A primeira série de sucesso de Megumi Morino!

Megumi Morino é sem dúvida uma das autoras mais proeminentes da última década. Em 2023, ela completou 10 anos de carreira desde que estreou como mangaka lá em 2013 com “My Dear Neighbor” (volume único único que com certeza, falaremos aqui em algum momento). Seu trabalho mais conhecido é sua série atual, “Hananoi-kun to Koi no Yamai”, o qual falo aqui no blog (leia aqui). No entanto, o mangá que foi o grande divisor de águas para autora foi “Good Morning, Little Briar-Rose”, ou como é no original, “Ohayou, Ibarahime”. Foi sua primeira série (com mais de um volume) e também marcou seu primeiro grande sucesso. Falarei um pouco desse mangá tão lindo, quanto interessante!

“Good Morning, Little Briar-Rose” (おはよう、いばら姫) estreou em novembro de 2014, na edição de janeiro/2015 da revista Dessert (Kodansha). O mangá foi publicado até maio de 2017, encerrando na edição de julho da Dessert, concluído com um total de 6 volumes. Na França (a qual utilizarei a edição como base para falar do mangá) a obra foi anunciada em junho de 2017 e começou a ser publicada em outubro do mesmo ano. O mangá encerrou por lá em outubro de 2018. Anos depois, adquiri todos os volumes da série (de forma espaçada) e hoje venho comentar minhas impressões gerais do 1º volume ^^.

Edição de Janeiro/2015 da Dessert. No canto inferior esquerdo, é possível ver a informação sobre a estreia de “Ohayou, Ibarahime” na revista.

A história fala de Tetsu que para provar ao seu pai que pode parar com os estudos ao final do ensino médio (o protagonista quer que seus irmãos possam ter a chance de cursar algo), ele começa a trabalhar como um empregado doméstico para a prestigiosa família Karasawa e assim, conseguir seu próprio dinheiro. O combinado com seu pai é que ele aguente trabalhar na casa durante um ano. A casa, no entanto, é conhecida como “A casa no topo da colina” e que guarda segredos… Os empregados lhe passaram uma única regra: de ficar longe dos fundos, onde há um jardim e reside a jovem filha da família Karasawa, a Shizu. Porém, por um descuido, ele acaba cruzando com a (misteriosa) Shizu e intrigado com seu sorriso repleto de tristeza, Tetsu fura a regra estabelecida anteriormente e os dois começam a se aproximar… No entanto, após alguns dias, algo estranho acontece…

“Eu não a conheço mais.”

A Megumi Morino começou a carreira dela como mangaka em 2013. No ano seguinte emplacou “Ohayou, Ibarahime”. Desde o começo, ela sempre se mostrou uma mangaka diferenciada, não só pelo seu senso de estética e narrativa, como pela forma de contar suas histórias, tendo boas ideias (normalmente seus mangás falam de sentimentos humanos e da progressão deles ao ter contato com outras pessoas) e um excelente controle na apresentação. É muito comum que as primeiras obras de jovens autores não sejam boas ou pequem em algumas coisas, porém desde o começo, a Megumi Morino já tinha o controle do que queria contar e a forma com a qual gostaria de comunicar o público, e aqui já vemos isso acontecendo.

Falar desse começo de “Good Morning, Litte Briar-Rose” sem spoilers é um pouco complicado, porque logo ao fim do primeiro capítulo temos um twist e mais para o meio do volume, rumando para a parte final, temos mais uma virada no roteiro e esses pontos são importantes porque definem os rumos que a história vai tomar dali em diante.

Mas tentando falar da história e contornar esses aspectos importantes, a obra tem um rumo de suspense em diversos pontos, a começar pelo fim do primeiro capítulo. A autora consegue conduzir muito bem esses momentos, de forma a ser realmente uma surpresa. A Shizu acaba sendo uma personagem interessante nesse primeiro momento e vai se tornando cada vez mais conforme a história anda. Acho legal a história ser sobre uma garota, mas não na perspectiva dela, como é mais comum nos Shoujos. A ótica é sempre do Tetsu e é por ele que vamos descobrindo mais sobre os personagens e os “problemas” a serem enfrentados. É o oposto do que ela faz em “Hananoi-kun”, que é mais uma história na perspectiva da protagonista (ela vai mudando e equilibrando mais isso no decorrer da história).

Há “sempre” um ar de melancolia na Shizu que torna a personagem bem intrigante, ou melhor dizendo, ocasionalmente há esse sentimento em torno dela. É uma inconstância que ocorre na personagem e que tem uma justificativa para lá de inesperada que me deixou particularmente entusiasmado para ler os próximos volumes e ver o que a autora tem para mostrar.

Algo que também é bem característico da Megumi Morino é que a certa altura, todos os personagens centrais são bem simpáticos e carismáticos. Em geral, você não vê vilões nas histórias delas, mas nuances entre atitudes que podem ou não ser questionáveis, introspecção e problemas sociais, pessoais ou familiares, o que torna os personagens bem humanos. Eu gosto disso. Os conflitos que ela propõe normalmente estão atrelados a esses aspectos que apontei e aqui não parece que irá fugir disso.

Acho que o Tetsu representa muito bem isso, porque embora tenha muita consideração e interesse pela Shizu, assim como é aquele tipo de personagem que se importa e gosta de ajudar os outros quando pode, quando ele é colocado em uma situação a qual sente muito medo ou quando há um confronto a qual ele não consegue lidar, o protagonista tem a tendência a querer fugir, de se preservar, e que revela as características que são bem comuns da escrita da autora.

Eu adoro a Megumi Morino. É uma das minhas mangakas favoritas atualmente, por causa do seu desenho, da forma que monta as páginas, especialmente como desenha quadros que dão foco no(s) olho(s) do(s) personagem(ns), porque são absurdamente expressivos (consegue passar sensação de felicidade, tristeza, medo, receio, angústia..) e da escrita da autora. Particularmente gostaria de falar mais do mangá e da história, mas como os pontos chave desse volume são spoilers, fica para uma outra oportunidade em que eu possa falar disso sem me preocupar. Como esses posts são mais para apresentar mangás e dar apenas uma introdução a essas obras, acredito que vale como forma de instigar a leitura ^^.


Relembrando que o mangá foi licenciado no Brasil pela NewPOP, mas não há previsão de lançamento. Pelas falas da editora, parece que vai levar mais um ou dois anos até o mangá ver a luz do dia no Brasil. Bom, é isso. Verei se consigo manter o ritmo de um post de apresentação por mês. Então nos vemos em janeiro (em teoria)!

Abaixo vocês veem um vídeo mostrando a edição francesa em detalhes e a lista dos mangás que já escrevemos texto de apresentação! ^^

Gosto sempre do humor da Megumi Morino ^^

3 thoughts on “Conheça “Good Morning, Little Briar-Rose” (Ohayou, Ibarahime)

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