Parece uma colcha de retalhos que não conversam entre si.

Mais um post de primeiras impressões e nossa, faz tempo que não escrevo tanto para o blog como neste mês de janeiro (especialmente comentando animes da temporada). Depois de comentar “Yubisaki to Renren“, “7th Time Loop“, “Kyuujitsu no Warumono-san” e “Cherry Magic!“, hoje vou falar de “Majo to Yajuu”. Esse em específico, eu peguei para ver porque vi um amigo elogiando e depois da estreia, um(a)
seguidor(a) perguntou se iríamos falar sobre. Como perguntaram (o que é raro), achei que era bom, mas eu estava tremendamente enganado por ter feito essa escolha!

Sinopse: “Tudo começou com as “17 Origens”, cujos poderes foram transmitidos a indivíduos que ainda existem em todo o mundo nos dias de hoje. Um homem misterioso carregando um caixão e uma garota de olhos selvagens chegam a uma cidade. A garota está amaldiçoada por uma bruxa e busca desesperadamente por ela para quebrar o feitiço. A bruxa, finalmente encontrada, é realmente quem eles procuravam? E como essa maldição pode ser desfeita? A jornada de vingança contra a bruxa malévola começa quando a garota captura sua presa! Assim começa essa intensa e envolvente fantasia sombria!”


Antes de começar pelo inicio, eu gostaria de dizer que nada funciona bem ou da maneira que deveria. Como está no resumo do post, esse episódio de estreia parece que pegaram uma série de coisas, juntaram e jogaram lá e falaram “pronto, vamos fazer um mangá (agora, anime) com isso”. Isso vai desde o visual aos personagens e a maneira como contam a história nesse episódio.

Fato é que achei essa estreia tão ruim, mal montada e “quebrada” que nem sei por onde começo ou por onde termino, então não estranhem muito se o post ficar tal qual o anime: uma colcha de retalhos.

Majo to Yajuu conta que bruxas originais causavam desgraça por onde passavam, matando pessoas inocentes e, embora essas 17 bruxas originais não existam mais, suas descendentes continuam por aí até hoje. Nisso temos os dois protagonistas, um mago de baixo escalão (e não muito carismático) chamado Ashaf, e uma garota loirinha insuportável chamada Guideau. Guideau foi amaldiçoada por uma bruxa e busca quem a amaldiçoou para tentar quebrar essa maldição (e há um twistzinho no fim do episódio com relação a isso).

Quanto a bruxa desse episódio, quando ela começou a falar de sua história, a única coisa que consegui pensar foi: “Meu Deus, mulher! Vai viver!!!”. Ela está nutrindo essa vingança há anos (centenas de anos!?), por alguém que ela sequer conheceu… Tudo bem que tem um parentesco dela, uma sensação de injustiça, mas até a própria aprendiz da bruxa, que sobrevive por conveniência de roteiro para ser uma ferramenta de exposição, não vê sentido e até diz “Tá, mas isso foi há séculos atrás e quem matou sua bisavó já morreu”. Ela bola mais uns motivos na cena, porém não é convincente o suficiente. Fica só muito vazio e acho que essa é uma boa definição para todo mundo aqui do elenco de personagens: Ninguém é cativante. Quando a personagem não é irritante (cof Guideau), ela é um nada ou qualquer coisa, como o Ashaf ou mesmo a bruxa do episódio.

Nas cenas de ação, tenho a sensação de que a direção tenta, mas não consegue chegar lá para mostrar as batalhas como sendo “épicas” como gostariam que fossem. A produção não tem recursos para fazer cenas de lutas grandiosas, então arriscam ao menos manter consistência, apostando mais em expressões faciais. Só que essas expressões são o cúmulo do exagero e o restante não acompanha, sabe? Me passa a sensação de que não orna com o tom da série e fica deslocado (assim como todo o restante).

O anime se passa em um país imaginário que mistura uma Londres vitoriana (dos séculos XVIII/XIX) com coisas mais atuais, como um trem bala movido a eletricidade, ou como carros esportivos para a força policial (why?). E de novo, não combina nada com nada, sem tendo uma identidade visual própria. Tá, é uma obra ficcional, o autor tem liberdade criativa e tal, mas o que me parece é que o autor juntou coisas que ele gostava (a era vitoriana, trens, zepelim…) e foda-se, vou fazer um cenário com isso.

E para completar, o anime não tem ritmo. A direção não consegue juntar as partes e cenas entre uma transição e outra, e parece tudo muito robótico. Não tem um ritmo entre os acontecimentos. Apenas cortes muito abruptos e secos. Não tem muito o que sirva de articulação, então a direção só pula de um lugar para outro, muitas vezes sem transição (e quando tem, são péssimas) somado a um storyboard mais perdido do que tudo.

A animação é do Yokohama Animation Lab, que é um estúdio beeem mediano, com produções mais econômicas, entretanto tenho que dizer que pelo menos eles têm ciência das limitações e tentam manter os designs mais consistentes e bonitos. Gosto dos cenários, especialmente dos prédios no período noturno. São lindos. Quem faz a direção do anime, no entanto, é o Takayuki Hamana que não só dirige o anime, como também fez a direção do episódio E o storyboard do episódio #1 e bem, acho ele um diretor bem… complicado. Ele dirigiu “Majutsushi Orphen Hagure Tabi”, que embora eu não saiba da qualidade do material original, teve um primeiro episódio bem ruim, e ele também dirigiu “ARTE“, que embora seja mediano, ele deu uma boa cagadinha no anime (a Seven Arcs também não ajudou nesse caso).

Juntando tudo que falei aqui, eu acharia ele um EXCELENTE anime se ele fosse para um outro lado. Se a obra fosse algo bem mais pastelão, que não se leva a sério. Ele com certeza daria aquela volta e ficaria divertido de assistir. Mas nesse estado em que nada casa com qualquer outra coisa, a garota ser insuportável, o apelo do Ashaf ser um baita gostoso (embora um tanto pedante), com uma direção tenebrosa e um sotoryboard que parece juntar cacos de vidro, tudo fica horroroso. Vou ver se aguento assistir o episódio 2, mas a priori, não recomendo esse daqui não.

Ela, chata pacas, que só sabe gritar.
Ele, gostoso, meio chato e pedante
(gosto de como desenham os cílios, volumosos até mesmo para os personagens masculinos)

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