Das estreias de animes da Temporada de Inverno de 2025, um dos poucos animes que eu realmente estava esperando com ansiedade para ver era “Baban Baban Ban Vampire”, a adaptação de um mangá de mesmo nome escrito e ilustrado por Hiromasa Okujima! O anime estreou e para a minha extrema felicidade é ótimo! De diversão do começo ao fim! Vamos ao texto 🙂
Sinopse: “Rihito tem 15 anos e acabou de se apaixonar. Só que um vampiro ancião fará de tudo para garantir a virgindade do jovem.”
Hiromasa Okujima é tradicionalmente um autor de Shounen e de Seinen, daqueles mangás de ação de delinquentes. Mas também é fato que ele é um grande fã de mangá BL e estreou na demografia com “Dousei Yankee Akamatsu Seven“, de 3 volumes, lá em meados de 2018 e desde então, vez ou outra está produzindo algo para o Boys’ Love. Embora “Baban Baban Ban Vampire” seja um mangá Shounen – e isso é importante de se dizer – a obra traz um vampiro, que é a figura história do Mori Ranmaru (nascido em 1565), que diz-se que tinha um certo relacionamento (não sei se dá para colocar dessa forma propriamente) com ninguém menos que Oda Nobunaga e que agora, nos dias atuais, encontrou um garoto puro (meio burro também) com quem ele tem a missão pessoal de proteger a sua virgindade para que ele possa se alimentar dele.
O Mori conheceu o Rihito – o virgem que ele quer beber o sangue – quando ele tinha apanhado de uma gangue, estava debilitado, queimando no sol e à beira da morte. Naquela época, o Rihito tinha apenas 5 anos e o ajudou, o que tocou seu coração com tamanha pureza de alma. Desde então, ele passou a trabalhar na Casa de Banhos Koi, que pertence à família do RIhito e funciona há cerca de 60 anos. Se passaram 10 anos desde que ele se instalou por lá e atualmente, o Rihito tem 15 anos, faltando apenas 3 anos até que o Mori possa sugar o sangue do Rihito – os 18 anos é o que ele considera como a idade perfeita para o ato.
O Rihito finalizou o Fundamental II e agora, vai iniciar seus estudos no Ensino Médio, permanecendo até então, completamente imaculado. O grande problema, porém, é que bem no primeiro dia de aula dele, o garoto esbarra com uma garota no caminho da escola e se apaixona por ele, começando assim, os problemas do Mori, que precisa defender a virgindade desse garoto – não muito inteligente e um pouco tapado – dos perigos da profanação carnal.
A comédia da série está completamente no ponto! Absolutamente impecável as cenas de humor. O Mori é quem carrega tudo nas costas e o humor vai girar entorno dele. Ele é um personagem muito carismático, além de ser uma gay completamente safada. Tem cenas tão absurdas nesse episódio, com ele e seus pensamentos profanos que ele guarda para si, aguardando o momento da maioridade do guri, ao mesmo tempo que precisa resistir aos próprios instintos, já que está tão próximo dessa idade. Claro, aqui ele está falando de sangue, mas o autor faz um claro paralelo com sexo e a maioridade do guri.
A partir do momento que o Rihito conta para ele que está apaixonado – para o completo desespero do Mori – inicia-se então, uma série de planos e tentativas de tentar constranger o garoto e tirar a ideia de romances da cabecinha (meio oca) dele. A primeira tentativa, durante um banho com o pai e o avo do Rihito, foi expor o guri comentando da sua paixão, o que poderia deixar ele envergonhado e, na cabeça do Mori, vir um certo desincentivo do pai. O tiro obviamente sai pela culatra, porque a reação do pai é falar para o filho usar camisinha. O que causa uma reação de ódio no Mori e um belo sermão no pai do garoto. Uma ótima cena. Uma parte do humor da série está, inclusive, em todo mundo daquela família ser um pouco burro, o que permite alguns absurdos do Mori serem vistos como “ok” ou mesmo “normais”.
Embora o interesse maior do Mori no Rihito estar no sangue, é bem evidente que ele gosta do Rihito. Tem momentos até bonitinhos de uma preocupação genuína dele com o guri e até com o bem-estar dele. Gosto muito das cenas em que o Rihito comenta estar com medo de sofrer bullying e o Mori quase solta que era só matar essas pessoas e precisa disfarçar logo depois. Ou quando o Rihito pede conselhos do que ele poderia fazer com a garoto com que ele se apaixonou e o Mori diz casualmente que a mataria sem nem pensar. Outro momento ótimo, na sequência dessa conversa dos dois, é o Mori relembrando de seus momentos com Oda Nobunaga, que nesta versão, morreu depois do Mori sugar todo o sangue dele.
Algo que gerou certa discussão é justamente os desejos do Mori por um guri de 15 anos, ao ponto de ter piada com ele ficando de pau duro enquanto pensa no (sangue) do Rihito. Eu tenho sentimentos um pouco mistos. Eu entendo o ponto, mas a certa altura, não me incomoda muito porque o autor joga para o absurdo mesmo. Não é algo para ser levado a sério, porque o tom da cena é de que tudo aquilo é meio surreal, uma galhofa.
Na sequência final do episódio, o Mori vai atrás da garota que o Rihito se apaixonou e ao questioná-la sobre ela ter se apaixonado naquele dia, ela diz que não se apaixonou por ninguém não. Encerrando o episódio com uma cena ótima e com um bom gancho para o próximo capítulo.
Para o futuro da série, imagino que talvez apareçam outras garotas para o Rihito gostar e o Mori precise ficar intervindo de alguma forma e, possivelmente, só piorando as coisas, rs. Também imagino que outros vampiros possam aparecer na trama, especialmente porque sabemos que alguém conseguiu espancá-lo anteriormente, o que por si só, já é um indicativo de que não foi um humano (ou humanoS). Até porque, se não houver nada disso, imagino que seria uma missão mais difícil para o Hiromasa sustentar a história, ainda mais que o mangá está com 9 volumes e segue em andamento no Japão. Com um elenco mais diverso e adições ocasionais, certamente ele terá mais munição para contar essa história ^^
Quando disse lá no começo do texto que dizer que “Baban Baban Ban Vampire” é vindo de um mangá Shounen era importante, eu estava me referindo a ajustar as expectativas quanto ao que esperar da obra. Diferente de um mangá BL em que o relacionamento entre os personagens é o foco principal e é quase certo que teremos um relacionamento entre os personagens, sendo um mangá Shounen potencialmente gay, ele pode acabar sendo apenas um mangá de comédia homoerótica, sem chegar nas vias de fato, que é o que a obra está se propondo (e do que vi do episódio, está cumprindo magistralmente). Eu digo isso porque tem um pessoal que cria uma expectativa e não sendo uma obra publicada em revista destinada para aquele fim, nunca dá para confiar 100%. E nem falo que é culpa do autor, porque nesse caso, ele é um grande fã de BL, pode ser um problema da editora/editor. Acontece. Então não, não será focado no relacionamento propriamente dito, mas que vai render boas cenas, isso eu não tenho dúvidas!
Um parênteses aqui: vai ser a mesma coisa com “O verão em que Hikaru morreu” (Hikaru wa Shinda Natsu), que é publicado em revista Seinen e vai ter anime na Temporada de Verão desse ano. O pessoal fala que é BL, mas o mangá sai em revista Seinen, é vendido como Seinen e a própria autora diz que não é um BL (mas ela diz que é uma obra queer), aí se acontece uma coisa que não vai da expectativa do pessoal, automaticamente a obra é ruim ou querem ‘atacar a autora’. Enfim, falo mais disso daqui alguns meses, quando o anime estrear.
O anime está sendo feito pelo estúdio Gaina, o mesmo de “Oroka na Tenshi“, um anime exibido ano passado que assim, não tinha de muito deslumbrante no visual, mas era bem consistente, entregava um bom resultado e quando o anime precisava de alguma sequência melhor animada, eles entregavam bem, vide o GIF que coloquei no começo do texto, é uma dança muito bem feita. O anime é dirigido pelo Itsurou Kawasaki, que trabalhou na direção de animes como “Kumichou Musume to Sewagakari” e o próprio “Oroka na Tenshi”. “Kumichou” eu não assisti, mas ele é uma adaptação de um mangá de demografia feminina e falam bem da animação. Já “Oroka” eu vi boa parte dos episódios e é um anime muito assertivo na comédia. O romance definitivamente não era o forte da obra, mas na comédia, a direção brilhava muito! E dá para ver aqui que isso se mantém! Ri muito e me diverti muitíssimo com o episódio e as situações com as quais o Mori se envolvia.
Recomendo muito! Ele, junto de “Honey Lemon Soda” (que já tem texto no blog) e “Ameku Takao no Suiri Karte” (é o próximo que irei comentar no blog) são minhas estreias favoritas da temporada até agora. Todos muito bons no que estão se propondo e com uma execução excelente! Reafirmo minha recomendação à “Baban Baban Ban Vampire” e fiquem de olho que ainda vão sair mais alguns textos de primeiras impressões aqui no blog ^^