Seguindo com nosso pequeno projeto de resenhas de obras nacionais durante o mês de dezembro, o segundo trabalho que iremos resenhar é “O Ladrão de Mundos“, BL de ficção científica da Sayuritake!
“O Ladrão de Mundos” é de autoria de Sayuritake. O mangá começou a ser publicado em meados de 2023 e foi liberado parcialmente no Tapas e lançado de maneira independente por meio do Catarse. A MPEG anunciou a obra em setembro de 2024, na ocasião da BlymeCon, um evento voltado ao BL e à mídia LGBTQIA+ promovido pelo Blyme Yaoi, e lançou o primeiro volume em junho de 2025, durante a POC CON. Durante o MPEG Fest, evento de aniversário da MPEG, foi divulgado que o 2º volume de “O Ladrão de Mundo” será lançado em 2027 e a obra voltará a ter capítulos lançados no Tapas em algum momento de 2027.

Sinopse: “Há uma emergência na galáxia! Sete dos oito planetas de um sistema distante se foram. Tudo pelas mãos de uma única figura misteriosa. Resta pouca esperança no último planeta, que apenas aguarda o mesmo destino: desaparecer sem deixar qualquer rastro de sua existência. Em busca de sua vingança, Ver’mel, um sobrevivente do primeiro planeta a desaparecer, procura maneiras de derrotar O LADRÃO DE MUNDOS…”
- História e Desenvolvimento
Nesta ficção científica, temos o Ver’mel, um ex-membro da Patrulha Espacial que há tempos busca pelo “Ladrão de Mundos”, uma figura misteriosa que apareceu de repente e começou a destruir os planos do sistema solar, um após o outro, ao ponto de só restar um planeta. Esse último planeta está quase em colapso, sem ajuda e com recursos limitados, ao ponto que alguns apenas esperam pelo pior (a destruição), enquanto outros ao menos tentam organizar alguma linha de defesa para ao menos terem o sentimento de que tentaram. O Ver’mel chega nesse planeta à procura de combustível para sua nave, pois quer tentar um ataque contra a nave que segue destruindo os planetas. Vale contar que o primeiro planeta destruído foi o seu mundo natal, o que o faz ter muito ódio e rancor.

Com a chegada da nave, o Ver’mel vai para uma investida desesperada e parte para um ataque ao estilo “tudo ou nada”. Lá dentro, ele encontra o Az e parte para um ataque direto, mas sem sucesso. Suas ações não surtem efeito e o último planeta acaba sendo destruído… o grande porém, na verdade, é que nenhum dos planetas foi aniquilado, muito pelo contrário! O Az estava os salvando, usando seus poderes para encolher cada um dos planetas e guardá-los de forma segura, e daí o título “Ladrão de Mundos”, porque uma criatura ,que parece uma baleia gigante, iria passar pelo sistema solar, o que iria destruir tudo e todos que lá habitavam.
Nesse instante, a Patrulha Espacial chega para prender o Az, o Ver’mel intervém pelo Az e explica a situação, incluindo a razão pela qual ele “roubou” os planetas e o porquê de não poder restabelecê-los naquele instante: encolher cada planeta demanda muito esforço e energia e fazendo daquela forma, ele não teria força para colocar tudo no lugar de forma plena, então fica combinado que os dois teriam um ciclo lunar para que o Az fosse a um planeta (chamado Kiyama Jani) repor as energias e devolvesse os planetas aos seus respectivos lugares e a partir disso, que eles de fato começam uma aventura.

O destino deles em Kiyama Jani vai ter um problema, pois as fontes de “água” que o Az usava como fonte de energia passou por transformações e está sendo usurpada por um grupo de pessoas. Não obstante, um ser venenoso tem atuado próximo a fonte dessa água, causando envenenamento da população que se aproxima. É nesse cenário que vemos que o Az tem um fluxo de tempo e vida muito amplo e avançado, tendo passado 5 gerações desde a última vez que ele visitou aquele mundo, sendo considerado como uma espécie de provedor e salvador, já que aquela civilização que se estabeleceu ali, sobreviveu graças ao apoio e conhecimento do Az.
Eu gosto muitíssimo do universo que a Sayuritake criou para a obra. É tudo bonito visualmente falando e tem elementos bacanas sobre cada mundo, desde elementos naturais de cada planeta a questões políticas de dominação e controle da população mais vulnerável, como acontece em Kiyama Jani. A obra ainda reflete um pouco sobre as “ações humanas” na transformação de um ambiente e os impactos que ela pode trazer, como em um efeito cascata, bem como na maneira como funciona a visão sobre “inimigos” e as relações de ódio que podem ser estabelecidas, mesmo que as ações do outro sejam legítimas em termos de proteção e seja ela tão vítima quanto. Enfim, é um material maravilhoso em diversos aspectos!

Eu tenho que dizer que uma das minhas surpresas lendo a obra veio com o Az. Antes de ler o volume propriamente, não conhecia a obra e sequer sabia a sinopse (eu prefiro assim para ter a surpresa da descoberta) e olhando para a capa, passa uma impressão mais distante e um pouco esnobe (?!). Então tive uma surpresa positiva em ver que ele é totalmente o oposto disso: calmo, gentil, um tanto dócil e super fofo! E no fim das contas, o Ver’mel é quem acaba fazendo o contraponto ao personagem, já que ele é uma pessoa mais esquentada, impulsiva e até explosiva. E nesse sentido, há um ótimo jogo de cores nos personagens, com o Ver’mel sendo mais avermelhado e com cores quentes, enquanto que o Az é trabalhado em cores mais suaves e frias, como o roxo e o azul.
E falando no casal, gosto muito deles! O Ver’mel tem um jeito meio ríspido, enquanto que o Az é bem mansinho (cadelinho) por ele. Não fica totalmente claro em como e em que contexto, mas sabe-se que o Az tem interesse romântico no Ver’mel, tirando proveito de algumas situações, porque ele não é bobo nem nada, rs, e conhece ele há algum tempo, mesmo que o Ver’mel não o conhecesse propriamente.

Ao fim do volume, temos o começo do desenrolar do que virá a ser uma crise militar envolvendo os dois personagens, que precisarão lidar com essa questão no(s) próximo(s) volume(s). Tenho interesse em ver como e o quanto a autora está disposta a elaborar e discutir nessas relações.
Indo para os comentários finais, gostaria de dizer que eu AMEI o trabalho artístico da autora na obra. Eu não acompanho a produção nacional, então conheço pouquíssimas obras, mas fiquei impactado no trabalho da Sayuritake e o quão versátil ela tem sido no estilo artístico. Ela produz suas histórias tem uns 10 anos e olhando os anteriores, já apresentou trabalhos em que a arte era bem “rabiscada”, outros que a pintura trazia uma aquarela, outros em que o traço e a pintura eram mais sólidos e aqui trabalha com um desenho delicado, mas que consegue ser “agressivo” quando precisa, com uma qualidade de cenário incrível, o que leva a obra para outro nível em termos de riqueza de mundo, além de sacadas excelentes de composição e quadrinização. Há páginas lindíssimas ao longo de todo o volume! Dou destaque para uma quando o Ver’mel está acordando e o fundo é inteiramente preto, com apenas um quadro emulando ele abrindo os olhos; e a outra com eles chegando em Kiyama Jani, com um panorama da cidade. Gosto também da ilustração que foi utilizada no postal que é lindíssima! (ver mais abaixo).


Tive a oportunidade de conhecer e conversar com a Sayuritake durante o MPEG Fest realizado no fim de agosto desse ano. Ela foi uma querida, simpática, conversando sobre obras diversas (inclusive, recomendei fortemente “Hananoi-kun”, que foi anunciado pela MPEG na ocasião) e ela me fez uma dedicatória adorável no volume que ganhei. Fico contente de poder ler e ter gostado tanto do trabalho dela. ^^

- A edição da MPEG
A MPEG publica o mangá no formato 13,7 x 20 cm, com capa cartonada com sobrecapa fosca e verniz localizado (no título e número da edição). O papel é o Off-set 90g, com 216 páginas no volume 1 (todas coloridas). Inclui marca página e postal de brinde. Na ocasião do MPEG Fest, eu ainda consegui um pôster da série. O preço de capa é de R$ 69,90. Abaixo, vocês conferem um vídeo mostrando a edição da editora.
- Conclusão
“O Ladrão de Mundos” me surpreendeu positivamente em uma série de aspectos, tanto de seus personagens, como no visual e na própria sinopse e criação de mundo. É um trabalho que recomendo tanto para quem é fã de BL, como também para quem curte uma boa ficção científica e em termos de BL que não é um tema que normalmente vemos sendo publicado aqui. É uma ótima pedida. O 2º volume vai demorar a sair, mas há capítulos disponíveis no Tapas para quem não quiser esperar tanto tempo assim e já ir tendo um gosto do que virá à seguir. O lado bom do material estar disponível online e gratuitamente, que é possível conhecer um pouco e tirar conclusões antes de decidir comprar ou não.
Recomendo que deem uma olhada na obra e conheçam o trabalho da Sayuritake! É isso para essa resenha e até a próxima obra. ^^

- Ficha Técnica

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