Uma comédia romântica um tanto diferente do habitual.

Uma comédia romântica um tanto diferente do habitual.

SINOPSE: a história acompanha Haciman Hikigaya, um estudante solidário que por percalços da vida, desenvolve uma personalidade analítica e pessimista sobre a sociedade humana. Tentando mudar essa visão distorcida do mundo, sua professora (Shizuka Hiratsuka) o coloca em um clube junto com Yukino Yukinoshita para ajudar outros estudantes de sua escola.

Como irá estrear a nova temporada de Oregairu (ainda sem data definida por conta da epidemia), fizemos as reviews das temporadas passadas do anime em mais um post colaborativo (Eu e o Alê). Até para servir de incentivo para quem ainda não assistiu o anime, veja e acompanhe nossos comentários semanais da nova temporada quando começar. Tive que dividir o post em dois, porque a nossa conversa de quase 10 HORAS e estava GIGANTE. Essa primeira parte é focado mais na primeira temporada. Fiquem com a nossa conversa. E comentamos semanalmente a terceira temporada do anime. O link do post está aqui. Review da segunda temporada aqui.

EDIT: fizemos também a review da terceira temporada. (Link aqui).

RUB: Alê, depois de muitas recomendações, insistências, até ameaças (xP), você finalmente assistiu Oregairu. Para quem está lendo esse post da nossa conversa, Yahari Ore no Seishun Love Come wa Machigatteiru é o meu anime favorito (até porque pode rolar um pouco de fanboy por aqui xP), e sempre que posso (dependendo do gosto da pessoa) recomendo o anime para todos os meus amigos e colegas que pedem algo para ver e passar o tempo. Até estava ansioso para ver a tua reação Alê, já que a obra tem uma pegada fora do habitual para o estilo de comédia romântica colegial. Inclusive, a história tem duas divisões claras no enredo quando o autor decide modificar a ótica a ser trabalhada. A primeira parte seria a mais “leve” em que é a introdução dos personagens, desenvolvimento de suas relações e estabelecimento do modus operandi do Hachiman. A segunda parte seria a tentativa de quebrar as expectativas do nosso protagonista (e a nossa, por consequência) e mostrar que nem tudo pode ser solucionado da maneira mais calculista possível. Mas gostaria de ir com calma e começar o papo perguntando o que você achou do primeiro episódio? Particularmente, não tem lá grandes detalhes que foram apresentados (tirando a aposta feita) a não ser os três personagens principais que movem a trama e a professora. O Hachiman, a Yukino, a Yui e a Shizuka. Nesse primeiro episódio, já dá para ver que tanto o Hachiman quanto a Yukino tem visões distintas da sociedade, e até mesmo dos demais em um comparativo direto. São visões bem pessimistas, cheia de rótulos, estereótipos e axiomas. E a interação entre os dois já me ganhou logo ali. É uma química muito forte.

ALÊ: Após diversas cobranças e ameaças (XD) finalmente terminei as duas temporadas do anime. Foram mais de 6 meses para ver as duas temporadas. A primeira eu lembro de ter começado por volta de julho de 2019 (não lembro ao certo, mas acredito que tenha sido ali no começo do segundo semestre daquele ano) e só fui terminar essa primeira temporada em fevereiro desse ano (a segunda temporada foi beeem mais rápida para eu assistir). Demorei para assistir não por ser um anime ruim. Pelo contrário, achei ele muito interessante desde o início. O problema é que já naquela época, eu não estava lá muito animado para ver animes e estava com um acúmulo muito grande de coisas atrasadas. Então acabei demorando horrores para terminar essa temporada. Tanto que minhas pausas entre eu assistir um episódio e outro eram MUITO grandes. Tive até que rever alguns episódios dessa temporada hoje para relembrar das coisas. Lembro de ir comentando com você o que estava achando. Assistia os episódios no tempo vago das minhas aulas da escola, mas enfim, já falei demais da minha “história” com Oregairu. Falemos do anime agora. Desde o começo o que me prendeu a Oregairu foi a interação entre o Hikki e a Yukino. Ambos tem visões diferentes das coisas e gosto dessa diferença. Gera algo muito divertido de acompanhar. Apesar de ambos trabalharem com estereótipos (principalmente o Hikigaya), eu concordo bastante com algumas dessas visões. E já vivenciei algumas dessas, então acabo entendendo seus argumentos. O primeiro episódio consegue apresentar muito bem eles. O começo é bem fundamentado em ser uma apresentação e construção de como os personagens são agora e pós isso. O anime começa a trabalhar com eles e mostram como eles vão mudando no decorrer da série. E só para constar, a Yukinon desde o primeiro episódio é a minha personagem favorita. Perfeita demais!

RUB: Concordo que a Yukino é a melhor personagem (desculpe fãs da Yui, xP). E realmente é a interação entre os dois que chama a atenção nesse começo do anime. A Yukino por ser muito franca em seus comentários e incisivos em sua abordagem, e o Hachiman sendo o do contra na parada, com comentários nada otimistas, só pensando no lado ruim da situação toda. Tanto que se você comparar esse começo, e como esses dois terminaram a segunda temporada, pode se dizer que eles tiveram uma puta mudança e desenvolvimento de personalidades. Não me adiantando muito, porque temos muito o que conversar sobre os acontecimentos que Oregairu faz sobre o ser humano, sociedade e amizade, quero comentar agora sobre os outros personagens, já que os quatro primeiros episódios são mais introduções do elenco do que qualquer outra coisa. Temos a Yui, que nesse começo está mais para um alivio cômico e ser a personagem “burra” do trio (mais para frente mostra que ela de “burra” não tem nada e é a que mais cresce na segunda temporada). Temos a professora que é a mais “sábia”, que também nesse inicio está mais para alivio cômico do que outra coisa. O Hayato, “galã” da escola, a Yumiko que é a “patricinha” (e eu sei que você odeia ela Alê xP), a Saki que é a mais “marginal”, o Saika com seu jeito “feminino”, o Zaimokuza otaku do grupo junto com a Ebina que é a otaku de BLs que fazem parte do grupo dos “esquisitos” e a Komachi, “irmãzinha” do protagonista. E vamos vendo que todos os estereótipos que destaquei entre aspas, vão se quebrando aos poucos conforme vai passando o anime. Nos é apresentado algumas características deles e logo assumimos conclusões sobre todos. Assim essa introdução, até que longa, vai servir mais para frente no desenrolar das coisas. No meu caso, dentre todos os outros personagens de suporte, gosto da irmã do Hachiman, da Shizuka e da Yui na segunda temporada. Sinto que a Yui vai ganhando espaço aos poucos, e crescendo sua persona nas nossas concepções. Meio que mostra que ela é mais que uma garota bonita e que representa em como construímos expectativas com qualquer tipo de pessoas que conhecemos e que, na maioria das vezes, ela é bem mais do que acompanhamos no momento. Apenas vemos uma pequena parte da vida dela, tendo todo um contexto por trás que a levou a ser assim. A Yui aceita muitas paradas na tentativa de pertencer algum grupo. Ela tem toda aquela, digamos, passividade não por ser uma de suas características, mas sim em busca de uma aceitação do grupo do Hayato e da Yumiko. Inclusive, mostram e evidenciam no episódio 2 quando ela prometeu almoçar com a Yukino, mas não conseguiu falar o que pensava por medo da reprovação do grupo popular da sala.

ALÊ: Eu já não peço desculpas XP. Acho que se existisse uma Yukino em alguma sala que eu estivesse, eu acho que seria amigo dela (ou ao menos tentaria). Gosto dessa franqueza dela e ao mesmo tempo, que AMO essa característica nela. Acho que há certas coisas que não devem ser ditas, mas isso também entra em outro aspecto que o anime traz de manter as aparências, mas não é assunto para agora. Apesar de não ser nem um pouco fã da Yuigahama (eu adoro a fonética desse nome. É gostoso de ouvir haha), eu consigo me ver nela em alguns aspectos. Digamos apenas que em parte, eu gostaria de ser como a Yukinon, mas acabo sendo a Yui em algumas situações. E sim, todos os personagens desse núcleo central tem uma mega mudança. Nem tudo o que aparenta ser, é daquele jeito realmente. E eu gosto de como o autor traz esses estereótipos superficiais para depois jogar na sua cara que não é daquele jeito e que tem algo mais profundo ali. Ebina que o diga. Adoro como Oregairu traz essa profundidade e como posteriormente você quebra esse julgamento dos personagens. Fabuloso. Falando nisso, eu também sou assim. No primeiro ano, como eu não tinha amigo algum (pior ano que já tive), passei a construir estereótipos dos coleguinhas de sala. Confesso que alguns foram quebrados, outros podem até ser falsos também, mas não tive (ou não quis ter) oportunidade para conversar com a pessoa para quebrar (ou não) essa imagem que coloquei. Aquele ano foi sofrido. O Rub disse na fala dele, mas é bom reforçar: EU ODEIO a Yumiko. Nesse começo então, MEU DEUS, que ódio dessa criatura. Ela me lembra o tipo de pessoa que já tive bastante nas minhas turmas de escola. Sempre tinha uma pessoa assim, gerando outros problemas para mim. A Yui acaba não querendo discórdia. Ela quer ser amiga de todos ali, então ela aceita muita coisa, deixa outras passar e acaba sendo passiva por não querer causar discórdia. Adorei como a Yukino chega e sai dizendo as verdades. Amo muito.

RUB: E nessa primeira parte, o foco fica em mais estabelecer alguns pilares para logo depois trabalhar em cima deles ou até derruba-los. Você citou as aparências e nada melhor que a irmã da Yukino para ser o totem desse comentário. A Haruno é justamente esse tipo de pessoa em que tenta ser receptiva com todo mundo, que foi ensinada que para conseguir e atingir seus objetivos, deve sempre tentar manter a cordialidade ou parcerias sociais em busca de um resultado futuro. Muito desses ensinamentos vem da família tradicional das duas. Só que ela é a mais velha e todas as cobranças caem em cima dela para manter a imagem da família intacta perante a elite da sociedade. Nesse ponto, me pareço muito com a Haruno, só que no meu caso, é mais algo no automático. Sou simpático instintivamente. Posso estar na merda, doente foda e até sem vontade alguma, porém, a pessoa pede algo ou chega para conversar comigo pessoalmente ou por mensagens, sou o mais solicito possível. Entendo que no caso dela, é mais uma obrigação do que um desejo ou reflexo. Tanto que ela adora o Hachiman logo no primeiro momento por ele ser totalmente o oposto a ela em tentar agradar as pessoas a sua volta. Dá para ver que até vira uma implicância porque ela não deixa o Hachiman em paz mais para frente. Por isso que a conversa sobre o que somos perante as outras pessoas é muito forte no anime. Durante esse arco do aniversário da Yui, o Hachiman pensa que ela está sendo legal com ele por obrigação e agradecimento por ter salvo o cachorro dela. É aquela visão de que os humanos são movidos a todo momento por segundas intenções e nem sempre é assim. Diversas ações nossas são impulsos e nem sempre sabemos o resultado que terá aquele momento mais para frente. Não somos pragmáticos 24/7 o tempo todo. Fazemos coisas que nem sabemos o porquê daquilo. Tudo gira em torno das nossas percepções. O próprio protagonista já começa notar que nem sempre as conclusões tiradas de algo, vira um fato incontestável. Assim, no arco seguinte do acampamento, ele começa a ignorar a sua volta e se foca somente no “melhor resultado”. Dá para ver que aquela ideia era uma merda. Entretanto, o que o levou a fazer aquela abordagem para Rumi, faz todo sentido. As experiências que ele teve no passado, o levaram a ter essa concepção dos grupos sociais infantis.

ALÊ: Antes de entrar no assunto que você levantou, eu só queria dizer que a Yukino falando do protótipo de Light Novel do Zaimokura, me fez lembrar você lendo e fazendo a resenha de um certo livro, de um certo YouTuber aí hahaha. Eu dava gargalhadas enquanto lia. A gramática, roteiro, tudo que ela falava me fazia lembrar de você. Ela falando “Por que a personagem ficou nua aqui? É desnecessário, doentio”, totalmente associável hahahaha. A Haruno… Meu Deus, ela me “”assusta””, mas amo ela hahahaha. É bem como você disse. Ela se comporta de um jeito diante das pessoas por obrigação, mas ela é outra. Tanto que acha o Hikki divertido por ele ir contra essa maré que as pessoas tendem a ser. Ela gosta de assistir como vão ser as coisas com ele por perto, porque ele é diferente da maioria, também por que os outros acham ele um incômodo. Eu gosto de como a personagem se mostra diante do Hikki e dos demais. Ama jogar uma gasolina na fogueira e fala umas coisas que eu penso “CARALHOOOO!!!”. O Hikki tem um problema ENORME de ser mente fechada. Ele não só cria um estereótipo para a pessoa, como julga/determina como ela se sente e se comporta, baseado em alguma experiência do passado dele. Generaliza demais. Nesses episódios iniciais, eles até mostram situações ilustrativas de experiências do passado do Hikki e se x aconteceu uma vez, aquilo vira meio que um padrão, então sempre vai ser daquela forma. O caso da Yui mostra muito disso. Ele diz que a Yui é uma garota gentil, então se ela está conversando e sendo amigável, é exclusivamente por causa dele ter salvo o cachorro dela e claro, por ela ser gentil. Até chega a dizer no fim do episódio que odeia pessoas gentis. E na situação com a Yui, ele já começa a ferir os sentimentos das pessoas por causa desses julgamentos que ele faz. Hachiman vai ter que aprender da pior forma possível para parar com isso.

RUB: O que mais chama atenção nesses dois arcos é que o autor queria ver como seria a reação do público na sua abordagem. E viu que funcionou, decidindo construir algo mais elaborado. Acredito que o arco do acampamento foi o “primeiro mergulho” para ver a recepção. Como o feedback foi positivo, o enredo começar a tomar algumas formas e decidiu ir para o caminho da autodestruição do Hachiman. Meio que temos o episódio dos fogos de artifícios para ser uma preparação para o “real começo” de Oregairu que é o arco do festival escolar. Até digo que aqui que começa a “segunda metade” que comentei no começo da nossa conversa. Porque lá no episódio dos fogos, quando eles encontram a Haruno, meio que quebra a imagem que o Hachiman tem da Yukino. Para ele, ela é a mulher perfeita, algo inatingível, fora de suas possibilidade e QUE NUNCA ERRA OU QUE TEM MEDO OU MENTE. Pela ótica dele e pela nossa, o que nos foi mostrado ali, só confirma esse pensamento. Então o Hachiman ver a Yukino aceitar o pedido da Sagami (outra personagem que você odeia xP) em auxilia-la no comitê do festival é bizarro por justamente a ideia do clube não é ajudar os afazeres dos alunos, e sim incentivá-los a encontrar suas próprias soluções. E você vai acompanhando a Yukino se afundando na sua própria imagem que a deram e como a Sagami se aproveita disso para não fazer NADA no comitê. Até a rivalidade que a Yukino tem com a irmã aflora no momento (também descobrimos que não é inveja que ela sente pela Haruno) e tudo começa desmoronar. Como sempre, tudo começa graças aos ideais do Hachiman e como ele não aceita no primeiro momento que ele estava errado, projetando algo que não existe para a Yukino. Tudo vai escalonando até que ele precisa novamente se tornar o vilão da história. Ele não quer, mas faz porque acha necessário por JUSTAMENTE TENTAR AINDA MANTER SUAS CONVICÇÕES. A reunião do nome do festival é o melhor exemplo. E para uma pessoa que odiava chamar atenção, praticamente faltou colocar uma sirene e um alvo na cabeça para todos do comitê acertar. Curioso ver uma pessoa tão desapegada com convenções sociais, ainda ser tão dependentes dela. A Shizuka joga na cara dele que se ele pensa que todo mundo o odeia, é porque o ego dele quer acreditar nisso.

ALÊ: Eu gosto dessa abordagem profunda. Diria que se eu tivesse um pouco mais no fundo do poço, me daria alguns gatilhos haha (por enquanto, eu estou “”bem””). A Rumi me lembra bastante de mim. Não só ela, mas alguns diálogos da Yukinon e algumas ações de outros personagens me fazem lembrar de algumas coisas tensas para mim. Por exemplo, a Rumi é “diferente”. Ela diz que os outros são crianças e que não consegue socializar com facilidade. Eu por exemplo, não consigo me adequar em um grupo. Acabo ficando no que eu mais me dou bem (ou no que me acolhe). Ainda assim, há coisas que fazem me afastar dos meus amigos do grupo (não totalmente, mas ficar distante deles). Novamente digo que o Hikki tem mente fechada. Ele constrói a imagem da Yukinon e quando iquebra, a “culpa” ainda é dele. Lembro que nesse arco, alguém se oferece para ajudar ela porque aquela inútil da Sagami não faz PORRA nenhuma (sim, eu ODEIO ela também XD). O Hikki meio que força a Yukinon a recusar a ajuda. Ela fica doente por ter trabalhado demais. E por ele ter manipulado, ela acaba não querendo mais ajuda porque tudo está bem. Lembro de ter comentado contigo quando vi esse episódio (veio minha indignação também XD), que quando se precisa de ajuda, a gente não tem (no caso, a Yukinon precisava da Sagami lá). Então eu entendo a Yukinon pegar tudo para si e fazer tudo sozinha. Eu tive uma situação dessa ano passado, por isso não gosto de contar com outras pessoas (e tenho a tendência de querer fazer tudo sozinho). Estou revendo algumas cenas dos episódios e acabei vendo uma cena da Haruno. Ela falando para a Sagami “Heh… Uma presidente chegando atrasada para uma reunião…”. Aí a Sagami já fica com o cu na mão, mas a Harumi volta para a face de receptiva e simpática. E revendo as cenas, quero reforçar que eu ODEIOOO a Sagami. AAAAAAAA, QUE ÓDIO. Ela é EXATAMENTE o tipo de pessoa que eu odeio. Saibam que se você é parecido com a Sagami e/ou com a Yumiko, eu provavelmente não irei com a tua cara e não iria me dar bem contigo.

RUB: KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK. O ÓDIO É ESSENCIAL ALÊ XD. Mas falando sério, a Sagami é o típico aluno que sobe nas costas dos esforçados para conseguir algum benefício. Sempre temos todos os tipos de alunos nas escolas e faculdades e esse é o que mais encontramos com frequência nas salas. E refletindo sobre, será que também não estamos rotulando ela também? Para mim ela é uma cuzona, porém o anime levanta a bandeira de não julgar os outros somente pelo que vemos, que fica difícil não pensar na pessoa em si, em vez das suas atitudes. Até ela tem seus momentos de fraqueza. Ela é MEGA CARENTE DE ATENÇÃO. Parece que gosta de tomar aquele tapinha nas costas de congratulação por algo que foi feito. É uma necessidade e quase uma obrigação dela em conseguir esse achievement. Tanto que a Sagami percebe na reta final da produção do evento, que ninguém vai parabeniza-la, pois ela não foi participativa. Foi quase uma figuração. O resultado foi aquele discurso de abertura tenebroso e de vergonha alheia. Não deu outra e ela se isolou no banheiro por não saber o que vai fazer e claro, para ter a atenção do pessoal de volta em sua direção. Como o próprio Hachiman diz (não concordo com muitas coisas que ele fala, mas entendo e compreendo o que ele comenta), ela não está nem aí para o festival ou que seja um sucesso. Ela quer que todos OLHEM o que está fazendo. Não precisa nem elogiar, só precisa OLHAR. Um sentimento de inferioridade grande que a Sagami tem junto com uma insegurança que seu círculo de amizade não a apoia. Óbvio que ela desaba em choro quando ela própria percebe que tudo o que ela construiu é frágil e raso. Só que o Hachiman não sabe escolher as palavras e preferiu despejar tudo de uma vez e aguentar as consequências posteriormente. E mais uma vez, o anime mostra a dificuldade dele em pedir auxílio ou ajuda para amigos. Como ela, ele acredita que suas relações são passageiras e que tudo que foi feito até ali, não é de merecimento próprio.

ALÊ: Tive até que ir buscar suco, precisava de açúcar XD. O que já não encontrei de colega assim ¬¬. Mas realmente, dá para levantar essa questão. Não sabemos como ela é de fato, então estamos julgando ela superficialmente (e superficialmente eu ODEIO ela XD). Ela pode ter algum problema e esse que você cita é bem evidente. Mas acho que reforça a ideia de que ela é uma filha da puta mesmo, porque pensa: ela é carente de atenção. Então ela precisa se por em situações em que ela ganhe essa atenção (eu também sou assim, mas vou para um outro lado disso). Mas ela não se esforça para merecer essa ‘atenção’ de fato. Quando o Hayato optou por ela participar do comitê, ela ficou toda, como posso dizer, “Vou falar que não quero, mas eu quero que insistam na ideia”. E quando chegou no comitê, ela se voluntariou para ser presidente. Porém, ela logo viu que ia dar trabalho e correu para o clube de voluntários para empurrar o trabalho para eles. Quando ela viu que a Yukinon tomou parte das rédeas da situação, ela entregou o trabalho todo, criou aquela história de ajudar na sala para fugir (a Haruno vai e incentiva a criatura) e no fim, quem se ferrou foi a Yukinon. Eu adoro receber atenção, mas me esforço ao máximo para receber ela. Faço coisas a mais, faço de tudo um pouco para conseguir receber mais atenção. É algo que eu gosto e que me traz satisfação (e que incomoda os outros, o que me faz ser odiado). Lembro da Yukinon falando algo como “As pessoas invejam o outro, mas não fazem nada para melhorarem.”. Me sinto um tanto representado haha. Você falando do Hikki, é muito verdade, falar tão francamente nem sempre é o melhor (por mais que eu não tive uma gota de dó dela). Também não concordo com tudo que o Hikki pensa/faz, mas muitas vezes compreendo a ação ou a fala dele. O Hayato e as amigas da Sagami meio que falam da forma que ela quer ouvir, passando pano e dizendo “Está tudo bem”. Tanto que quando o Hikki “entra em ação”, a expressão dela logo muda. Corta para a cena que ele queria, ela fica em choque quando começa a mandar as verdades na cara dela. Essa dificuldade de pedir ajuda vai ser levada ao máximo na segunda season. As vezes precisamos da ajuda dos outros para expandir os horizontes eu diria. Como dissemos, nem sempre algo que aparenta ser simples ou superficial, é realmente aquilo.

RUB: O anime também evidencia essa questão. Todos somos julgados por nossas atitudes. O que temos que aprender é como iremos lidar com essas opiniões, e como iremos melhorar os nosso erros. É uma parada complexa para caralho e não se tem um caminho correto. Até a professora comenta que mesmo suas atitudes não envolvam outras pessoas, seus amigos e conhecidos que querem teu bem, vão ficar magoados em ver você se destruir emocionalmente. Querendo ou não, estamos em uma comunidade e que dezenas de escolhas que tomamos, vão ter algum tipo de impacto ao redor. E graças a esse “sacrifício”, o Hachiman ganhou o apelido de Batman na época de exibição do anime por priorizar os outros em vez de pensar primeiro nele mesmo no fandom. Só que graças a essa ação, começa o arco de “desconstrução” do personagem tirando o pedestal de “herói” de seus atos. Adoro esse arco na primeira temporada(meu favorito eu diria). Só que nem tudo são flores. A primeira temporada tem muitos erros e vários desses, vem graças ao investimento baixo no anime na época. Compreensível visto ser um estreante e o autor não ter emplacado nada anteriormente. Porém, ainda a produção tentando ocultar algumas paradas, fica impossível não perceber. A começar pela animação que principalmente, em comparação direta com a segunda temporada, nessa season os desenhos parecem um rascunho. A qualidade sobe exponencialmente na próxima, ainda potencializando o que tivemos nessa primeira temporada. O outro fator foi o roteiro. Gosto que cortaram várias paradas desnecessárias que tinham no original, mas que no anime ficou só o essencial (até diria que o anime, avaliando como uma história, é bem melhor que as novels), mas que parecem que não planejaram direito o bagulho. A temporada teria 13 episódios, mas o roteiro era só para 12. E o que fizeram? Colocaram um OVA de uma história extra, que é MEGA DESLOCADA, no anime como episódio final. Não dá para defender, pois não tem continuísmo com o final do festival. Parece um flashback ou universo paralelo de tão desconexo que foi. Cheguei até a te recomendar Alê a não ver o episódio 13, pois poderia prejudicar o teu entendimento sobre o que estava acontecendo. Também tem algumas decisões da diretora que não curti muito e outras mudanças que não foi do meu agrado. Ainda sim, já na primeira temporada em Abril de 2013, Oregairu já era o meu anime favorito, tendo consciência de todos os seus defeitos. Bizarro como esse anime me pegou em cheio. Ele e Hataraku Maou-sama são da mesma season e são uns dos meus animes favoritos.

ALÊ: Sim, nada é tão simples, principalmente quando envolve o ser humano, oh criatura complexa XD. E foi bom você ter falado da professora agora. O que ela diz para o Hikki é muito importante, porque depois disso (na segunda temporada), o anime vai trabalhar com as consequências das atitudes dele. “… Mesmo que estiver acostumado com a dor. Tem pessoas que ficam magoadas por verem você se magoar. Seria bom que entendesse isso depressa.”. Ele vai entender isso, porque não só vai magoar a si mesmo, como vai magoar as pessoas próximas a ele. Ai que bom que chegamos nesse assunto. A animação é de doer. Não sou de ligar muito para a animação mas olha, essa estava difícil. Tinham alguns quadros um tanto agoniantes de olhar. Tinham horas que parecia bem amador o negócio. Os contornos eram muito grossos, a movimentação travada, era tenso. Obrigado Feel por deixar tudo bonito hahaha. Aquela OVA é bem “?????”, tanto que segui teu conselho e só pulei aquilo. Ainda que tivessem incluído no blu-ray, mas não! Foi bem mal planejado mesmo. Como eu não conheço o original, minha opinião para por aqui haha. E Hataraku eu ainda não vi e sabe-se lá quando irei assistir XP.

RUB: Inclusive recomendo Hataraku para você assistir que é outro anime muito bom lançado na época. Só que esse, você vai ter que se contentar com a primeira temporada, porque continuação nada foi anunciado.
Mas voltando para Oregairu, finalmente começamos a segunda temporada…

Então, a segunda parte vai ficar para o próximo post, até porque só estamos na METADE da nossa conversa. Não teve jeito e tive que dividir até porque começamos a falar da segunda temporada e seria uma boa dividir agora, deixando um post próprio para ele. Espero que tenham gostado e a parte 2 está aqui.

14 thoughts on “Review de Yahari Ore no Seishun Love Come wa Machigatteiru. (Oregairu) 1ª Temporada

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