A adaptação tailandesa de "Cherry Magic" é... Diferente...

Em meados de Novembro de 2022, a GMMTV anunciava a produção de uma versão tailandesa do mangá “30-sai Made Doutei da to Mahou Tsukai ni Nareru Rashii”, ou como é mais conhecido, “Cherry Magic”, BL de Yuu Toyota. Pouco mais de um ano depois, a adaptação enfim estreou, tendo o 1º episódio lançado no dia 9 de Dezembro, último sábado.

Consegui um tempinho – em meio a correria dos últimos dias – para assistir e comentar essa estreia que foi bem… Diferente, em muitos sentidos e aspectos.

Sinopse: “Achi é um funcionário comum de uma empresa estacionária. Ele está solteiro e ainda é virgem. Quando ele completa trinta anos, porém, fica chocado ao descobrir que desenvolveu o poder de ler a mente das pessoas ao fazer contato físico. Ele tenta evitar o contato com qualquer pessoa, mas fica pior quando Achi acidentalmente lê a mente de Karan, seu colega mais bonito e perfeito, e que esse cara sorridente e bem-humorado está se apaixonando por ele. Após esse incidente, ele faz o possível para manter distância, a fim de cortar os sentimentos de Karan pela raiz…”


Para quem conhece o mangá e/ou o dorama japonês e ainda não viu essa versão, deve ter reparado uma mudança já na sinopse que é a mudança dos nomes do personagens. Adachi virou Achi e Kurosawa virou Karan. Ainda estou em um processo de me acostumar com esses nomes, mas já serve como um ponto de partida para falar que esta sendo uma adaptação de outro país, foram feitas uma série de mudanças para melhor condizer com a realidade da Tailândia, já que embora as produções BLs tailandesas em particular tenham ganhado muita notoriedade no Ocidente (especialmente), ainda são obras feitas para o público nativo, então precisa fazer sentido para eles. Portanto, não só os nomes, como uma série de locais e situações são montadas com coisas mais típicas da Tailândia, como por exemplo, uma presença forte do budismo, meios de transporte, até mesmo na forma de conduzir narrativa e fazer comédia/esquetes de humor.

Quando digo que essa versão é “diferente” é no bom e no mau sentido, não exatamente pelas mudanças, mas também como algo que tenha plena consciência de que pode variar MUITO a depender de quem está assistindo. De maneira geral, as adaptações e inserções que foram feitas na série em relação ao original – ou até mesmo ao dorama japonês – foram boas, bem-vindas e bem feitas. Na época que saiu o trailer da adaptação eu comentei que tinha gostado porque várias das cenas eram “novas” em relação ao que já tínhamos visto antes, então traria um ar de novidade, logo, se alguém leu o mangá, viu o dorama e vá ver esse daqui, ainda vai ter coisa nova para conseguir apreciar e talvez, não fique aquela sensação de “acabei de ver” – muito embora eu acho que “Cherry Magic” seja daquele tipo de ‘série de conforto’ que sempre é muito bem-vindo rever.

No entanto, eu acho que caí em dois problemas principais: o primeiro e maior deles é a inevitável comparação de mídias. Ou odeio ter que ficar comparando mídias, porque não faz com se aproveite direito e também tem um aspecto de que são mídias e produções diferentes, com possibilidades e liberdades para ampliar ou seguir caminhos diferentes em relação ao original. Mas talvez por gostar TANTO do live-action japonês (que por sinal, já comentamos o episódio 1 no blog anteriormente), eu fiquei esperando por algumas coisas que não foram exatamente entregues, então acabou não sendo uma estreia a qual me apaguei de cara.

E meu outro problema maior é uma questão de ritmo. Eu não fui atrás de mais opiniões para saber o que o público estava achando, então pode ser algo mais pessoal meu, mas eu achei o episódio levemente arrastado. Produções da Tailândia – pelo menos os BLs – têm episódios de pelo menos 40 minutos, indo até quase 1 hora e meia, Cherry Magic está com episódio na casa dos 40-45 minutos e eu achei o episódio muito lento em alguns momentos e até tedioso em outros. Não sei exatamente o porquê, mas vou tentar supor algumas coisas: diferente do mangá ou do dorama japonês que é mais direto ao ponto nas situações que traz, o live-action tailandês fez toda uma construção e repertório dos personagens para chegar no momento que o Adachi (vulgo Achi) constata que tem poderes. Temos um segmento apresentando um pouco da rotina e do trabalho, fazendo uma ligação com o Karan e até mostrando que o Achi tem um senso de inferioridade em relação a ele – o aspecto dramático nessa cena eu achei um pouco cedo demais, inclusive – e nisso, vão cerca de 10-15 minutos para fazer essa introdução. Os episódios japonês e mesmo os capítulos do mangá são mais diretos, praticamente começamos ambos já com o Adachi descobrindo os poderes, tendo que lidar com isso e é tudo mais “pá pum”, porque o espaço de tempo disponível é mais curto, o que dá uma impressão de movimento e agilidade maior. No tailandês, o que pensei é que seguiria uma linha mais semelhante por ter mais tempo, mas não foi exatamente assim, o que tivemos foi até cenas longas, com poucos diálogos e pausas em silêncio. Então eu senti um certo descompasso, mas como eu disse mais lá em cima, tenho plena ciência de que isso vai variar MUITO de cada um.

Fato é que embora eu tenha achado um episódio mais lento e até cansativo, eu gostei de alguns rearranjos que a série fez, como o próprio repertório para o Achi, há também algo semelhante para o Karan ao longo do episódio também. Utilizam o Rock – que eu creio ser a versão do Rokkaku – como o novo funcionário para abrir panoramas da empresa e estabelecer algumas conexões e situações entre personagens e outro ponto legal é que também fizeram o mesmo para o Jinta e o Min – que são as versões do Tsuge e do Minato -, dando um contexto e uma introdução para ambos e que vai culminar no encontro dos dois (não entrarei em detalhes aqui).


Quem faz o Achi é o New, um ator de 30 anos e que assim como Akaso Eiji na versão japonesa, foi uma escolha muito acertiva. Tanto o Akaso quanto o New são pessoas com certa idade, mas tem aquele rostinho jovial que não aparenta em nada a idade que tem, o que é ótimo pois traz um ar de inocência e fofura, a certa altura, que combina perfeitamente com o personagem. E quem faz o Karan é o Tay e por outro lado, ele não está muito convincente no papel. Eu não consigo ver o personagem dele como aquilo que a série quer vender – como sendo uma pessoa perfeita/ideal – e não sei, tenho a sensação de que há uma certa “distância”, como se não tivesse se encontrado no papel. Como as interações do Tay com o New foram mais ‘profissionais’ no episódio e não houve demonstrações/contato muito direto com o New, pode ser que melhore a partir dos próximos. Acho um pouco cedo para julgar…


Agora… vale a pena assistir? Acho que depende… embora não tenha sido ruim, como eu disse, foi uma experiência diferente, tem coisas que gosto e outras que desgosto, mas não achei ruim… nem BOA ao ponto de indicar com certeza. Fato é que acho um pouco cedo para julgar a série. No mínimo pode ser interessante dar uma olhada por diferentes aspectos, seja para quem nunca viu nada relacionado a “Cherry Magic” ou para quem já consumiu o mangá e/ou dorama japonês.

A série está disponível no YouTube e terá episódios novos todas os sábados. Por enquanto, só tem legendas em inglês, mas se a série ganha um público cativo, normalmente aparecem legendas em português também que algumas fanbases fazem. Bom, por enquanto é isso e até o próximo post ~~

Adorei a propaganda ao mangá na série

1 thought on “Drama: Cherry Magic TH #1 – Primeiras Impressões

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