Uma comédia adorável e fofa (e as vezes, sensual)

“Cherry Magic” (como é mais conhecido) é sem dúvida um dos BLs de maior sucesso (em uma proporção diferente de “given”, e talvez, para um público diferente), possuindo uma adaptação japonesa para série live-action (primeiras impressões aqui) e um filme, além de ter estreado em dezembro de 2023 uma versão tailandesa do live-action (primeiras impressões aqui). E por fim, uma adaptação em anime estreia no Japão em 10 de janeiro. O mangá original também será publicado no Brasil pela JBC e aproveitando todo esse contexto de visibilidade para a série, resolvi fazer esse post de apresentação (que deve estar sendo lançado um pouco antes da adaptação em anime) ^^.

“Cherry Magic” ou como é publicado no Japão “30-sai Made Doutei da to Mahou Tsukai ni Nareru Rashii” (30歳まで童貞だと魔法使いになれるらしい), é um mangá BL escrito e ilustrado por Yuu Toyota. Originalmente a obra começou sendo lançado como um mangá de 4 painéis no Twitter da autora, no entanto, devido ao sucesso, a autora rapidamente foi notada pela Square Enix e em setembro de 2018 estreou com uma publicação oficial na Gangan Pixiv, uma revista online. O mangá encontrou seu público e se tornou um dos grandes sucessos da revista vendendo mais de 100 mil cópias por volume e possuindo, hoje, 2.8 milhões de cópias em circulação, englobando os 13 volumes da série.

Para escrever esse post, estarei usando os 2 primeiros volumes da edição francesa ^^


“Cherry Magic” já é muito conhecido devido às adaptações em live-action japonesa e tailandesa, mas para quem ainda não sabe, a história é sobre Adachi, um homem de (até então) 29 anos, que nunca teve relacionamentos amorosos e que por alguns problemas na maneira com que se relaciona com as pessoas, nunca conseguiu ter relações sexuais. No seu aniversário de 30 anos, ele desenvolve poderes que o fazem conseguir escutar os pensamentos das pessoas através do toque e no dia que o protagonista descobre que tem esses poderes, ele também acaba notando que seu colega de trabalho, Kurosawa, o ’empregado perfeito’ e super cobiçado, é apaixonado por ele! A história vai seguir o cotidiano desses dois, com as leves investidas do Kurosawa no Adachi, que agora tem percepção de que elas existem!

– Tudo bem?
“Waaaaaa! Ele está tão perto! Tão fofo! Tão lindo! Uh lá lá, estou realmente com sorte hoje! Meu coração está batendo a cem mil por hora!”
– … Adachi?
E foi assim que eu, Adachi (homem, 30 anos), senti meu coração girando!!!

Conheci “Cherry Magic” anos atrás graças a excelente e adorável adaptação em live-action da obra. Na época, ainda era pandemia e lembro-me perfeitamente que depois do 5º episódio, mais ou menos, a série explodiu. Toda semana a partir dali, #CherryMagic entrava nos assuntos mais comentados do Twitter, virando um grande fenômeno, não só no Brasil, mas também no mundo! Isso era comprovado não só pelas edições internacionais (como na França), mas também pela vinda de uma versão live-action da Tailândia, que igualmente está fazendo sucesso. Esse sucesso não é à toa, pois tanto o dorama, como o material original ao qual ele é baseado, são de muita qualidade!

Quando os pensamentos são muito intensos, se projeta imagens ^^

Acho que um dos pontos fortes do mangá desde o início e que a autora explora bastante é a comédia. O fato dele poder ler pensamentos cria uma série de possibilidades que a autora pode partir e trabalhar a história com seus personagens, e a faz isso muito bem! Como até pouquíssimo tempo atrás o Kurosawa era só a figura de alguém perfeito, seja socialmente como no trabalho e em qualquer outro aspecto, por ele nunca ter cogitado como alguém gostando dele, ter justamente o Kurosawa nessa posição é de grande susto para o próprio.

“Hehe, eu fiz bem em comprar um cachecol! Seus olhos estão vermelhos! Não é porque ele é sério e dócil que o patrão deve pedir tanto dele, ele está sendo abusado. Eu não posso o deixar assim”

Por causa disso, a autora consegue criar situações muito divertidas entre os personagens, porque agora que o Adachi tem noção de que o Kurosawa gosta dele e com certa frequência, consegue ouvir seus pensamentos, ele começa a notar diversas ações e cuidados que o Kurosawa tem com o personagem e que não percebia, causando reações do tipo “okay, deve ser um engano”, ao mesmo tempo que o Adachi tenta afastar ele, porque não consegue processar muito bem tudo o que está acontecendo.

Como o mangá foi idealizado inicialmente para ser publicado no Twitter, ele tem capítulos bem mais curtos (especialmente no volume 1) e a história acaba sendo bem ‘direta ao ponto’ nesse começo. A autora estabelece o que quer e ela vai. Por exemplo, não temos muitas páginas introdutórias para a história e personagens, tanto que na página 1 ela já mostra que o Adachi tentou transar com uma garota de programa e não deu certo (até vomitou na hora 🙂), para em sequência termos ele descobrindo que pode ler os pensamentos das pessoas e encontrando com o Kurosawa, e por consequência, também sabendo que ele gosta dele. Eu não acho ruim, porque a autora consegue ter um bom ritmo, porque a comédia dela também é bem ágil. O que nós precisamos saber de essencial para a história, vai estar posto com 10 páginas. Depois disso, será apenas o público acompanhando as consequências e a forma como o Adachi tenta lidar com tudo o que está acontecendo com ele.

– Não consigo dormir…
“Pela primeira vez na minha vida, eu, Adachi (homem de 30 anos), eu não consegui fechar os olhos a noite toda”

O mangá não é só comédia claro, mas é muito por meio dela que a história prossegue e as interações entre os personagens se dão (especialmente porque o Adachi precisa ter contato com as pessoas, coisa que até então, ele evitava). Há também um aspecto muito singelo e bonito que é a maneira como o Kurosawa vê o Adachi. O Adachi é alguém um tanto pessimista e que não vê valor em si. Está frequentemente amuado, não chama atenção e que no entanto, se compromete com o que ele precisa fazer e é muito atencioso com as pessoas (mesmo que o próprio não perceba isso de si) e o Korosawa consegue enxergar tudo isso nele. É muito bonito ver no decorrer da história a maneira como o Kurosawa nota os mínimos detalhes do Adachi, seja de comportamento como nas suas ações e reações com os outros. É aquele tipo de amor que você tem até inveja, porque o Korosawa é alguém que percebe o Adachi no que ele é essencialmente, que admira e acompanha passo a passo, detalhe por detalhe. Tem cenas lindíssimas com o Adachi parando para pensar sobre essas coisas e ficando envergonhado por ter alguém que goste tanto dele ao ponto de conseguir enxergar tais características que ele mesmo não percebe ou reconhece que tem.

Nesses enganos e desenganos, tentativas de afastamento que geram aproximação e situações inusitadas, como o Kurosawa tendo pensamentos pecaminosos com o Adachi, os dois acabam se aproximando e eu gosto bastante da maneira como a autora vai colocando de uma forma que nem o Adachi percebe que isso está ocorrendo. É um desenvolvimento bem gostoso de acompanhar.

Há também a história do Tsuge (amigo do Adachi) e do Minato, que compõem os capítulos extras do mangá. Pessoalmente não sou um grande fã dessa parte, especialmente no live-action, mas não acho ruim. A pegada é a mesma da “parte principal” do mangá e como eles estão ali mais como um material de apoio, acho interessante.

“Estou contente que seu mestre parece gentil…”

E antes de terminar, um rápido repertório sobre a autora: embora seu trabalho mais famoso seja sem dúvida alguma “Cherry Magic”, a Yuu Toyota já tem mais de uma década de carreira. Ela começou em 2009 ganhando o o Prêmio de Excelência no 35º “Grand Prix Athena para jovens autores” da editora Hakusensha. Nos anos seguintes, ela produziu diversas histórias curtas em revistas Shoujo da Hakusensha. Em 2014 ela começa duas séries: “Kami-sama wa Ikiru no ga Tsurai“, um Shoujo de 3 volumes publicado na revista Sylph, da ASCII Media Works e “Papa to Oyaji no Uchi Gohan“, Seinen de 13 volumes publicado na revista Comic @ Bunch, da editora Shinchosha. É com “Cherry Magic” que ela explodiu de popularidade. O mangá nasceu sendo publicado no próprio Twitter dela e, após chamar atenção da Square Enix, a editora deu uma oportunidade de ser publicado profissionalmente na Gangan Online, se tornando um dos mais populares BLs da atualidade, tendo 2.8 milhões de cópias em circulação no Japão. Além disso, quando a adaptação para filme live-action de “Cherry Magic” foi anunciado, ela falou em seu Twitter ter doado parte de seus royalties à associação “Mariage For All Japan”, que luta pelo direito de casamento igualitário no Japão.


Bom, por enquanto é isso! A ideia desta série de posts é de apenas introduzir o mangá e expor alguns dos motivos que mais gosto nas obras mencionadas. A adaptação em anime estreia daqui alguns dias, em 10 de Janeiro, e o mangá será publicado no Brasil pela JBC. Eu devo comentar o anime no blog também, então aguardem ^^.
Abaixo tem um vídeo mostrando um pouco da edição francesa do mangá!

Demais posts da nossa série de apresentação:

“Tire suas patas sujas do meu Adachi!”
– Pare!

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