Uma trama política muito confusa e uma história perdida.

Uma trama política muito confusa e uma história perdida.

SINOPSE: “Era uma vez um país, após uma guerra de unificação, tenta restabelecer a hierarquia e ordem em uma nação instável politicamente, como religiosamente. Em busca de conter os avanços dos rebeldes, Dorothea cria um grupo militar de contensão e proteção ao novo governo. E a protagonista, Marlya, decide entrar no esquadrão principal dessa iniciativa, em busca de respostas pessoais para um passado traumático.”

Não sei quem é quem nessa briga de Digimons gigantes

Fairy Gone era um anime que prometia uma trama complexa e mais adulta dos animes lançados no ano de 2019. Só que um enredo “mais trabalhado”, não pode ser sinônimo de uma história confusa e embrenhada como foi de FG. A história já não começa bem pela quantidade de personagens que têm no elenco, com seus nomes NADA FÁCEIS de decorar (tenho problemas de memória e o anime não me ajuda). Não sou fã da tentativa japonesa de tentar misturar nomes próprios ou de locais com os padrões ocidentais. Além dos dubladores terem uma dificuldade enorme na pronunciação desses nomeados, prejudica a identificação nas conversas dos personagens do que eles estão discutindo. “Estão conversando sobre uma pessoa ou um grupo ou uma cidade? ” É impossível identificar de cara, até chegar nos episódios seguintes para aí sim, o espectador fazer a ligação de que o assunto era a conversa anterior. Eu passei mais tempo tentando quebrar a cabeça para tentar compreender o que caralhos está acontecendo, do que acompanhando a história em si.

O que traz um outro problema: a trama política. Aqui a situação fica critica. Tem pelo menos uns 6 grupos partidários (se você contar a igreja, têm 7) querendo assumir o poder daquele país europeu fictício. Todos com suas motivações e objetivos diferentes que levam ao centro do domínio político da região. Até aí de boas porque Game of Thrones era muito mais segmentado na questão de divisão dos poderes e de intrigas, e ainda sim dava para entender o que acontecia. Em FG pode esquecer que você vai chegar na metade da segunda temporada sem entender nada das lutas partidárias e porque personagem X fez tal ato terrorista. A narrativa toda é demasiadamente desconexa e bagunçada, necessitando o espectador preencher as lacunas sozinhos com palpites do que a história está contando. Quando o enredo tenta enfeitar jogando mais informações em cima daquelas que mal foi entendida anteriormente, mais perdido fica com os acontecimentos seguintes. Só para terem uma ideia, eu fui entender todos os víeis políticos lá pelo episódio 9 da segunda temporada. Passei mais de vinte episódios boiando (contanto a primeira temporada) de quem eram os aliados ou dos inimigos que o grupo dos protagonistas enfrentavam (cheguei a conversar com três pessoas que assistiram o anime para ver se realmente eu tinha entendido certo). Nem a tentativa de Plots Twists no roteiro funcionava já que não possível ligar os fatos logo de cara. Era para ser algo revelador, no entanto eu ficava assim: “Quem era esse cara mesmo? Era alguém importante? ”

Até tentam jogar umas paradas sobrenaturais como as fadas e as magias naquele mundo. Porém, no final de tudo, só serviu para ter batalhas de Digimons em CG horríveis de assistir em telas grandes. Também existe uma mística da fada original e que sua ressurreição traria um novo equilíbrio ao mundo, tipo uma profecia apocalíptica. Mais foi outra coisa perdida no meio de um roteiro, que nem sabia o que queira contar realmente. Para ser sincero, depois da primeira temporada, eu comecei a fazer o mínimo esforço possível para tentar entender o roteiro do anime. Já estava assistindo no piloto automático.

Produção bonita, porém, umas lutas tão feias

O padrão do estúdio da P.A. Works é entregar algo lindíssimo de ver. Destaco os backgrounds feitos pela equipe que são um primor, fora de série. Os designs dos personagens são bonitos (não sou fã dos uniformes militares do pessoal, porém tem uma elegância no estilo). A única coisa que não entendo são as personagens femininas sempre maquiadas, não importando a situação em que elas se encontram. Não existe uma sexualização por parte disso, entretanto é difícil tankar que durante uma guerra civil, elas tiveram tempo para se produzir e no minuto seguinte lutar pela sua vida.

Se animação em “2D” só tenho elogios, o CG não posso dizer o mesmo. QUE BAGULHO FEIO. Além da movimentação travada, os designs dos seres mágicos são feios pra porra. Muitos desses seres eu não entendia o que eram por não conseguir identificar silhuetas ou familiaridades para classificar que animal ou ser era aquele amontoado de polígonos, além dos momentos das lutas dos bichos em computação gráfica serem só borrões de cores escuras, incapacitando em distinguir o que estava acontecendo nas “rinhas de galinhas” com gráficos de Play 2. É destoante demais o CG com o resto da animação.

O diretor é bem operante. Nada fora do anormal é feito aqui e a direção prefere ficar no convencional em construir essa narrativa. A trilha sonora é um ponto fora da curva já que é quase toda orquestrada pela banda (K)now Name. Muitos dos momentos mais importantes, tocavam alguma faixa dessa baixa, deixando mais ritmado e empolgante o segmento no anime.

Tentando extrair mais comentários sobre um anime ruim

Não consegui gostar de ninguém do esquadrão principal do anime. São personagens padrões e já utilizados em dezenas de outros animes lançados no passado. Em dois minutos do personagem apresentado, já sabemos a sua ficha de adjetivos completa (por ser simplista demais). Não é ruim, no entanto não a nenhuma evolução ou desenvolvimento algum para ninguém do elenco. Não há nenhum arco de personagem estabelecido, ficando só em menções ou diálogos expositivos para “mostrar” que os personagens cresceram de alguma forma.

O arco da Veronica é qualquer coisa. Ela mudar sua índole no final pouco importa, pois ela aparece pouquíssimo durante as duas temporadas e sua desistência de sua vingança, não soa como natural. Tirando o fato que ela foi uma death flag ambulante durante todo o anime e o seu destino previsível me fez gostar menos ainda da jornada dela.

O bichinho azul claro que fica do lado da protagonista (Marlya) é uma merda de ferramenta de roteiro. Ele só é utilizado quando precisam localizar algo ou alguém convenientemente. Ele é o mestre dos magos no anime. Aparece e some igual o Droopy em locais bizarros e inadequados, aparecendo quando o roteirista precisa.

Conclusão

Apesar de visualmente interessante e chamativo (em relação aos desenhos 2D), Fairy Gone entra no hall de animes ruins, que tranquilamente pode ser ignorado pelos otakus que buscam opções para ver num dia entediado. Não consigo recomendar o anime para a maioria das pessoas. A não ser que você curta muito os animes da P.A.Works ou tenha tempo disponível e está sem opção para ver.

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