A Temporada de Inverno de 2024 terminou e com isso consegui já terminar alguns dos animes que comecei a assistir. E o primeiro deles foi “Momochi-san Chi no Ayakashi Ouji” ou “The Demon Prince of Momochi House”, uma das obras cujo material de origem é um Shoujo e um dos de menor destaque da temporada. Não por acaso, desde o início a produção estava em ruínas… MAS, porém, contudo, entretanto, todavia, apesar desses problemas de produção e mais uma série de outros, eu consegui simpatizar, de alguma forma, com a história e com seus personagens.
Sinopse: “Em seu 16º aniversário, a órfã Himari Momochi herda uma propriedade ancestral que nunca viu. A Casa Momochi existe na barreira entre o reinos humano e o espiritual, e Himari deve atuar como uma guardiã entre os dois mundos. Mas no dia em que ela se muda, ela encontra três belos rapazes já morando na casa, e um parece já ter assumido o papel que era dela!”
Eu fui dar uma olhada no post que fiz de primeiras impressões para ver o que comentei e acho que essencialmente não mudou muita coisa: é um anime legal, bacana e que você precisa relevar muito a produção. Porém eu acrescento que de lá para cá, boa parte dos problemas foram agravados e isso em todos os aspectos.
Indo por partes, o primeiro episódio tem um ritmo até bom, porém depois disso, eles colocam na velocidade 2.0 e às vezes, até mais que isso. O anime corre. Mas corre a tal ponto que você começa a sentir, seja pela velocidade que as coisas acontecem, como por informações que aparecem e que você terá quase certeza que não apareceram antes, e por consequência estão comendo coisas do mangá. E não é um ou outro episódio. Do 3 em diante, é ladeira abaixo nesse aspecto. Tem histórias que levam bons capítulos no mangá e aqui eles precisam condensar em poucos minutos. Portanto fica tudo meio atropelado ou rápido demais.
Tem um personagem chamado Kasha que é introduzido lá pelo episódio 3 que é dado a entender que será um vilão. Até aí, ok. O problema é que depois desse pequeno arco que ele é apresentado, o personagem SOME da história e aparece mais para o final AJUDANDO a protagonista sem motivo algum! Da forma que é apresentado, ele não tem qualquer razão para ajudar ela. Nós não sabemos as reais intenções dele, o que ele quer ou não, quem odeia ou não e fica tudo muito largado. Você tem que só aceitar.
Mas ainda assim eu ainda acho os personagens cativantes. A Himari, a protagonista, é bem mocinha de novela, sempre tentando ver o lado positivo, bem espirituosa, tentando buscar o melhor de cada um, etc.; o Aoi, que se torna o Nue/Omamori, é o garoto com questões no passado, levemente traumatizado e que busca manter certa distância da protagonista para ela não se envolver demais com ele; o Ise, um dos “servos”, é o cara mais impulsivo e explosivo; enquanto que o Yukari, o outro “servo”, é mais calmo, compassivo e vê tudo mais racionalmente (adoro ele, vale dizer). O anime consegue, apesar dos problemas, estabelecer uma boa conexão entre eles. Há um episódio dedicado ao Ise e outro ao Yukari. O Ise não funcionou tão bem, entretanto gostei muito da história do Yukari (foi nesse episódio que decidi ir atrás do mangá mesmo).
Na reta final, tem alguns momentos que derrapam bastante na condução, nem tudo é fácil de processar (mais pela velocidade que as coisas acontecem do que por uma complexidade do roteiro) e às vezes a protagonista fica meio chatinha nesse ponto. No entanto, pelo menos para mim, passa. Muitas pessoas droparam no caminho. Vi gente comentando que não conseguiu passar do episódio 1 e sinceramente, entendo perfeitamente. A produção desde o começo pedia socorro e chega um determinado ponto que simplesmente derrete. A produção vai fazendo o máximo para não ter que movimentar personagens e quando o fazem, é travado, deforma e abandonam o design… Uma tristeza tamanha, ainda mais que a arte da autora (Aya Shouoto) é divina!
Entendo quem não aguentou e até por isso, fica difícil recomendar ou indicar o anime, porque sinto que eu ter gostado tanto assim foi um caso muito particular, mas talvez valha dar uma olhada. Vou me autorreferenciar:
“Embora nunca tenha visto “Kamisama”, entendo onde querem chegar com o “parecido”, sendo representado pelo personagem Aoi, que provavelmente vai fazer par com a protagonista feminina, e a parte de “Fruits” fica um pouco com o fato da protagonista ser órfã, mas mantendo a alegria e bom humor, além de se impor frente as dificuldades. E além de tudo, o clima geral do anime parece com algo que mescla essas duas obras, mas também trazendo uma carinha própria na hora de contar a sua história.”
Dito tudo isso: leiam o mangá!
Eu não sou do tipo de pessoa que costuma fazer comparação entre mídias diferentes, já que o importante é se aquela mídia consegue ou não se sustentar sozinha, mas aqui ficou realmente impossível. Eu fiquei cativado com a história, sim, tanto que acabei indo atrás do original e comprei 3 volumes da edição francesa. No fim de março, consegui terminar de ler até o volume 3 e é quase outra história… Como posso dizer… pensem em uma estrutura ou prédio. É como se tivessem tirado tudo do prédio e deixassem só as vigas. O que tem no anime é só a base da história, porque todo o background do universo da série foi para o ralo. Só para terem noção, o que foi adaptado do volume 2 do mangá foi só o último capítulo; No volume 3 só os 2 primeiros capítulos e todo o restante foi cortado. Essas histórias que vão sendo cortadas não só fortalecem a relação entre os personagens principais, como dão uma profundidade maior para o universo da série e até uma carga dramática mais intensificada. Como obra de fantasia, a autora traz muitas ideias e histórias ótimas no mangá e isso que estou considerando só o que pude ler até o momento (3 volumes). O anime foi até o 9º volume (de 16), então imaginem o quanto de coisa não foi simplesmente saltada para conseguirem chegar em um ponto X da obra…
Mesmo que não vejam o anime, deem uma chance pelo menos para o mangá. Se não gostarem, bem, não foi para você mesmo, mas não fiquem só na adaptação animada. Vão ler o original.