Não apenas 'um sinal de afeição', como também um poço de delicadeza e cuidado.

Chegou o dia! Hoje, dia 6 de janeiro de 2024, enfim ocorreu a estreia da adaptação animada de “Yubisaki to Renren”, ou “A Sign of Affection” no título internacional, baseado no mangá de suu Morishita, um dos mais importantes (e um dos maiores sucesso) da atualidade!

“Yubisaki to Renren” é particularmente especial para mim, pois eu o acompanho desde que ele começou a ser publicado na revista Dessert (isso há quase 5 anos) e as autoras são uma dupla da qual eu gosto bastante. Anos acompanhando e divulgando aqui no blog, me fizeram ter um carinho muito especial pelo mangá e, dado a situação do Shoujo com relação a produções animadas (escassas), durante muito tempo eu acreditei que não haviam chances de ter anime. Quando foi anunciado realmente, foi de extrema emoção e alegria. E após essa estreia, venho comentar impressões gerais do que achei do 1º episódio da animação! ^^

Sinopse: “Yuki, uma estudante universitária surda, certo dia está passando por dificuldades quando um veterano de sua escola, Itsuomi, decide ajudá-la. Itsuomi não se incomoda nem um pouco com sua falta de audição e interage com ela naturalmente. Ao longo que Itsuomi começa a mostrar um novo mundo para ela, Yuki começa desenvolver sentimentos por ele… E é assim que começa a mais pura história de amor de Yuki, uma universitária surda, e Itsuomi, seu veterano que viaja pelo mundo com ela.”


Estou aqui, sentado no sofá de casa, olhando para o meu PC e pensando em como posso começar esse post (a introdução eu escrevi antes de ver o episódio). Fato é que “Yubisaki to Renren” é uma obra muito especial para mim, algo que guardo e tenho comigo com muito carinho, sendo um símbolo, talvez um conceito. E vendo o episódio, me faltam palavras ao ponto de não saber de onde eu posso partir. Então, irei pegar a frase que coloquei no resumo do post: “Não apenas ‘um sinal de afeição’, como também um poço de delicadeza e cuidado.”. Porque isso que essa adaptação representa: não só o amor e carinho das autoras com a obra, como o cuidado e a delicadeza que a equipe do anime está tendo com a narrativa.

O episódio consegui estruturar muito bem algo que é de muita importância para a obra caminhar: as dificuldades que a Yuki passa no seu dia a dia, pois a sociedade se estrutura para aqueles que ouvem. Temos sons, ruídos, pessoas conversando e em seguida, passamos a ver a ótica dela, com o silêncio, até o momento que chega alguém pedindo ajuda e por ser estrangeiro, fica ainda mais difícil a comunicação entre eles. Até que chega o Itsuomi e orienta o rapaz e é o momento que ele presta atenção na Yuki. Adoro a dinâmica entre ele e a Yuki, porque o Itsu não tem lá muita noção de espaço pessoal. Ele acaba sendo muito invasivo (não exatamente num mau sentido) e a Yuki não está nem um pouco habituada com isso. Mas, apesar disso, é evidente que há um interesse da parte dele e dela, mas especialmente da parte da Yuki. O Itsuomi tem mais um ar de curiosidade com a Yuki inicialmente, porque ele nunca tinha encontrado com uma pessoa surda antes, enquanto que a Yuki já está mais gamada no homem (e nunca julgaremos, pois gostoso).

O miolo do episódio se dá mais com a Yuki e a amiga dela, Rin, com as duas tomando coragem (em uma cena divertidíssima) para irem no bar onde o Itsu trabalha e cujo o dono é o Kyouya, primo do Itsu e interesse romântico da Rin. É nessa cena que evidenciam um pouco mais do interesse do Itsuomi na Yuki, porque embora não esteja verbalizado, ele está sempre prestando atenção nela e ele acha no mínimo curioso quando ela fica feliz com relação a alguma característica dele, como foi quando descobriu ele ser trilíngue e estar aprendendo mais algumas línguas.

Já a cena final é de uma competência monumental! O sentimento de melancolia que a Yuki vai nutrindo ao longo da noite, tanto pelo sentimento de solidão e isolamento, novamente batendo na tecla da estrutura social, mas também pelo lado de como pessoas surdas são solitárias quando não tem com quem eles possam conversar (e por sinal, gosto muito que nessa cena, a direção vai alargando o espaço, para aumentar a sensação de distância entre a Yuki e os demais), como pela insatisfação consigo mesma por não ter conseguido um meio de pedir o número do Itsuomi. Até o momento que ela toma coragem, pede o número e vem o ato final do episódio que é o momento em que ela começa a conversar com ele por mensagem (ambos virados um de costas para o outro) e ela pergunta como é o mundo. Ele responde ser grande e se ele poderia entrar no mundo dela. Nesse momento, um olha para o outro, a Yuki solta o guarda-chuva e quando ele cai no chão, uma explosão de cores, o que estava com tonalidades apáticas, rapidamente é substituído por cores vívidas, juntamente com a enorme felicidade da Yuki. Absolutamente lindo! Nessa cena eu fiquei bem emocionado, até dei uma choradinha, porque foi emocionante e uma mistura de sentimentos. Como disse, sou alguém que acompanho o trabalho das autoras há bastante tempo, e Yubisaki estou acompanhando desde a estreia. Ver o trabalho delas sendo feito de uma maneira tão bem cuidada, tão bem dirigida, me deixa muito contente. No momento que houve essa “explosão” no episódio, me veio todos esses sentimentos e foi LINDO!!!

E foi aqui que o Itsuomi se apaixonou

A suu Morishita é uma dupla de mangakas (Makiro faz o roteiro e storyboards e a Nachiyan faz os desenhos) que tem mais de uma década de carreira juntas. Elas começaram e passaram boa parte desses anos fazendo mangás na Shueisha. Lá elas lançaram dois de seus grandes sucessos: “Hibi Chouchou”, a primeira série longa delas, e “Short Cake Cake”, menos conhecido no Brasil, mas ainda assim um marco, pois este foi o último grande trabalho delas em parceria com a Shueisha. Nos anos seguintes, entre 2018 e 2020, elas fizeram um Shounen de 2 volumes (Hoshokukei Heroine ni ato 1-nen Inai ni Taberaremasu) na Square Enix e voltando um pouco no tempo, 2018, elas chegam na Kodansha, primeiro com um volume único publicado na revista Nakayoshi intitulado “Wakamen: The Mineral Boys” e em 2019, emplacaram “Yubisaki to Renren” na Dessert. Este é o primeiro trabalho das duas a ganhar uma adaptação animada e fico muito contente de que esteja sendo feito com tanto cuidado. Elas merecem muito!

O episódio adaptou o primeiro capítulo do mangá apenas. A partir daqui, eles devem percorrer mais capítulos por episódio, mas não sei como a produção irá seguir daqui em diante. Só espero que não fique muito corrido, porque o primeiro episódio foi extremamente promissor!


A adaptação em anime está sendo feita pelo estúdio Ajia-do, que vem de produções mais medianas como “Honzuki no Gekokujou“, mas aqui eles estão extremamente empenhados. Na época do anúncio, foi revelado que o estúdio está trabalhando no projeto há mais de 3 anos. Para a animação chamaram veteranos do estúdio para fazer cenas e há até mesmo um responsável pela verificação de animação dos movimentos da língua de sinais. A direção do Yuuta Murano, que dirigiu e fez o storyboards do episódio, além da direção de OP e ED, está muito boa. Entendeu muito bem o tom do mangá, traz elementos mais característicos da estrutura do mangá Shoujo, além de fazer algumas adições e complementos muito bons para o anime, como por exemplo evidenciar mais as dificuldades da Yuki no dia a dia e alguns sentimentos dela que no mangá as autoras só dão uma pincelada.

E falando na OP e ED, ambas são lindas!!! Está sendo muito cansativo falar “lindo, lindo, lindo”, mas é o que posso dizer. Começando pela OP, ela reflete bem a ideia que tivemos no fim do episódio: os tons são opacos, os personagens estão com um ar melancólico e em dando momento, tudo fica mais agitado, a câmera começa a ficar mais movimentada e com uma boa agilidade, tem uma paleta de cores vívida, especialmente quando a Yuki começa a “visitar” os países que o Itsuomi já passou e encerra em uma cena belíssima com eles quase se beijando. A ED vai para um lado mais tradicional’ com aquele ar mais calmo, com imagens estáticas mostrando um pouco do dia a dia da Yuki até ela encontrar com o Itsu e são imagens lindas, com cores em aquarela. E a música de ambas também são muito boas!

Estou muito animado para o que virá a partir daqui. Fica a expectativa alta e o anime está mais que recomendado! Fica também a recomendação do mangá e temos um post dedicado a ele aqui no blog. E mesmo que nunca leiam, queria deixar registrado um obrigado para a equipe da adaptação, porque o trabalho está excelente!

Que homem meus amores, que homem…