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"GANNIBAL" é BÁRBARO!

Conheci “GANNIBAL – Vila de Canibais” há alguns anos atrás pela (excelente) adaptação em live-action que foi ao ar no final de 2022 e está disponível na Star+ sob o título de “Canibal” (tem post sobre a estreia do live-action no blog). A série contou com 7 episódios no total e era impecável, desde a escolha do elenco, ao clima e composição da direção, além do roteiro formidável. Na mesma época da exibição do live-action, o mangá foi anunciado no Brasil pela MPEG. Meses de atrasos, o mangá foi começar a ser publicado aqui só em Janeiro de 2024 (o plano inicial era Maio de 2023).

“GANNIBAL – Vila de Canibais” (ガンニバル) é um mangá escrito e ilustrado por Masaaki Ninomiya. A obra foi publicada no Japão entre Outubro de 2018 e Novembro de 2021 na revista Manga Goraku da editora Nihon Bungeisha. O mangá foi concluído em um total de 13 volumes. A edição brasileira tem 2 volumes publicados até o momento (Agosto/2024).

Sinopse: “ ‘Os moradores desse vilarejo devoram pessoas’
O policial Daigo Agawa é transferido para uma delegacia em um pequeno vilarejo no meio das montanhas, chamado “Vila Kuge”. Os habitantes locais recepcionam o policial e sua família com muita gentileza, porém, quando uma velha senhora é encontrada morta, Daigo começa a reparar nas estranhezas que rondam o local. Aos poucos, uma suspeita começa a crescer em sua mente… Mais incidentes ocorrem em sequência, e uma aura de isolamento ronda o vilarejo. Uma história chocante e um suspense sufocante traz à tona um senso iminente de urgência e pânico!”


  • História e Desenvolvimento

De início, não me senti atraído por “GANNIBAL”. Meu tempo de interesse por Shounen e Seinen passou, tenho focado muito mais em demografia feminina (Shoujo, Josei, BL, TL, Yuri…), tanto que dá para ver o que mais temos compartilhado e falado nas redes sociais do blog é sobre a demografia feminina. No entanto, acabei por ir dar uma olhada no dorama e o que eu encontrei foi uma obra incrível! Um ambientação muito consistente, com uma trilha sonora absurdamente envolvente (quando toca a OST da série, eu já começo a ficar tenso) e uma trama para lá de interessante.

Em resumo, o Daigo é um policial que é transferido da cidade para a delegacia de uma vila isolada no meio das montanhas chamada Kuge. Ele se muda com sua família – esposa e filha – e de começo, é muito bem recebido pelos habitantes locais, porém, não demora muito para que coisas estranhas comecem a acontecer naquela vila. De começo, chega para ele que a matriarca da família Goto foi morta e na cena do crime, o corpo está completamente destroçado, o que os familiares alegam ter sido um urso, começa-se uma caça até o urso e mais coisas estranhas começam a acontecer.

A começar que no corpo da matriarca, há uma marca de dentes, mas não dentes de urso e sim, dentes humanos. O Daigo rapidamente se lembra que o antigo policial da vila – que desapareceu sem deixar vestígios – supostamente enlouqueceu e antes de sumir, ele falava que as pessoas daquela vila eram canibais, a partir daí, ele começa a se questionar sobre essa possibilidade, especialmente quando mais e mais evidências começam a aparecer a sua frente…

Eu comentei na série que para mim, um bom filme de terror – desses que envolvem alguma criatura como ponto principal do medo – é aquele que consegue me fazer ter medo de andar pela casa no escuro, porque desde muito criança e até hoje, eu projeto a imagem do monstro/demônio/ser/criatura do filme na minha frente e “GANNIBAL” conseguia fazer isso perfeitamente. Meu pensamento com o mangá foi de que por ser um quadrinho, com texto e imagens estáticas, isso seria possível, ledo engano. O mangá conseguiu, por diversos momentos, me deixar tenso, apavorado. Tem um certo personagem, que não entrarei em muitos detalhes, mas é um homem que frequentemente será referido a ele como “aquela pessoa” e ele é assustador, seja no mangá, seja no dorama.

Pode ser puramente por que sou muito medroso? Claro que sim, porém, tem um Q de suspense excelente, o ar da trama é muito pesado, mesmo quando o autor coloca cenas de comédia aqui e ali. É sempre uma tensão no ar, um clima muito denso, principalmente porque os personagens são muito malucos. Eles estão 80 tons acima de ‘pessoa comum’, mas não exatamente como numa novela que vira tipo uma farofona, é algo mais na linha de que qualquer ação ou fala do Daigo que não vá exatamente como as pessoas da vila querem, a reação delas é agir como se tivessem proferido a maior ofensa da vida. Eles são muito surtados e o autor usa disso para criar esse clima estranho, mas especialmente hostil, porque o personagem principal nunca está à vontade e portanto, você lendo também não fica. Esses personagens comentam, por algumas vezes, que “O que acontece na Vila Kuge, fica na Vila Kuge” ou que “O que acontece na família Goto, tem que ser resolvido na família Goto”, desrespeitando, inclusive, as leis a troco das regras não escritas da vila. É bizarro.

E o que acho que acaba pesando também nessa minha experiência aterrorizante, é que eu vi a série antes do mangá, e querendo ou não, eu acabo tendo a referência da série, então ler o mangá é meio instintivo que venha as cenas do dorama e creio que esse seja o ponto principal que me faz ficar tanto cagaço lendo o mangá. Mas independentemente disso, eu realmente acredito que o mangá pode no mínimo te deixar com uma sensação de apreensão.

Fato é que as coisas começam a escalar muito rapidamente, já no capítulo 1 e a partir dali, ele não para mais. No final do capítulo 1 tem uma página incrível! Infelizmente não posso colocar aqui, porque embora ela por si só, foram de contexto, não signifique ou represente muita coisa, durante a leitura ela faz toda diferença, então não saber dela é o melhor. Porém, é preciso dizer que há sempre aquela sensação de perigo iminente, porque os personagens não sabem exatamente o que está acontecendo, assim como nós também e isso piora (no bom sentido) nos próximos volumes, porém, o leitor consegue sentir quando alguma coisa está vindo, por exemplo, na casa que o Daigo e a família se instalaram, a esposa dele – Yuuki – vai encontrar uma palavrinha riscada em uma parte da casa. Essa única palavra vai ressoar durante todo o volume e a cada vez que você sente o perigo vindo, automaticamente ela reaparece e o próprio Masaaki vez ou outra traz ela na lembrança dos personagens. É um suspense que vai se sustentando pela habilidade dele de ir dando ao leitor pequenos indícios e pistas que vão se acumulando, se acumulando, até o ponto de ‘explosão’, que a merda está feita e não tem mais volta.

Agora no que tange personagens, o principal é o Daigo e é quem o autor deu atenção. Toda a família Goto é recorrente nesse volume de estreia, porém, eles ficam mais “no entorno”, porque querendo ou não, eles são um elemento de mistério e o não saber nada (ou quase nada) deles é um dos elementos que o autor usa para instigar o leitor. A Yuuki praticamente não aparece, só em alguns momentos chave e vale o mesmo para a filha deles, a Mashiro. O Daigo, por sua vez, é detestável. Eu comentei brevemente no meu Twitter pessoal (@AlexsanderdeO12) sobre como ele é detestável. Ele é muito podre, muito escrotinho com a esposa dele, gritando com ela inclusive. Na série, ele também é muito questionável em uma série de coisas, mas do que eu vi lá, em relação a aqui, a série conseguiu dar um tom diferente no sentido de que ele é, sim, essa pessoa podre, mas é também um personagem interessante, com camadas. Lá eu não torço exatamente contra ele, enquanto que lendo o mangá, as vezes dá vontade de torcer contra ele. Não sei se vai melhorar, mas lendo esse volume 1, achei um personagem muito do chatinho.

Outros dois aspectos: fala-se MUITO no mangá. Os personagens estão sempre conversando e quando não, estão pensando e refletindo muito, fazendo conexão entre os eventos para tentar chegar a alguma conclusão ou possibilidade. E o outro aspecto, é que eu estranhei um bocado a arte do autor no começo. Eu estava acostumado com o dorama (inclusive, o autor que faz o Daigo é muito gato) e quando fui ler o mangá, o traço do autor é muito mais carregado, com linhas grossas, as vezes, muito rabiscado e é até um pouco caricato na feição de alguns personagens. Alguns parecem meio deformados, o que soa muito estranho e, no entanto, acho que combina, porque a obra traz muito dessa estranheza e com esse ambiente de exacerbação, de exagero, orna de alguma forma para compor o clima da série. Um pouco do ‘a arte é incômoda’ é aplicável aqui haha.

Agora, a sequência de páginas finais do volume é um show a parte. É uma sequência que começa com algo que você não vê vindo e quando acontece, meus amores, que absurdo! São as 5 últimas páginas que encerram o tomo de tal forma que a vontade de ler o próximo, é impressionante, mas também, como não querer com um final daqueles?


  • A Edição nacional

O mangá está sendo lançado no Brasil pela editora MPEG no formato 13,7 x 20 cm, com capa cartonada (tem um pantone prateado) com sobrecapa fosca. O mangá tem cerca de 220 páginas e no volume 1, incluiu um marca página e um postal de brinde. O preço de capa é de R$ 37,90. A obra é completa em 13 volumes.


  • Conclusão

“GANNIBAL – Vila de Canibais” tem um começo absurdo! Com uma estética muito estilizada, carregada e até um pouco caricata, mas que no todo, compõe uma identidade muito única e que ajudam a criar esse clima excelente de tensão. É um mangá muito gráfico, bastante violento e que fala de canibalismo, então há muitas cenas de corpos e principalmente, corpos destroçados e o autor faz muita questão de mostrar isso, então se forem mais sensíveis com esse tipo de representação gráfica, sugiro não ler ou ler com muita cautela. No demais, foi um ótimo começo da história, dizem que o mangá é até melhor que o dorama, não sei dizer.

Fica também a recomendação para o live-action que, a meu ver, tem concepções um pouco diferentes do mangá. Tem aspectos que eu acho que funcionam melhor na série e outros, melhor no mangá, assim como adições que na série são muito positivas. Aliás, o live-action adaptou mais ou menos metade do mangá, salvo engano, foram até o volume 6 ou 7. E se eu não enrolar muito, deve sair uma review do live-action no blog antes da estreia da 2ª temporada que supostamente estreia no fim desse ano, então fiquem de olho ^^

O blog está completando 5 anos em Agosto, então estou publicando uma resenha de mangá por dia, além de reviews de animes diárias também e ocasionalmente pode sair alguma review de live-actions também. Obrigado por ler e até o próximo texto! 🙂


  • Ficha Técnica
  • Título original: GANNIBAL (ガンニバル)
  • Título nacional: GANNIBAL – Vila de Canibais
  • Autor: Masaaki Ninomiya
  • Serialização no Japão: Manga Goraku
  • Editora japonesa: Nihon Nungeisha
  • Editora nacional: MPEG
  • Quantidade de volumes: Completo em 13 volumes
  • Formato: 13,7 x 20 cm; capa cartonada com sobrecapa fosca
  • Preço de capa: R$ 37,90
  • Compre em: Loja MPEG/Amazon

1 thought on “Resenha: GANNIBAL – Vila de Canibais (volume 1)

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