A cada episódio se confirma: uma bela surpresa!

Depois de algum tempo sem comentar animes, cá estou de volta! O fim do semestre me destruiu, mas entrei de férias no começo do mês e apesar de alguns problemas pessoais e no trabalho, estou tentando conciliar para escrever mais textos para o blog. Minha meta era fazer impressões de episódios de outros três animes, sendo um deles “7th Time Loop”, que a essa altura, já se impõe como sendo um dos melhores animes da Temporada de Inverno e, pelo menos para mim, está no meu top de favoritos ao lado de “Yubisaki to Renren” (primeiras impressões dele aqui).

O plano é comentar os episódios 2 ao 6 (que encerram um primeiro arco e cobrem o conteúdo do volume #1 da light novel original), posteriormente do 7 ao 9, e por fim do 10 ao 12, encerrando o anime.


Para começar esta conversa, algo que já vale muito destaque é sobre como funciona bem a dobradinha entre a Rishe e o príncipe Arnold. A dinâmica entre os dois é excelente e funciona perfeitamente. Eu gosto que enquanto a Rishe tenta a todo custo manter certa distância entre ela e o Arnold (ao mesmo tempo que tenta entender o que acontece com ele e o país), ele por outro lado tenta desvendar a Rishe, no sentido de que como ela é uma mulher muito fora da curva e acaba por ser uma verdadeira caixinha de surpresas. Não é à toa que ele dá liberdade para ela fazer o que quer, os negócios que desejar e ainda acata sem grandes problemas algumas exigências e desejos da protagonista como não poder tocar fisicamente. A presença da Rishe perto dele e as suas ações imprevisíveis são, até este momento, o que fascinam ele.

Nesses episódios temos várias sequências e momentos em que a Rishe consegue “dobrar” as pessoas pelas suas convicções e por aquilo que ela acredita. No episódio 2, por exemplo, temos o momento em que após um ataque inimigo, ela faz um antídoto pro veneno usado nas armas dos atacantes. No entanto, os soldados estavam com relutância em usar, uma reação que normal, já que à princípio ela estava sendo levada como refém. Ela pega a adaga envenenada e corta o próprio braço, para em seguida usar o antídoto. Em outro momento, esse já sendo um mini arco, com ela tentando convencer o chefe da Companhia de Comércio Aria, Tully para fazer comércio na região. Há pontos e contrapontos sendo trabalhados e explorados, e muito embora não seja uma batalha com sequências de ação, as cenas em si são excelentes, pois são batalhas verbais em que cartas vão sendo apresentadas com os movimentos da Rishe sendo rebatidos. O trabalho de direção é impecável para conseguir te prender no diálogo até o momento do desfecho.

Eu tenho um problema em certas obras (não é o caso de 7th Time Loop) em que para o autor chegar em resultado X que favoreça o(a) protagonista, ele precisa criar uma sequência de cenas ora óbvias, ora ridículas em conveniência de roteiro. Mas aqui é o oposto! A autora cria essas situações, porém você sente as dificuldades que a protagonista tem, ou demonstra o que a Rishe precisou fazer, e mesmo em cenas que o espectador acha que chegou no resultado, a autora cria outro argumento para ser mais uma coisa a ser superado para Rishe. É fabuloso o resultado final, pois quando chegamos na conclusão de fato, há um sentimento de recompensa que acompanha o emocional da protagonista.

Algo que acho muito importante e bem trabalhado pela autora na obra é o tom político que ela traz para cá. No episódio 2 temos o Arnold contando brevemente a história de um de seus soldados e falando que, embora o reino Galkhein se orgulhe de ser meritocrática (ou seja, você conquista o que tem por mérito e chega onde quer se merecer), a sociedade exclui e subjuga aqueles que são pobres ou que pelo menos tiveram origem mais humilde. Muito se fala em certos animes e personagens como sendo “camaradas” (e alguns deles nem são, de fato), mas pouco tem se falado como a Rishe tem ideias que vão ao encontro de uma ideia de igualdade entre as classes. No entanto, mesmo que não tivesse, é ótimo ver como ela tem uma cabeça que PENSA e que vai totalmente na contramão de políticos de direita que vemos e conhecemos muito bem aqui no Brasil. Enquanto conversava com o Tully, ela chega em um apontamento que é óbvio, mas que não entra na cabeça desse povo: se pobres tem mais renda ao ponto de conseguirem viver de forma confortável e o dinheiro sobra, eles vão gastar esse dinheiro com bens e consumo, portanto a economia gira e não fica estagnada!

No desfecho do arco, quando ela apresenta um remédio que serve de cura para o problema de saúde da irmã do Tully como sua última cartada, seu interesse maior não é para usar como uma moeda de troca propriamente. No fim das contas, é o que serviu para abrir os olhos dele quanto à sua própria origem e às dificuldades que pessoas pobres possuem. No arco envolvendo o Theodore, irmão do Arnold,, ele usava seus próprios recursos para ajudar as regiões mais pobres do país e mesmo o Arnold promulgou leis de salário mínimo, e que no fim, casou com a proposta da Rishe já que trará mais empregos ao país.

E de forma geral, acho a Rishe uma mediadora excelente. Como ela tem a experiência de outras 6 vidas (vidas essas que ela construiu e teve aprendizado/conhecimento diferentes umas das outras), permitiu a ela nesse novo loop, uma plenitude maior naquilo que está vendo, assim como possuir uma expansão de horizontes na sua forma de ver as coisas. Consegue diferenciar o bom e o ruim, ao mesmo tempo, não trata o ruim como algo a ser descartado, mas sim readequado e melhorado para que possa vir a ter utilidade em outro campo, o que acaba sendo o que ela faz na hora de escolher as criadas que ficarão com a personagem. Ela vai à campo ver quem mais combina com ela para desempenhar o papel e mesmo vendo a Diana destratando as demais, vê ali uma oportunidade para que ela consiga ensinar às outras ler e escrever, partindo de objetos e coisas que estão presentes na vida de todas, dando sentido e significado ao aprendizado (Paulo Freire teria orgulho!).


Falando no Theodore, o que dizer dele? No começo eu achei que ele era só fragmentado emocionalmente. Depois comecei a achar ele chato e inconveniente. No fim das contas, era só uma criança querendo atenção do irmão mais velho e especialmente, querendo que o Arnold pare de autodestruir sua imagem. Inclusive, gostei bastante do que a autora fez nessa parte, porque embora ele faça feitos e se importe com a população, suas ações não são o bastante. Ele precisa manter uma imagem distante, fria e assassina. Resumidamente, acontece um distanciamento e o Arnold deixa de ser uma pessoa para virar uma figura. É como você abstrair as complexidades de um ser humano para torná-la um símbolo, e no caso, esse símbolo é cristalizado na imagem de alguém que é essencialmente ruim, o que para ele, à certa altura, é algo que ele vê como bom, sempre mantendo distância das pessoas mesmo da Rishe.

No fim das contas, gostei bastante do arco e da maneira como a autora amarrou e desenvolveu ele, pois no momento que a Rishe consegue resolver o impasse com o Tully, já vem o irmão do Arnold sequestrando ela e dando sequência ao restante dos eventos no episódios 5 e 6. Há um certo humor na maneira como o Theodore acha que está passos à frente, não só da Rishe como do irmão, sendo que na verdade ele estava bem para trás. A Rishe não só escapa com muita facilidade, como em momento algum ele consegue causar algum nível de preocupação ao Arnold. A cena em que a Rishe descreve como fazer e manter alguém de refém é bárbara!


E acho que vale dizer como um último aspecto importante, é que retomando o que disse lá em cima, a dupla Rishe x Arnold é ótima e torna o anime ainda mais gostoso de assistir. A sequência da dança deles no episódio 3, além de muito bem animada e dirigida, é uma delícia de ver com aqueles diálogos maravilhosos!

Eu tenho muita dificuldade em maratonar animes. Ver vários episódios em sequência é algo que eu raramente consigo fazer. No entanto, 7th Time Loop não só realiza esse feito como quando termino um episódio, a sensação que tenho ou é de muita satisfação (como no episódio 6 pelo fim do arco) ou é de uma necessidade de ver mais episódios (como são nos episódios de meio de arco). É muito bom ver que o texto da autora é excelente e que a direção junto com roteirista(s) estão conseguindo acompanhar as qualidades da novel.

Com esse primeiro arco concluído, os próximos episódios (creio que do 6 ao 12) irão adaptar o volume 2 do romance original. Em algumas semanas devo voltar para comentar mais 3 episódios e por volta do começo de abril comento os episódios finais ^^


Aproveito esse post para celebrar que o texto que fiz para o 1º episódio do anime ultrapassou a marca de 10 mil visualizações aqui no blog em menos de 2 meses!!! O mais comum desses posts de anime é ficar com algumas dezenas de views (quando o post vai muito bem, chega a algumas centenas), mas um número desse nível é absurdamente incomum para nós. Isso provavelmente se deve ao fato de que poucas pessoas comentaram da adaptação aqui no Brasil na estreia e por ter cativado um público considerável de pessoas. A autora ser tão aberta com o público deve ajudar a espalhar mais também! Ela já até fez alguns tweets em português, inclusive. ^^

Mais uma conquista para a Rishe e um ótimo encerramento de arco ^^