screenshot_973.png
O roteiro segue cometendo tropeços no mesmo ponto.

O roteiro segue cometendo tropeços no mesmo ponto.

Como prometemos, aqui está a postagem de hoje de “Fumetsu no Anata e”, se nada der errado, amanhã tem mais uma com os episódios #10 e #11 ^^.


RUB: Alê, agora os textos de Fumetsu virou linha de produção. Mais uma conversa sobre o anime em menos de 24 horas. Tomara que não acabe a matéria-prima dos produtos para continuarmos a fabricação (quem conhece os processos internos de uma fábrica, entenderam a referência xP). Então Alê, falaremos dos episódios 8 e 9 de Fumetsu e hoje teremos uma inversão de preferências, já que no post passado, discutimos que o primeiro episódio comentado não foi tão bom assim e o segundo se redimiu. Agora foi o contrário, em que o primeiro foi super bem e o segundo que derrapou fodamente na reta final. Indo para o episódio 8, temos a Rean pedindo emprego para o velhote, o Fushi descobrindo os gatilhos que ativam seus poderes com ele podendo copiar tudo que conhece e o Gugu tendo seu momento de aceitação da sua atual situação. O que chama a atenção na primeira parte são duas coisas: a primeira é de como o Gugu ainda trata o Fushi como um ser monstruoso e logo após a revelação do velho ter colocado um barril no corpo do garoto, puxando novamente para aquele tema que comentamos no post passado sobre como nos vemos e nos achamos perante as outras pessoas. A curiosidade do Gugu faz com que ele invada a privacidade do Fushi em tentar descobrir o limite dos seus poderes. São impulsos de uma criança que ainda não tem dimensão de como algumas ações para os demais, podem machucar o outro em vários níveis. Seus atos são inocentes e que fazem paralelo ao que ele sofreu mais adiante com todo mundo da cidade e da fazenda o julgando, fazendo-o como centro de diversões, com piadas e xingamentos. Até temos uma surpresa quando o velhote mete uma mangueira no guri e consegue retirar pinga estocada. É bizarro essa cena por justamente ainda estarmos associando o Gugu como um humano 100%, e não um objeto de experiência como o velhote viu o guri necessitado. Apesar de não ter feito na maldade, ainda é muita falta de noção do velho, porque o guri é um humano mesmo totalmente machucado. Ele experimentar novas maneiras de melhorar o gosto da pinga, só revela o quão desapegado para o corpo dele próprio e dos outros que ele tem para poder ter coragem de fazer essas modificações. Aí em seguida temos todo o arco do Gugu fugindo, buscando abrigo em outra família e as consequências dele revelar o rosto para eles.

ALÊ: Sim! E começo dizendo que acho que a autora dormiu um pouco nessa parte, porque acredito que poderia ter sido melhor explorado dentro da narrativa. Os limites da privacidade de cada um e a maneira como se enxerga o outro é um tema muito bom. O Gugu estava muito preso a ideia de que o Fushi é imortal e por isso estava tudo certo em fazer experiências com ele. É ainda mais interessante, porque o Fushi já teve uma experiência muito dolorosa com a Hayase e o pessoal daquela cidade. Ficavam furando e tentando descobrir os segredos da imortalidade. É de se esperar que ele não reaja bem aquilo. E é perceptível que o Gugu não faz por maldade. É apenas uma criança fascinada por algo que ela nunca viu antes, com curiosidade atiçada, tanto que o Fushi fica com cara de choro (dó do neném). O Gugu fala que se ele não gosta de algo, tem que dizer e é o que ele acaba fazendo depois. O guri fica revoltado com o Gugu praticamente. Mas gosto que logo após, o jogo muda de figura e se inverte completamente. O Gugu descobre que o velho estava usando ele para fazer experimentos (bizarros por sinal) e fica puto com aquilo, sendo usado para alguma ideia maluca, fazendo com que ele fuja de casa, afinal, aquilo não é um lar. É mais como uma troca de ser usado para fins de “estudo” para um lugar para ficar e pior: sem qualquer consentimento da parte dele. Eu fico um pouco triste, porque acho que poderia ter sido desenvolvido de uma forma mais longa esses limites e como nos sentimos quando atravessam eles, se tornando nocivo e abusivo. A Yoshitoki fez um trabalho maravilhoso em A Voz do Silêncio escrevendo sobre a questão do bullying e a falta de inclusão na escola/sociedade, enquanto que aqui, eu vejo que ela está fazendo mais pequenas passagens e mensagens, que são boas, mas fica aquela sensação de “Puts, só isso daqui renderia um bom arco”.

Coitado do neném :'(

RUB: Sim, concordo contigo. Esse é um dos motivos que minha empolgação decaiu depois de ler o mangá. Sem entrar em grandes detalhes, mas resumindo o meu pensamento, a história é cíclica, dando voltas nela mesma, não progredindo a lugar nenhum e que diversos temas que poderiam ser melhores trabalhados, mas são apenas pincelados ou citados de forma superficial, sem grandes discussões sobre o assunto. Depois de ter lido o mangá, fica claro para mim que o drama que prende a galera. Mesmo sendo exagerado ou superficial, se tiver alguma carga dramática mais pesada, acaba emocionando o pessoal. Só que para mim, um drama só funciona se eu tiver completamente envolvido com os personagens ou com a história. Também não pode passar do ponto, como o exemplo que eu cito que é de AnoHana, em que a autora perdeu a mão bonito nos episódios finais, tentando forçar o choro nos espectadores com situações hiper-exageradas, e que estragaram para mim o anime. Não estou dizendo que foi a mesma coisa com Fumetsu nesse episódio, entretanto é perceptível uma formula que a autora está seguindo para segurar a galera. E quando TODOS OS ARCOS TEM ALGUM DRAMA MAIS INTENSO, acaba que eu fiquei indiferente a tudo mostrado, porque eu sei que terá um momento dramático para fazer os fãs chorar em algum momento nos arcos. É usado tantas vezes, que passou a ser lugar comum na obra, não me trazendo esses sentimentos e me afastando bastante de Fumetsu. Falo dessa minha experiência mais para explicar os motivos que não me fazem me importar tanto com o elenco de Fumetsu. Acontece tantas vezes momentos para chorar, que essa sensação ficou banal e que se torna previsível na história. O arco do Gugu no episódio 8 é pesado. Como você mesmo disse Alê, envolve preconceito, bullying, aceitação física da pessoa, a procura de um lar ou familiar para se apoiar nos momentos mais difíceis, ou até mesmo tendo o filho do fazendeiro que está preocupado com o pai de ser prejudicado com a presença do Gugu, adota uma postura de vilão para hostilizar o “monstro”, ao invés de tratá-lo como um ser humano. Essas coisas que são pinceladas, porém jamais se tem o devido destaque. Tanto que a família do fazendeiro é deixada de lado totalmente quando passamos para o episódio 9. Quando o Fushi resgata o Gugu, temos um Alt-Tab bem grande aqui e o foco passa a ser na relação do Gugu e do Fushi, com eles se aceitando como “monstros” da região. Repito, não estou dizendo que o enredo de Fumetsu é ruim, mas em certos aspectos, a história poderia abordar melhor e desenvolver essas partes para que realmente nós nos envolvêssemos com os cenários e personagens mostrados. Sinto que sempre quando estamos no caminho certo, o roteiro pisa no freio do nada e ficamos no meio da estrada, sem progredir ou retornar.

ALÊ: Exato! Concordo com tudo que disse. A autora tem mão para fazer os dramas. Ela sabe fazer isso muito bem e é isso que está pegando o pessoal. Não sei o que acontece nos episódios vindouros, mas vendo o que meus amigos do Twitter iam comentando, sempre envolvendo choro, em como choraram com episódios X, Y e Z. Então já saquei que é isso que está prendendo a atenção deles. Eu não gosto de drama forçado. Detesto isso e quando sinto que aquele drama está sendo empurrado, me tira muito da narrativa. Ao menos por enquanto, não é o caso de “Fumetsu”. Por ora, eu estou gostando e está funcionando pelo menos. Por exemplo, no episódio 9, eu achei que o Gugu tinha morrido. A construção da cena e dos diálogos foi muito boa naquele momento. A direção me convenceu de que tinha cara de morte aquela parte. Foi até uma quebra de expectativa interessante de se colocar ali. Só que a estrutura que a autora resolveu aderir já me faz esperar por morte. Eu mesmo acho que o Gugu e/ou a guria vão morrer. Estou esperando por isso. Não sei se de fato vai acontecer, porém é algo que eu espero. E não só eles. Qualquer outro personagem que for introduzido a partir daqui, vou ter ao menos alguma desconfiança e esperar por esse destino. Ela fez isso com o Fushi e foi muito bom. Ela fez com a March e foi excelente (infelizmente eu tinha pego spoiler da cena, o que reduziu o impacto para mim), e em ambos, inicialmente eu não esperava por essas rotas. A partir daqui eu sei que a morte está diretamente relacionada aos personagens, então não sei se quando chegar um momento, SE chegar (lembrando que não vi os próximos episódios), eu não sei se irá me impactar da mesma forma. Não interpretem mal. Muitas vezes a morte é um recurso muito bom para desenvolver o crescimento de algum personagem. O choque de perder alguém é um bom para trabalhar esse aspecto, só que aqui já está virando um pouco enfadonho. Tipo, tem tanta coisa para se usar para desenvolver esse aspecto de crescimento do Fushi de lidar com dor e perdas, mas cara, morte não é a única coisa para se utilizar. Ela mesma mostra cartadas e oportunidades de desenvolvimento de temáticas sociais ótimas, que facilmente seriam boas para desenvolver com o Fushi e seu relacionamento para com os seres humanos, mas ela não faz isso. Como você disse, fica só em pinceladas, sem grandes aprofundamentos daquilo que nos é apresentado. A Yoshitoki está com a faca e o queijo na mão, porém não está sabendo aproveitá-los bem, o que é bem triste. Não acho a obra ruim, ainda está longe disso, porém é triste que o potencial maior da série não está sendo aproveitado, pelo contrário. Vem sendo desperdiçado. Inclusive, a vida do Gugu com o trabalho e a relação dele com o cara fazendeiro dariam um excelente episódio se fossem inteiramente focados nisso. A Yoshitoki sabe como trabalhar bullying. De novo, ela fez um trabalho maravilhoso em A Voz do Silêncio, mas aqui não consegue.

RUB: Sim, são esses deslizes que não deixam a obra deslanchar de vez. Nesse episódio 9 descobrimos o passado do Gugu em que ele trabalhava em uma casa de ricos para brincar com as filhas e sequer sabia de sua condição. Também é mostrado a explicação da Rean ter fugido de casa, por causa da pressão familiar que ela sofria diariamente para se comportar de uma maneira que não queria, aprender coisas que nem tem interesse e ter sua liberdade de escolha do seu futuro marido perdida. Interessante como temos duas crianças que não aceitam seus destinos e que buscam novos caminhos para atingir seus sonhos. A autora gosta de fazer esses paralelos temáticos em que temos mais de um personagem enfrentando situações adversas diferentes entre si, porém tendo alguma ligação de sentimentos ou ação com outro do elenco. Aí temos os dois se entendendo, discutindo e construindo uma relação de amizade até o momento, porém Alê, temos uma outra cagada no roteiro. Lembra que comentamos sobre como o “criador” pode ser um problema no roteiro? Pois então… avisamos que O MALUCO ME APARECE PARA DAR SPOILER DO PRÓPRIO EPISÓDIO. QUE BOSTA. “Oh, alguém vai correr perigo aí.” Se fuder. A surpresa do ataque some quando ele avisa. Eu sei o que vai rolar. O ataque que era para ser algo inesperado, foi nos entregue de uma maneira bizarra e com um dos personagens já avisando desse momento. Poxa, cadê o suspense, antecipação, susto e o medo de algo que está fora de controle aparecer do nada e modificar todo o status quo? Nossa Alê, esse negócio do criador aparecer e dar dicas é muito merda. Além disso ele é o locutor esportivo da parada, porque ele narra TUDO para o espectador, não deixando nada para interpretação do mesmo: “Os inimigos aparecerão de novo e atacarão eles.” Aí não tio. Nós que assistimos a parada e assim interpretamos o bagulho. Naquele caso não precisava do criador ali ser o Galvão Bueno da cena. A narração em OFF deixou ainda pior toda essa sequência final. E ainda teremos mais intromissões dele nos próximos episódios.

ALÊ: Sim! E entra naquilo que falei post passado. A autora está colocando na roda as visões de crianças e sua maneira limitada de compreender as coisas. É legal ver elas nesse tipo de situação e pensando ou tentando compreender as adversidades que aparecem. Quando se é criança, é normal achar que certas coisas são mais fáceis ou não ter uma plena dimensão das dificuldades que irão enfrentar, ao mesmo tempo que aquilo que está ao alcance delas é muito limitado, sendo dependentes de alguém mais velho ou não conseguindo realizar plenamente aquilo que elas desejam. O Gugu está em busca de uma família, ele se sinta acolhido em sua plenitude, sem incomodar ninguém e sem que ninguém o julgue pela sua aparência. Até a Rean demonstra um crescimento ali, não se importando como ele é de fato. O que importa é que querem ele ali, de volta, porque se importam com o personagem. Agora, se tem uma coisa que estou passando a odiar em Fumetsu é o criador do Fushi. Já começa que todo episódio tem a narração de recapitulação. Se antes ele só era usado pontualmente par relembrar algumas coisas, agora ele está expondo o roteiro. O cara brota do nada para avisar que vai dar merda. Fodeu com todo o clima, já que ele te entrega de mão beijada o perigo iminente. Eu quero muito saber O QUE RAIOS passou na cabeça da autora para ela achar que fazer aquela cena aleatória seria uma boa ideia. Não consigo entender. Ela não faz ligação com NADA. Só existiu para estragar o clima que viria logo após aquele momento. Eu fico um tanto impressionado em como a autora está errando em coisas básicas de roteiro. E PIOR que logo depois, o criador vai fazer uma exposição de roteiro para explicar como funciona a relação do Fushi com os estímulos e a capacidade dele de reproduzir formas, seres e objetos. A autora realmente não está sabendo passar esses detalhes do roteiro de forma decente e utiliza momentos preguiçosos para isso. E ainda, como se não bastasse, a narração da prévia do próximo episódio ainda diz com todas as letras: “Eles escapam por um tris da morte”. Mano, para quê? O narrador e o criador tecnicamente são a mesma pessoa, só contribui para que eu sinta mais raiva do personagem. Todo o clima de tensão que poderia existir com o momento, foi completamente arruinado por ele.

RUB: Olha, esse criador ainda vai cagar muito essa história. Eu gostaria que a função dele fosse menos presente na história, porque a forma como esse personagem é usado, resulta em um desastre completo. Agora teremos mais ação e mais momentos em que a produção será exigida. Torcendo para que eles se saiam bem, mesmo com esses problemas no roteiro que foi apresentado nesse episódio 9.

ALÊ: É… Pelo visto ainda vamos reclamar muito desse personagem aqui e vamos ver no que dá. Espero que ainda consigam me surpreender apesar da apunhalada (burra) desse episódio.

Deixe um comentário