Ore wo Suki nano wa Omae dake ka yo (ORESUKI)

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