Isso é uma ofensa sem tamanho!!!

Isso é uma ofensa sem tamanho!!!

Chegamos ao 2º episódio de “Baraou no Souretsu”. Apenas o começo de toda a narrativa, mas é aqui que eu paro com a animação (ou talvez não). Foi o prego que faltava para fechar o caixão. Os problemas que tinham no episódio 1, juntaram com novos apresentados no 2º e para mim deu. Isso é um completo desastre com a obra. Vamos para as impressões deste episódio.


Por onde começar? Eis a questão. Mas vamos lá. Esse episódio continua mais ou menos de onde parou o 1º e nessa introdução, em destaque a mãe do Richard fingindo que se importa com o próprio filho para que ele não vá para a guerra junto de seu pai. Posteriormente a saída do rei, a mãe dele começa a repetir seu discurso já apresentado na estreia e é por aqui que começo a reclamar. Essa cena aqui ela é um evento do volume 1 do mangá. Volume esse que foi quase que inteiramente adaptado no episódio anterior. Então a produção tirou esse momento de semana passada e realocou nesse começo. A decisão é ok, porque a cena é importante para reforçar de como o Richard é tratado e até humilhado por sua mãe. Acontece que meu grande problema é que tudo se torna MUITO VAZIO. Enquanto a mulher está falando, você não sente o peso que deveria ter. Os desenhos não têm NENHUMA expressividade e o texto soa absolutamente raso. Tudo porque eles estão socando UM VOLUME DO MANGÁ POR EPISÓDIO!!! Como comentei na estreia, a obra é um conflito politico-militar. Então além de muito texto, tem questões de subtramas (ou subtexto), que é passado pela arte, pelas expressões e sem a necessidade de verbalizar as emoções do elenco. E como eles mal tem tempo para socar a essência principal do texto que é importante para ao menos TENTAR ser coeso, quem dirá ter espaço para passarem informações pela expressividade, coisa que demanda mais tempo.

Novamente estarei eu fazendo comparações com o mangá. Embora eu sempre diga que é importante avaliar cada mídia de forma independente, é um sacrilégio o que estão fazendo aqui, transformando aquele primor nessa lambança sem pé nem cabeça. Estarei tentando preencher algumas lacunas. Importante dizer também que o que eu sabia do mangá era até o volume 1. Não li o volume 2 (que corresponde aos eventos desse episódio), porém como sei como o mangá caminha, dá para supor e avaliar muitas coisas que não fazem sentido no anime e por ter esse conhecimento prévio de como é o mangá, dá para ter noção ou pelo menos uma ideia de onde o anime está errando, que é em tudo, basicamente. Mas voltando a cena inicial, essa tentativa (miserável) de encaixar tantas informações em 20 minutos, não consegue dar aos personagens espaço para apresentar suas nuances. Em consequência disso, todo o roteiro soa raso, vazio e sem expressividade. Muitos amigos que não leram o mangá e depois de assistir esse episódio, falaram que parecia muito aquelas obras DARK EDGY que sempre reclamamos aqui no blog e que são muito rasas, sendo o sangue pelo sangue, a violência pela violência, o DARK EDGY pelo DARK EDGY. E ficou muito evidente vendo esse episódio, porque realmente é essa a impressão que passa. Toda vez que é dito e repetido que o Richard é uma criança demoníaca, filho do diabo e coisas do tipo, aparentar ser como se apenas quisessem forçar quem está assistindo a ter pena do protagonista, a criar um grau de empatia com o personagem apenas.

Um outro exemplo disso é a própria Margaret. Eu comentei na postagem de primeiras impressões do anime que a personagem mal aparece no episódio, sendo que dentro do volume 1 do mangá ela desempenha uma função muito importante para fazer a história caminhar, e sobretudo para o funcionamento da família dos Lancaster. Só retomando o background da personagem para não deixar quem está lendo apenas essa postagem perdido, a Margaret é a grande chefe da família Lancaster. Ela quem dita as ordens dentro da família e destaque para a liderança dos exércitos, pois é a personagem quem organiza, pensa na estratégia e vai para as batalhas junto do mesmo. Como o Henry é todo perturbado, literalmente, com guerras, ele assume uma função bem mais passiva dentro da família, como quase um enfeite, uma figura que está lá porque precisa, enquanto ela é quem de fato lidera tudo. Nessa linha, ela é absurdamente ambiciosa. Ela deseja manter a coroa consigo e não importa o que tenha que fazer,. Vai lutar para mantê-la consigo. Dado esse contexto, posso dizer que a cena em que ela tortura o Richard II é tenebrosa, mas não no bom sentido, e sim no mal sentido, de RUIM. Ela só parece uma vilã qualquer, totalmente estereotipada e sem qualquer peso nas suas ações, só para ela ser cruel, mas com esse ar de vilã de novela. Ela começa a enfiar a faca no cara, enquanto fica no “muahahaha”, só faltando um raio no fundo para fechar o combo de vez. E a sequência dela querer humilhar o Richard II por ela nutrir um grande ódio por serem de famílias rivais com o adicional de agora ele querer usurpar a coroa dela, ficando só vazio esse roteiro. E parte desse peso ser perdido é justamente terem tirado todas as cenas que ela aparecia no mangá. Esse contexto que eu apresentei, fundamenta muito a personagem, principalmente por seus diálogos que passam a personlidade de alguém gananciosa, com uma aura perigosa e ao mesmo tempo, encantadora (sou completamente cadelinha dela). Tem uma passagem no mangá que é maravilhosa, em que ela diz: “A Rosa Branca dos York, em breve ficará vermelha com o brilho de sangue!”. Toda a expressividade do desenho, o olhar da personagem, você sente que é alguém que é “poderosa” e forte. Ainda preciso dizer que não gostei da escolha da dubladora para a personagem. Não acho que a voz combine e acho que ela erra o tom da personagem. Só que essa segunda parte nem é tanto culpa dela, porque assim, a dubladora vê o texto que entregam para ela, um roteiro muito merda, vê aquilo e pensa: “Acho que é assim”. Não tem muito como ir além daquilo porque putz, é o que ela tinha de material em mãos. E me revolta COMPLETAMENTE que essa mulher saiu DESSA no mangá, para ESSA no anime. Inadmissível um negócio desses!!! :'(

Emendando nesse assunto de errar o tom dos personagens, outro segmento que está pecando MUITO é a direção. Se no 1º episódio eu ainda elogiei algumas tentativas do diretor de realocar informações e criar situações que ao menos tentassem passar alguma profundidade aos personagens, nesse episódio isso não só é inexistente, como também passa a errar o tom das cenas. As próprias ações da Margaret e a forma que elas estão sendo transmitidas são bem errôneas, para dizer a verdade. Ela é o demônio na Terra? Sim, com certeza! Mas é um ar muito diferente do que está sendo apresentado aqui.

Mas voltando aos rumos do episódio, comentei anteriormente em uma live que fizemos no canal do blog na Twitch que cedo ou tarde, essa coisa de querer enfiar conteúdo em um único episódio ia dar ruim, porque não teriam tempo para explicar coisas que são fundamentais ou ao menos LIGAR uma coisa com a outra, e olhem só, temos isso aqui. Ao ser perguntada pelo George sobre onde está o Richard, a mãe deles responde que o mandou para um lugar seguro, dizendo que está na Torre. Você pensa que ele está dentro do território da família York. Porém, logo depois, cortam para a Margaret torturando o pai do Richard e em seguida, tudo está invadido. A família do Richard caiu fora dali e deu até tempo do Edward carregar o Richard para um local mais “privado”. Nessa sequência, ainda vemos o Edward tendo uma repentina paixonite pelo Richard, porque o guri encostou no Richard e sentiu os seios dele e achou que fosse uma mulher. Enfim, isso deixa ele um tanto mexido, só que o anime não deixa esse aspecto bem evidenciado, pois no mangá o Richard é bem mais sexy. Fica parecendo que essa paixão veio do nada (de novo), porque repentinamente ele está disposto a proteger o Richard, a querer tê-lo ao seu lado, não pensando inclusive no que sua mãe acharia daquilo, porque independente de qualquer coisa, Richard ainda é um York e ela odeia aquela família.

Pormenores que também são importantes, nesse episódio, o Richard mata a primeira pessoa de toda a sua vida. Embora ele quisesse e desejasse muito ir para guerra, tanto pelo lado de querer estar junto de seu pai, mas também para se mostrar como em pé de igualdade perante a seus irmãos (lembrando de um complexo de inferioridade relacionado ao seu corpo por conter traços femininos). Ele aparentava nunca ter tido noção do peso que é tirar uma vida e experiência nesse momento, principalmente quando cai o pingente do soldado e o protagonista vê que o cara tinha família. Ele tem esse choque e creio que nunca tinha colocado na balança de que aquelas pessoas não são pura e exclusivamente inimigas, mas sim seres humanos e como qualquer outro, constituindo laços familiares. Isso será muito importante para entendermos o personagem quando ele começar a sua decadência motivada, principalmente, pela morte de seu pai (que eu ainda vou chegar nesse ponto) porque até mesmo quando ele pensa que “Meu deus, tirei a vida de uma pessoa”, ele lembra da figura paterna. O pai dele é sempre o sinal de resistência dele, sua “Luz” que ele tanto enxerga e sinal de força, o ponto de salvação. Então o estrago que teremos quando ele enfim se der conta de que seu pai não está mais ali, será bem interessante. E percebam que nesse episódio, quando ele mentaliza que quer ver seu pai, vai até onde o corpo está e sai matando quem estava na frente. A “trava” que se tinha ao matar uma pessoa já não existe mais e quando essa “luz” se apagar, o resultado deve ser bem destrutivo.

Nesse episódio, tem duas coisas em especial que me deixaram MUITO PUTO. Começando pela censura RIDÍCULA das cenas de batalha que assim, por si só, já são uma chacota porque né, J.C. STAFF atolada de projetos e mal tem staff para animar quadros estáticos do anime. É impressionante que todo tipo de desgraça acontece com Shoujo. Tem tanta coisa “pior” nesse cenário que não passa por esse tipo de coisa. “Demon Slayer” que é feito para um público adolescente tem demônios sendo cortados, fatiados e os caralho a 4 e não sofre esse tipo de coisa, com sangue para lá e para cá e nada de esconderem. Em “Baraou” mal pode aparecer sangue e usam mosaicos escrotos para simbolizar. “Platinum End” está passando nessa temporada e não sofre com isso também. Sei lá gente, tem TANTA coisa PIOR nessas questões e não sofrem nada parecido, aí chega no Shoujo que está CONDENADO a ser ruim, vão e fazem ficar AINDA PIOR. A produção não tem staff para animar os negócios e nem os ataques podem ser mostrados. Que ódio!!!

E para completar, o beijo que o Richard dá na boca de seu pai é censurado. Olha Japão, você já passou coisas MUITO PIORES NA TV e não fizeram NADA. Mas por um ACASO, um beijo gay é censurado, hummm… “Ah, mas tem questão de incesto”. Concordo, mas “Yosuga no Sora” também passou na TV. Tem muitas coisas que saíram na TV e nunca tiveram problema realmente, mas COINCIDENTEMENTE em casos de gays, rola censura. Para quem achou o beijo muito repentino, no mangá tem nuances que indicavam que esse amor incondicional do Richard pelo seu pai poderia ter uma conotação romântica ou até mesmo por ele confundir os sentimentos, tudo isso associado ao fato dele ser intersexo e condenado como um demônio. Aliás, essas conotações eram percebidas por sua mãe e que tinha medo disso, porque ela percebia pelo olhar do Richard. Como eu comentei, no original, o personagem é bem mais sensual e nessas cenas, ele exala essa aura. É algo que parece involuntário, sabe? Algo natural, que nem ele se dá conta disso. Ele ter heterocromia (cores dos olhos diferentes) pode muito bem representar essa dualidade do personagem, como se fossem dois lados de uma mesma moeda, uma brincadeira com a questão dele ser visto como demônio e ele de fato, ter esse lado. De novo, são subtextos que são apagados ou até cortados na adaptação. Assim quando coisas como essa e outras acontecem, parecem aleatórias e jogadas na adaptação, o que não deixa de ser verdade, dado que no anime, é o que de fato acontece :’)


Por fim, a produção desabou, né? Já não estava aquele primor na estreia, mas ainda tinham quadros polidos, principalmente os mais próximos aos rostos dos personagens. Agora já foi para o ralo. Estamos no ponto que estão evitando AO MÁXIMO desenhar os rostos dos personagens, principalmente os de fundo, porém até os principais, se a câmera afasta um pouco, o rosto SOME. Fora o uso do CG que aumentou consideravelmente nesse capítulo. Se no 2º episódio está DESSA FORMA, imaginem quando a série chegar sei lá, no episódio 6 ou 12… Vai ser catastrófico. A única coisa que segue prestando é a direção de arte, que continua entregando cenários belíssimos.

Esse episódio reacendeu meu ódio pela adaptação, um completo desserviço em vista do mangá. Se o anime por si só não se sustenta, tendo furos de roteiro, também comparado ao original, abre um ABISMO completo. Não vai melhorar. Na verdade, só vai piorar. Meu medo é que o anime, nessa de enfiar muito conteúdo em um espaço curtíssimo de tempo, dê brechas para interpretações erradas do material original, ainda mais que sei que a obra trata de assuntos bem complicados, como o próprio amor do Richard por seu pai. Esse anime pode acabar sendo um marketing negativo para o mangá, o que acho que vai acabar acontecendo, infelizmente…

E apesar de eu ter dito que não tenho vontade alguma de continuar, acho que irei comentar ao menos o 3º episódio antes de encerrar. Uma coisa é certa: não quero e não vou ver o anime inteiro, pois sei perfeitamente que mais problemas vão surgir e que só irá atrapalhar a experiência que eu teria lendo o mangá direto. Recomendo que façam o mesmo. Temos uma postagem apresentando o mangá. Apenas leiam o mangá que é uma obra maravilhosa e que mais pessoas deveriam conhecer.

1 thought on “Baraou no Souretsu (Requiem of the Rose King) #2 – Impressões

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